segunda-feira, 28 de fevereiro de 2011

ANDREI RUBLIOV (1966)

PONTUAÇÃO: MUITO BOM
Título Original: Андрей Рублёв / Andrey Rublyov
Realização: Andrei Tarkovsky
Principais Actores: Anatoli Solonitsyn, Ivan Lapikov, Nikolai Grinko, Nikolai Sergeyev, Irma Rauch, Nikolai Burlyayen, Yuri Nazarov

Crítica:

ENTRE O SAGRADO E O PROFANO:
A ARTE COMO EXPERIÊNCIA RELIGIOSA

Qual é o tempo e o lugar da arte,
num mundo assim?

Andrei Rubliov é, até certo ponto, como que uma variação d'O Sétimo Selo, acrescente-se o sexo, a violência e a contemplação. É um épico medieval magistralmente bem filmado onde, tal como na obra-prima de Bergman, é vivida uma crise de fé pelo protagonista, enquanto o país (a Rússia, neste caso) vive um conturbado e turbulento período de invasões, de sangrentas batalhas e de repressão religiosa. Todavia, n'O Sétimo Selo, a redenção da Humanidade chega apenas na Morte e com ela se atingem todas as respostas capazes de saciar a angústia existencial. Em Andrei Rubliov, a misericórdia e o perdão de Deus são intensamente procurados na Vida e o apaziguamento é repetidamente procurado, tentem os Homens voar de balão ou edificar um sino.

Corre o século XV e o monge Rubliov é já um conhecido e afamado pintor de ícones, frescos e iluminuras. A narrativa é distribuída por um prólogo, sete episódios e por um epílogo. Porém, muita sabedoria, muita tristeza. Quem multiplica o saber, aumenta a sua angústia. Quanto mais cultiva o seu caminho de iluminação e de purificação, mais se apercebe dos problemas do mundo, do Mal que corrói o Homem e que o distancia de Deus e da palavra de Cristo. O Novo Testamento ecoa, aliás, por toda a obra e o reflexo medieval não lhe faz jus. Rubliov cessa a inspirada arte das pinturas para observar o mundo e para reflectir sobre o real sentido da fé... e o que encontra? Um povo ignorante e obscuro, seguindo às cegas a hipocrisia dos representantes de Deus, conformados com o estado da humanidade:

Tudo é vaidade e perecível! Todas as tolices e vilanias já foram concebidas. Agora, nada mais se faz do que repeti-las. Todo volteia e roda nos mesmos circuitos. Se Cristo voltasse à Terra, seria de novo crucificado!

Qual o sentido da religião quando não há esperança? Quando a fé se resume ao cumprimento escrupuloso de um sem fim de códigos e condutas, desprovidas de valor e de essência? Rubliov lembra a Paixão de Cristo e a Cruz do Homem, que se deveria repetir através dos tempos. Mas o que prevaleceu após o Tempo de Cristo? O Tempo Corrompido... Qual o sentido de proclamar o sagrado por oposição ao profano, quando as principais fundações da crença estão tão fortemente abaladas? Os ortodoxos condenam o paganismo, a nudez da feitiçaria e a noite das orgias... a leviandade, a indecência... o amor vergonhoso e bestial... mas, na verdade, todos os Homens se sentem atraídos pelo desejo... Até mesmo Rubliov, que não cede à carne, mas que ainda assim prova o beijo do pecado. Qual o sentido de proclamar a paz e a justiça entre os Homens quando a guerra se repercute e se intensifica nas duas margens do rio? Os tártaros massacram, violam, saqueiam, devastam... mas não será a mesma, a nossa fé? Não será a mesma, a nossa terra, o nosso sangue? Um tártaro sorria, gritando: mesmo sem nós, dareis cabo uns dos outros, como lobos. E o inimigo estava certo. A doença corre-nos e consome-nos no sangue. Para mal dos nossos pecados, o Mal ganha uma aparência humana. Quem atenta ao Mal, atenta à carne e ao osso humano.

Hipocrisia, ignorância, paganismo, terror: todos estes factores motivam a crise de fé e a desilusão no mundo. Perante o conflito, qual é o diálogo possível entre Deus e os Homens? As palavras, mesmo quando irrompem do silêncio, nascem já corrompidas. A religião revela-se igualmente corrompida, pedante. É por isso que, às tantas, Andrei Rubliov se penitencia com o silêncio. Sentiu-se tentado pela sedução dos corpos. Matou um homem, no calor da batalha. Que homem seria, se não se penitenciasse? Tão hipócrita e impuro como qualquer um dos outros à sua volta?

Perante este estado das coisas, resta a um artista perguntar-se: como encontrar a beleza num mundo assim? A resposta é simples: na arte, despida de palavras. Na pintura. O mestre Cirilo apercebe-se, no final, que as pinturas são como janelas para o céu. Mesmo quando representa acontecimentos terrenos, a pintura (nas igrejas, conventos e catedrais) é qualquer coisa de transcendente, um intermédio entre Deus e os Homens. O artista é, por isso mesmo, um ser privilegiado. E, por esta linha de leitura, Tarkovsky introduz na obra a sua Verdade: a arte, como experiência religiosa, tem um papel fundamental para tantos quantos percorram o caminho da iluminação. A religião, onde outrora se encontrava apaziguamento para as angústias da existência, não é mais suficiente para responder às necessidades dos Homens iluminados. A religião e o passado estão manchados de sangue. A arte é a nova religião, cujas potencialidades se confundem na eternidade. Tarkovsky tenta demonstrá-lo no final, quando a cor dá lugar ao preto e branco e ascende, poderosíssima, a música operática. Para o realizador, assistir a um filme como Andrei Rubliov, é como assistir a um fresco vivo - uma experiência igualmente transcendente.

Entre a luz e as trevas, dotado de excepcionais performances, cenários e banda sonora, eis pois um filme absolutamente magnífico.

domingo, 27 de fevereiro de 2011

ACONTECEU NO OESTE (1968)

PONTUAÇÃO: EXCELENTE
★★★★★
Título Original: C'era una volta il West / Once Upon A Time in the West
Realização: Sergio Leone
Principais Actores: Henry Fonda, Claudia Cardinale, Jason Robards, Charles Bronson, Gabriele Ferzetti, Woody Strode

Crítica:

UMA DANÇA DE MORTE

Mais do que um western, Aconteceu no Oeste faz a antologia do próprio género, convocando, homenageando e criticando referências e resumindo toda uma mitologia com o mais profundo sentido artístico. Entre o calor e a poeira, entre a cavalgada e o disparo, entre a espera e o derradeiro compasso da morte, Aconteceu no Oeste vive, por isso, uma essência marcadamente estilizada, ganhando uma dimensão operática e imortalizando-se sob a aura imaculada de obra-prima.

Rendamo-nos aos factos: Sergio Leone reuniu uma equipa de genial talento. A partir da história que o próprio escreveu, em conjunto com Dario Argento e Bernardo Bertolucci, o mundo de pistoleiros justiceiros e foras-da-lei foi recriado com incrível verossilhança, assaz realismo e especial atenção ao detalhe. Os decórs (a cargo de Carlo Simi, Rafael Ferri e Carlo Leva) ou o guarda-roupa (Antonella Pompei, Carlo Simi) são a prova disso. A fotografia de Tonino Delli Colli é de uma beleza tal que nos extasia, sensível tanto aos planos criteriosos e mais ambiciosos como aos close-ups sobre os actores, tanto à imediatez do primeiro plano como aos enquadramentos e pormenores dos backgrounds. Sensível, tantas vezes, às deslumbrantes panorâmicas sobre uma América interior e vermelha, de paisagens irregulares, mas únicas e absolutamente inconfundíveis.

O filme é, todo ele, repleto de magistrais sequências de tensão e suspense, para as quais se revelam fundamentais o trabalho de montagem (Nino Baragli) e o tratamento dos efeitos sonoros: o perfeito exemplo disso é a memorável cena de abertura, onde os sons se assumem como um genuíno e arriscado tema musical, resultando, indiscutivelmente, numa das melhores cenas de abertura de todos os tempos. Mas temas magníficos são coisa que não falta, ou não fosse o compositor o lendário Ennio Morricone. Cada personagem principal tem o seu próprio tema: Harmonica, semblante da coragem e do mistério (Charles Bronson), a provocante e sensual Jill (Claudia Cardinale), central na história, o arguto Frank (Henry Fonda) ou o gracioso Cheyenne (Jason Robards). O elenco irradia, aliás, uma excelência inequívoca, denotando a qualidade intrínseca a toda a direcção de actores. O trabalho de encenação é brilhante e são muitas as cenas que se destacam pelo seu arrojo e arquitectura. A preparação daquele flashback final é, simplesmente, qualquer coisa de extraordinário... No seu todo, eis, pois, uma simbiose esteticamente triunfal, sob a inspirada e irrepreensível orquestração de Sergio Leone.

Até à chegada do Cavalo de Ferro à vila em construção, o tempo passa e a história acontece... ao ritmo próprio a que o realizador nos acostumou... E nós temos então a certeza de que experienciamos uma obra de arte no mais imperioso sentido da expressão. Bertolucci diz, a respeito, que Leone deu uma nova identidade ao western*. Não poderia estar mais de acordo. Tal como o comboio, a obra veio, ficou e revolucionou.


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Nota especial para péssima escolha do título português.
*Di-lo Bernardo Bertolucci num dos documentários da Edição de Coleccionador, em DVD.

quinta-feira, 24 de fevereiro de 2011

O PROTEGIDO (2000)

PONTUAÇÃO: MUITO BOM
Título Original: Unbreakable
Realização: M. Night Shyamalan
Principais Actores: Bruce Willis, Samuel L. Jackson, Robin Wright Penn, Spencer Treat Clark

Crítica:

HERÓI VS. VILÃO

Nunca o universo dos super-heróis e da banda desenhada ganhou contornos tão humanos ou humanizados como nesta magnífica obra de M. Night Shyamalan. O Protegido revela-se como uma proeza de genuína subtileza, um trabalho de grande contenção e crescente tensão, suportado por um argumento assaz sensível e inspirado.

O que é um super-homem? Existe um super-herói? É interessante a forma como nos é apresentada a personagem de Samuel L. Jackson, Elijah Price, um homem atraiçoado pelos genes que o condicionarão às fragilidades da vida: nós aceitamo-lo como um ser real. Porque não aceitar também, com semelhante facilidade, o oposto do Sr. de Vidro, um homem forte e resistente a doenças e aos azares do destino? A questão é deveras pertinente. E o exercício dramatúrgico confrontar-nos-á tanto com a hipotética origem da mitologia de vilões e super-heróis (numa fronteira praticamente inexistente entre realidade e fantasia) como com a verdade sobre cada um dos protagonistas (essencial para saberem o seu lugar no mundo).

Eis, pois, um filme extremamente original, de construção inteligente e performances impressionantes e comovedoras, onde a mestria de Shyamalan emana especialmente em todas as cenas de maior duração, nos premeditados e vagarosos movimentos de câmera, nos planos meticulosos ou no constante jogo entre sons e silêncios. A banda sonora e o tratamento das cores e da cinematografia revelam-se cruciais para a criação do ambiente de suspense. Que assombro de filme.

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Nota especial para a infeliz escolha do título português.

domingo, 20 de fevereiro de 2011

UM HOMEM SINGULAR (2009)

PONTUAÇÃO: MUITO BOM
Título Original: A Single Man
Realização: Tom Ford
Principais Actores: Colin Firth, Julianne Moore, Nicholas Hoult, Matthew Goode, Jon Kortajarena

Crítica:

O HOMEM INVISÍVEL

Filmado com rara e apurada sensibilidade estética, Um Homem Singular traz-nos a surpreendente estreia de Tom Ford na realização. Adaptando o romance homónimo do escritor Christopher Isherwood, Ford concretiza um melodrama tocante sobre a solidão de um homem que, mergulhado num luto inesperado, chocante e desolador, chora a perda do namorado e companheiro de dezasseis anos. A sua vida perdeu a cor - o tom é soturno e a espantosa fotografia de Eduard Grau não deixa margem para dúvidas. As memórias, envolvidas pela prodigiosa banda sonora de Abel Korzeniowski (música adicional de Shigeru Umebayashi), fluem-lhe persistentemente, intensamente. If one is not enjoying one's present, here isn't a great deal to suggest that the future should be any better. O seu olhar transfigura-se perante a sombra do passado. A cada flashback, preciosamente esculpido, fortalecem-se o desencanto e a depressão.

It takes time in the morning for me to become George, time to adjust to what is expected of George and how he is to behave. By the time I have dressed and put the final layer of polish on the now slightly stiff but quite perfect George I know fully what part I'm suppose to play.

A cada enquadramento, brota do filme um esplendor intimista, sedutor, de uma carga dramática poderosíssima. É a Colin Firth, num underacting brilhante e altamente contido, a quem cabe, à frente das câmeras, o mérito principal desses inegáveis e arrebatadores atributos. Um professor de Literatura, de nome George Falconer, que desde jovem aprendeu que usar uma máscara é a melhor forma para passar invisível entre os olhares condenatórios do preconceito. Um homem cujo sofrimento interior, no mais dilacerante e cruel dos silêncios, decide o suicídio. A arma sai da gaveta e entra na mala. A montagem (Joan Sobel) é metódica, tem a precisão de um relógio. George sai de casa.

For the first time in my life I can't see my future. Everyday goes by in a haze, but today I have decided will be different.

É pelo seu olhar que acompanhamos a despedida. Ao partir no seu Mercedes, assiste às brincadeiras dos vizinhos e invade-o uma nostalgia da infância. Vê beleza. Dirige-se à faculdade e esvazia o escritório. Junto ao campo de ténis, a conversa sobre os mísseis de Cuba distancia-se nos vislumbres de um peito de homem em movimento, tonificado; quão sensualidade há naqueles planos aproximados. Vê desejo. A sua aula - a última - acaba por abordar os medos da maioria como causa para a existência das minorias. O olhar de um aluno - Kenny (Nicholas Hoult) - cruza-se com o seu. Há beleza e desejo. Vai ao banco, esvazia o cofre e tenta esvaziar, um a um, os significados da vida. Conhece Carlos (Jon Kortajarena), um latino charmoso com o estilo de James Dean e com o qual nega envolver-se. Note-se como as cores ganham calor, como a iluminação se transforma peranto o alento de um futuro. Decidiu matar-se, mas o seu olhar pinta o retrato do que há de mais belo, aliciando-o a viver. Ainda há esperança na sua vida, basta ultrapassar a dor e predispôr-se a sorrir. Sometimes awful things have their own kind of beauty, diz-lhe o espanhol.

A few times in my life I've had moments of absolute clarity, when for a few brief seconds the silence drowns out the noise and I can feel rather than think, and things seem so sharp and the world seems so fresh. I can never make these moments last. I cling to them, but like everything, they fade. I have lived my life on these moments. They pull me back to the present, and I realize that everything is exactly the way it was meant to be.

A despedida mais difícil talvez seja a da sua melhor amiga Charley (esplêndida Julianne Moore). Conhecem-se há mais de quarenta anos. Chegaram a ser, outrora, amantes ocasionais - o que a marcou profundamente, sendo que desde então sempre guardou a esperança de uma vida conjunta com George. Charley é uma mulher frustrada - frustrada nas relações e pela solidão amorosa. Para George, será sempre uma amiga, fonte de boa disposição e amparo em todos os momentos, sobretudo nos mais delicados; afinal, foi a Charley que recorreu quando soube, por telefone, do fatal acidente do seu Jim.

Misteriosamente, a atracção entre George e Kenny fá-los-á aproximarem-se. A subtileza com que Ford trata o florescer da relação dos dois, mas sobretudo a forma como filma as suas personagens denota um misto de ternura e erotismo. Quando os corpos de ambos avançam para o mar, completamente nus, George já está mudado. Já sente prazer em viver, em respirar a vida, em ter esperança. Não há tempo a perder, há que viver o hoje e as intenções de suicídio desvanecem-se. Amanhã será um novo dia. Por isso, não deixa de ser trágica, a ironia que o destino lhe reserva, finalmente.


Elegante, charmoso e refinado pedaço de cinema. Sublime.

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Nota especial para o péssimo título português.

sexta-feira, 18 de fevereiro de 2011

A ORIGEM (2010)

PONTUAÇÃO: BOM
Título Original: Inception
Realização: Christopher Nolan
Principais Actores: Leonardo DiCaprio, Joseph Gordon-Levitt, Marion Cotillard, Ellen Page, Tom Hardy, Ken Watanabe, Dileep Rao, Cillian Murphy, Tom Berenger, Michael Caine, Pete Postlethwaite

Crítica:

O SONHO E A REALIDADE

Our dreams, they feel real while we're in them (...)
Its only when we wake up then we realize that something was actually strange.

O argumento de A Origem (da autoria de Christopher Nolan) é tremendamente engenhoso e complexifica-se na tentativa de penetrar o espectador acordado no universo onírico que, não raras as noites, invade a sua in-/sub-/consciência, numa recriação - ilógica e sem limites - do mundo real. A experiência de sonhar dentro do sonho - num efeito de myse en abyme quase perpétuo - é amplamente explorada. É esta riquíssima dimensão de potencialidades que Nolan transporta para a forma de um empolgante thriller de acção e espionagem.

Leonardo DiCaprio - à frente de um elenco excepcional, mas sem tridimensionalidade de origem - tem uma prestação memorável como Dom Cobb - especialista em extrair, pelos sonhos, os segredos mais preciosos dos seus alvos. Agora, a missão quase impossível de implantar uma ideia, descendo os níveis do inconsciente rumo ao cofre mais profundo, confrontá-lo-á com as memórias mais dolorosas e perigosas da sua existência.

What is the most resilient parasite? Bacteria? A virus? An intestinal worm? An idea. Resilient... highly contagious. Once an idea has taken hold of the brain it's almost impossible to eradicate. An idea that is fully formed - fully understood - that sticks; right in there somewhere.

Tecnicamente, o requinte e a sofisticação da fotografia (Wally Pfister), da direcção artística (Guy Hendrix Dyas, Larry Dias, Douglas A. Mowat) e dos efeitos especiais (Chris Corbould, Andrew Lockley, Pete Bebb, Paul J. Franklin) expandem uma criação visionária e espectacular. A composição musical de Hans Zimmer, assim como a exímia montagem de Lee Smith, servem eficazmente os propósitos do ritmo e da condução das emoções, no decorrer dos avanços e recuos da narrativa, do exigente e vertiginoso labirinto. A interessante premissa é elevada a um magnífico pedaço de entretenimento. Memoráveis, a cena em que a cidade se dobra sobre si própria, ou aqueloutra da espantosa luta de Arthur the point man (Joseph Gordon-Levitt) pelo corredor do hotel, em gravidade zero. Brilhante.

O filme, em primeira ou última instância, assume-se como um reflexo do sonho: um estado de inspirada arquitectura e de prodigiosa imaginação, onde as coordenadas espacio-temporais são livremente distorcidas, transportando e absorvendo inteiramente o espectador para a sua plenitude trágica. Para este, afirmar ou distinguir com absoluta certeza o que é, narrativamente, sonho ou realidade constituirá eternamente o maior desafio do filme. Até a última pista aponta para a ambiguidade.

domingo, 13 de fevereiro de 2011

Qual é o seu filme preferido de Aronofsky?

Participe no debate.

Resultados da votação:

1. REQUIEM FOR A DREAM (35 votos)
2. BLACK SWAN (26 votos)
3. THE FOUNTAIN (20 votos)
4. THE WRESTLER (11 votos)
5. PI (2 votos)

Total: 94 votos.
A votação decorreu entre 13 e 17 de Fevereiro de 2011.

sexta-feira, 11 de fevereiro de 2011

«As Escolhas Inéditas» #7

Escolhido #7 - Samuel Andrade,
autor do blogue Keyzer Soze's Place

O Drama dos Dramas:Magnolia (1999), de Paul Thomas Anderson

O expoente máximo da Ficção-Científica:2001: Odisseia no Espaço (1968), de Stanley Kubrick

O filme de Guerra que define o género:Apocalypse Now (1979), de Francis Ford Coppola

O melhor do Cinema Oriental:Oldboy - Velho Amigo (2003), de Chan-Wook Park

O filme que define os últimos 3 anos de cinema:A Origem (2010), de Christopher Nolan

Agradecimentos especiais: Samuel Andrade.

quinta-feira, 10 de fevereiro de 2011

UM LUGAR À BEIRA-MAR (1991)

PONTUAÇÃO: BOM
Título Original: Ano natsu, ichiban shizukana umi
Realização: Takeshi Kitano

Principais Actores: Kuroudo Maki, Hiroko Oshima, Sabu Kawahara, Toshizo Fujiwara, Susumu Terajima, Katsuya Koiso, Toshio Matsui, Yasukazu Ishitani, Naomi Kubota, Tsuyoshi Ohwada, Tatsuya Sugimoto, Meijin Serizawa, Tetsu Watanabe, Keiko Kagimoto, Kengakusha Akiyama


Crítica:

A ONDA DOS SONHOS

Melancólico, contemplativo, nostálgico. Assim é Um Lugar À Beira-Mar. Kitano concebe um filme praticamente sem diálogos - os protagonistas são um jovem casal de surdos-mudos -, remetendo para a pureza original do cinema: a arte de contar uma história através de imagens. O cineasta joga magistralmente com a mise-en-sène, dominando, com perfeição, as entradas e saídas das personagens e dos elementos cénicos do enquadramento. Assim como as ondas do mar, que avançam e recuam sobre a areia - o som do mar, aliás, alia-se eficazmente à banda sonora numa autêntica sessão de relaxamento - também os movimentos das personagens se fazem de rotinas, do vai-vem diário entre casa-trabalho e praia.

Shigeru (Kurôdo Maki) trabalha na recolha do lixo. Tem uma namorada e uma vida sem grandes objectivos. Um dia, na volta, encontra uma prancha partida. Ainda tenta regressar ao trabalho sem ela, mas vê-se obrigado a resgatá-la e a consertá-la. A partir daí, todos os dias, o seu destino é a praia. A namorada acompanha-o sempre. As primeiras investidas não lhe correm muito bem; os surfistas gozam-no, assim como um par de amigos que passa o dia a jogar futebol. Mas Shigeru é obstinado, persistente, e as melhorias notam-se dia após dia. Quando a prancha se parte novamente, apodera-se dele o desencanto. Mas a esperança não morre. Ao receber o ordenado, compra a prancha que as suas poupanças não lhe permitiram. Num primeiro concurso em que participa, falha a chamada porque não ouve ser chamado. Porém, o troféu há-de chegar. Ele é trabalhador e merece.

Simples, tocante e poético.

quarta-feira, 9 de fevereiro de 2011

CARAVAGGIO (1986)

PONTUAÇÃO: MUITO BOM
Título Original: Caravaggio
Realização: Derek Jarman

Principais Actores: Nigel Terry, Noam Almaz, Dawn Archibald, Sean Bean, Jack Birkett, Sadie Corre, Una Brandon-Jones, Imogen Claire, Robbie Coltrane, Garry Cooper, Lol Coxhill, Nigel Davenport, Vernon Dobtcheff, Terry Downes

Crítica:


A PAIXÃO PELA ARTE

The process of painting is my knife!

No seu leito de morte, um genial artista espera o último suspiro. Como companhia, sempre prestável, o jovem e formoso Jerusaleme. Entre os devaneios da febre, as recordações de uma vida plena de prazeres, excessos e paixões. Depois, com uma eloquência melódica e poética, marcadamente irreverente e homoerótica, brota a narração do próprio - Michelangelo Merisi da Caravaggio - que acompanhará os mais variados flashbacks, por meio dos quais serão recriados alguns dos mais conhecidos e mitificados episódios da sua vida pessoal e artística.

A proposta biográfica de Derek Jarman é brilhante e desconcertantemente livre, ousada e criativa, nomeadamente pelo mérito legítimo das anacronias (uma máquina de escrever, um carro, uma calculadora, lâmpadas eléctricas coloridas, etc.) que vêm quebrar o efeito de mimesis e a verossimilhança do retrato histórico (de uma autenticidade em parte potenciada pela direcção artística de Christopher Hobbs e Michael Buchanan e pelo primoroso guarda-roupa de Sandy Powell), anunciando a experiência moderna da arte pela arte.

O fascinante exercício de estilo passa igualmente pela encenação de algumas das mais famosas obras do pintor, com actores de carne e osso. Jarman e o seu director de fotografia, Gabriel Beristain, transportam o tenebrismo ou o chiaroscuro directamente para a tela cinematográfica, recriando criteriosamente as luzes, as cores e a atmosfera dos feitos barrocos. Cativante e deslumbrante, o tremendo lirismo visual alcançado. Os modelos, quais estátuas perfeitamente esculpidas, ostentam as suas poses com elegância e sensualidade, concretizando impressionantes quadros vivos, semelhantes àqueles que terão inspirado o renascentista. A homenagem maior de Jarman ao seu herói, creio, reside nesta encenação dos quadros vivos. Se repararmos bem, até as telas que Nigel Terry (Caravaggio em adulto) pincela não têm, de todo, o traço de Caravaggio. Tudo é criatividade em estado puro, pelas mãos de Jarman e da sua equipa. Não poucas são as vezes em que a montagem de George Akers, por exemplo, determina e influencia os ritmos narrativos. É um trabalho deveras excepcional. A câmera, por sua vez, numa fluidez sempre precisa e apaixonada, eleva o conceito proposto ao máximo requinte.

Da infância e juventude à idade adulta, os saltos temporais dão conta da efeverscência do carácter do pintor e do talento que, desde tenra idade, se manifestou. Tendo eclesiásticos como patronos, finalmente, Caravaggio abandonou os temas da herança clássica (Pequeno Baco Doente, 1593-94) ou da natureza morta (Rapaz Levando Cesta de Frutas, 1593-94) e dedicou-se ao aspecto mundano da cena bíblica e sagrada; neste campo, inúmeros quadros foram interpretados, destaco três: A Madalena Arrependida, 1596-97, O Martírio de São Mateus, 1599-1600 e A Morte da Virgem, 1606. É durante a concepção destas três magistrais pinturas que a narrativa avança no ménage à trois, com a introdução do apolíneo Ranuccio (Sean Bean) e da prostituta Lena (Tilda Swinton). Caravaggio, é sabido, cedeu repetidamente aos seus apetites carnais, libidinosos e bissexuais com muitos destes seus modelos, gente devassa e de baixa estirpe social, que serviram de musas às figuras sagradas que, desde então, foram escandalosamente cultuadas pela Igreja. Ranuccio e Lena foram seus amantes, pagos a ouro. Entre eles, o desejo, o interesse e o ciúme que levou às mais trágicas consequências. Grandes papéis, os desempenhados pelo trio de actores.

Tão complexo quanto enigmático, Caravaggio revela-se, pois - mais do que um biopic original e arrojado - um prodigioso pedaço de arte.

O LIBERTINO (2004)

PONTUAÇÃO: RAZOÁVEL
Título Original: The Libertine
Realização: Laurence Dunmore

Principais Actores: Johnny Depp, Samantha Morton, John Malkovich, Paul Ritter, Stanley Townsend, Francesca Annis, Rosamund Pike, Tom Hollander, Johnny Vegas, Jack Davenport, Trudi Jackson, Claire Higgins, Freddie Jones, Robert Wilfort


Crítica:

DECADENTE TENTAÇÃO

That would not be appropriate for a man of breeding.

De libertinagem, certamente os dez anos de luxúria que, até ao presente diegético, praticou pelos cantos e recantos da corte e do reino, e a que não assistimos. De libertinagem, agora, talvez somente a fama. O passeio de John Wilmot, excêntrico e escandaloso conde de Rochester, pelo parque numa manhã de nevoeiro convoca, aliás, a recordação de um passado de proveitosos prazeres da carne. Orgias, sodomia, violações, incesto. Perversão, depravação e nojo numa acentuada decadência moral. Um talentoso poeta, consumido pelo álcool e pelo desejo. I am nature.

A viagem no tempo faz-se por meio de uma reconstituição histórica tremendamente exigente, detalhada e autêntica. A direcção artística (Ben van Os, Patrick Rolfe e Robert Wischhusen-Hayes) é de um arrojo notável, assim como o guarda-roupa de Van Dien Straalen e a caracterização. A fotografia (Alexander Melman), tão saturada quanto sublime, conta com um trabalho de iluminação extremamente cuidado e primoroso. Graças, pois, à qualidade técnica de todos estes elementos o filme atinge um esplendor visual considerável, de um realismo soturno mas fascinante. O lendário Michael Nyman assina a composição musical e a montagem de Jill Bilcock cola engenhosamente as várias sequências do filme, com especial destreza na abertura; e que abertura, num monólogo olhos-nos-olhos com o espectador:

Allow me to be frank at the commencement. You will not like me. The gentlemen will be envious and the ladies will be repelled. You will not like me now and you will like me a good deal less as we go on. Ladies, an announcement: I am up for it, all the time. That is not a boast or an opinion, it is bone hard medical fact. I put it round you know. (...) Gentlemen. Do not despair, I am up for that as well. And the same warning applies. Still your cheesy erections till I have had my say. But later when you shag - and later you will shag, I shall expect it of you and I will know if you have let me down - I wish you to shag with my homuncular image rattling in your gonads. (...) That is it. That is my prologue, nothing in rhyme, no protestations of modesty, you were not expecting that I hope. I am John Wilmot, Second Earl of Rochester and I do not want you to like me.

Afinal de contas, concluimos, um prólogo enganoso. Conheceremos as últimas vivências do homem: as suas paixões (tanto pela actriz Elizabeth como pelo teatro), os seus diferendos pessoais e ideológicos com sua majestade o Rei Carlos II (John Malkovich) e a sua doença terminal.

I shall never forgive you for teaching me how to love life.

Nas representações, Johnny Depp, numa performance verdadeiramente assombrosa. Samantha Morton mostra-se magnífica e Rosamund Pike, uma acertada escolha de casting. O filme falha, contudo, no argumento; nem tanto na arte de filmar de Laurence Dunmore que, ainda que em projecto de estreia, não filma franca e propriamente de forma desinteressante e irresponsável. O filme falha, dizia, no argumento de Stephen Jeffreys (a partir da peça do próprio). A história pode não ser a mais extraordinária, mas, aparte os bons diálogos e o seu humor despudorado, é contada a despachar, progressivamente, o que acaba por desequilibrar a narrativa e por pôr em risco a legitimidade e a necessidade da obra. Como repudio, na concretização de um biopic, a mera sucessão de factos e episódios.

Concluindo: eis um filme cujo mérito seria facilmente duplicado, caso tivesse beneficiado de uma construção narrativa fluída e sustentada.

terça-feira, 8 de fevereiro de 2011

MYSTIC RIVER (2003)

PONTUAÇÃO: MUITO BOM
Título Original: Mystic River
Realização: Clint Eastwood

Principais Actores: Sean Penn, Tim Robbins, Kevin Bacon, Laurence Fishburne, Marcia Gay Harden, Laura Linney, Kevin Chapman, Adam Nelson, Emmy Rossum, Tom Guiry, Spencer Treat Clark

Crítica:

ÁGUAS PROFUNDAS

Maybe some day you forget
what it's
like to be human and maybe then, it's ok.

Os lobos podem corromper, para sempre, a idade de inocência. Por isso mesmo, os contornos trágicos de um determinado acontecimento, na infância, podem traumatizar e assombrar toda uma existência.

Jimmy. Sean. Da... prenúncio simbólico do que se sucederia, o terceiro nome não chegou a ser concluído. Na inscrição do cimento jaz a memória de três amigos de bairro, que em crianças brincavam pelas ruas de Boston, quando foram abordados por um polícia impostor, pedófilo. Dave é enganosamente levado num carro e, durante dias, abusado numa cave escura. Brilhantes, o anel com a cruz e o crucifixo ao peito - Eastwood é claro na acusação. O mal veste pele de cordeiro. Desde que conseguiu escapar, Dave tornou-se um homem emocionalmente perturbado, sempre ausente e distante em pensamentos e perseguido pelos fantasmas do passado. Envolto, até, numa certa aura sinistra e misteriosa. Tantos anos depois, o destino dos três amigos vê-se forçosamente interligado, uma vez mais. A filha de Jimmy é brutalmente assassinada, Dave é considerado o principal suspeito do crime e Sean é o polícia que se encarregará do caso.

Sean: When was the last time you saw Dave?
Jimmy: That was twenty-five years ago, going up this street, in the back of that car.

O Mystic, que flui ao largo da cidade, é como que a metáfora das mágoas submersas e que, face às circunstâncias da tragédia, voltam à tona. Os travellings sobre o rio mostram como que uma testemunha presencial constante - o rio é o elo entre o passado e o presente, é um marco inalterável na paisagem e no meio que viu crescer aqueles miúdos. O rio sabe os seus segredos, o rio sabe mais do que nós; passe o trocadilho do título.

A inimaginável dor de perder um filho, o luto, a sede de vingança e de justiça. Aquilo que as personagens de Mystic River experienciam é uma situação limite, tanto no passado como no presente. O Jimmy de Penn protagoniza todo esse agitar de águas interior. Como lidar com o reconhecimento na morgue? Como suportar o interrogatório policial quando a cabeça e o coração parecem explodir? Como tratar do funeral? Como aceitar a morte, a morte da filha?

That's what Katie looked like when I saw her in the morgue. Like they put her in a bag and then they beat the bag with pipes. Janie died in her sleep, all due respect, but there you go. She went to sleep, she never woke up. Peaceful. (...) My daughter was murdered. They put a gun to her. As we stand here, she's on an autopsy slab getting cut open by scalpels and chest spreaders, and you're talking to me about domestic fucking responsibility? Good to see you, Theo.
Jimmy para Theo

A conversa de alpendre, entre Jimmy e Dave, é memorável. Após o choque, o momento em que Jimmy cai em si, cedendo à frieza:

Jimmy: It's really starting to piss me off, Dave! She's my own little daughter, and I can't even cry for her!
Dave: Jimmy, you're crying now.

Mystic River é um thriller policial, ritmado pelo suspense - descobrir a identidade do assassino é a grande demanda -, encontra reminiscências dos filmes de gangsters - procura-se fazer justiça pelas próprias mãos -, mas é sobretudo um drama poderosíssimo, de emoções fortes. De uma contenção e intensidade e de uma densidade e profundidade psicológica absolutamente notáveis. Como na generalidade da sua obra, Eastwood fica-se pelos meios essenciais: o argumento (sublime, o trabalho dramatúrgico de Brian Helgeland, a partir do romance de Dennis Lehane), as cenas fazem-se com poucos mas precisos enquadramentos. A fotografia (Tom Stern) ou a montagem (Joel Cox), longe de quaisquer potencialidades distractivas, contribuem para o realismo e para a mimesis, sempre com temperança, com peso e medida. Eastwood é sóbrio na direcção do seu arquétipo e um movimento de câmera menos subtil e mais ousado, quando existente, ganha logo um significado relevante. De notar que o realizador é especialmente cuidadoso com o término de algumas das suas cenas, pontuando-o geralmente com um enquadramento mais distanciado. A banda sonora, também com a assinatura do cineasta, surge apenas nos momentos cruciais.

Para além da narrativa e dos termos técnicos, talvez o elemento mais preponderante: as prodigiosas interpretações do casting. Sean Penn como Jimmy Markum, cujo rosto se transfigura perante a dor da perda. Is that my daughter in there?! Arrepiante. Tim Robbins como Dave Boyle, consumido pelos medos e inseguranças da sua personagem. They were wolves, and Dave... was the boy who escaped from wolves. Marcia Gay Harden como Celeste, a dedicada e incansável mulher de Dave, cujas desconfianças do marido precipitarão, inesperadamente, o seu desfecho cruel. He's been acting kind of nuts lately. I'm almost afraid of him. Celeste, na sua bondade e ingenuidade será, com certeza, outra das personagens que mais sofrerá, corroída pelo remorso e pela culpa. Grande papel da actriz, que ao lado de Laura Linney (como Annabeth Markum, mulher de Jimmy) compõe o principal elenco feminino da longa-metragem, um dos melhores filmes de Eastwood-realizador.

Sometimes I think, I think all three of us got in that car...
Sean

À luz dos acontecimentos, a frase de Sean (que atravessa também um conflito conjugal) acaba por fazer todo o sentido. Os danos colaterais daquele fatídico dia terão possibilitado, afinal e no presente dia, todo o engano e mal-entendido, qual tragédia grega.

Their daddy's a king. And a king knows what to do and does it. Even when it's hard. And their daddy will do whatever he has to for those he loves. And that's all that matters. Because everyone is weak, Jimmy. Everyone but us. We will never be weak. And you, you could rule this town.
Annabeth

Na realidade, contudo, nem reis nem heróis... apenas seres humanos. A vida segue o seu curso e a responsabilidade pelos erros fatais, pesa-a o tempo no derradeiro julgamento. Não há redenção, a erosão da culpa e do remorso é impossível. Daí o desencanto que o filme atinge, tão naturalmente. É uma pena pesada, por vezes, a vida.

terça-feira, 1 de fevereiro de 2011

«As Escolhas Inéditas» #6

Escolhido #6 - Nuno Barroso,
autor do blogue Delusion Over Addiction

O expoente máximo do Romance:Breve Encontro (1945), de David Lean

O Drama dos Dramas:A Vida Não É Um Sonho (2000), de Darren Aronofsky

O filme de Terror que define o género:Shining (1980), de Stanley Kubrick

O melhor Biopic:Ed Wood (1994), de Tim Burton

O filme que define os últimos 3 anos de cinema:O Cavaleiro das Trevas (2008), de Christopher Nolan

Agradecimentos especiais: Nuno Barroso.


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