★★★
Título Original: La Dolce Vita
Realização: Federico Fellini
Realização: Federico Fellini
Principais Actores: Marcello Mastroianni, Anita Ekberg, Anouk Aimée, Yvonne Furneaux, Magali Noël, Alain Cuny, Annibale Ninchi, Walter Santesso, Valeria Ciangottini, Riccardo Garrone, Ida Galli, Audrey McDonald
Crítica:
OS INÚTEIS
A Doce Vida poderia intitular-se A Boa Vida, perfeitamente... Até Cristo anda de helicóptero. E com essa provocadora imagem é iniciada toda uma dissertação sobre a decadência existencial.
Com Marcello Rubini (personagem de Marcello Mastroianni, acertado e tão natural no seu papel) somos levados a conhecer a elite da perdição. Há dinheiro, há fama, há prestígio... mas não há muito mais naquelas vidas vazias. A não ser, claro, as três grandes evasões: fumar, beber e ir para a cama. Muito fumo, muito álcool e muito sexo jamais poderão faltar. Marcello vagueia de cena em cena que nem o argumento, de episódio em episódio, com mais ou menos coerência. O trabalho de cenografia e de guarda-roupa são magníficos. Anita Ekberg imortaliza uma das mais icónicas femmes fatales da História do Cinema, sendo que pelo filme deambulam também muitas outras. O universo feminino de Fellini é sempre - diga-se - rico em mulheres de carácter forte, vincado e irresistível. A ponte deste mundo de loucos com a realidade é feita tanto por Maddalena, a namorada de Marcello, como pelas sanguessugas (os paparazzi, que se alimentam destes bons vivants até ao tutano, sem quaisquer preocupações éticas) ou pela encantadora rapariga do bar da praia.
No seu todo, todavia, não creio que A Doce Vida prime pela coesão narrativa. Os episódios sucedem-se, uns mais necessários do que outros, o tempo arrasta-se e o próprio filme se arrasta, parecendo nunca mais acabar. Penso, também, que há muito mais inspiração noutros títulos de Fellini. É uma obra bem fotografada, com uma ou outra cena memorável, mas que apesar disso não encerra em si nenhum feito extraordinário. Lá que o vazio daquelas vidas assombra o filme, lá isso é indiscutível. Mas enquanto assistia ao filme jamais deixei de pensar em como a minha vida seria mais útil se - realmente - estivesse a fazer outra coisa...
Com Marcello Rubini (personagem de Marcello Mastroianni, acertado e tão natural no seu papel) somos levados a conhecer a elite da perdição. Há dinheiro, há fama, há prestígio... mas não há muito mais naquelas vidas vazias. A não ser, claro, as três grandes evasões: fumar, beber e ir para a cama. Muito fumo, muito álcool e muito sexo jamais poderão faltar. Marcello vagueia de cena em cena que nem o argumento, de episódio em episódio, com mais ou menos coerência. O trabalho de cenografia e de guarda-roupa são magníficos. Anita Ekberg imortaliza uma das mais icónicas femmes fatales da História do Cinema, sendo que pelo filme deambulam também muitas outras. O universo feminino de Fellini é sempre - diga-se - rico em mulheres de carácter forte, vincado e irresistível. A ponte deste mundo de loucos com a realidade é feita tanto por Maddalena, a namorada de Marcello, como pelas sanguessugas (os paparazzi, que se alimentam destes bons vivants até ao tutano, sem quaisquer preocupações éticas) ou pela encantadora rapariga do bar da praia.
No seu todo, todavia, não creio que A Doce Vida prime pela coesão narrativa. Os episódios sucedem-se, uns mais necessários do que outros, o tempo arrasta-se e o próprio filme se arrasta, parecendo nunca mais acabar. Penso, também, que há muito mais inspiração noutros títulos de Fellini. É uma obra bem fotografada, com uma ou outra cena memorável, mas que apesar disso não encerra em si nenhum feito extraordinário. Lá que o vazio daquelas vidas assombra o filme, lá isso é indiscutível. Mas enquanto assistia ao filme jamais deixei de pensar em como a minha vida seria mais útil se - realmente - estivesse a fazer outra coisa...
Gostei da crítica, muito bem escrita, apesar de não teres apreciado assim tanto o filme. Ainda só vi o 8 1/2. Gostei bastante.
ResponderEliminarTIAGO RAMOS: Ainda não vi o 8 1/2, mas é o que se segue da filmografia. Depois publicarei o meu veredicto. Espero gostar bastante também.
ResponderEliminarFico contente por teres gostado da crítica. Quanto ao filme, não me fascinou especialmente, não.
Cumps.
Roberto Simões
CINEROAD - A Estrada do Cinema
Roberto,
ResponderEliminarrepondendo sua pergunta a respeito de meu comentário sobre o filme do Wes Anderson: quis dizer que o cara faz seus filmes com uma metalinguagem própria. As vezes você não fala a língua dos filmes dele e fica difícil interpretá-los e quando isso acontece voce se sente solitário. É muito ego nos filmes dele. Eu acho! E o filme mais normal dele é 'Três é Demais'(Rushmore - 1998), sim ele é o mais normal e bem diferente visualmente de todos os filmes recentes dele. Mas, o acho interessante, ele só fala com o umbigo e não com o público. Entende?
Bom...quanto a 'Doce Vida do Fellini' é um filme tão belo em tantos sentidos que voi citar apenas um:excelente fotografia! Para um filme de glamour, o grande cineasta italiano fez um filme para nos sentirmos estrelas, porque sonhar com isso já é um tanto óbvio!
Respeito sua pontuação razoável, mas eu dou a máxima pontuação à ele.
Abs!
RODRIGO MENDES: Antes de mais, e como você já é um visitante assíduo, gostaria só de lhe pedir que comentasse os filmes no seu post próprio, de modo a concentrar a informação sobre os filmes para os leitores. Ou seja, quando comentar por exemplo DARJEELING LIMITED, pedia-lhe que o fizesse no post correcto, de modo a dar continuidade à discussão já iniciada. Neste espaço só falarei de A DOCE VIDA ;) Se não se importar, copie a sua resposta sobre o filme de Wes Anderson para um comentário ao post de DARJEELING LIMITED, ok? Agradecia imenso. Depois darei seguimento à nossa conversa por lá.
ResponderEliminarQuanto a A DOCE VIDA, não creio que Fellini o tenha feito para que nos sintamos estrelas, a não ser para que sintamos também o seu lado de perdição - se for essa a sua interpretação, estamos inteiramente de acordo. Mas isso não é motivo para lhe dar uma nota máxima, ainda que tenha uma excelente fotografia. Que outras qualidades vê nessa obra?
Cumps.
Roberto Simões
CINEROAD - A Estrada do Cinema
É uma das opiniões pouco favoráveis que já li sobre a película. E, talvez por isso, bem interessante.
ResponderEliminarO comentário acima de "w" é meu.
ResponderEliminarWALLY: Pois, acredito ;) Também não tenho lido muitas críticas desfavoráveis. Mas a verdade é que não gostei muito, não.
ResponderEliminarCumps.
Roberto Simões
CINEROAD - A Estrada do Cinema
Gostei de ler a crítica, e apesar de não teres gostado muito, referes os pontos essenciais e as reflexões a se retirar. Posso dizer que gostei talvez um pouco mais, mas não ao ponto de o idolatrar como a maioria. Me parece um excelente exercício de como a sociedade rica e por vezes pretensiosa vive e se avalia perante eles próprios e os outros. A deambulação a cargo do protagonista é incerta, desequilibrada (tal como o argumento) mas incisiva e desconcertante. Há cenas magníficas e diálogos primorosos, assim como a banda sonora que incorpora de vez em quando a película é deliciosa.
ResponderEliminarFellini não me desiludiu, antes o argumento e a narrativa poderiam ter sido mais equilibrados e com mais sentido, não exagerando na fluidez e no retrato.
abraço
JORGE: É um filme a rever, mas ainda sinto o sabor um tanto ou quanto "amargo" na boca.
ResponderEliminarRoberto Simões
CINEROAD