★★★★★
Título Original: Giù la TestaRealização: Sergio Leone
Principais Actores: James Coburn, Rod Steiger, Maria Monti, Rik Battaglia, Franco Graziosi, Romolo Valli, Domingo Antoine, Antoine Saint-John, Vivienne Chandler, David Warbeck, Giulio Battiferri
Crítica:
ERA UMA VEZ A REVOLUÇÃO
A revolution is not a social dinner, a literary event, a drawing on an embroidery; it cannot be done with elegance and courtesy.
The revolution is an act of violence.
Mao Tse-tung
The revolution is an act of violence.
Mao Tse-tung
México, 1913. Antes da dinamite, uma intensa e espumante chuva de mijo; a abrir o filme, indesperadamente, provocando o caos numa comunidade de formigas, aparentemente pacata. Chom, chom!... Chom, chom!... Sacode-se o instrumento, sacodem-se os pés sujos e descalços, empoeirados pela aridez da paisagem, fecha-se a braguilha. Rosto barbudo e anafado, tez suada e cozida pelo sol, um chapéu a condizer com o fato grosseiro e miserável. Chom, chom, chom!... Está apresentado o protagonista do filme.
Ressoa um estrondo de arma, Juan Miranda vislumbra ao longe uma veloz e apetecível carruagem, que se aproxima. Quando a caravana passa por ele, chicoteada sobre oito cavalos, Juan faz-lhe sinal. A princípio, parece ignorá-lo, oferecendo-lhe o desprezo condizente com o seu aspecto - desprezível. Todavia, pára mais à frente e o vagabundo corre para ela: Señor! Señor! Señor! Pede boleia para San Felipe, com a melhor das desculpas: my mother is dead! Um dos condutores da carruagem diz-lhe que vá a pé, enquanto aperta as correias dos animais. Mas enfim, nada que uma notinha não resolva, $$$$$, não é verdade? Chom, chom!... Chom, chom!... Antes de entrar, é revistado, não vá tratar-se de um desses bandidos ou assassinos que fazem esperas no deserto. No entanto, encontram-lhe apenas uma... meia-sandes, que fazem questão de atirar para o chão e a qual Juan se recusa a desperdiçar, recuperando-a rapidamente.
Já no interior do veículo, segue a viagem, depara-se com gente da alta sociedade, toda muito elegante e requintada, que o olha de alto a baixo, dando depois continuidade à sua conversa chata e racista. O silêncio é tanto de cortar à faca... como de rir às gargalhadas. A situação até que é séria, mas com uma personagem tão simples e desajeitada como Juan, sempre a coçar-se por todos os lados, e com uma encenação plena de ironia como a de Sergio Leone, é completamente impossível. Aguenta-te, Canalha é simplesmente notável enquanto comédia.
A seguir, que montagem extraordinária, assinada por Nino Baragli: faces, bocas, olhos, faces, bocas, olhos... bocas, olhos, bocas, olhos, bocas, olhos; uma brilhante sequência de extremos e obssessivos zooms e close-ups, invocando a boa memória de A Greve (1925), de Eisenstein, enquanto os ricaços degustam uma saborosa e variada refeição e Juan quase boceja. Mas a monotonia não dura para sempre.
Mais à frente, a carruagem cruza-se com um bando de pistoleiros ladrões e o tiroteio começa. Quem são, quem são, esses espalhafatosos foras-da-lei? O Papa, Chulo e os outros chulitos! Que é como que diz, o suposto pai de Juan e os seus seis filhos, todos eles de mães diferentes! Chom, chom, chom!... Está apresentada a família do hilariante Juan Miranda, pela qual nos apaixonamos, desde logo, e que rapidamente fuzila ou desnuda os viajantes, atirando-os por fim aos porcos e assumindo a posse de todos os seus bens.
Ressoa um estrondo de arma, Juan Miranda vislumbra ao longe uma veloz e apetecível carruagem, que se aproxima. Quando a caravana passa por ele, chicoteada sobre oito cavalos, Juan faz-lhe sinal. A princípio, parece ignorá-lo, oferecendo-lhe o desprezo condizente com o seu aspecto - desprezível. Todavia, pára mais à frente e o vagabundo corre para ela: Señor! Señor! Señor! Pede boleia para San Felipe, com a melhor das desculpas: my mother is dead! Um dos condutores da carruagem diz-lhe que vá a pé, enquanto aperta as correias dos animais. Mas enfim, nada que uma notinha não resolva, $$$$$, não é verdade? Chom, chom!... Chom, chom!... Antes de entrar, é revistado, não vá tratar-se de um desses bandidos ou assassinos que fazem esperas no deserto. No entanto, encontram-lhe apenas uma... meia-sandes, que fazem questão de atirar para o chão e a qual Juan se recusa a desperdiçar, recuperando-a rapidamente.
Já no interior do veículo, segue a viagem, depara-se com gente da alta sociedade, toda muito elegante e requintada, que o olha de alto a baixo, dando depois continuidade à sua conversa chata e racista. O silêncio é tanto de cortar à faca... como de rir às gargalhadas. A situação até que é séria, mas com uma personagem tão simples e desajeitada como Juan, sempre a coçar-se por todos os lados, e com uma encenação plena de ironia como a de Sergio Leone, é completamente impossível. Aguenta-te, Canalha é simplesmente notável enquanto comédia.
A seguir, que montagem extraordinária, assinada por Nino Baragli: faces, bocas, olhos, faces, bocas, olhos... bocas, olhos, bocas, olhos, bocas, olhos; uma brilhante sequência de extremos e obssessivos zooms e close-ups, invocando a boa memória de A Greve (1925), de Eisenstein, enquanto os ricaços degustam uma saborosa e variada refeição e Juan quase boceja. Mas a monotonia não dura para sempre.
Mais à frente, a carruagem cruza-se com um bando de pistoleiros ladrões e o tiroteio começa. Quem são, quem são, esses espalhafatosos foras-da-lei? O Papa, Chulo e os outros chulitos! Que é como que diz, o suposto pai de Juan e os seus seis filhos, todos eles de mães diferentes! Chom, chom, chom!... Está apresentada a família do hilariante Juan Miranda, pela qual nos apaixonamos, desde logo, e que rapidamente fuzila ou desnuda os viajantes, atirando-os por fim aos porcos e assumindo a posse de todos os seus bens.
Logo depois, é-nos apresentada a personagem de James Coburn, o enigmático John H. Mallory. Irlandês, de poucas palavras mas de farto bigode e fumador de charutos, é um profundo amante da revolução e um adepto absoluto da dinamite. I used to believe in many things, all of it! Now, I believe only in dynamite. O forasteiro viaja tranquilo e seguro da si na sua motocicleta, quando as balas de Juan o abordam. Ardiloso, o estrangeiro não tarda em surpreender tudo e todos com as suas artes mágicas, possantemente explosivas. É por esses instantes que a Juan lhe ocorre: que bando implacável formariam, se John se juntasse à família! John e Juan, os dois, a assaltarem bancos até à América. Nem que lhe torne a furar os pneus uma e outra vez, terá que conseguir tamanho elemento para a sua estirpe de bandoleiros! Perante tão lucrativa ideia, Leone chega mesmo a colocar um letreiro imaginário sobre a cabeça do irlandês, dizendo: Banco Internacional de Mesa Verde! $$$$$! Chom, chom!... Chom, chom!...
... the most beautiful, wonderful, fantastic, gorgeous, magnificent bank in the whole world! When you stand before the bank and you see it has the gates of gold, like it was the gates of heaven. And when you go inside, everything, everything is gold! Gold spittoons, gold handles, and money, money, money is everywhere. And you know, I know 'cause I saw this when I was eight years old. I went there with my father. He tried to rob the bank, but they caught him. (...) Listen, Firecracker. Now you listen to me. Listen, why don't you come with me, eh? And we will work together and we will become rich!
Juan Miranda
John, contudo, não está minimamente interessado na parceria. Está no México com outros intuitos. Sempre que pode, por isso, esquiva-se e evapora-se. Nem desconfia o mexicano que está perante um terrorista fortemente procurado, pelo qual o governo inglês oferece a aliciante quantia de 300 libras! $$$$$! Quem é, afinal, John Mallory? Noutros tempos, fora um activista revolucionário no seu país. Os constantes flashbacks ao longo de toda a obra dão conta de um passado feliz, ao qual nunca mais voltou nem nunca mais poderá voltar. As revoluções, afinal, têm consequências irreversíveis.
John Mallory: Oh, we fought a revolution in Ireland.
Juan Miranda: A revolution? Seems to me the revolutions are all over the world. You know, they're like the crabs! We had a revolution here. When it started, all the brave people went in it, and what it did to them was terrible. Pancho Villa, the best bandit chief in the world, you know that? This man had two balls like the bull. He went in the revolution as a great bandit. When he came out, he came out as what? Nothing. A general, huh? That, to me, is the bullshit!
Juan Miranda: A revolution? Seems to me the revolutions are all over the world. You know, they're like the crabs! We had a revolution here. When it started, all the brave people went in it, and what it did to them was terrible. Pancho Villa, the best bandit chief in the world, you know that? This man had two balls like the bull. He went in the revolution as a great bandit. When he came out, he came out as what? Nothing. A general, huh? That, to me, is the bullshit!
Sempre que se separam, o destino volta a reuni-los. A acção é pausada, ao melhor estilo de Leone, mas os encontros são explosivos. Duck, you sucker! Com o tempo, John envolve Juan na grande conspiração revolucionária do México - tierra y libertad! - tornando-o num herói aclamado pelo povo!
Desde a libertação dos presos ao assalto ao comboio, a missão torna-se cada vez mais arriscada e perigosa e a comédia dá lugar ao drama, à reflexão sobre a violência, sobre a revolução e sobre as suas consequências. A pólvora é uma invenção mortal e até o maior dos bandidos tem coração, quando a tragédia bate à sua porta, dizimando os seus entes mais queridos. A contemplação dos mortos e o desolamento esbatido no rosto de Juan é assombroso. Quantos não são os sacrifícios pessoais que não se seguirão em nome da causa. A banda sonora de Ennio Morricone (numa nova cooperação com Leone e uma vez mais fascinante, irreverente e singular) torna-se mais lírica e finalmente soa, com sotaque certeiro: - não o chom... chom... chom!, mas o - sean... sean... sean!
Where there's revolution there's confusion and when there's confusion a man who knows what he wants stands a good chance of getting it.
John Mallory
Desde a libertação dos presos ao assalto ao comboio, a missão torna-se cada vez mais arriscada e perigosa e a comédia dá lugar ao drama, à reflexão sobre a violência, sobre a revolução e sobre as suas consequências. A pólvora é uma invenção mortal e até o maior dos bandidos tem coração, quando a tragédia bate à sua porta, dizimando os seus entes mais queridos. A contemplação dos mortos e o desolamento esbatido no rosto de Juan é assombroso. Quantos não são os sacrifícios pessoais que não se seguirão em nome da causa. A banda sonora de Ennio Morricone (numa nova cooperação com Leone e uma vez mais fascinante, irreverente e singular) torna-se mais lírica e finalmente soa, com sotaque certeiro: - não o chom... chom... chom!, mas o - sean... sean... sean!
A câmera de Leone é implacável, magistral. Como as suas obras beneficiam dessa arte verdadeiramente destemida, audaciosa e, em última instância, sublime de saber filmar. As interpretações dos actores são tão carismáticas como as de O Bom, O Mau e O Vilão ou de Aconteceu no Oeste, tanto James Coburn como Rod Steiger agarram os seus papéis com especial dedicação, contribuindo eficazmente para o triunfo e sucesso da obra.
Depois, o entretenimento puro volta à carga, pondo fim à melancolia. E como? Com a queda de um cocó, na tola do mexicano. Chom, chom!... Chom, chom!... A dupla John e Juan avança para a concretização do plano final e a irrepreensível técnica do cineasta manifesta-se a cada compasso. O choque frontal dos comboios é impressionante. Quando os créditos assumem o ecrã, apetece-nos gritar: Raios! O filme é mesmo bom! Mas só cantarolamos, repetidamente: Chom, chom, chom!...
Grande, grande filme. Absolutamente memorável.
Depois, o entretenimento puro volta à carga, pondo fim à melancolia. E como? Com a queda de um cocó, na tola do mexicano. Chom, chom!... Chom, chom!... A dupla John e Juan avança para a concretização do plano final e a irrepreensível técnica do cineasta manifesta-se a cada compasso. O choque frontal dos comboios é impressionante. Quando os créditos assumem o ecrã, apetece-nos gritar: Raios! O filme é mesmo bom! Mas só cantarolamos, repetidamente: Chom, chom, chom!...
Grande, grande filme. Absolutamente memorável.
Eheh também gostaste...na altura que o vi quando surgiram os créditos e a magnífica música soou também me apeteceu dizer: Raios! O filme é mesmo bom!
ResponderEliminarÉ um Leone e está tudo dito, a sua arte e a sua criatividade tornam o filme imprevisível a cada cena, a cada plano e a cada acto.
Destaco, para além da realização, a banda sonora, a montagem (aquela cena inicial é só das minhas favoritas em todo o filme) e a fotografia, que também gostei. Agradou-me especialmente a interpretação de Rod Steiger, hilariante.
Ainda assim, e sendo um grande filme, prefiro os expoentes máximos do Western de Leone - O Bom, o Mau e o Vilão e o Aconteceu no Oeste. Até porque este não é um bem um Western né.
abraço
JORGE: É um western, claro, mas às tantas é mais um filme de acção. Brilhante, por sinal.
ResponderEliminarCumps.
Roberto Simões
» CINEROAD - Há 2 Anos na Estrada do Cinema «
É um western, é um filme de acção, é uma comédia. É muito bom filme sim senhor.
ResponderEliminarMais um excelente filme do Leone. Fez poucos mas bons!
ResponderEliminarIgualo a classificação, Roberto: 4 estrelas em 5
ÁLVARO MARTINS: É, pois. Estamos de acordo.
ResponderEliminarRATO: Deves ter visto mal, eu atribui as 5 estrelas. Não o considero excelente, mas muito bom é de certeza.
Cumps.
Roberto Simões
» CINEROAD - Há 2 Anos na Estrada do Cinema «
Claro que é um Western, subscrevo, diria é que não será tipicamente um filme do Faroeste, já que aborda mais géneros tal como foi dito por aqui.
ResponderEliminarDado ainda os poucos Westerns que vi, essencialmente alguns recentes, os de Leone e um ou outro Ford, não posso deixar de notar a junção que aqui vai de géneros, uma amálgama de registos, que resulta tão bem a propósito.
Sergio Leone esse é somente um dos meus realizadores predilectos.
abraço
Não vi mal, não, a minha classificação também é "Muito Bom", que corresponde a 4 estrelas minhas (4 em 5). O facto de atribuires 5 estrelas, quer aos filmes que consideras "Muito Bom" quer aos que consideras "Excelente" é que faz confusão
ResponderEliminarJORGE: Sim, também é um dos meus. A amálgama de registos, como dizes, é mesmo um dos principais triunfos da obra.
ResponderEliminarRATO: Ah, então deverias ter dito, porventura, "Igualo a classificação, Roberto: Muito Bom". Claramente não igualas o 4/5, uma vez que lhe atribui 5/5. O sistema de classificações utilizo-o há pelo menos dois anos e não é leviano, é aquele que considero o mais justo. Sobre as avaliações poderás consultar a página das Condições (disponível no menu abaixo) ou discuti-las no Fórum ou por e-mail.
Cumps.
Roberto Simões
» CINEROAD - Há 2 Anos na Estrada do Cinema «
Inicialmente este filme não era para ser realizado por Leone mas pelo seu assistente Giancarlo Santi. Leone seria o produtor. Contudo, a pressão do estúdio e das vedetas fizeram com que Leone assumisse o controlo. Para mim este é o filme mais fraco de Leone mas conta com 2 grandes protagonistas!
ResponderEliminarPara finalizar, é de facto um western mas é referido (e bem) no mundo dos westerns-spaghetti como um Zapata-Western, ou seja, um western cujo tema seja a revolução mexicana.
EMANUEL NETO: Na minha opinião, considero-o muito superior ao POR UM PUNHADO DE DÓLARES. É um grande, grande filme, de uma arte de filmar verdadeiramente excepcional. Um Zapata muito bom ;)
ResponderEliminarCumps.
Roberto Simões
» CINEROAD - Há 2 Anos na Estrada do Cinema «
Fala-se até de que o Sam Peckinpah o deveria ter realizado. Mas o Sergio Leone tornaria-se demasiado arrogante e ainda que na posição de produtor acabou sempre por meter o bedelho na realização.
ResponderEliminarAqui ao menos assumiu-se enquanto tal, já no "Il mio nome e nessuno" por exemplo, queimaria apenas o bom nome de Valerii.
Mas enfim, é um filme interessante que ainda assim na minha opinião não consegue chegar aos calcanhares do melhor dos zapatas-western: "El Chuncho, Quien Sabe?"(aka A Bullet for the General).
Coloca-lo em cima do "Per un pugno di dollari" parece-me claramente um erro, mas uma discussão dessas já tivemos antes...
Espero ansiosamente pelo dia em que aqui leia sobre um spaghetti em que o senhor Leone não esteja na cadeira.
--
Pedro Pereira
por-um-punhado-de-euros.blogspot.com
filmesdemerda.tumblr.com
PEDRO PEREIRA: Sim, já tivemos essa discussão. Não sei quais são os teus critérios para considerares POR UM PUNHADO DE DÓLARES superior a AGUENTA-TE, CANALHA, mas acredita que teria muito gosto em ler-te sobre isso. Fica lançado o desafio, ao qual o Emanuel poderá também acorrer, se achar por bem. Em muito me honraria.
ResponderEliminarQuanto a spaghettis de outros cineastas que não Leone, chegará certamente o dia.
Cumps.
Roberto Simões
» CINEROAD - Há 2 Anos na Estrada do Cinema «
Já o disse, estou geralmente de acordo contigo neste filme, ainda que, e mesmo assim, não o coloque acima do POR UM PUNHADO DE DÓLARES. São filmes diferentes, cada um ao seu jeito têm as suas qualidades. Mas eu percebo-te que consideres este superior ao referido, é mais completo, mais denso. Para mim o grande triunfo do referido é a sua simplicidade, essa que expõe e dá o mote para tudo o que viria a ser explorado no resto da trilogia. Arrebatou-me por isso. Mas acho que te compreendo.
ResponderEliminarE já agora, e o POR MAIS ALGUNS DÓLARES? já viste? Me parece que por ser mais denso te irá agradar mais.
abraço
JORGE: Ainda não vi o POR MAIS ALGUNS DÓLARES, mas não faltará muito, acredito.
ResponderEliminarQuanto à densidade de que falas, oportunamente, é um factor a ter em conta, mas não é determinante. Há muitos filmes que nem são tão densos quanto isso mas onde vejo substância na arte de contar e filmar a história. E não vi muito isso em POR UM PUNHADO DE DÓLARES. Coisa que vejo (e de que maneira) nas obras posteriores de Leone, entre as quais este magnífico AGUENTA-TE, CANALHA.
Cumps.
Roberto Simões
» CINEROAD - Há 2 Anos na Estrada do Cinema «
Por coincidência vi esse filme pela primeira vez semana passada em uma mostra de filme chamada Faroeste Spaghetti aqui no Rio de Janeiro.
ResponderEliminarNão sou muito conhecedor de faroeste, vi pouquíssimo. Achei esse interessante, violência ao extremo e muitas explosões. Gostei!
Essa música é extremamente grudenta..chom chom
Vitor Silos
www.volverumfilme.blogspot.com
@ Roberto:
ResponderEliminarPara mim a questão essencial prende-se com o delta entre os orçamento de cada um desses filmes. No primeiro, com uns míseros tustos, Leone consegue lançar as bases para um género que alimentaria a industria cinematográfica europeia durante duas décadas.
Não sei se conheces um conceito usado nos sectores industriais chamado K-I-S-S? Quer dizer: Keep it simple, Stupid! E acho que aqui poderia ter sido usado. Damiani e outros souberam utilizar os ambientes zapatistas de forma mais simplista e eficaz.
--
Pedro Pereira
por-um-punhado-de-euros.blogspot.com
filmesdemerda.tumblr.com
Leone não inventou o "wester-spagheti", o género já existia no cinema italiano. O que Leone fez foi elevá-lo à categoria da arte
ResponderEliminarVITOR SILOS: E foi uma grande descoberta, não foi? Filme magistral.
ResponderEliminarPEDRO PEREIRA: Mas os orçamentos não me interessam, interessam-me são os valores artísticos. E, artisticamente falando, AGUENTA-TE CANALHA é muito melhor do que o POR UM PUNHADO DE DÓLARES. Que PUNHADO seja importante para a história do género, eu compreendo, mas artisticamente é-me claramente inferior, a meu ver.
NOWHEREMAN: Não conheço tanto os exemplares do género quanto gostaria, fá-lo-ei a seu tempo, mas já tinha conhecimento disso. É claro que terei oportunidade para conhecer outros spaghettis, mas suspeito que o que Leone fez foi infinitamente superior, pelo que leio um pouco por todo o lado. Tanto o Emanuel Neto como o Pedro Pereira são amantes maiores do género, não sei até que ponto a sua paixão será superior à sua visão artística. Fica a garantia que pelo menos o que Leone fez, no seu cômputo geral, é muito bom e tantas vezes genial.
Cumps.
Roberto Simões
» CINEROAD - Há 2 Anos na Estrada do Cinema «
@ nowhereman
ResponderEliminarSim, é verdade que Leone não criou o género. O primeiro spaghetti é normalmente atribuído ao filme “Tierra Brutal” e mesmo antes desse já haviam sido realizados alguns westerns na Itália, mas dificilmente poderiam ser encaixotados no conceito “spaghetti”. Por esse prisma teríamos provavelmente que reconhecer a importância dos Alemães, que mantiveram uma série de filmes bastante rentáveis antes de Leone viajar para Almeria.
@ Roberto:
A questão orçamental é a meu ver bastante pertinente, afinal de contas falamos de um género que sempre foi considerado menor. Não esqueçamos que por regra os westerns-spaghetti são considerados série-b. Ora, a falta de capacidade financeira sempre levou a que a imaginação e a criatividade sobressaísse, e acho que foi isso que Leone pariu com o seu primeiro western.
Podes não acreditar mas eu e o meu amigo Emanuel já chegámos a debater essa tua insistência no lado artístico. Não chegamos até ver a nenhuma conclusão sobre o que poderá distinguir este daquele, "artisticamente". Não obstante reconheço obviamente o teu direito a definir os teus próprios critérios de avaliação.
Como sei que irás continuar a degustar um pouco do que o género produziu, considera-te convidado a participar na nossa rubrica "Os spaghettis da minha vida". O convite fica lançado, leva o tempo que quiseres.
Para já fico à espera da tua opinião sobre o "Per qualche dollaro in più".
Um última nota: Somos obviamente fanáticos pelo género spaghetti, mas não creio que estejamos ofuscados por ele. Espero eu... ;)
Um abraço.
--
Pedro Pereira
por-um-punhado-de-euros.blogspot.com
filmesdemerda.tumblr.com
Acho que a questão orçamental tem sempre influência na famosa "questão artística" que o amigo Roberto tanto fala! O Senhor dos Anéis nunca teria hipótese de ser "artisticamente muito bonito" de não tivesse sido o filme mais caro da História do cinema até à data!
ResponderEliminarPOR UM PUNHADO DE DÓLARES e AGUENTA-TE CANALHA são filmes diferentes, mas pessoalmente o 1º é melhor! Da mesma forma que POR UM PUNHADO DE DÓLARES é, para mim, melhor que YOJIMBO!
PEDRO PEREIRA: Não creio de forma alguma que o sejam, de todo ;) Aliás, não sei se já tive ocasião de o dizer, mas um espaço como o vosso é muito útil e interessante neste universo, pelo menos por mim falo. Têm tudo para se tornarem uma referência. É claro que desbravarei mais dos spaghettis daqui em diante, tenho-o feito no último ano e continuarei o meu percurso. Quando me sentir em condições enviar-vos-ei as escolhas. Agradeço desde já o convite. Quanto à crítica a POR ALGUNS DÓLARES A MAIS, virá até ao final do ano, certamente. Quanto à continuação do debate, faço-o na seguinte resposta endereçada ao Emanuel:
ResponderEliminarEMANUEL NETO: Sim, é claro que tem sempre influência e tens toda a razão quando dizes isso. Não creio que as nossas perspectivas sejam absolutamente incompatíveis ou que se contradigam uma à outra. Parece-me que são mesmo as apreciações artísticas distintas de cada um de nós a ditarem esta curta discussão.
Cumps.
Roberto Simões
» CINEROAD - Há 2 Anos na Estrada do Cinema «
jente eu quero a musica do final alguem envia o sity da musica pra mim
ResponderEliminargente eu quero a musica do final alguem envia o sit pra mim
ResponderEliminarda musica final