★★★★★
Título Original: Otac na sluzbenom putuRealização: Emir Kusturika
Principais Actores: Moreno D'E Bartolli, Miki Manojlovic, Mirjana Karanovic, Mustafa Nadarevic, Mira Furlan, Predrag Lakovic, Pavle Vujisic, Slobodan Aligrudic, Eva Ras, Aco Djorcev, Aleksandar Dorcev, Emir Hadzihafisbegovic, Zoran Radmilovic, Jelena Covic, Tomislav Gelic, Davor Dujmovic
Crítica:
Raras são as vezes, ao longo da sua obra, em que Emir Kusturica prescinde do contexto histórico-político para caracterizar a relação do indivíduo com o meio que o circunda e identifica. Neste magistral O Pai Foi em Viagem de Negócios, uma vez mais, o cineasta não descura esse retrato, extremamente crítico (e corajoso), de um tempo em que as pressões entre as antigas Jugoslávia e União Soviética ferviam a lume bem alto, interferindo no dia-a-dia e na felicidade de milhares de inocentes.
Conhecer este contexto histórico-político é importante para compreender a diagese na sua globalidade, mas não é fundamental. O seu total desconhecimento não constitui, de todo, um impeditivo à compreensão da essência do argumento, absolutamente universal nos sentimentos que motivam as mais variadas personagens. Ainda para mais, Kusturica coloca como núcleo da narrativa uma família, cujas desventuras - o drama familiar e os mais hilariantes e caricatos faits divers - são narradas por uma criança: Malik, o protagonista. É a ingenuidade da sua perspectiva, perfeitamente alheia a conhecimentos políticos, que pactuará com o potencial desconhecimento do espectador, garantindo, a priori, o sucesso narrativo do filme.
Por meio desta nostálgica e autêntica viagem no tempo - Fellini e o seu genial Amarcord vêm-me sempre à lembrança - Kusturica revive, com criatividade, as suas próprias memórias de infância, expondo e denunciando a sua herança cultural. Julgo este factor determinante para compreender todo o detalhe que a obra atinge, com inegáveis verossimilhança e realismo. Em médio e em segundo plano, a riqueza da composição é verdadeiramente notável e a banda sonora de Vilko Filac revela-se especialmente eficaz para a recriação.
Madura e brilhante longa-metragem, sem dúvida.
A INFÂNCIA DE MALIK
Raras são as vezes, ao longo da sua obra, em que Emir Kusturica prescinde do contexto histórico-político para caracterizar a relação do indivíduo com o meio que o circunda e identifica. Neste magistral O Pai Foi em Viagem de Negócios, uma vez mais, o cineasta não descura esse retrato, extremamente crítico (e corajoso), de um tempo em que as pressões entre as antigas Jugoslávia e União Soviética ferviam a lume bem alto, interferindo no dia-a-dia e na felicidade de milhares de inocentes.
Conhecer este contexto histórico-político é importante para compreender a diagese na sua globalidade, mas não é fundamental. O seu total desconhecimento não constitui, de todo, um impeditivo à compreensão da essência do argumento, absolutamente universal nos sentimentos que motivam as mais variadas personagens. Ainda para mais, Kusturica coloca como núcleo da narrativa uma família, cujas desventuras - o drama familiar e os mais hilariantes e caricatos faits divers - são narradas por uma criança: Malik, o protagonista. É a ingenuidade da sua perspectiva, perfeitamente alheia a conhecimentos políticos, que pactuará com o potencial desconhecimento do espectador, garantindo, a priori, o sucesso narrativo do filme.
Por meio desta nostálgica e autêntica viagem no tempo - Fellini e o seu genial Amarcord vêm-me sempre à lembrança - Kusturica revive, com criatividade, as suas próprias memórias de infância, expondo e denunciando a sua herança cultural. Julgo este factor determinante para compreender todo o detalhe que a obra atinge, com inegáveis verossimilhança e realismo. Em médio e em segundo plano, a riqueza da composição é verdadeiramente notável e a banda sonora de Vilko Filac revela-se especialmente eficaz para a recriação.
Madura e brilhante longa-metragem, sem dúvida.
Sem dúvida Roberto, muito bom filme de Kusturica. Não é o melhor filme dele (esse ou o é o Underground ou o Tempo dos Ciganos), mas é um grande filme.
ResponderEliminarÁLVARO MARTINS: Ainda não vi O TEMPO DOS CIGANOS. O UNDERGROUND - ERA UMA VEZ UM PAÍS é absolutamente magnífico, efectivamente, também adoro o A VIDA É UM MILAGRE, ainda que use um pouco a fórmula do hilariante GATO PRETO, GATO BRANCO. Mas toda a obra de Kusturica estabelece um diálogo aberto entre si e o próprio é o primeiro a assumi-lo.
ResponderEliminarCumps.
Roberto Simões
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