★★★★★
Título Original: Dances with WolvesRealização: Kevin Costner
Principais Actores: Kevin Costner, Mary McDonnell, Graham Greene, Rodney A. Grant, Floyd `Red Crow` Westerman, Tantoo Cardinal, Robert Pastorelli, Charles Rocket, Maury Chaykin, Jimmy Herman, Nathan Lee Chasing His Horse, Michael Spears
Versão Alargada
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Crítica:
O CORAÇÃO DA AMÉRICA
Rezam as crónicas que a Guerra Civil Americana (1861-1865) ceifou a vida a mais de 950 mil pessoas, de entre as quais 618 mil eram soldados. As causas? Motivos políticos, ganância por poder, terras, riqueza... 618 mil morreram nas frentes de batalha, nas trincheiras, por quilómetros e quilómetros de terra, manchando a paisagem de sangue. 618 mil pereceram em nome de uma bandeira.
Os nativos do Novo Mundo tinham uma cultura de respeito pela natureza e pela família, de generosidade e amizade entre si. Rendiam-se aos simples prazeres da vida: rir, fumar, dançar, conversar. Não se prendiam à matéria, sentiam-se no espírito.
Os nativos do Novo Mundo tinham uma cultura de respeito pela natureza e pela família, de generosidade e amizade entre si. Rendiam-se aos simples prazeres da vida: rir, fumar, dançar, conversar. Não se prendiam à matéria, sentiam-se no espírito.
They were a people so eager to laugh, so devoted to family, so dedicated to each other. The only word that comes to mind is harmony.
John Dunbar
Não cobiçavam, rendiam-se à troca. Deparavam-se com a morte todos os dias, pela caça; naturalmente subsistindo. Quando travavam uma batalha, entre tribos distintas, faziam-no em nome da protecção dos seus, em nome das reservas alimentares que lhes decidiriam a sobrevivência quando a neve caísse.
It was hard to know how to feel. I had never been in a battle like this one. This had not been a fight for territory or riches or to make men free. This battle had no ego. It had been fought to preserve the food stores that would see us through winter, to protect the lives of women and children and loved ones only a few feet away. I felt a pride I had never felt before.
John Dunbar
The white men who wore this came around the time of my grandfather's grandfather. Eventually we drove them out. Then the Mexicans came. But they do not come here any more. In my own time, the Texans. They have been like all the others. They take without asking. But I think you are right. I think they will keep coming. When I think of that, I look at this helmet. I don't know if we are ready for these people. Our country is all that we have, and we will fight to keep it.
Ten Bears
Conseguiremos imaginar o quão trágico foi para os povos índios a chegada da Guerra Civil às suas fronteiras? Dificilmente. Danças com Lobos, concepção magistral de Kevin Costner, pinta um retrato possível como resposta. Sem maniqueísmos. A fotografia de Dean Semler é deslumbrante e encantatória, perfeita a cada enquadramento. A banda sonora de John Barry é absolutamente memorável. Assim como o elenco. E o argumento traduz-se num exercício de muito boa escrita, ritmado ao compasso da natureza indígena: é uma viagem de descoberta, de auto-descoberta. De um homem e de um país. Quando o tenente John Dunbar é feito cativo pelos guardas do forte e decide falar a língua dos Sioux... esse momento marca o assumir de uma nova identidade e o reconhecer da verdadeira justiça...
You are the only white man I have ever known. I have thought about you a lot. More than you think. And I understand your concern. But I think you are wrong. The white man the soldiers are looking for no longer exists. Now there is only a Sioux named Dances With Wolves.
Ten Bears
I had never really known who John Dunbar was. Perhaps because the name itself had no meaning. But as I heard my Sioux name being called over and over, I knew for the first time who I really was.
John Dunbar
É na aldeia que o Homem-Branco se apercebe da essência das coisas, da Verdade. É lá que descobre a felicidade e um caminho. É idílica, esta visão, onde o diálogo é possível e se rompem as fronteiras do preconceito. Mas como seria bom regressar às nossas origens...
Vi este filme há muitos muitos anos e lembro-me de na altura ter lido que era a obra "politicamente correcta" de Kevin Costner. Teria que rever hoje novamente, pois a minha opinião naquela altura não foi das melhores. De qualquer forma este tipo de filmes fazem-me sempre lembrar aquela frase do filme "E todos morreram calçados", de um inglês todo janota para um americano patriota: "calma aí, que os únicos americanos neste terra usam penas na cabeça..."
ResponderEliminarMal posso esperar para, enfim, o ver! Parece-me sim, um filme muito bom - e, provavelmente, não é por menos que os mais entendidos têm comparado "Avatar" a este "Danças" diversas vezes ;)
ResponderEliminarAbraço
Foi uma experiência intensa, ver o filme. A príncipio, fiquei maravilhado, mas acabei por perceber que não é o meu género de filme. Prefiro obras mais... secas e cruas.
ResponderEliminarA duração também não ajuda..
4*, mas percebo perfeitamente a classificação
Abraço
CLÁUDIA GAMEIRO: LOOL Agora fizeste-me rir a sério! ;D Revê, então. O rótulo "politicamente correcto" pode servir-lhe, em certa medida, mas minimiza a obra no seu todo, que é magnífica.
ResponderEliminarFLÁVIO GONÇALVES: Olha, estava mesmo à espera da primeira pessoa que havia de compará-lo com o AVATAR e irritar-me ;D Aproveito a deixa, e lanço já o repto: não me venham falar do AVATAR aqui na ficha do DANÇAS COM LOBOS! ;D Não é uma reacção autoritária, é mais um pedido sorridente ;D
Vê, sim, o filme. É lindo.
JACKIE BROWN: A mim enche-me perfeitamente as medidas. É, de facto, maravilhoso.
Se um dia me perguntassem: qual é o filme que, para si, resume aquilo que sente em relação à América?
Eu responderia: DANÇAS COM LOBOS. E não hesitava.
Cumps.
Roberto Simões
CINEROAD - A Estrada do Cinema
Um filme de apelo popular incontestável, realmente. E Graham Greene é memorável.
ResponderEliminarClássico maravilhoso que, alias, to precisando rever com certa urgência.
ResponderEliminarPara mim não passa dum filmezeco à la hollywood, dum comercialóide patriótico que não traz nada de novo, bem pelo contrário, além de politicamente correcto é um filme pretensioso, "mascarado" e sobretudo com um desenvolvimento narrativo mal construído. Quer ser um épico mas não tem espírito para tal, não tem destreza para tal, não tem classicismo para ser um épico. Resumindo, é uma americanada reles. E ao Kevin Costner quem lhe disse que era realizador bem o enganou.
ResponderEliminarGUSTAVO H.R.: Apelo popular? Como assim? Quanto a Graham Greene, totalmente de acordo.
ResponderEliminarWALLY: Reveja, é magnífico mesmo.
ÁLVARO MARTINS: Penso que é por demais evidente que não estamos perante um "filmezeco" "comercialóide". É um filme magnífico, com um argumento muito bem escrito e construído, sem pressas. Terá as suas pretensões, provavelmente, mas nunca em demasia. Para mim é igualmente evidente que se trata de um épico dos grandes. "Não tem espírito para tal"? Tem todo! É um filme cheio de espírito épico, tanto na escrita como na banda sonora, como na fotografia como na direcção artística. "Americanada"? Fora a má conotação, completamente. Daquela América - que ali se representa a cada cena - eu gosto: é aquilo que faz da América a América e não a Rússia ou a França. Porque há muito bom cinema vindo da América. Kevin Kostner tem ali um trabalho de arrojo e contenção formidável, e de grande fôlego romântico.
Enfim...
Discordo, discordo, discordo.
Cumps.
Roberto Simões
CINEROAD – A Estrada do Cinema
Roberto, confesso que eu ia fazer uma pequena brincadeira com Avatar, mas como você pediu o contrário, vou me segurar aqui.
ResponderEliminar:D
Faz muito tempo que eu vi esse filme, mas me lembro muito bem da história, e como disse, é muito bonita. Vale a pena ver o filme, mas confesso que não gosto da atuação de Kevin Costner.
Abraço.
Roberto, aconselho-te a veres alguns filmes de Ford, de Hawks, de Ray e depois diz-me o que são filmes sobre aquela América.
ResponderEliminarÉ pretensioso por demais querer atenuar as atrocidades que (os ditos agora americanos) fizeram aos índios (esses sim verdadeiros americanos) com a históriazinha de herói do Costner. Ou seja, nem todos os americanos são maus. Ok!
É previsível, é chato na narrativa, é sim comercialóide, é sobretudo um blockbuster falhado e esse "grande fôlego romântico" de que falas é clarividentemente artificial. É um filme que tenta chegar a um Gone With The Wind ou a um Rio Bravo ou (noutro contexto histórico) a um How Green Was My Valley mas que fica muito longe.
Nunca gostei do filme. Não é mau, é mainstream, mas não gosto.
RAPHAEL RIBEIRO: Ah! ;) Ainda bem que não fez ;) Enquanto actor Kevin não tem um desempenho assombroso, mas nem por um instante compromete a obra. Está-lhe perfeitamente à altura.
ResponderEliminarÁLVARO MARTINS: Obrigado pelas recomendações ;)
Não creio que Costner tenha tentado com este DANÇAS COM LOBOS atenuar as atrocidades americanas. Estamos no domínimo da ficção, não do documentário de rigor histórico. A visão de Costner é assumidamente ficcional e idílica e só embarca nela quem quer, como em qualquer outra obra ficcional sobre raízes históricas.
Quanto ao teu último parágrafo, não há muito por onde contra-argumentar, já disse o que tinha a dizer. Não estou de acordo.
JOÃO GONÇALVES: Nas respostas que enderecei ao Álvaro tens a minha opinião. Não estamos, pois, de acordo.
Cumps.
Roberto Simões
CINEROAD - A Estrada do Cinema
Vi-o à bem pouco tempo, e talvez devido à enorme expectativa que tinha acumulada, o filme desiludiu-me...
ResponderEliminarPor isso a minha opinião actual não é muito favorável, embora reconheça qualidade e força no argumento, só acho que se arrasta durante muito tempo sem ter por vezes momentos mais altos ou que criem ganchos de modo a irmos seguindo a história com mais naturalidade!! enfim é uma questão de cativar mais, embora isso dependa tb do estado de espírito e da própria pessoa!
abraço
JORGE: Pois, tem a ver com o estado de espírito (tem sempre!), com a expectativa (factor determinante numa primeira apreciação) e, eventualmente, com o gosto pessoal do espectador. DANÇAS COM LOBOS é um filme muito espiritual, tenta captar o espírito harmonioso de comunhão com a Natureza partilhado pelos índios. Não é dado a acção desenfreada. Eu vi a versão alongada e achei-a um mimo, nunca cansativa.
ResponderEliminarCumps.
Roberto Simões
» CINEROAD - A Estrada do Cinema «
Um dos grandes momentos é no início do filme a "respeitável continência militar" de Maury Chaykin"!!
ResponderEliminarEMANUEL NETO: Na minha opinião, é um filme recheado de grandes momentos!
ResponderEliminarCumps.
Roberto Simões
» CINEROAD - A Estrada do Cinema «
Outro que já está a precisar de revisão. Como já disse, não foi deslumbrante da primeira e única vez que o vi. As expectativas eram enormes.
ResponderEliminarMas lembro-me de ter gostado muito de algumas cenas, e sim o filme não é dado a acção desenfreada, é introspectivo, fornece por isso tempo para reflexão, tempo para os personagens, tempo para apreciarmos as paisagens...inspiradoras!
abraço
JORGE: Sim, bastante introspectivo, reflexivo, meditativo e capaz de provocar os mesmos efeitos em nós, espectadores. É um filme belíssimo que muito aprecio. Muito inspirador, sem dúvida.
ResponderEliminarCumps.
Roberto Simões
» CINEROAD - A Estrada do Cinema «
Pronto, lá vou eu arruinar a festa de novo. Este DANCES WITH WOLVES não foi um filme que eu tenha gostado muito. Aliás, ainda não percebo como ganhou Melhor Filme.
ResponderEliminarNão passaria de um B para mim. Gostei do filme, entretido e interessante do ponto de vista da história mas longo e com algumas falhas e o que mais me irrita no filme é o facto de se achar importante, se achar que passa uma mensagem social e cultural importante, quando o que nos mostra de facto é o espezinhar que os Americanos continuamente (e continuamos ainda hoje) fazemos aos Nativos. É um filme com pouca profundidade, na minha opinião, mas com muito coração (e atenção, já disse que gostei dele).
Quanto ao Costner, não me consigo decidir. Se há alturas que acho que a sua introspecção e subtileza assenta bem na personagem, há outras em que acho que ele é um desastre, porque uma pessoa que devia estar a abrir-se a novas experiências devia ser mais reactivo, com mais paixão (nem quero pegar pela voz, que é horrível).
A fotografia e a banda sonora são na minha opinião os pontos fortes do filme.
Abraço,
Jorge Rodrigues
http://dialpforpopcorn.blogspot.com
P.S. - Porque é que eu acho que acabei de instaurar mais uma discussão com o Roberto? :D