★★★★★
Título Original: The Godfather Realização: Francis Ford Coppola
Principais Actores: Marlon Brando, Al Pacino, James Caan, Robert Duvall, Diane Keaton, Talia Shire, Al Lettieri, Sterling Hayden, John Cazale, Richard S. Castellano
Crítica:
CRÓNICAS DE CRIME E FAMÍLIA
A man who doesn't spend time with his family
can never be a real man.
can never be a real man.
O Padrinho é muito mais do que uma história sobre gangsters e máfia, a partir da obra literária de Mario Puzo. Francis Ford Coppola, magistral na arte de filmar e dotado de um inspirado virtuosismo clássico, serve-se da organização e das intrigas da sociedade do crime para conceber uma verdadeira epopeia sobre a família e sobre a evolução dos valores familiares ao longo do século XX. Aliás, O Padrinho será, porventura, a primeira grande crónica cinematográfica do século XX sobre a família do próprio século XX. É uma espécie de auto-análise; um exercício que o tempo veio a comprovar como extraordinário.
Marlon Brando, num dos grandes papéis da sua carreira, veio eternizar as figuras do patriarca e do padrinho: hoje quase inexistentes nas sociedades ocidentais; sobretudo quando tendo em conta a expressividade e relevância que tinham outrora. A ruína da figura patriarcal (também a do casamento enquanto instituição) anunciou a decadência e o fim da família como rede organizada, com espírito de entre-ajuda, união e coesão... Com a queda dos últimos alicerces e tradições familiares, o ser humano cai no individualismo e no alheamento identitário, carente de raízes. Este facto sinedoquiza, de forma metadiegética - tanto no primeiro como nos seguintes capítulos da saga - a própria evolução da família Corleone.
A banda sonora tornou-se um autêntico ícone da saga, assim como a rosa ao peito e aquele ambiente de respeito e consideração do escritório. O Padrinho enche-se, da abertura ao desfecho, de cenas memoráveis: a chocante cena da cabeça do cavalo ou a morte de Don no jardim, depois de brincar com o futuro da família, são absolutamente magníficas. Grande, grande filme.
Marlon Brando, num dos grandes papéis da sua carreira, veio eternizar as figuras do patriarca e do padrinho: hoje quase inexistentes nas sociedades ocidentais; sobretudo quando tendo em conta a expressividade e relevância que tinham outrora. A ruína da figura patriarcal (também a do casamento enquanto instituição) anunciou a decadência e o fim da família como rede organizada, com espírito de entre-ajuda, união e coesão... Com a queda dos últimos alicerces e tradições familiares, o ser humano cai no individualismo e no alheamento identitário, carente de raízes. Este facto sinedoquiza, de forma metadiegética - tanto no primeiro como nos seguintes capítulos da saga - a própria evolução da família Corleone.
A banda sonora tornou-se um autêntico ícone da saga, assim como a rosa ao peito e aquele ambiente de respeito e consideração do escritório. O Padrinho enche-se, da abertura ao desfecho, de cenas memoráveis: a chocante cena da cabeça do cavalo ou a morte de Don no jardim, depois de brincar com o futuro da família, são absolutamente magníficas. Grande, grande filme.
Tal como tu não atribuo o excelente a esta obra mas estou certo que muitas vozes o irão reclamar. Ainda assim, devo dizer que preciso de o reavaliar. Vi-o há alguns anos, numa altura em que o meu gosto pelo cinema ainda estava numa fase embrionária.
ResponderEliminarMas desde logo fiquei surpreso com a exacerbação do talento criativo de algumas personalidade envolventes na obra, sobretudo quando diz respeito ao grande, grande Marlon Brando.
Abraço
E sim finalmente escreveste a crítica em falta, se não estou em erro. :) Eu ainda tenho de descobrir toda a trilogia...
ResponderEliminarTalvez por não ser proprimente o meu género de filme, confesso que o Padrinho não me fascinou por aí além, se bem que reconheça a mestria de toda a concepção. O segundo filme, esse sim, ficou-me marcado na memória. Ando para ver o terceiro há algum tempo...
ResponderEliminarFILIPE COUTINHO: Não é o meu "tipo de filme" preferido, mas reconheço-lhe as qualidades. Revê-lo é sempre uma experiência formidável. Também um dia destes voltarei à trilogia de Coppola.
ResponderEliminarTIAGO RAMOS: Não, não estás em erro. Mais um pouco e fazia um ano sem a lançar ;) Sinceramente, creio que não te vais maravilhar propriamente com a trilogia de Coppola, mas certamente - e tal como eu - reconhecer-lhe-ás as suas qualidades.
CLÁUDIA GAMEIRO: Também não é o meu género e também eu gosto mais do 2º capítulo da saga familiar dos Corleone.
Cumps.
Roberto Simões
CINEROAD – A Estrada do Cinema
Sou daqueles que nao gosta dos filmes do padrinho... Reconheço-lhe as claras qualidades, mas existem outros filmes do género que prefiro como por exemplo "Tudo Bons Rapazes" ou o subvalorizado "Donnie BRasco".
ResponderEliminarabraço
JOÃO BASTOS: Ainda não conheço esses dois títulos. A obra de Scorsese, já dela vi algumas partes, mas ainda não a vi de princípio ao fim. Quanto a O PADRINHO, creio identificar-me contigo.
ResponderEliminarCumps.
Roberto Simões
CINEROAD – A Estrada do Cinema
Também não o considero obra-prima. O segundo ainda é o meu favorito da trilogia, e Apocalypse Now o meu favorito de Coppola.
ResponderEliminarNo entanto, não me quero pronunciar quanto à nota, já que preciso de os rever.
Abraço
Foram os filmes que me despoletaram a ver mais clássicos, sendo que para mim a trilogia se traduza talvez e dentro dos filmes categorizados "gangsters" ou da máfia na melhor adaptação para cinema alguma vez feita nestes moldes. Pelo menos foram os filmes que mais me agradaram com esta temática. Muito derivado a não serem, tal como dizes, somente histórias relacionadas com a máfia mas sim, com família, hierarquia, poder e tradição.
ResponderEliminarFascina-me particularmente, e neste filme em específico, a dinâmica entre o grande Marlon Brando com os seus filhos, potenciais herdeiros do "trono", do legado familiar. Al Pacino está igualmente muito bem, a começar a sua carreira, como também Robert Duvall. Depois a fotografia, a intemporal banda sonora, os planos, o argumento tão brilhantemente e com assaz paciência desenvolvido, e claro Coppola compõem uma obra fantástica.
De dizer que gosto bastante dos filmes, mas não ao ponto de os idolatrar. Acho a tua classificação aqui acertada. Dos três prefiro também o segundo, estando contudo praticamente ao mesmo nível deste. Já o terceiro está pior mas encerra ainda assim bem a saga. Sendo que este último tem uma sequência final digna dos dois primeiros. Muito boa.
abraço
JACKIE BROWN: Também ando com saudades de os rever. Também prefiro a PARTE II.
ResponderEliminarJORGE: De filmes de máfia, o meu favorito é o ERA UMA VEZ NA AMÉRICA, do Leone. Tenho crítica, aqui no CINEROAD. É genial. Mas também gosto imenso d'O PADRINHO - PARTE II. Mais recentemente, como sabes, gostei bastante do PROMESSAS PERIGOSAS do Cronenberg.
Cumps.
Roberto Simões
» CINEROAD - A Estrada do Cinema «
É imperdoável mas ainda não vi ERA UMA VEZ NA AMÉRICA, e sendo de quem é então é mesmo incompreensível...
ResponderEliminarAgora a sério, não tem sido fácil para arranjar o filme, tal como o facto do mesmo ser enorme na duração me tem impedido de o ver agora que já o tenho. Mas inevitavelmente estará para breve a visualização. Passarei depois aqui para comentar, pois claro. Aliás passagem obrigatória que tem sido nos últimos tempos :).
Tem-me ajudado a evoluir e a como que dissecar o objecto cinematográfico. Por isso, e nunca é demais, obrigado.
De filmes de máfia (exceptuando Os Padrinhos) assim de repente lembro-me que gostei de American Gangster (embora não seja o género feito para Scott) e também do mais recente Public Enemies. O Promessas Perigosas, como sabes, também gostei bastante. Mas ainda me faltam ver tantos por essas décadas foras...Scarface, The Untouchables (aqui mais de Palma), entre outros.
abraço
JORGE: Entretanto sei que já viste essa grande obra de Leone e que gostaste bastante.
ResponderEliminarObrigado pelos elogios ;)
Cumps.
Roberto Simões
» CINEROAD - A Estrada do Cinema «
É impressionante como um realizador de 30 e poucos anos (na altura) consegue realizar uma obra desta maturidade. Um filme incontornável recheado de cenas de antologia, algumas delas chocantes como referes. A minha cena favorita é aquela no restaurante, bastante intensa. Todos os actores estão um espanto.
ResponderEliminarCumps