terça-feira, 29 de dezembro de 2009

101 DÁLMATAS (1961)

PONTUAÇÃO: MUITO BOM
★★★★★
Título Original: One Hundred and One Dalmatians
Realização: Clyde Geronimi, Hamilton Luske e Wolfgang Reitherman

Filme de Animação


Crítica:


UM FILME COM MUITA PINTA

É crepuscular na paisagem, mas absolutamente moderno no conceito artístico e no estilo gráfico. É Picasso a entrar na Disney*. Não há precisão na linha, mas
a perfeição do desenho atinge-se nos traços de esboço. O segundo plano cai muitas vezes no abstracto. 101 Dálmatas rompe, por isso, com a estética romântica que perdurava imaculada até A Bela Adormecida.

É, também, o primeiro filme com uma história contemporânea, fora do universo mágico dos contos de fada ou da tradição popular. Talvez por isso a confluência com a parte visual e a jazzy soundtrack soe tão natural e tão harmoniosa. Cruella De Vil, a tão cómica quanto malvada vilã, é uma autêntica fashion victim; e já agora, diga-se: uma das maiores e mais brilhantes criações de personagem alguma vez feita em animação. É memorável. O universo canino e a locomoção animal é perfeitamente conseguida. De resto, não há grandes números musicais; aliás: dificilmente 101 Dálmatas se poderia afirmar como mais um clássico musical da Disney. É, sim, uma comédia ligeira, dividida entre o campo e a cidade, que alia a música a uma criatividade evidente: aquele genérico inicial é logo a primeira prova disso; genial, na sua concretização.

Nas quantidades certas: muito humor, algum suspense e profundo encanto.
101 Dálmatas é tudo isto e, acima de tudo, muita arte. Nesse sentido, a obra foi, é e será um triunfo incrível que divertirá gerações atrás de gerações.

________________________________
* Cf. Andreas Deja, Making Of, DVD Edição Especial

A VIAGEM DE CHIHIRO (2001)

PONTUAÇÃO: EXCELENTE
★★★★★
Título Original: Sen to Chihiro no kamikakushi
Realização: Hayao Miyazaki

Filme de Animação


Crítica:

CHIHIRO
NO PAÍS DAS MARAVILHAS

A Viagem de Chihiro consiste numa extraordinária viagem ao desconhecido e ao mundo dos s
onhos. É uma metáfora sobre a descoberta, a (in)adaptação a um mundo novo e a problemática de manter nele a totalidade de nós próprios: as nossas origens, a nossa identidade e o nosso nome.

Visualmente fascinante e mágico, a cidade das termas que vive no interior daquele edifício enorme não é senão um rico e incrível universo de criaturas estranhíssimas, personagens marcantes e cenários de uma beleza arrebatadora. As bruxas gémeas Yubaba e Zeniba, o escravo Kamajî (de seis braços, entre caldeiras e fuligem), o mestre Haku (menino, rio e dragão protector), o Cara-de-Sapo, o Sem-Face, o bebé gigante, os monstros dos corredores, os deuses fedorentos... É pura fantasia, é a arte do belo na sua concretização superior e um mergulho vertiginoso no génio poético de Myiazaki. Confluem-se lendas e mitos, símbolos e valores ancestrais. Superando uma série de perigos e peripécias, Chihiro descobrirá o amor e a coragem que a definem. Atravessar aquele túnel, ao mesmo tempo que marca a transição entre o real e o imaginário, simboliza o início e o fim de uma importante experiência de crescimento e enriquecimento pessoal.

A concepção do desenho e o tratamento da pintura é magistral e a banda sonora de Joe Hisaishi é tão emocionante e inspiradora como o próprio fi
lme. Mais do que provada fica a excepcional arte de filmar e de fazer animação de Hayao Myiazaki. Uma obra-prima absoluta.

quinta-feira, 24 de dezembro de 2009

Os 10 Melhores Filmes da Década 2000

segundo o CINEROAD

1. O AVIADOR (2004), de Martin Scorsese.

2. BABEL (2006), de Alejandro González Iñarritu.

3. O FABULOSO DESTINO DE AMÉLIE (2001), de Jean-Pierre Jeunet.


4. THE FOUNTAIN - O ÚLTIMO CAPÍTULO (2006), de Darren Aronofsky.

5. HERÓI (2002), de Zhang Yimou.


6. IRREVERSÍVEL (2002), de Gaspar Noé.


7. OLDBOY - VELHO AMIGO (2003), de Chan-Wook Park.


8. O SENHOR DOS ANÉIS (2001, 2002, 2003), de Peter Jackson.


9. UM SONHO ENCANTADO (2006), de Tarsem Singh.



10. A VIDA NÃO É UM SONHO (2000), de Darren Aronofsky.

MISERY - O CAPÍTULO FINAL (1990)

PONTUAÇÃO: BOM

Título Original: Misery
Realização: Rob Reiner
Principais Actores: James Caan, Kathy Bates, Frances Sternhagen, Lauren Bacall

Breves considerações:

Misery - O Capítulo Final
trabalha o suspense como poucos, ou não partisse a obra da mestria literária de Stephen King. E Kathy Bates assusta até arrepiar a espinha! Que performance assombrosa. A sua Annie Wilkes é doentia e verdadeiramente memorável. Grande desempenho também de James Caan, num dos mais marcantes filmes do início dos anos 90.

terça-feira, 15 de dezembro de 2009

AS CRÓNICAS DE CALCIFER: O Regresso de James Cameron

12 anos passaram sem que James Cameron voltasse à grande tela.
Depois de Titanic, muito se disse daquele que é, para todos os efeitos, um dos mais visionários e revolucionários realizadores de sempre.

James Cameron acaba de ser nomeado para 'Melhor Realizador' para a edição 2010 dos Globos de Ouro. AVATAR foi também nomeado para Melhor Filme Dramático.

Eu cá sou, como sabem, dos que sempre acreditou no génio e perfeccionismo do realizador. Aquilo que James Cameron me proporcionou poucos me conseguiram ou conseguirão proporcionar. É certo que falta ainda o grande "sim ou não" do público, mas a crítica parece estar a ficar rendida ao universo mágico de AVATAR. O próprio Roger Ebert atribuiu-lhe a pontuação máxima.

Ou muito me engano (e porque já ando nestas andanças há algum tempo) ou virá com AVATAR uma reavaliação de Titanic a uma escala global. Aquela obra-prima tem sido injustiçada como poucas. E poderá estar para breve o momento da viragem. Agora, poucos dos que o renegam darão o braço a torcer. Mas talvez sejam mais brandos no julgamento nos tempos que virão...
Bem sabem que aqui o Calcifer sabe o que diz!

Até lá, falta poucas horas para a estreia do fenómeno do ano!
Que o filme vos transcenda!
____________________________________
AS CRÓNICAS DE CALIFER. A ironia, a sátira, o humor. Nota: o conteúdo destas «Crónicas de Calcifer» não expressa, necessariamente, as opiniões e interesses do autor deste blogue.

quinta-feira, 10 de dezembro de 2009

BELEZA AMERICANA (1999)

PONTUAÇÃO: MUITO BOM
Título Original: American Beauty
Realização: Sam Mendes
Principais Actores: Kevin Spacey, Annette Bening, Thora Birch, Wes Bentley, Mena Suvari, Chris Cooper, Peter Gallagher, Allison Janney

Crítica:

It's a great thing when you realize you still have the ability to surprise yourself.

Sensacional. Satírica e despudorada crítica de costumes e valores das relações humanas, num argumento tão inteligente quanto ousado e, acima de tudo, muito bem escrito. O argumento, aliás, da autoria de Alan Ball, serve tão perfeitamente os propósitos da comédia como os propósitos da tragédia e disseca, com índole masturbatória e libertadora (e com destino ao íntimo das suas personagens), a cultura de aparências e de hipocrisias da sociedade norte-americana - até certo ponto, sinédoque da sociedade ocidental(izada). Brilhante realização de Sam Mendes e excelente direcção de actores: Kevin Spacey e Annette Bening deslumbram com prestações fenomenais e inesquecíveis.

Beleza Americana é, por tudo isto, a descoberta do verdadeiro «eu» que há dentro de nós. Para além de desejos recalcados e de máscaras... eis a derradeira beleza do mundo. Na simplicidade de nós próprios.

[Nova crítica em breve]

sábado, 5 de dezembro de 2009

OS ARISTOGATOS (1970)

PONTUAÇÃO: BOM
Título Original: The AristoCats
Realização:
Wolfgang Reitherman

Filme de Animação

Crítica: Ainda que Os Aristogatos, versão felina de 101 Dálmatas, não detenha a aura de mestre ou de génio de outros Clássicos Disney e que seja por demais poupado em efeitos sonoros, é certo que consegue proporcionar momentos de inegável boa-disposição, com evidente competência artística. As técnicas de desenho e de pintura, sob um estilo tosco mas que por vezes se revela pormenorizado no background, dão vida à comédia musical que marcou gerações. Um clássico excêntrico, divertido e cheio de charme.

DVD de THE FALL nas Bancas

The Fall - Um Sonho Encantado
Este mês. Com a PREMIERE.
Mais informações sobre a obra-prima de Tarsem, aqui!

quinta-feira, 3 de dezembro de 2009

10 Breves Perguntas (16) - O Final

Eis, pois, o desfecho da 1ª Série da iniciativa "10 Breves Perguntas".

Desta vez... Eu próprio não resisti ao desafio para responder a estas 10 breves questões com 10 breves respostas. Como facilmente entenderão, fui a pessoa menos capaz para dar "breves" respostas ;)

1. Um realizador:
P.T. Anderson/
Aronofsky/Peter Jackson/Scorsese/Malick
2. Um argumento:
Magnolia/Fight Club/
The Fountain/Good Will Hunting/The Lord of the Rings
3. Um actor:
Jack Nicholson
/Russell Crowe/Brad Pitt/Leonardo DiCaprio
4. Uma actriz:
Cate Blanchett/Kate Winslet

5. Um filme-desilusão:
Kingdom of Heaven (Theatrical Version)/Elizabeth - The Golden Age/ Australia
6. Um filme-surpresa: Kill Bill/The Fountain/The Fall/Irréversible
7. Um filme sobrevalorizado: Pulp Fiction/The Dark Knight
8. Um filme subvalorizado:
Good Will Hunting/
Titanic/The Kingdom of Heaven (Director's Cut)/The Fall/Lady in the Water
9. Um filme em que chorei:
Titanic/La Vita è Bella/Dancer in the Dark

10. Último DVD: A History of Violence/AristoCats

Compare as respostas dadas por todos os convidados até ao momento: AQUI

Obrigado, uma vez mais, a todos os convidados especiais.

Como em produto vencedor não se mexe e dado o relativo sucesso da iniciativa,
uma 2ª Série de "10 Breves Perguntas" está já a ser preparada e terá estreia marcada no já tão próximo ano de 2010.
Por isso, atenção às vossas caixas de e-mail, caros visitantes!

UMA HISTÓRIA DE VIOLÊNCIA (2005)

PONTUAÇÃO: MUITO BOM
Título Original: A History of Violence
Realização: David Cronenberg
Principais Actores: Viggo Mortensen, Maria Bello, Ed Harris, William Hurt, Ashton Holmes, Heidi Hayes, Peter MacNeill, Stephen McHattie, Greg Bryk

Crítica:

PASSADO IRREVERSÍVEL

Se levado à tela por um qualquer realizador, Uma História de Violência seria somente mais um filme onde uma família assolada pela violência tenta resistir à morte. Todavia, um autor como David Cronenberg - um dos mais interessantes e estimulantes realizadores da actualidade - faz toda a diferença.

Uma História de Violência formula uma reflexão aprofundada - rica em perguntas e absolutamente inócua em respostas - sobre as causas e as consequências da violência humana. Note-se, a propósito, o desfecho inconclusivo daquela última troca de olhares entre marido e mulher... profundamente abalados não só pela violência física como também pela cruel violência da mentira, que ameaça a ruína da família. Por mera intervenção do acaso, é como se o Inferno ascendesse ao nível terreno e lhes batesse à porta ou como se o Passado, implacável, ajustasse contas com a Verdade. Perante este jogo mortal, haverão possibilidades de sobrevivência? Haverá um sentimento tão forte o suficiente, capaz de superar e unir almas tão imensamente devastadas? Enfim... a obra fala por si, em toda a sua ambiguidade. Sentem-se as reminiscências de O Cabo do Medo, de Martin Scorsese. Aquela cena de sexo na escada, após os sangrentos acontecimentos do jardim, é o perfeito exemplo disso... Querem maior evidência da mestria de Cronenberg? Essa cena é visceralmente assombrosa! Não só nessa complexa indagação filosófico-existencial como tecnicamente, o talento do realizador emerge continuamente: note-se a meticulosa escolha de planos e de ângulos ou o extraordinário trabalho de encenação e de direcção de actores. Depois, temos Viggo Mortensen, Maria Bello, William Hurt, Ed Harris, Ashton Holmes... todos eles em brilhantes desempenhos, intrinsecamente ligados à profundidade conquistada pela obra. A banda sonora de Howard Shore e o notável trabalho de caracterização completam esta intensa, envolvente e inteligente experiência cinematográfica.

Por fim, uma derradeira questão: terá o ser humano direito ao recomeço?

quinta-feira, 26 de novembro de 2009

10 Breves Perguntas (15)

Continua a nossa iniciativa, em vésperas do seu desfecho.
Eis, pois, o nosso penúltimo questionário.

Desta vez... Rodrigo Mendes, autor do blogue Cinema Rodrigo, aceitou o convite do CINEROAD para responder a 10 breves questões com 10 breves respostas.

1. Um realizador: Stanley Kubrick
2. Um argumento: Habla Con Ella
3. Um actor: Clark Gable
4. Uma actriz: Fernanda Montenegro
5. Um filme-desilusão: Atonement
6. Um filme-surpresa: Match Point
7. Um filme sobrevalorizado: Tropa de Elite
8. Um filme subvalorizado: Munich
9. Um filme em que chorei: E.T. - The Extra-Terretrial
10. Último DVD: Os Normais - O Filme

Um muito obrigado, Rodrigo Mendes.

Compare as respostas dadas por todos os convidados até ao momento: AQUI

As mesmas 10 questões serão respondidas por um novo convidado especial. Até lá!

terça-feira, 24 de novembro de 2009

O FEITICEIRO DE OZ (1939)

PONTUAÇÃO: EXCELENTE
★★★★★
Título Original: The Wizard of Oz
Realização: Victor Fleming

Principais Actores: Judy Garland, Ray Bolger, Jack Haley, Bart Lahr, Frank Morgan, Billie Burke, Margaret Hamilton, Charley Grapewin


Crítica:
PARA LÁ DO ARCO-ÍRIS...

O mínimo que se poderá dizer de um realizador como Victor Fleming, que no mesmo ano estrearia ainda o monumental E Tudo o Vento Levou, é que 1939 foi o seu ano de sorte. Sorte ou profundo e corajoso talento, ou misto de ambos, o certo é que tanto o épico romântico como o fantástico e encantador O Feiticeiro de Oz sublimaram a arte ao mais alto nível, com rigoroso e arrojado sentido estético, e consagraram-se ambos como clássicos absolutos.

O Feiticeiro de Oz é pura magia musical, belíssimo em cada cena, inspirador em cada mensagem. Mais do que genuinamente magistral na direcção artística (note-se o primor dos cenários e da decoração), na caracterização ou no guarda-roupa é o triunfo inesquecível da criatividade de toda uma equipa. Nunca até então o universo de fantasia tinha sido transposto para a grande tela com tamanha eficácia, exceptuando, talvez, o caso de Branca de Neve e os Sete Anões, no campo da animação. Aliás, a influência do pioneiro clássico da Disney é até notória, tanto na musicalidade como na encenação, tanto na exuberância de cores como na inocência de um mundo de sonho. A banda sonora comporta algumas das mais belas canções de sempre, como Somewhere Over the Rainbow. E a transição do preto-e-branco (tons de sépia) para a cor resulta genialmente. Que golpada de mestre. Judy Garland (a adorável Dorothy dos sapatinhos vermelhos), Ray Bolger (o espantalho bailarino sem miolos), Jack Haley (o enferrujado Homem de Lata sem coração), Bert Lahr (o dengoso leão sem coragem), Margaret Hamilton (a esverdeada Bruxa Má), Billie Burke (a cintilante Bruxa do Norte), Clara Blandick e Charley Grapewin (os dedicados tios de Dorothy) ou mesmo Terry (o engraçadíssimo Toto, que era na realidade uma cadelinha)... todos eles se imortalizaram com a aura intemporal deste clássico.

Algures para lá do Arco-Íris, seguindo a Estrada dos Tijolos Amarelos até ao Palácio de Esmeralda, a viagem tem a paisagem do sonho. E o sonho é a maior aventura de todas. No final, porém... there's no place like home. Eis, pois, uma das maravilhas maiores da 7ª arte.

segunda-feira, 23 de novembro de 2009

MULAN (1998)

PONTUAÇÃO: MUITO BOM
Título Original: Mulan
Realização:
Tony Bancroft e Barry Cook

Filme de Animação


Crítica:

A PRINCESA GUERREIRA

The flower that blooms in adversity
is the most rare and beautiful of all.

Puramente elegante em toda a sua simplicidade poética e derradeiramente poderoso em toda a sua alma épica. Emana de um filme como Mulan, inegavelmente, uma beleza estética inconfundível.

Hans Bacher e Richard John Sluiter imprimem, com rara excelência, o seu cunho pessoal na concepção do estilo e a sua equipa de pintores transborda talento em cada imagem. Cenas como a do Concílio dos Antepassados, a da emboscada na neve ou a do desfecho na Cidade Imperial sob as cores mágicas dos fogos-de-artifício são de um autêntico delírio visual e absolutamente inesquecíveis. É claro que a banda sonora de Jerry Goldsmith, retumbate em toda a sua sonoridade, é essencial para a grandiloquência quase lírica desta magnífica obra de arte.

A caracterização das personagens, essa, é plenamente conseguida: seja no divertidíssimo dragão Mushu como no grácil grilinho Cri-kee, seja no cómico e assimétrico bando dos três como no temível e sinistro Shan-Yiu, líder dos Hunos, seja no destemido Capitão Shang como no núcleo familiar de Mulan (sublinhe-se: como a avozinha é hilariante!), como na própria Mulan, que foge aos preceitos da cultura e da tradição para proteger o pai, a honra da família e a honra de si mesma. Aliás, Mulan rompe, finalmente, com o paradigma da mulher como ser inferior, que já vinha a evoluir no universo Disney. Recordemo-nos que apenas o destino ou a magia ditavam o final de Branca de Neve, Cinderela ou Aurora, a eterna Bela Adormecida. Ariel já tinha nas suas mãos o poder da escolha. E até Pocahontas, todas mostravam determinação e uma personalidade que gritava por emancipação. Mulan é a primeira que, segura da sua missão, desafia todas as convenções, arriscando a própria vida. É a primeira heroína, a primeira guerreira, a primeira mulher moderna.

Imperdível.

domingo, 22 de novembro de 2009

O LIVRO DA SELVA (1967)

PONTUAÇÃO: RAZOÁVEL
Título Original: The Jungle Book
Realização:
Wolfgang Reitherman

Filme de Animação


Crítica: O exemplo perfeito de como animação de qualidade não passa apenas por desenhos concebidos com assaz excelência e por uma boa ideia. É essencial a qualquer boa história um argumento ritmado e bem construído. Pois bem, o ritmo deste O Livro da Selva é completamente irregular e às tantas mais parece uma colagem de sequências com mais ou menos graça. O trabalho de realização, em termos de orquestração geral, é, sinceramente, frustrante, e não há noção do espaço e do tempo. E a banda sonora raramente merecerá destaque. De resto, exceptuando a muito boa captação da natureza animal, fica-nos uma lição de amizade que é, no fim de contas, um passeio meio alegre meio aborrecido por um jardim zoológico animado.

sábado, 21 de novembro de 2009

10 Breves Perguntas (14)

Continua a nossa iniciativa.
Eis, pois, o nosso antepenúltimo questionário.

Desta vez... Rui Pereira ou Jackie Brown, autor do blogue Cinemajb, aceitou o convite do CINEROAD para responder a 10 breves questões com 10 breves respostas.

1. Um realizador: Steven Spielberg
2. Um argumento: Inglourious Basterds
3. Um actor: Robert De Niro
4. Uma actriz: Cate Blanchett
5. Um filme-desilusão: Rocky
6. Um filme-surpresa: The Butterfly Effect
7. Um filme sobrevalorizado: Forrest Gump
8. Um filme subvalorizado: Batman Begins
9. Um filme em que chorei:
Nunca, mas o mais próximo foi em The Lion King
10. Último DVD: The Curious Case of Benjamin Button

Um muito obrigado, Rui Pereira.

Compare as respostas dadas por todos os convidados até ao momento: AQUI

As mesmas 10 questões serão respondidas por um novo convidado especial. Até lá!

sexta-feira, 20 de novembro de 2009

TARZAN (1999)

PONTUAÇÃO: MUITO BOM
Título Original: Tarzan
Realização:
Chris Buck e Kevin Lima

Filme de Animação



Crítica:

Close your eyes.
Now forget what you see.

O HOMEM DA SELVA

What do you feel?

Tarzan é, provavelmente, o último grande Clássico Disney do século XX e a prova viva da sofisticação e da maturidade atingida pelos estúdios nos anos 90, com as suas longas-metragens. O filme tem uma câmera que sabe filmar a animação como poucas: uma câmera tantas vezes em movimento, engenhosa nos planos, que atinge o seu expoente máximo nas sequências de acção. O eterno homem-gorila surfa pelas árvores e arrebata-nos: tanto pela agilidade e adrenalina com que o faz como pelo deslumbre com que, surpreendentemente, nos extasia.

Tanto no desenho como na pintura, como no subtil recurso ao digital, Tarzan mostra-se tecnicamente irrepreensível. O trabalho de montagem, esse, a cargo de Gregory Perler, é magnífico, atribuindo um ritmo de perder o fôlego a uma obra, já por si, tão ritmada. A propósito: as canções, da autoria de Phil Collins, são belíssimas e ajudam a contar a história, assumidas na diegese ou a jeito de videoclip, com manifesta criatividade. No seu todo, o filme cai-nos tão bem. Porque, afinal, Tarzan toca-nos o coração, falando de valores tão essenciais como o da família ou o da necessária preservação da natureza. E de questões filosoficamente tão pertinentes como: o que faz de um homem um homem?

Enfim... um triunfo emocionante e completamente inesquecível.

CHINATOWN (1974)

PONTUAÇÃO: MUITO BOM
Título Original: Chinatown
Realização: Roman Polanski

Principais Actores: Jack Nicholson, Faye Dunaway, John Huston, Perry Lopez, Roman Polanski

Crítica:
A CONSIPIRAÇÃO 

Forget it, Jake. It's Chinatown.

Grande filme. A obra é a cores - bem fotografada, diga-se de passagem - e nela não consta qualquer resquício de narração. Mas é noir, absolutamente. Genuinamente.

Em toda a sua inspiração e subtileza, entre enigma e tragédia, a
realização de Roman Polanski revela grande contenção e mostra-se derradeiramente fria. A banda sonora de Jerry Goldsmith acompanha, com assaz precisão, esse compasso, até que toda a teia de conspirações e corrupção se desfaz, sob negras nuvens, tão simbolica e ironicamente, em Chinatown.Para lá da sua trama complexa e das suas constantes reviravoltas, um argumento muito bem construído (Robert Towne). Para lá da sua atmosfera densa, misteriosa e carregada de suspense, as interpretações memoráveis de Jack Nicholson e de Faye Dunaway. O passado, por vezes, pode ser mais assustador do que a mais arriscada das investigações.

Simplesmente magnífico.

 

quarta-feira, 18 de novembro de 2009

O CORCUNDA DE NOTRE DAME (1996)

PONTUAÇÃO: MUITO BOM
Título Original: The Hunchback of Notre Dame
Realização:
Gary Trousdale e Kirk Wise

Filme de Animação


Crítica: De uma dimensão operática e repleto de personagens memoráveis, O Corcunda de Notre Dame é, inevitavelmente, uma das maravilhas maiores da Disney. Da extraordinária banda sonora de Alan Menken irradia uma alma assaz poderosa, arrebatadora em cada canção. O argumento é de pura excelência dramatúrgica, explorando aquele universo exuberante, rico em cor e em emoções ao rubro. Do sofrido e sonhador Quasimodo ao terrível Frollo, da cigana e bailarina Esmeralda ao justo e corajoso Capitão Febo, do engraçadíssimo Hugo, bobo e narrador, à temperamental cabrinha Djali, às hilariantes gárgulas... que mundo fascinante e apaixonante. Os processos de design e de coloração da obra chegam-nos absolutamente irrepreensíveis, confluindo com subtileza animação digital e a tradicional em 2D. Enfim... um clássico instantâneo sobre religião, humanidade, bondade e beleza interior.

A PEQUENA SEREIA (1989)

PONTUAÇÃO: BOM
Título Original: The Little Mermaid
Realização: Ron Clements e John Musker

Filme de Animação


Crítica: Um apaixonante tesouro, vindo das profundezas do mar. Repleto de magia, fantasia e canções inesquecíveis, A Pequena Sereia é um hino maior ao amor e, no seu subtexto, a alegoria de todas aquelas jovens que, perante a descoberta da paixão, anseiam descobrir um mundo novo, longe da protecção e sobrevisão paterna. Under the Sea ou Part of Your World são exemplos perfeitos da melodia maior que atravessa e transcende a obra, entre ritmos quentes e grande confluência de registos. Baseado no conto de Hans Christian Andersen e convocando toda a mitologia clássica do universo Disney (princesas, príncipes, reis, feitiços e bruxas) com manifesto espírito de renovação e resplandecendo imaculado em toda a sua poderosa imagística, A Pequena Sereia é, pois, um marco incontornável do cinema de animação; responsável, mesmo em vésperas dos anos 90, pelo renascimento dos estúdios Disney, em toda a sua magnificência.

domingo, 15 de novembro de 2009

10 Breves Perguntas (13)

Continua a nossa iniciativa.
O final da primeira série de inquéritos está para breve.
Eu próprio me submeterei a este inquérito, numa das próximas edições.

Desta vez... João Bastos, autor do blogue Revolta da Pipoca, aceitou o convite do CINEROAD para responder a 10 breves questões com 10 breves respostas.

1. Um realizador: Alfred Hitchcock
2. Um argumento: Pulp Fiction
3. Um actor: John Travolta
4. Uma actriz: Grace Kelly
5. Um filme-desilusão: Million Dollar Baby - Sonhos Vencidos
6. Um filme-surpresa: Danny the Dog
7. Um filme sobrevalorizado: The Matrix
8. Um filme subvalorizado: Battlefield Earth
9. Um filme em que chorei: My Girl - O Meu Primeiro Beijo
10. Último DVD: Forbidden Planet

Um muito obrigado, João Bastos.

Compare as respostas dadas por todos os convidados até ao momento, AQUI!

As mesmas 10 questões serão respondidas por um novo convidado especial. Até lá!

sábado, 14 de novembro de 2009

COLISÃO (2004)

PONTUAÇÃO: BOM
★★★★
Título Original: Crash
Realização: Paul Haggis

Principais Actores: Matt Dillon, Don Cheadle, Sandra Bullock, Brendan Fraser, Thandie Newton, Ryan Phillippe, Larenz Tate, Jennifer Esposito, William Fichtner, Nona Gaye, Terrence Howard, Michael Pena, Shaun Toub, Bahar Soomekh


Crítica:

ATÉ AO LIMITE:
ENTRE O CHOQUE E A CATARSE

Fascinante, absolutamente surpreendente e derradeiramente redentor. Colisão é um dos mais estimulantes exercícios de escrita dos últimos anos, subtil na construção e profundamente crítico na análise que faz da complexidade da existência humana em sociedade.

Entregues a uma globalização e a um multiculturalismo que tantas vezes mais nos separa do que nos aproxima, o ser humano parece caminhar para a extinção do sentimento e da compaixão. Está a tornar-se cada vez mais frio, só e indiferente. E, ao mesmo tempo, cada vez mais preconceituoso e intolerante.
In L.A., nobody touches you. We're always behind this metal and glass. I think we miss that touch so much, that we crash into each other, just so we can feel something. O argumento resulta poderosíssimo. Há, aliás, cenas verdadeiramente arrepiantes, tal é a colisão de falsos valores e de verdades essenciais; lembro, por exemplo, a cena do atribulado resgate de Christine sob as chamas do despiste ou a da protecção da capa invisível das balas do infortúnio. Sublimes e de uma encenação magistral. O elenco, esse, supera-se sob a direcção inspirada de Paul Haggis: Matt Dillon, Thandie Newton, Terrence Howard, Michael Peña, Ryan Phillippe... todos viscerais nas suas prestações. Ainda por referir está a magnífica canção In the Deep que, após o choque, purifica a catarse. No final, somos todos da mesma matéria, do mesmo pó...
 

ROBIN DOS BOSQUES (1973)


PONTUAÇÃO: RAZOÁVEL
Título Original: Robin Hood
Realização: Wolfgang Reitherman

Filme de Animação

Corrupção, poder, justiça. Muitos são os valores por detrás de Robin dos Bosques, um filme repleto de acção, comicidade e personagens extremamente bem concebidas: o Príncipe João, por exemplo, ou o lacaio-de-língua-bífida Chiu; ou, acima de todas, a divertida e inesquecível galinha Lady Clara. Todavia, o filme carece, no seu todo, de maiores cuidados estéticos... e assemelha-se, por vezes e com traço grosso, aos ritmos e facilitismos narrativos de uma tradicional série televisiva. Concluindo: engraçado, mas sem a magia, mestria e arrojo dos grandes Clássicos Disney.

sexta-feira, 13 de novembro de 2009

10 Breves Perguntas (12)

Continua a nossa iniciativa,
numa altura em que caminhamos a passos largos para o final da primeira série.

Desta vez... Yirien, autora do blogue Yirien's Blog, aceitou o convite do CINEROAD para responder a 10 breves questões com 10 breves respostas.

1. Um realizador: Jean-Pierre Jeunet
2. Um argumento:
The Eternal Sunshine of the Spotless Mind
O Despertar da Mente

3. Um actor: Brad Pitt
4. Uma actriz: Audrey Tautou
5. Um filme-desilusão: Atonement - Expiação
6. Um filme-surpresa: I, Robot - Eu, Robot
7. Um filme sobrevalorizado: The Departed - Entre Inimigos
8. Um filme subvalorizado: The Fall - Um Sonho Encantado
9. Um filme em que chorei:
The Four Feathers - As Quatro Penas Brancas

10. Último DVD: La Mala Educación - Má Educação

Um muito obrigado, Yirien.

Compare as respostas dadas por todos os convidados até ao momento, AQUI!

As mesmas 10 questões serão respondidas por um novo convidado especial. Até lá!

quinta-feira, 12 de novembro de 2009

PINÓQUIO (1940)

PONTUAÇÃO: MUITO BOM
Título Original: Pinocchio
Realização:
Hamilton Luske e Ben Sharpsteen

Filme de Animação


Crítica: 



O SONHO TORNADO REALIDADE


A magia existe. Cintilante no firmamento das maiores obras de animação de todos os tempos, a eterna aventura pela descoberta da vida tem um nome: Pinóquio. É como uma orquestra viva de sonho, fantasia e imaginação... Uma montanha russa de emoções, risos e lágrimas, que inspirará, para sempre, gerações atrás de gerações.

Repleto de sequências de grande criatividade e originalidade, onde desenhos e música interagem na genialidade, o universo de personagens é extremamente rico e povoa o nosso imaginário. Desde o grilo falante, narrador e voz da consciência, ao preguiçoso gato Fígaro, da luminosa Fada Azul à temida baleia Monstro, do malvado cigano Stramboli à dupla traiçoeira liderada por João Honesto (note-se o rasgo de ironia, dada a paradoxalidade entre o nome e a personalidade matreira da personagem) ou do velho e simpático Gepeto à inocente e inexperiente marioneta que dá nome à obra... é extraordinária a concepção da pintura, a caracterização das personagens e a sua sintonia e harmonia com a maravilhosa banda sonora de Leigh Harlile e de Paul J. Smith. A canção When You Wish Upon a Star, essa então, tem um encanto redentor. Pela sua estrutura episódica, Pinóquio desenvolve um argumento fluido e coeso, cheio de ritmo, imerso em pluralismo semântico. Constitui, sem dúvida, um concentrado de importantes lições a reter: as consequências de dar conversa a estranhos (os perigos estão sempre ao virar da esquina), de não escutar a consciência ou de mentir (a metáfora do nariz é célebre e sublime), o papel educacional da escola versus a perdição nos maus hábitos e maus valores na metafórica Ilha da Diversão ou a recompensa das boas acções (o salvamento de Gepeto e o renascer num corpo de menino).

Enfim, arte pura: esteticamente ambiciosa e com muito coração. Um clássico imperdível, absolutamente intemporal.

A BELA ADORMECIDA (1959)

PONTUAÇÃO: MUITO BOM
Título Original: Sleeping Beauty
Realização:
Clyde Geronimi

Filme de Animação


Crítica:

UMA HISTÓRIA DE ENCANTAR

De uma cadência hipnótica e de uma essência profundamente artística e romântica, A Bela Adormecida é, porventura, o mais sofisticado e elegante feito no cinem
a de animação até aos anos 60 e um dos mais refinados e eruditos até aos dias de hoje. Emana dele um encanto único, mágico e sedutor, absolutamente deslumbrante.

Tanto o estilo de Eyvind Earle (onde o desenho, com excelência e minúcia, dá primazia ao aperfeiçoamento das personagens e ao polir do segundo plano) como o bailado de Peter Tchaikovsky (desde então ele próprio confundível com a alma do filme) se revelam, pois, o espelho dessa essência. Simbologia do três, dicotomia maniqueísta Bem-Mal, cor e trevas, inocência, pureza, beleza, cenas cómicas e musicais: todo o universo tradicional da Disney é convocado e invocado, valorizando toda uma ética moral fundamental para a educação das crianças. O argumento flui que nem uma dança virtuosa, repleto de cenas inspiradas e inesquecíveis, dando ênfase às personagens principais e pondo de parte possíveis tramas secundárias.

Revisitar obras como esta é como recordar e reencontrar uma Verdade sagrada. Um clássico absoluto.

segunda-feira, 9 de novembro de 2009

10 Breves Perguntas (11)

Continua a nossa iniciativa,
numa altura em que caminhamos a passos largos para o final da primeira série.

Desta vez... Pedro Henrique, autor do blogue Tudo É Crítica, aceitou o convite do CINEROAD para responder a 10 breves questões com 10 breves respostas.

1. Um realizador: Charles Chaplin
2. Um argumento: 12 Angry Men
3. Um actor: Marlon Brando
4. Uma actriz: Marilyn Monroe
5. Um filme-desilusão: Freud
6. Um filme-surpresa: One-Eyed Jacks
7. Um filme sobrevalorizado: The English Patient
8. Um filme subvalorizado: Boogie Nights
9. Um filme em que chorei: Sunrise
10. Último DVD: Z

Um muito obrigado, Pedro Henrique.

Compare as respostas dadas por todos os convidados até ao momento, AQUI!

As mesmas 10 questões serão respondidas por um novo convidado especial. Até lá!


<br>


CINEROAD ©2020 de Roberto Simões