terça-feira, 23 de junho de 2009

Quais foram os 5 filmes que mais mudaram a tua vida?

Somos apaixonados por arte.
Vivemos, por vezes, autênticas experiências; muitas, mudar-nos-ão para sempre, influenciando a nossa conduta, as nossas atitudes, moldando a nossa personalidade e re-definindo quem somos.

Desta vez, proponho-vos um desafio diferente e, de certa forma, mais íntimo. É a resposta à seguinte pergunta:

Quais foram os 5 filmes que mais mudaram a tua vida?

Reparem que não vos peço para enumerarem os vossos 5 filmes preferidos
(não quer dizer que não possam coincidir),
mas há filmes que são mais activos e propensos a suscitar reflexões e a fazerem-nos pensar de novas formas. Filmes que, mais do que definirem os nossos gostos artísticos, influenciam a definição de quem somos em sociedade.

Não precisam justificar, obviamente, as vossas escolhas, mas se o quiserem fazer esta experiência tornar-se-á certamente mais enriquecedora. Mas, como disse, é opcional.

Será, verão, um exercício de auto-análise bastante interessante e com resultados curiosos. Participa!

A minha lista:
- O Bom Rebelde
- Relatório Kinsey
- O Lado Selvagem
- O Senhor dos Anéis
- Magnolia

Eis os 5 filmes que mais me inspiraram e encorajaram. E claro, que mais mudaram a minha vida.

sexta-feira, 19 de junho de 2009

MILK (2008)

PONTUAÇÃO: MUITO BOM
Título Original: Milk
Realização: Gus Van Sant
Principais Actores: Sean Penn, Emile Hirsch, Josh Brolin, Diego Luna, James Franco, Alison Pill, Victor Garber, Denis O`Hare

Crítica:

A VOZ DA IGUALDADE

Um triunfo sensível, delicado e de muito bom gosto. Gus Van Sant eleva com subtileza e inconfundível mestria este biopic de pura essência a um patamar inegavelmente superior. Milk revela-se, portanto, um autêntico e sublime pedaço de arte. O argumento de Dustin Lance Black - de uma sensibilidade dramatúrgica notável - confere-lhe uma força e uma comoção crescentes. Disseca, minuciosamente, o preconceito social em relação à homossexualidade e o cinismo púdico da classe política em São Francisco, anos 70. E satiriza, acima de tudo, a crueldade da ignorância. Pelo seu estilo próprio e tão bem sucedido, Milk ficará ainda recordado como um marco singular e salutar das relações entre o género ficcional e o género documentário.

Sean Penn, genial e num desempenho absolutamente transfigurador, está um assombro. Transcende-se a si mesmo... numa entrega total. Emile Hirsh está excelente e profundamente inspirado. Grandes prestações, também, do sentido James Franco, do propositadamente irritante Diego Luna e do tão sexualmente recalcado Josh Brolin. O mesmo nível de inspiração se alarga do casting à equipa por detrás das câmeras; saliente-se: o magnífico trabalho de montagem (Elliot Graham), o guarda-roupa (Danny Glicker) e a extraordinária banda sonora de Danny Elfman.

Um clássico instantâneo, esteticamente genuino, magistralmente bem feito.

sexta-feira, 12 de junho de 2009

O PERFUME - HISTÓRIA DE UM ASSASSINO (2006)

PONTUAÇÃO: BOM
Título Original: Perfume - The Story of a Murderer
Realização: Tom Tykwer
Principais Actores: Ben Whishaw, Dustin Hoffman, Alan Rickman, Rachel Hurd-Wood, Corinna Harfouch, Birgit Minichmayr

Crítica: Brilhante a nível técnico (cinematografia, guarda-roupa, cenários e decoração), detentor de uma prodigiosa banda sonora e ainda de um elenco (todo ele) de boas escolhas (nomeadamente a de um extraordinário Ben Whishaw para desempenhar o papel de Jean-Baptiste Grenouille), o filme de Tom Tykwer esteve muito perto de se autenticar como uma obra magnífica e irrepreensível... não carecesse o argumento de sérias dificuldades narrativas. Nem sempre uma imagem (ou muitas) valem mais do que mil palavras, pois nem sempre as imagens falam por si e bastam para contar uma boa história; eis, notoriamente, um desses casos. Por tudo isso, O Perfume - História de Um Assassino é, inegavelmente, um bom filme, mas não mais do que isso.

domingo, 7 de junho de 2009

O SEXTO SENTIDO (1999)

PONTUAÇÃO: MUITO BOM
Título Original: The Sixth Sense
Realização: M. Night Shyamalan
Principais Actores: Bruce Willis, Haley Joel Osment, Toni Collette

Crítica:

ESPÍRITOS INQUIETOS

I see dead people.

O Sexto Sentido constitui uma experiência genuinamente assombrosa e transcendente. Instala no espectador, num crescendo de suspense e com a maior sensibilidade, um poderoso sentimento de vertigem, de queda abismal e impossível de amparar, na solidão, na escuridão... e no invisível.

M. Night Shyamalan compõe um extraordinário trabalho de mestre; a sua câmara movimenta-se como um espírito perfeito. É impressionante, a sua arte de filmar. A direcção de actores é verdadeiramente excepcional: Haley Joel Osment está prodigioso, está genial! Toni Collette igualmente brilhante e comovente. E Bruce Willis eleva-se à altura. Do arrepio à lágrima, O Sexto Sentido conta ainda com uma banda sonora magnífica, uma das melhores composições de James Newton Howard. O argumento é de uma rara e altíssima qualidade dramatúrgica, profundamente inspirado e inspirador.

O Sexto Sentido é uma obra de referência obrigatória. Um clássico instantâneo, absolutamente essencial.

sábado, 6 de junho de 2009

SHINE - SIMPLESMENTE GENIAL (1996)

PONTUAÇÃO: MUITO BOM
Título Original: Shine
Realização: Scott Hicks
Principais Actores: Geoffrey Rush, Armin Mueller-Stahl, John Gielgud, Noah Taylor, Lynn Redgrave

Crítica:

ENTRE O GÉNIO E A LOUCURA

You must play as if there's no tomorrow.

Foi extremamente prazeroso redescobrir uma obra como Shine - Simplesmente Genial, um biopic tocante, de uma subtileza admirável e deveras inspiradora. Imperam os excelentes desempenhos dos actores principais (Geoffrey Rush, Noah Taylor), mas também dos secundários (Armin Mueller-Stahl, John Gielgud ou Lynn Redgrave). Eis, num só filme, o poder da música, da mente... do pai... e as fragilidades e os mistérios da sobrevivência de um ser extremamente sensível e especial.

sexta-feira, 5 de junho de 2009

O PRÍNCIPE DO EGIPTO (1998)

PONTUAÇÃO: MUITO BOM
Título Original: The Prince of Egypt
Realização: Brenda Chapman, Steve Hickner e Simon Wells

Filme de Animação


Crítica:


O ÊXITO DO ÊXODO


With this staff, you shall do my wonders.

O Príncipe do Egipto
é a concretização triunfal de uma visão extraordinária, de contornos épicos e de dimensões faraónicas. É uma obra poderosíssima, emocionalmente arrebatadora - um espectáculo sem precedentes e que constitui, tão somente, um dos melhores filmes de animação de todos os tempos.

O argumento (Philip LaZebnik) condensa de forma sublime (num equilíbrio muito próprio entre a fácil compreensão do público infantil e a exigência da audiência mais adulta) os episódios bíblicos do Êxodo, porventura uma das histórias mais conhecidas das sagradas escrituras. O Príncipe do Egipto não é senão a história de Moisés, orfão de um passado secreto, agora irmão de Ramsés, sucessor do faraó Seti. O jovem vive uma existência extramemente facilitada e luxuosa enquanto, ao sol de Rá, crescem pirâmides e construções colossais, à custa do sangue e do suor dos escravos. Os condenados não são senão os hebreus, o povo a quem Deus prometera a Terra onde não faltaria o leite e o mel. Quando Moisés é confrontado com as suas origens e se apercebe daquilo que desde sempre aprendeu a ignorar, a terrível verdade, foge para o deserto de forma a encontrar o novo "eu". É lá, nos confins das areias e das gentes livres, que ouvirá a voz de Deus, que o incumbirá da libertação do seu povo. De volta ao Egipto, Deus revelar-se-á uma entidade autoritária, castigadora e implacável, transformando a água em sangue e lançando as pragas, as epidemias e o flagelo da maldição dos primogénitos - que atingirá, especialmente, Ramsés feito faraó, que só face à desgraça cederá finalmente aos desígnios de Deus.

With the sting of the whip on my shoulder, with the salt of my sweat on my brow... Elohim, God on high, can you hear your people cry? Help us now, this dark hour... Deliver us, hear our call, deliver us, Lord of all! Remember us, here in this burning sand! Deliver us, there's a land you promised us! Deliver us to the promised land!

A beleza das maravilhas de Deus transcendem-nos em absoluto. Tudo graças a uma audaciosa equipa técnica, capaz de empreender uma autêntica epopeia na concepção do desenho manual, de traço limpo e excelsa pintura e com backgrounds deslumbrantes, imponentes e ricos em detalhe. A ambiciosa combinação com os efeitos digitais resultou magistralmente: há um maior dinamismo da imagem, uma maior realismo, nomeadamente perante as grandes multidões, a sucessão das pragas ou a tão impressionante quanto desarmante travessia do Mar Vermelho. A banda sonora de Hans Zimmer enche o filme de alma e coração, transcendendo as emoções num plano divino. As canções são encantadoras, comoventes e, às tantas, mesmo arrepiantes. When You Believe faz, por exemplo, a sinédoque perfeita a toda a mensagem de beleza, fé e entrega que o filme representa.

Há magia inesgotável, neste clássico instantâneo da DreamWorks. Uma obra absolutamente apaixonante e memorável. De valores eternos.

quinta-feira, 4 de junho de 2009

I AM SAM - A FORÇA DO AMOR (2001)

PONTUAÇÃO: MUITO BOM
Título Original: I Am Sam
Realização: Jessie Nelson
Principais Actores: Sean Penn, Michelle Pfeiffer, Dianne Weist, Dakota Fanning, Laura Dern

Crítica: Um pequeno filme, um grande triunfo. Um melodrama comovente e sentido, genialmente protagonizado por Sean Penn e magistralmente realizado por Jessie Nelson. A montagem de Richard Chew é de um trabalho de composição notável e assegura os ritmos singulares do argumento, muito bem escrito. Direi mesmo, e sem grande margem para exageros, que I am Sam - A Força do Amor está para a deficiência mental como Voando Sobre Um Ninho de Cucos está para a loucura. E como se isso não bastasse, assume-se como uma obra pertinente e por demais incisiva no que à questão da parentalidade diz respeito. Um filme genuino, talentoso e derradeiramente apaixonante.


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CINEROAD ©2020 de Roberto Simões