segunda-feira, 23 de fevereiro de 2009

THE FALL, segundo Dr. Johnny Strangelove


THE FALL

Crítico Convidado: Dr. Johnny Strangelove, autor do blog Cine JP
(http://strangelovebloger.blogspot.com/)

Classificação: *****

Nem todas às vezes conseguimos entregar ótimos textos. Às vezes não sabe o que escrever, ou pior, não está sabendo como colocar ou expressar o que foi visto em palavras. Muitas vezes não é nem culpa do filme, e sim nossa. Não estamos livres da falta de criatividade no momento que mais precisamos expandir o filme conferido em palavras. Mas graças ao destino, sempre aparece um para reascender o gosto da escrita e o prazer de falar do nosso maior prazer: o cinema.

Sabe qual é o lugar mais prospero para fertilizar sentimentos, despertar sensações verdadeiras e principalmente expandir a nossa imaginação? Em um hospital. Quantas vezes conseguimos nos emocionar por ver crianças que mesmo com a dor de estar em um corredor onde anda junto, em uma linha tênue e invisível, o dom do inicio da vida e a porta de entrada para a morte premeditada. As crianças com todas as desavenças que ocorrem, nunca deixam de sonhar ou de ter um sorriso.


Era uma vez em Los Angeles, em ser mais preciso em um hospital. Uma menina chamada Alexandria está com o braço quebrado começa a criar uma amizade com um jovem dublê que está de cama. A partir dessa relação o jovem duble começa a contar uma história fantástica de cinco heróis que juntam forças para derrubar um governador tirano. Viajando em lugares exóticos e únicos, juntos irão enfrentar exércitos e perigos.


O que apenas posso falar desse filme em razões de conhecimento como: o filme foi rodado em vários paises do mundo e inclusive o Brasil; É estrelado por Lee Pace e Catinca Untaru; o diretor do longa é o mesmo de A Cela e do clipe Losing My Religion de R.E.M, Tarsem Singh; Que o filme ganhou o premio de Sitges como melhor filme que teve ainda como ganhadores Sam Rockwell pela atuação em Joshua, Chan Wook Park pelo roteiro de I’m A Cyborg But That’s Ok!.

O longa de Tarsem em muitos momentos consegue transfigurar e confundir o espectador se está vendo um filme ou uma obra de arte. Em muitos momentos, o longa parece aqueles quadros antigos onde cada apreciação consegue fazer a mente salivar pela beleza e pelo primor da obra. Aplausos para toda a equipe técnica. E principalmente por Tarsem por conseguir sem precisar de lugares mágicos para construir uma fabula onde a beleza natural do nosso planeta pode oferecer.


Lee Pace e Catinca Untaru fazem a dupla de protagonistas. Existe uma relação mágica entre os dois que ultrapasse os sentidos de emoção durante a tela. A química entre os dois protagonistas é tão forte que sentimos a alegria, a dor, a gloria e a decepção. E ainda para fortalecer essa relação, foi passada uma informação de que o ator Lee Pace era um paraplégico, já que no personagem vive numa cama, para os pais da menina e o diretor aproveitou dessa informação para deixar mais verdadeiro a atuação da menina, mas depois foi tudo esclarecido.


Agora o que mais dói no peito desse cinéfilo é o descaso terrível das distribuidoras nacionais que muitas vezes deixam de lado grandes filmes e dão valor a películas que tem o intuito de grandes bilheterias (alguns sendo justos e outros que nem merecem). Infelizmente não se sabe quando esse filme poderá chegar aqui e assim contabilizando a lista infinita de grandes filmes que não se sabe e provavelmente não darão as caras por aqui, tomando como exemplo Half Nelson, Sherrybaby e entre outros.

Não poupo em dizer que The Fall é um dos melhores filmes do ano. Um filme que não consegue cumprir sua promessa, mas sim, superar. Um filme que exala beleza desde primeira cena até a ultima. Um filme que coloca a fantasia no nível que deve ser tratada, como uma porta para imaginação do espectador para momentos extraordinários. E se um dia chegar a algum multiplex da vida, não deixem de perder momentos únicos que só o cinema pode propor, assim como os sonhos e sentimentos de uma criança cheia de vida. Uma prova concreta de que o cinema consegue ser o caminho mais próximo das nossas fantasias de criança, mesmo sendo uma fabula adulta.

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Agradecimentos especiais:

Dr. Johnny Strangelove

sábado, 21 de fevereiro de 2009

THE FALL, segundo Carlos Duarte

O CINEROAD - A Estrada do Cinema inicia aqui uma parceria com vários críticos convidados, que de boa vontade aceitaram o convite de publicação das suas críticas sobre o filme...


THE FALL

Crítico Convidado: Carlos Duarte, autor do blog O Alto da Peúga
(http://oaltodapeuga.blogspot.com/)

Classificação: ***** - A não perder

Sinopse/Crítica: Às vezes pergunto-me como é possível que certos filmes não chegam a estrear-se nos cinemas. Num mundo vidrado e girado à volta da economia (o problema dos últimos tempos), como é que as distribuidoras portuguesas passaram ao lado de um título como The Fall, um excelente filme para ver numa sala de cinema? E a pergunta que se põe a seguir é porquê numa sala de cinema. Porquê? Porque concordo com aquela ideia de que um filme visto numa grande tela tem um maior impacto junto do espectador. E este teria, com toda a certeza.

Seis anos depois do seu filme de estreia A Cela (2000), com Jennifer Lopez, o realizador indiano Tarsem Singh presenteia-nos a sua grande obra até ao momento, The Fall, um projecto que levou quatro anos a ser concebido.

Inicio dos anos 20 do século XX. Alexandria e Roy são dois pacientes num hospital de Los Angeles que se encontram enfermos pela mesma razão: uma queda. Ela partiu um braço a apanhar laranjas e ele está paralisado da cintura para baixo por causa duma queda de cavalo. Um acidente de trabalho, já que Roy é duplo de cinema. Um simples acaso cruza estes dois seres e depressa se desenvolve uma empatia e uma amizade entre eles, graças a Roy, que começa a contar uma aventura épica a Alexandria. A imaginação da menina é tão intensa que rapidamente a realidade começa a ser confundida com a ficção.

Estamos perante um interessante exemplo cinematográfico de como é importante contar histórias. Mais interessante ainda é contar histórias dentro da história principal. Através da narração de Roy e da imaginação da pequena menina Alexandria vemos a narrativa avançar e a tomar formas, imagens, tal como nós quando lemos um livro e a nossa imaginação faz aparecer as imagens logo á nossa frente. Um pormenor curioso: Roy faz imensos intervalos, o que deixa Alexandria muito aborrecida, já que ele pára sempre na melhor parte. Existem duas significações possíveis, a meu ver, para tal acontecimento. Primeiro, para criar suspense, não desvendando logo muito, para tornar a história ainda mais cativante. Segundo, deixar o mundo da fantasia para voltar à realidade, à narrativa principal.

A aventura épica que está a ser narrada pelo duplo define desde logo a sua relação com a pequena menina. Uma amizade iniciada por culpa das suas enfermidades, que com o tempo e com o decorrer da história, se transforma num grande amor fraterno. A menina vê nele a figura paterna que já não tem e ele, que perdeu o grande amor da sua vida para outra pessoa devido ao seu estado de saúde, começa a perceber que tem ali alguém que gosta dele, que lhe quer bem e isso dá-lhe um novo sentido para vida. O espectador sente esta relação e consegue conectar-se com ela.

Para além da história, o filme destaca-se pela exuberância da sua fotografia e montagem.

Uma autêntica viagem pelo mundo. Diversos e diferentes locais duma enorme beleza paisagística e arquitectónica, ao qual não ficamos indiferentes. Parece que nos encontramos em locais mágicos, só possíveis nos nossos mais grandiosos sonhos. Planos deslumbrantes, quais telas pintadas, obras de arte duma rara beleza, criando atmosferas de fantasia e até uma estética própria. Um visual arrojado, cheio de cor e vida. Sublime é a palavra certa.

Existe também uma bela sequência de animação stop-motion (como em A Noiva Cadáver, de Tim Burton), que engrandece a diversidade estilística e artística do filme.

O filme é passado nos primórdios do cinema de Hollywood, anos 20. Cinema que ainda era mudo, mas que de mudo não tinha nada. Havia uma panóplia de sons que acompanhavam as imagens, como comprova a projecção cinematográfica final. Filme mudo com acompanhamento musical a violino. Percebe-se o fascínio vincado no rosto de Alexandria por aquelas imagens e em especial pelas acrobacias especiais do seu amigo Roy. Fascínio equiparável ao do pequeno Salvatore "Toto" Di Vita, em Cinema Paraíso (1988). Existem outras referências cinematográficas alusivas à história do cinema relativas às suas primeiras máquinas de projecção, os cinematógrafos. Por exemplo, numa das cenas iniciais, vemos um raio de luz solar que atravessa o buraco da fechadura duma porta e projecta uma imagem exterior na parede da sala. Um cavalo, ainda que invertido.

Contextualizado ainda mais, por essa altura, a Califórnia era já uma região de muito imigrantes, vindos de todos os cantos do planeta, especialmente para trabalharem nas vinhas e nos pomares de laranjeiras, duas das grandes produções agrícolas da zona.

The Fall é um filme que mostra a grande possibilidade fazer grandes trabalhos artísticos com uma bela e simples história. Porque o cinema ainda é fantasia, imaginação e é, sobretudo, magia. E é magia que faz falta nos filmes de hoje em dia. Magia.

Título: The Fall

Ano: 2006 (só estreou nos cinemas em 2008)

Realização: Tarsem Singh

Elenco: Lee Pace, Catinca Untaru, Justine Waddell, Daniel Caltagirone, Robin Smith, Jeetu Verma, Leo Bill e Marcus Wesley

Género: Fantasia, Aventura e Drama

País: Índia, Reino Unido e E.U.A.

Produção: Tarsem Singh, Ajit Singh e Tommy Turtle

Argumento: Dan Gilroy, Nico Soultanakis e Tarsem Singh, baseado no argumento de Valeri Petrov, do filme de 1981, Yo ho ho, de Zako Heskija

Música: Krishna Levy

Fotografia: Colin Watkinson

Montagem: Robert Duff

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Agradecimentos especiais a

Carlos Duarte

quarta-feira, 18 de fevereiro de 2009

E que tal THE FALL em DVD?

Vira o disco e toca o mesmo. Porque acredito valer a pena.
E a iniciativa continua.

Todos nós temos noção de muitas das faltas existentes no nosso actual mercado do DVD. Há títulos importantíssimos que ainda não foram lançados.

Serve a presente rúbrica para chamar à atenção de uma dessas faltas: THE FALL em DVD. Aclamado por todo o mundo como um dos melhores filmes do ano passado, gostaria de apelar à sensibilidade dos actuais responsáveis pela indústria para o lançamento deste título em Portugal.

Todos os interessados poderão fortalecer esta iniciativa.
Façam um post semelhante a este no vosso blog.

Se já viram este filme, enviem as vossas críticas para:
geral.cineroad@hotmail.com
As vossas críticas serão depois publicadas e devidamente identificadas (nome, blog) aqui no CINEROAD.

Obrigado a todos.

Produzido por DAVID FINCHER e SPIKE JONZE.
Veja o trailer:


terça-feira, 17 de fevereiro de 2009

Frases (8) - PULP FICTION (1994)


Mia: Don't you hate that?
Vincent: What?
Mia: Uncomfortable silences. Why do we feel it's necessary to yak about bullshit in order to be comfortable?
Vincent: I don't know. That's a good question.
Mia: That's when you know you've found somebody special. When you can just shut the fuck up for a minute and comfortably enjoy the silence.

Leia a crítica ao filme e faça os seus comentários, clicando aqui.

sexta-feira, 6 de fevereiro de 2009

CIDADE DE DEUS (2002)

PONTUAÇÃO: EXCELENTE
★★★★★
Título Original: Cidade de Deus
Realização: Fernando Meirelles
Principais Actores: Alexandre Rodrigues, Leandro Firmino da Hora, Seu Jorge, Matheus Nachtergaele, Phellipe Haagensen, Jonathan Haagensen, Douglas Silva, Roberta Rodrigues

Crítica:


Se correr o bicho pega.
Se ficar o bicho come.

Cidade de Deus
é intenso. Um retrato de violência genial e incrivelmente bem feito. A inquieta câmara de Meirelles é samba, um samba de captação de emoções: quase sempre imparável. Se por vezes se fica, estática, a excelente montagem encarrega-se de conferir ao filme o seu ritmo de sempre: célere e enérgico, genuinamente espontâneo e contagiante. Aliás, diga-se mesmo: o trabalho de montagem de Cidade de Deus, a cargo de Daniel Rezende, é um dos mais memoráveis de sempre. E o argumento de Braulio Mantovani, adaptando a obra de Paulo Lins, é um exercício dramatúrgico puramente engenhoso, com sabor a originalidade em todos os seus avanços e recuos. Excelente. Detentor de uma fotografia brilhante, a obra-prima de Meirelles detém ainda um elenco magnífico. Em suma: um triunfo marcante e inesquecível.

terça-feira, 3 de fevereiro de 2009

O PADRINHO - PARTE III (1990)

PONTUAÇÃO: BOM
Título Original: The Godfather - Part III
Realização: Francis Ford Coppola
Principais Actores: Al Pacino, Diane Keaton, Talia Shire, Andy Garcia, Eli Wallach, Joe Mantegna, George Hamilton, Bridget Fonda, Sofia Coppola, Raf Vallone, Franc D`Ambrosio, Donal Donnelly, Richard Bright, Helmut Berger

Crítica: O terceiro episódio da trilogia perde um pouco o brio de outros tempos, mas faz todo o sentido: a saga familiar dos Corleone pedia um desfecho, como que encerrando o ciclo geracional e evolutivo de Michael. A evolução dos valores da própria máfia está também perfeitamente retratada, ainda que as questões familiares dominem. O argumento é, agora, não fechado sobre si mesmo como inicialmente, mas aberto e introspectivo, deixando-nos perceber com maior facilidade os complôs e artimanhas dos estrategas. A máfia chega mesmo, neste capítulo, à Igreja e aos puritanos da suposta boa fé. E, com ela, o sabor a sátira da realização de Coppola, que nos oferece, literalmente, um final operático e grandioso para as suas personagens. Salve-se o final inspiradíssimo. Al Pacino está brilhante. A sua personagem está diferente, o que seria ficcionalmente esperado, mas, desta vez, benificiou (e muito) com a experiência do actor.

O PADRINHO - PARTE II (1974)

PONTUAÇÃO: MUITO BOM
Título Original: The Godfather - Part II
Realização: Francis Ford Coppola
Principais Actores: Al Pacino, Robert DeNiro, Robert Duvall, Diane Keaton, Talia Shire, Lee Strasberg, John Cazale, G.D. Spradlin, Michael V. Gazzo, Richard Bright, Gastone Moschin, Tom Rosqui, Bruno Kirby

Crítica:

CRÓNICAS DE CRIME E FAMÍLIA
 A DOIS TEMPOS

Sublime. Mais do que uma obra-prima sobre o crime, é uma obra-prima sobre a família, um drama intenso e em parte alegórico, de uma dimensão operática, que nos diz tanto sobre nós mesmos e sobre a forma de como nos relacionamos com os nossos. Esta segunda parte da saga é... verdadeiramente esplendorosa.

A realização é de uma mestria excepcional: recordo cenas como a do assassinato de Don Fanucci... mas que encenação! Há tantas cenas eternas... O jogo de espelhos entre os dois tempos narrativos resulta paralelamente perfeito. A inesquecível banda sonora de Nino Rota transporta-nos, completamente rendidos ao argumento (agora com outro fôlego, tão mais inspirado), para muito além dos créditos finais. O cuidado na recriação é digno da maior distinção: notem-se os cenários e a decoração. A fotografia e a montagem estão magníficas. E Robert De Niro está ao mais alto nível, à frente de um elenco formidável.

O Padrinho - Parte II é, por tudo isto e tanto mais, não só o melhor capítulo da trilogia como um marco incontornável da história do cinema.


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CINEROAD ©2020 de Roberto Simões