★★★★
Título Original: ChicagoRealização: Rob Marshall
Principais Actores: Renée Zellweger, Catherine Zeta-Jones, Richard Gere, John C. Reilly, Queen Latifah, Chita Rivera, Taye Diggs, Lucy Liu
Crítica:
ALL THAT JAZZ !
Five, six, seven, eight! Crime, fama, espectáculo. Luz, som, acção! Ladies and gentlemen... the Onyx Club is proud to present... um autêntico e prodigioso êxtase de charme: um musical contagiante e vibrante, pleno de sensualidade, brilho e delírio, um pedaço de entretenimento faustoso, exuberante e extremamente divertido: Chicago! Da Broadway para o cinema, flui o jazz, o tango e uma sensacional miscelânea de estilos e ritmos, coreografados com toda a emoção e a lembrar o melhor de Bob Fosse, naquele que já se tornou um dos mais recentes clássicos do musical hollywoodiano.
Rob Marshall é o artista maior por detrás desta adaptação: o universo feminino de ambição, inveja, corrupção e farsa, partilhado por Roxie Hart, Velma Kelly e pelas criminosas do estabelecimento prisional de Chicago, sobe à ribalta, de novo e com todo o vigor. O protagonismo recai sobre Roxie (Renée Zellweger, num grande desempenho), a loira sem escrúpulos que sonhava tornar-se uma estrela. Para consegui-lo, vai para a cama com o influente Fred Casely. Os fins justificavam os meios. Contudo, quando se apercebe de que Fred a usava apenas para efeitos sexuais - You're a two-bit talent with skinny legs -, mata-o por impulso e sem pensar duas vezes: It was a murder, but not a crime! Coitado, coitado só mesmo o marido: humilde, bondoso e, acima de tudo, ingénuo, Amos Hart ainda mente à polícia, manipulado por ela e com fim a protegê-la. Interpretado por John C. Reilly, Amos virá ainda a progonizar mais tarde - na perfeição e absolutamente arrebatador - um dos mais intensos e dramáticos números musicais de toda a obra - pessoalmente, o meu preferido: Mr. Cellophane:
Velma Kelly (Catherine Zeta-Jones, numa entrega total ao papel) não é senão o ídolo de muitas rapariguinhas - Roxie Hart incluída, pois claro. Porém, Velma Kelly é uma estrela decadente. A traição e a sede de protagonismo levaram-na a matar a irmã, pondo fim à dupla de sucesso The Kelly Sisters. Quis o destino que se encontrassem, ela e Roxie, na prisão... sob o olhar da matrona Mama Morton - uma espécie de arranja-tudo capaz de subverter as leis do internato ao sabor do lucro próprio. Queen Latifah assume o papel dessa poderosíssima e engraçadíssima mulher, abonada pelo luxo e pela excelência do guarda-roupa de Colleen Atwood na sua intervenção musical:
Pop! As gotas. Six! Os passos. Squish! O soar dos dedos. Uh-uh... o fósforo... Cicero! A música... Lipschitz! Os sons começam - quase sem que os notemos - e passam a repetir-se, a intensificar-se... a imaginação desperta e o musical começa. O encanto e sedução de uma cena como Cell Block Tango, ou O Tango das Assassinas, como gosto de chamar-lhe, são completamente inesgotáveis: Pop! Six! Squish! Uh-uh... Cicero! Lipschitz! A sequência, circular na sua estrutura, é um confessionário aberto, derradeiramente criativo. E se há coisa que não falta até ao fim da obra é criatividade: a apresentação do advogado Billy Flynn (corrupto, egoísta e sorridente, que nunca perdeu um caso e que não aceita nenhum caso por menos de 5000 dólares), por Richard Gere, a cena das marionetas, o enforcamento da inocente de leste ou o número final no show de estreia da mais recente e mediática dupla de artistas em Chicago.
Antes do sucesso e da concretização dos sonhos, o argumento de Bill Condon desemboca na barra dos tribunais - Flynn joga com a mentira e com os media a favor da absolvição das culpadas. As sessões do julgamento são hilariantes. As interpretações ficam ao rubro. Só a convencionalidade da história condiciona, a meu ver, a potencialidade do projecto para atingir a sublimidade.
Apesar disso, tudo o resto resulta triunfalmente. O arrojo de toda a produção, então, é surpreendente: os destaques vão para a direcção artística (John Myhre e Gordon Sim) e para a fotografia (Dion Beebe). O trabalho de iluminação é absolutamente espantoso e notável, assim como a enérgica e imparável montagem de Martin Walsh ou a encenação teatral retumbante.
Dá gosto ver musicais assim. Espectacular!
ALL THAT JAZZ !
Five, six, seven, eight! Crime, fama, espectáculo. Luz, som, acção! Ladies and gentlemen... the Onyx Club is proud to present... um autêntico e prodigioso êxtase de charme: um musical contagiante e vibrante, pleno de sensualidade, brilho e delírio, um pedaço de entretenimento faustoso, exuberante e extremamente divertido: Chicago! Da Broadway para o cinema, flui o jazz, o tango e uma sensacional miscelânea de estilos e ritmos, coreografados com toda a emoção e a lembrar o melhor de Bob Fosse, naquele que já se tornou um dos mais recentes clássicos do musical hollywoodiano.
Rob Marshall é o artista maior por detrás desta adaptação: o universo feminino de ambição, inveja, corrupção e farsa, partilhado por Roxie Hart, Velma Kelly e pelas criminosas do estabelecimento prisional de Chicago, sobe à ribalta, de novo e com todo o vigor. O protagonismo recai sobre Roxie (Renée Zellweger, num grande desempenho), a loira sem escrúpulos que sonhava tornar-se uma estrela. Para consegui-lo, vai para a cama com o influente Fred Casely. Os fins justificavam os meios. Contudo, quando se apercebe de que Fred a usava apenas para efeitos sexuais - You're a two-bit talent with skinny legs -, mata-o por impulso e sem pensar duas vezes: It was a murder, but not a crime! Coitado, coitado só mesmo o marido: humilde, bondoso e, acima de tudo, ingénuo, Amos Hart ainda mente à polícia, manipulado por ela e com fim a protegê-la. Interpretado por John C. Reilly, Amos virá ainda a progonizar mais tarde - na perfeição e absolutamente arrebatador - um dos mais intensos e dramáticos números musicais de toda a obra - pessoalmente, o meu preferido: Mr. Cellophane:
Cellophane, Mister Cellophane
Should have been my name
Mister Cellophane
Cause you can look right through me
Walk right by me
And never know I'm there.
Should have been my name
Mister Cellophane
Cause you can look right through me
Walk right by me
And never know I'm there.
Velma Kelly (Catherine Zeta-Jones, numa entrega total ao papel) não é senão o ídolo de muitas rapariguinhas - Roxie Hart incluída, pois claro. Porém, Velma Kelly é uma estrela decadente. A traição e a sede de protagonismo levaram-na a matar a irmã, pondo fim à dupla de sucesso The Kelly Sisters. Quis o destino que se encontrassem, ela e Roxie, na prisão... sob o olhar da matrona Mama Morton - uma espécie de arranja-tudo capaz de subverter as leis do internato ao sabor do lucro próprio. Queen Latifah assume o papel dessa poderosíssima e engraçadíssima mulher, abonada pelo luxo e pela excelência do guarda-roupa de Colleen Atwood na sua intervenção musical:
There's a lot of favors
I'm prepared to do
You do one for Mama
She'll do one for you
(...) So what's the one conclusion
I can bring this number to?
When you're good to Mama...
Mama's good to you!
I'm prepared to do
You do one for Mama
She'll do one for you
(...) So what's the one conclusion
I can bring this number to?
When you're good to Mama...
Mama's good to you!
Pop! As gotas. Six! Os passos. Squish! O soar dos dedos. Uh-uh... o fósforo... Cicero! A música... Lipschitz! Os sons começam - quase sem que os notemos - e passam a repetir-se, a intensificar-se... a imaginação desperta e o musical começa. O encanto e sedução de uma cena como Cell Block Tango, ou O Tango das Assassinas, como gosto de chamar-lhe, são completamente inesgotáveis: Pop! Six! Squish! Uh-uh... Cicero! Lipschitz! A sequência, circular na sua estrutura, é um confessionário aberto, derradeiramente criativo. E se há coisa que não falta até ao fim da obra é criatividade: a apresentação do advogado Billy Flynn (corrupto, egoísta e sorridente, que nunca perdeu um caso e que não aceita nenhum caso por menos de 5000 dólares), por Richard Gere, a cena das marionetas, o enforcamento da inocente de leste ou o número final no show de estreia da mais recente e mediática dupla de artistas em Chicago.
Antes do sucesso e da concretização dos sonhos, o argumento de Bill Condon desemboca na barra dos tribunais - Flynn joga com a mentira e com os media a favor da absolvição das culpadas. As sessões do julgamento são hilariantes. As interpretações ficam ao rubro. Só a convencionalidade da história condiciona, a meu ver, a potencialidade do projecto para atingir a sublimidade.
Apesar disso, tudo o resto resulta triunfalmente. O arrojo de toda a produção, então, é surpreendente: os destaques vão para a direcção artística (John Myhre e Gordon Sim) e para a fotografia (Dion Beebe). O trabalho de iluminação é absolutamente espantoso e notável, assim como a enérgica e imparável montagem de Martin Walsh ou a encenação teatral retumbante.
Dá gosto ver musicais assim. Espectacular!
Olá
ResponderEliminarEu adorei esse musical, não conhecia a história antes de ver o filme mas a adorei desde o início. É um filme grandioso, bem dançante e cheio de sarcasmo. GOSTEI MUITO E PRETENDO REVÊ-LO EM BREVE!
até mais...
O filme até que é bom, mas mesmo assim continuo sem perceber como foi possível ter ganho o Oscar de melhor filme.
ResponderEliminarTecnicamente esplêndido, com faixas vibrantes e grande momento de Renée e Latifah!
ResponderEliminarEu não gostei do filme e ter ganho o óscar é um dos grandes e muitos mistérios da academia.
ResponderEliminarEu achei excelente e merecedor do prêmio sim. Vejo e revejo sempre. Só As Horas que acho que seja tão bom quanto.
ResponderEliminarNão sou grande apreciadora de musicais, é certo,mas vi este já há algum tempo e lembro-me que na altura não gostei nada.
ResponderEliminarUm triunfo efervescente e exuberante. Ter ganho o óscar de Melhor Filme não poderia ter sido mais acertado, dado que filmes como O Pianista ou As Horas irão aparecer todos os anos na corrida, enquanto que Chicago é uma obra irreverente e importantíssima. O Senhor dos Anéis também não o merecia.
ResponderEliminarTambém eu não sou apreciador de musicais e, deste, gostei. É interessante e tem um ritmo delirante.
ResponderEliminarPelo contrário, acho-o um filme fraquíssimo. É certo que não gosto do género, mas ter vencido, entre outros, o Óscar de Melhor Filme foi um disparate ridículo e inconcebível.
ResponderEliminarSobrevalorizado. De mais. O "novo A Paixão de Shakespeare", embora com Chicago a vitória tenho sido ainda mais escandalosa.
Abraço
Uma das melhores cenas de tango dos musicais...
ResponderEliminarConcordo demais com Marcelo. Moulin Rouge e Chicago trouxeram o gênero musical de volta, que era um gênero de grande sucesso há 20, 30 anos antes, e esse era o diferencial, o trunfo de Chicago. As Horas, O Pianista, Gangues de Nova York e O Sr. dos Anéis são iguais a todos os filmes que concorrem todos os anos no Oscar. Chicago tem um ótimo ritmo, irônico, divertido, traz uma crítica social relevante, atuações fantásticas, músicas agradáveis, um verdadeiro primor. Só não gostar do gênero explica não apreciar o filme. Acho um pensamento muito limitado desmerecer sua vitória no Oscar. Se ainda tivessem criticando filmes como Crash ou Slumdog Millionaire...
ResponderEliminarALTIERES BRUNO MACHADO JUNIOR: Espero que já o tenha visto novamente, entretanto. É um filme verdadeiramente espectacular!
ResponderEliminarPEDRO PEREIRA: Sim, não foi o melhor do ano. Mesmo no seio de Hollywood.
GUSTAVO: Concordo absolutamente ;)
ÁLVARO MARTINS: A Academia é cheia de grandes mistérios, sabemo-lo bem. Gostei do filme, mas não era filme para receber o Óscar de melhor filme, claramente. CHICAGO não é um MOULIN ROUGE, esse sim, merecedor do prémio (ainda que não o tenha ganho).
MANUELA COELHO: ;D Há gostos para tudo. Compreendo.
MARCELO PEREIRA: Mais alguém que acha justo o prémio. Como sabes, não concordo. Todos esses filmes de que falaste no comentário são superiores a este.
FLÁVIO GONÇALVES: De acordo ;)
JACKIE BROWN: Concordo em relação ao Óscar, discordo em relação ao "fraquíssimo".
CLÁUDIA GAMEIRO: Cell Block Tango. Magistral.
VITOR FERREIRA: AS HORAS, assim como qualquer outro que referiu, é bem melhor do que CHICAGO ;) temos uma opinião distinta, portanto; quanto ao Óscar. O filme é mesmo grandioso, mas nada que se compare a revolução que MOULIN ROUGE trouxe.
Cumps.
Roberto Simões
» CINEROAD - A Estrada do Cinema «
Nunca fui fã de musicais e este não é excepção! Acho que é simplesmente mais do mesmo... Quanto ao Oscar de melhor filme do ano há quem diga que Michael Douglas mexeu uns cordelinhos para a sua mulher Zeta-Jones ficar em alta!
ResponderEliminarEMANUEL NETO: Há musicais muito bons, alguns geniais como MOULIN ROUGE ou MARY POPPINS. Quanto aos mexericos não quero dar muito alento, mas acredito piamente que não haja total isenção nas votações.
ResponderEliminarCumps.
Roberto Simões
» CINEROAD - A Estrada do Cinema «
Deste já não gostei tanto quanto Moulin Rouge (genial)...ainda assim pode-se dizer que superou as minhas expectativas.
ResponderEliminarDe acordo com a pontuação e a crítica. Destaco as interpretações de Renée Zellweger e Catherine Zeta-Jones, que belíssimas performances. Reilly e Gere estão bem igualmente. Por acaso o Mr. Cellophane também é um dos números que mais gostei.
Enfim, mais um musical que digeri confortavelmente, fiquei mesmo com uma certa vontade de ver mais alguns...hmmm
abraço
JORGE: Compreendo! É um musical mais Broadway, sem a pujança contagiante da genialidade de Baz Luhrmann na reivenção do género. Estamos de acordo em tudo! É de facto um bom musical com números musicais muito bons e com interpretações fora de série.
ResponderEliminarCumps.
Roberto Simões
» CINEROAD - Há 2 Anos na Estrada do Cinema «
Sim são diferentes, este é mais teatral parece-me. Não sou grande entendido em musicais. Mas como gostei destes talvez visite alguns clássicos do género.
ResponderEliminarabraço
JORGE: Aproveito para anunciar, em primeira mão, que Novembro de 2010 vai ser o mês dos musicais, aqui no CINEROAD.
ResponderEliminarCumps.
Roberto Simões
» CINEROAD - Há 2 Anos na Estrada do Cinema «
Olha que bela ideia. Calha bem, estou num momento de algum fascínio pelos musicais. A ver se até lá vejo mais alguns. É uma excelente iniciativa, não se será maratona, mas de qualquer modo força!
ResponderEliminarPor acaso já tinha reparado, às vezes quando leio uma crítica aqui no Cineroad, dou por mim a desejar um separador do género em questão, tal como tens para o realizador. É verdade, e pensado melhor, que alguns géneros não fazem muito sentido, assim como há filmes que não possuem uma categoria tão óbvia. Dramas, thrillers, ou até acção não é muito significativo nem demasiado distintivo. Agora claro o Western, o épico, o Musical, o Terror, ou o Fantástico já o são mais, parece-me.
Com estas iniciativas propicias esse separador ou essa sugestão :)
Hmmm...Novembro Musicais...e Outubro? Westerns?
Aposto em Dezembro no Fantástico! ahahah
abraço
JORGE: Pois, eu sei, também penso na etiqueta dos géneros muitas vezes, mas como nem sempre a inclusão de um certo filme seria muito evidente, numa certa categoria, acabei por não avançar com isso.
ResponderEliminarEm Novembro não vai decorrer propriamente uma maratona. Vai ser um mês em que falaremos muito mais de musicais do que o habitual, trataremos de grandes filmes do género, com frequência, mas sem interromper a programação prevista para então. O western também chegará a seu tempo, talvez para 2011, e será o que se seguirá aos musicais, certamente. Para Outubro de 2010 não está prevista nenhuma iniciativa assim mais ambiciosa, mas terá lugar uma homenagem a uma actriz que muito aprecio: Meryl Streep. Falaremos de alguns dos seus filmes mais marcantes, já em Outubro, durante uns diazinhos.
Cumps.
Roberto Simões
» CINEROAD - Há 2 Anos na Estrada do Cinema «
Musicais e westerns não são para mim, não gosto destes gêneros, mas independentemente disto acho este Chicago muito ruim. Renee Zellweger cantando, que lástima.
ResponderEliminarENALDO: Desta vez, não partilho da sua opinião ;)
ResponderEliminarRoberto Simões
» CINEROAD «