Título Original: Bom yeoreum gaeul gyeoul geurigo bom
Realização: Kim Ki-duk
Realização: Kim Ki-duk
Principais Actores: Yeong-su Oh, Ki-duk Kim, Young-min Kim, Jae-kyeong Seo, Yeo-jin Ha, Jong-ho Kim
O CAMINHO DA PURIFICAÇÃO
Não sei de quem é a autoria do texto da contra-capa da edição portuguesa do DVD de Primavera, Verão, Outuno, Inverno... e Primavera, magnífica e transcendental incursão do cineasta Kim Ki-duk pela filosofia e espiritualidade budista, mas o certo é que sintetiza perfeitamente, na sua subtil cadência poética, o âmago da obra. Ora vejamos:
Às vezes creio não ser necessário fazer uso de palavras nossas... A mim, pessoalmente, o filme confrontou-me com os silêncios da existência. Prefiro ficar neles e meditar neles... Ki-duk concretizou um feito sereno e apaziguador, repleto de símbolos, metáforas e parábolas sábias e enriquecedoras; um filme que nos apresenta o Nirvana como destino, longe das angústias e sofrimentos da vida terrena. Para lá chegarmos há o caminho de libertação e de purificação.
Não sei se o Nirvana será o estado de alma perfeito, tanto em termos de felicidade como de plenitude - tenho as minhas dúvidas. Mas a introspecção e a meditação do mundo e do nosso lugar nele é sem dúvida essencial e decisivo para a harmonia e o para o re-equilíbrio natural das coisas.
Considerações finais: a fotografia de Dong-hyeon Baek inebria-nos, a banda sonora de Ji-woong Park embala-nos e o todo sublime da obra entrega-nos em mãos uma experiência derradeiramente única - um autêntico retiro espiritual, ao qual podemos sempre voltar...
Ninguém fica imune ao poder das estações e ao seu ciclo anual de nascimento, crescimento e envelhecimento. Nem mesmo dois monges que partilham um mosteiro flutuante, num lago rodeado de montanhas.
À medida que as estações se sucedem, todos os aspectos das suas vidas são insuflados com uma intensidade que conduz ambos a uma enorme espiritualidade - e à tragédia, porque também eles não conseguem resistir à escalada da vida, aos anseios, sofrimentos e às paixões que nos arrebatam a todos.
Sob o olhar atento do Velho Monge, um jovem monge experimenta a perda da inocência quando as brincadeiras se transformam em crueldade... o despertar do amor quando uma mulher entra no seu mundo fechado... o poder assassino do ciúme e da obsessão... o preço da redenção... a iluminação da experiência.
Assim, como as estações continuam a alternar-se até ao fim dos tempos, também o mosteiro permanecerá como a morada do espírito suspenso entre o agora e o sempre...
À medida que as estações se sucedem, todos os aspectos das suas vidas são insuflados com uma intensidade que conduz ambos a uma enorme espiritualidade - e à tragédia, porque também eles não conseguem resistir à escalada da vida, aos anseios, sofrimentos e às paixões que nos arrebatam a todos.
Sob o olhar atento do Velho Monge, um jovem monge experimenta a perda da inocência quando as brincadeiras se transformam em crueldade... o despertar do amor quando uma mulher entra no seu mundo fechado... o poder assassino do ciúme e da obsessão... o preço da redenção... a iluminação da experiência.
Assim, como as estações continuam a alternar-se até ao fim dos tempos, também o mosteiro permanecerá como a morada do espírito suspenso entre o agora e o sempre...
Às vezes creio não ser necessário fazer uso de palavras nossas... A mim, pessoalmente, o filme confrontou-me com os silêncios da existência. Prefiro ficar neles e meditar neles... Ki-duk concretizou um feito sereno e apaziguador, repleto de símbolos, metáforas e parábolas sábias e enriquecedoras; um filme que nos apresenta o Nirvana como destino, longe das angústias e sofrimentos da vida terrena. Para lá chegarmos há o caminho de libertação e de purificação.
Não sei se o Nirvana será o estado de alma perfeito, tanto em termos de felicidade como de plenitude - tenho as minhas dúvidas. Mas a introspecção e a meditação do mundo e do nosso lugar nele é sem dúvida essencial e decisivo para a harmonia e o para o re-equilíbrio natural das coisas.
Considerações finais: a fotografia de Dong-hyeon Baek inebria-nos, a banda sonora de Ji-woong Park embala-nos e o todo sublime da obra entrega-nos em mãos uma experiência derradeiramente única - um autêntico retiro espiritual, ao qual podemos sempre voltar...
Quando o filme saiu lembro-me que fiquei bastante interessada. Uns tempos depois apanhei o filme já a meio na RTP2 e confesso que mudei de canal. Nunca mais tive grande interesse em ver, mas a tua crítica tornou a chamar-me a curiosidade. Julgo que é daqueles que ou apanhamos desde início ou não chegamos a captar a profundidade da obra. Estarei errada?
ResponderEliminarCLÁUDIA GAMEIRO: Pois se apanhares o filme a meio já perdeste uma ou outra estação e, assim, o ciclo já não se fecha. Penso, pois, que estás absolutamente correcta ;)
ResponderEliminarCumps.
Roberto Simões
» CINEROAD - A Estrada do Cinema «
Eu penso que devemos ver todos os filmes do inicio ao fim. Mesmo os maus.
ResponderEliminarEste filme é belíssimo.
NEUROTICON: Não estou de acordo. Os filmes são como os livros: basta ler uma ou duas páginas para perceberes se se trata de um bom ou de um mau livro. O tempo é precioso e não vejo com bons olhos o facto de perdermos tempo com demasiadas inutilidades. Para quê ler um mau livro até ao fim?
ResponderEliminarPara quê ver um mau filme até ao fim?
Quanto a este PRIMAVERA..., todavia, estou absolutamente de acordo.
JOÃO GONÇALVES: Foi o meu primeiro filme do realizador, já li coisas muito positivas a seu respeito.
Cumps.
Roberto Simões
» CINEROAD - A Estrada do Cinema «
Por vezes há filmes que nos deixam sem palavras.
ResponderEliminarDesconhecia a obra mas agora quero vê-la.
Também tenho muitas dúvidas em relação à felicidade proporcionada por Nirvana.
Abraço
Cinema as my World
Eu, por acaso, quando o vi (há 3 anos) deixei-me levar pela sua poesia imagética... Altamente metafórico, este filme transcende e chega-se-nos ao âmago do espírito humano.
ResponderEliminarNEKAS: Vê. Recomendo vivamente. Quando muito não seja pela experiência.
ResponderEliminarFLÁVIO GONÇALVES: Sim... estou de acordo contigo.
Cumps.
Roberto Simões
» CINEROAD - A Estrada do Cinema «
Acabei de o ver e gostei muito. Contudo, continuo a gostar mais do filme do Yong-Kyun Bae "Why Has Bodhi Dharma Left for the East?", fonte da qual este vai "beber".
ResponderEliminarÁLVARO MARTINS: É um bom filme, sem dúvida. Também gostei. Desse outro de que falas, ainda não tinha ouvido falar.
ResponderEliminarCumps.
Roberto Simões
» CINEROAD - A Estrada do Cinema «