Realização: Spike Lee
Principais Actores: Edward Norton, Barry Pepper, Philip Seymour Hoffman, Rosario Dawson, Anna Paquin, Brian Cox, Aaron Stanford
Crítica:
ANTES DO ADEUS
Esta é a história de Monty (ferverosa e scorsesianamente desempenhado por Edward Norton) e é a história de Nova Iorque, num subtexto constante e oportunamente enfatizado pela assombrosa banda sonora de Terence Blanchard. Quando na efabulação final a personagem de Brian Cox profere esperançosamente: You're a New Yorker, that won't ever change. You got New York in your bones. Spend the rest of your life out west but you're still a New Yorker dirige-se tanto ao filho como, através dele e numa relação meta-diegética, aos nova-iorquinos, dilacerados pelo terror após o 11 de Setembro. Os créditos iniciais ou as várias referências ao longo do filme dão conta desse enquadramento histórico e desse retrato sentido. A Última Hora vive, ainda, de um meticuloso trabalho de montagem (Barry Alexander Brown) e de uma fotografia muito sensível à cor, ou não fosse o responsável pelo departamento Rodrigo Prieto. E, não esqueçamos, Philip Seymour Hoffman tem um desempenho formidável. Depois, há cenas verdadeiramente memoráveis: o espancamento entre os amigos, sob a arcada, mais perto do final ou o monólogo fuck you, na casa-de-banho do restaurante:
Eis, absolutamente intenso e visceral, um ensaio corajoso sobre a importância de medirmos as consequências dos nossos actos, individuais ou sociais. De enfrentarmos os nossos medos e preconceitos e olharmos em frente nos tempos mais difíceis. Cometidos certos erros e ocorridas fatais tragédias, não há retorno possível. E não há absolvição sem pena. Mas há - sempre - esperança.
ANTES DO ADEUS
A Última Hora, de Spike Lee, é um filme brilhante, um magnífico exercício de contenção, filmado com uma mestria e elegância irretocáveis.
Esta é a história de Monty (ferverosa e scorsesianamente desempenhado por Edward Norton) e é a história de Nova Iorque, num subtexto constante e oportunamente enfatizado pela assombrosa banda sonora de Terence Blanchard. Quando na efabulação final a personagem de Brian Cox profere esperançosamente: You're a New Yorker, that won't ever change. You got New York in your bones. Spend the rest of your life out west but you're still a New Yorker dirige-se tanto ao filho como, através dele e numa relação meta-diegética, aos nova-iorquinos, dilacerados pelo terror após o 11 de Setembro. Os créditos iniciais ou as várias referências ao longo do filme dão conta desse enquadramento histórico e desse retrato sentido. A Última Hora vive, ainda, de um meticuloso trabalho de montagem (Barry Alexander Brown) e de uma fotografia muito sensível à cor, ou não fosse o responsável pelo departamento Rodrigo Prieto. E, não esqueçamos, Philip Seymour Hoffman tem um desempenho formidável. Depois, há cenas verdadeiramente memoráveis: o espancamento entre os amigos, sob a arcada, mais perto do final ou o monólogo fuck you, na casa-de-banho do restaurante:
Well, fuck you, too. Fuck me, fuck you, fuck this whole city and everyone in it. Fuck the panhandlers, grubbing for money, and smiling at me behind my back. Fuck the squeegee men dirtying up the clean windshield of my car. Get a fucking job! [...] You think Bush and Cheney didn't know about that shit? Give me a fucking break! Tyco! Worldcom! Fuck the Puerto Ricans. 20 to a car, swelling up the welfare rolls, worst fuckin' parade in the city. And don't even get me started on the Dom-in-i-cans, 'cause they make the Puerto Ricans look good. Fuck the Bensonhurst Italians with their pomaded hair, their nylon warm-up suits, their St. Anthony medallions, swinging their, Jason Giambi, Louisville slugger, baseball bats, trying to audition for the Sopranos. (...) Fuck Osama Bin Laden, Al Qaeda, and backward-ass, cave-dwelling, fundamentalist assholes everywhere. On the names of innocent thousands murdered, I pray you spend the rest of eternity with your seventy-two whores roasting in a jet-fuel fire in hell. You towel headed camel jockeys can kiss my royal Irish ass! Fuck Jacob Elinsky, whining malcontent. Fuck Francis Xavier Slaughtery my best friend, judging me while he stares at my girlfriend's ass. Fuck Naturelle Riviera, I gave her my trust and she stabbed me in the back, sold me up the river, fucking bitch. Fuck my father with his endless grief, standing behind that bar sipping on club sodas, selling whisky to firemen, cheering the Bronx bombers. Fuck this whole city and everyone in it. From the row-houses of Astoria to the penthouses on Park Avenue, from the projects in the Bronx to the lofts in Soho. From the tenements in Alphabet City to the brownstones in Park slope to the split-levels in Staten Island. Let an earthquake crumble it, let the fires rage, let it burn to fucking ash and then let the waters rise and submerge this whole rat-infested place. No. No, fuck you, Montgomery Brogan. You had it all, and you threw it away, you dumb fuck!
Eis, absolutamente intenso e visceral, um ensaio corajoso sobre a importância de medirmos as consequências dos nossos actos, individuais ou sociais. De enfrentarmos os nossos medos e preconceitos e olharmos em frente nos tempos mais difíceis. Cometidos certos erros e ocorridas fatais tragédias, não há retorno possível. E não há absolvição sem pena. Mas há - sempre - esperança.
Bom blog. Bom trabalho.
ResponderEliminarJá está nos meus links. Continuem! ;)
É um belíssimo filme. Norton dá um cunho fatalista à sua personagem, que afinal não é tanto assim. Um retrato forte de Spike Lee da actual sociedade.
ResponderEliminar9/10.
Abraço.
Esse discurso raivoso já é clássico, mas nunca vi o filme. Situação a ser remediada assim que possível.
ResponderEliminarMuito bom o filme, gosto muito do Norton e nesse trabalho ele esta mais uma vez impecável.
ResponderEliminarabraço!!!
PAULO: Obrigado, Paulo ;) Volta sempre!
ResponderEliminarRED DUST: Não é? Não sei não. Se calhar é mesmo - e muito - fatalista. Pelo menos assim penso.
Mas estamos de acordo quanto ao valor do filme.
GUSTAVO H. R.: Sim, recomendo-o vivamente. Gostei ainda mais dele quando o vi pela segunda vez ;)
YGOR MORETTI FIORANTE: Norton tem uma performance impressionante. Dos seus melhores papéis. Tão intenso.
RAFHAEL VAZ: Não sei como foi aí no Brasil, mas pelo menos aqui em Portugal o filme foi bastante reconhecido. O que acontece é que o foi na altura da estreia, depois daí ninguém mais falou dele. E é pena. É muito bom.
Cumps.
Roberto Simões
CINEROAD - A Estrada do Cinema
Uma "puta" de um diálogo para um "puta" de um roteiro.
ResponderEliminarAlias, preciso rever este filme.
Um belo filme de Spike Lee. Gosto muito!
ResponderEliminarAbraços!
WALLY: Um magnífico argumento, sem dúvida. Também eu o revi agora, por estes dias ;)
ResponderEliminarCIRO HAMEN: Pois bem, também eu ;)
Voltem sempre!
Cumps.
Roberto Simões
CINEROAD – A Estrada do Cinema
Ás vezes não o digo mas em geral é sempre com muito prazer e facilidade (no bom sentido) que leio as tuas críticas. Esta mais uma vez não foge à regra. Quanto ao filme, de acordo um filme muito bom e sobrevalorizado hoje em dia. Possui uma identidade própria com uma realização assaz competente a elevar-se de vez em quando, uma fotografia enorme e uma narrativa meticulosa e muito bem trabalhada.
ResponderEliminarTalvez diria que funcionaria ainda melhor com um pouco menos de duração, o argumento às tantas dá-me a sensação que se repete ou não se desenvolve, mas isso já sou eu a divagar...
Altamente aconselhável sem dúvida!
abraço
JORGE: Ainda bem :) Prezo em sabê-lo e agradeço. Sobrevalorizado por alguns. Desconhecido por muitos mais, acredito. Um sólido pedaço narrativo.
ResponderEliminarRoberto Simões
CINEROAD