★★★★★
Título Original: The CellRealização: Tarsem Singh
Principais Actores: Jennifer Lopez, Vince Vaughn, Vincent D'Onofrio, Jake Weber, Marianne-Jean Baptiste, Dylan Baker
Crítica:
O LABIRINTO DOS MEDOS
Mais do que um mergulho vertiginoso na mente de um psicopata assassino, A Cela é um tenebroso e bizarro policial sci-fi, capaz de desafiar todas as fronteiras entre o real e o imaginário e de sonhar os mais recônditos mistérios da psique humana, onde confluem memórias e medos. O visionário e genial Tarsem Singh, realizador da obra-prima Um Sonho Encantado, assina aqui o seu primeiro banquete visual, colossal e estonteante, de uma exuberância poética e espectacular. Um exótico, magnetizante e prodigioso pedaço de arte.
Howard Shore compôs também - e não será por acaso - a banda sonora de O Silêncio dos Inocentes e de Sete Pecados Mortais. O filme de Fincher foi beber inegável inspiração ao de Demme. E A Cela foi bebê-la aos dois. Quem gostou de qualquer um desses clássicos dos anos 90, gostará certamente muito deste também. Aqui não temos um canibal, qual Hannibal Lecter, nem um ferveroso da religião, qual John Doe. Temos, sim, um assustador esquizofrénico, de fortes e pervertidas taras sexuais, mas igualmente assassino em série, perturbado pelos traumas do passado e intensamente procurado pelas autoridades. Esse demente é Carl Stargher; Vincent D'Onofrio, num desempenho intenso e assustador.
A acção do filme não é datada, mas decorre num tempo onde foi desenvolvido um processo de psicoterapia inovador e revolucionário, por meio do qual uma profissional como Catherine Deane (Jennifer Lopez, sensual e cativante) pode entrar na mente dos pacientes.
O universo onírico, ao qual temos acesso priveligiado, é uma dimensão absolutamente surreal e impressionante, de uma beleza indescritível e assombrosa. Nesse mundo, o guarda-roupa é faustoso (Eiko Ishioka e April Napier), os cenários extraordinários e cheios de cor (Tom Foden, Geoff Hubbard e Michael Manson), ainda que mórbidos na combinação, e a caracterização (Michèle Burke e Edouard F. Henriques) é deveras exigente, de um detalhe e pormenor notáveis.
Quando Stargher é localizado e capturado, há uma vítima cujo cadáver ainda não foi encontrado. Pode, por isso, ainda estar vida. Todavia, o demente caíra em coma profundo e, segundo o diagnóstico dos médicos, jamais acordaria... Peter Novak (Vince Vaughn) é quem lidera as operações e jamais se perdoará se não tentar tudo por tudo para encontrar a jovem. É na tentativa de descobrir o seu paradeiro que decide submeter o monstro ao método terapêutico, desbravando o seu inconsciente e seguindo todas as pistas: Catherine, contudo, envolve-se muito mais no caso do que o esperado. O risco dá lugar a uma experiência verdadeiramente perigosa e abismal e a terapêuta acaba perdida e aprisionada em território desconhecido, em plena mente do crimonoso e sob o seu total controlo. Enfrentará os seus piores medos, na tentativa de matar a besta e de salvar a essência corrompida daquele ser hediondo. O pesadelo... torna-se real.
Imerso em psicanálise, repleto de suspense e abrilhantado por um trabalho fotográfico assaz arrojado, criativo e hipnotizante (Paul Laufer), A Cela impõe-se com um triunfo ímpar, justificando assim toda a aura de culto que, com o tempo, floresceu - merecidamente - à sua volta. Imperdível.
Howard Shore compôs também - e não será por acaso - a banda sonora de O Silêncio dos Inocentes e de Sete Pecados Mortais. O filme de Fincher foi beber inegável inspiração ao de Demme. E A Cela foi bebê-la aos dois. Quem gostou de qualquer um desses clássicos dos anos 90, gostará certamente muito deste também. Aqui não temos um canibal, qual Hannibal Lecter, nem um ferveroso da religião, qual John Doe. Temos, sim, um assustador esquizofrénico, de fortes e pervertidas taras sexuais, mas igualmente assassino em série, perturbado pelos traumas do passado e intensamente procurado pelas autoridades. Esse demente é Carl Stargher; Vincent D'Onofrio, num desempenho intenso e assustador.
A acção do filme não é datada, mas decorre num tempo onde foi desenvolvido um processo de psicoterapia inovador e revolucionário, por meio do qual uma profissional como Catherine Deane (Jennifer Lopez, sensual e cativante) pode entrar na mente dos pacientes.
Do you believe there is a part of yourself, deep inside in your mind, with things you don't want other people to see? During a session when I'm inside, I get to see those things.
Catherine Deane
O universo onírico, ao qual temos acesso priveligiado, é uma dimensão absolutamente surreal e impressionante, de uma beleza indescritível e assombrosa. Nesse mundo, o guarda-roupa é faustoso (Eiko Ishioka e April Napier), os cenários extraordinários e cheios de cor (Tom Foden, Geoff Hubbard e Michael Manson), ainda que mórbidos na combinação, e a caracterização (Michèle Burke e Edouard F. Henriques) é deveras exigente, de um detalhe e pormenor notáveis.
Quando Stargher é localizado e capturado, há uma vítima cujo cadáver ainda não foi encontrado. Pode, por isso, ainda estar vida. Todavia, o demente caíra em coma profundo e, segundo o diagnóstico dos médicos, jamais acordaria... Peter Novak (Vince Vaughn) é quem lidera as operações e jamais se perdoará se não tentar tudo por tudo para encontrar a jovem. É na tentativa de descobrir o seu paradeiro que decide submeter o monstro ao método terapêutico, desbravando o seu inconsciente e seguindo todas as pistas: Catherine, contudo, envolve-se muito mais no caso do que o esperado. O risco dá lugar a uma experiência verdadeiramente perigosa e abismal e a terapêuta acaba perdida e aprisionada em território desconhecido, em plena mente do crimonoso e sob o seu total controlo. Enfrentará os seus piores medos, na tentativa de matar a besta e de salvar a essência corrompida daquele ser hediondo. O pesadelo... torna-se real.
Imerso em psicanálise, repleto de suspense e abrilhantado por um trabalho fotográfico assaz arrojado, criativo e hipnotizante (Paul Laufer), A Cela impõe-se com um triunfo ímpar, justificando assim toda a aura de culto que, com o tempo, floresceu - merecidamente - à sua volta. Imperdível.
Não é um grande filme, mas curiosamente é para mim um guilty pleasure. Aquele ambiente todo do interior da mente é fantástico e remete para interessantes conceitos da psicologia como o consciente, subconsciente e inconsciente, além dos recalcamentos de infância, memórias reprimidas. Um filme bastante agradável e interessante.
ResponderEliminarDesperta-me curiosidade, mas assim de repente e pelo trailer (que já vi há uns tempos), parece-me que vale pela fotografia, a cenografia e Vincent D'Onofrio.
ResponderEliminarDe qualquer forma, não consigo conceber que um filme com Jennifer Lopez tenha 5 estrelas xD
Abraço ;)
Gosto desse filme, engraçado como Jennifer Lopez não me incomoda nesse filme, eu odeio tudo que ela faz, mas esse filme é tão interessante que ela passa despercebida!
ResponderEliminarDireção de arte e fotografia fantástica!
www.volverumfilme.blogspot.com
meu blog, passa lá
TIAGO RAMOS: Não é um grande filme? Não poderei então concordar contigo ;) É claro que é no universo criado no interior das mentes que Tarsem brilha. O surrealismo e a fantasia é a sua praia. Mas o resto está à altura do policial de Demme e do de Fincher. No seu todo, A CELA constitui um feito magnífico. Eu apreciei bastante. É um filme, para além de tudo mais, absolutamente absorvente e vibrante. Grande filme.
ResponderEliminarJACKIE BROWN: Vais gostar, creio. Quanto a Jennifer Lopez, isso é preconceito ;D Ela não é uma actriz magnífica, é certo, mas tão-pouco prejudica o filme. Há para aí quem delire com o fantástico de Del Toro... Vejam Tarsem e apercebam-se do que é fantasia!
VITOR SILOS: Ahahah Ela até que ficou bem neste projecto. Não imagino mesmo mais ninguém para o papel. A sua beleza confunde-se com a beleza do filme.
Bem-vindo ao CINEROAD!
Cumps.
Roberto Simões
» CINEROAD - A Estrada do Cinema «
Este filme de Tarsem Singh foi escrito por Mark Protosevich, o mesmo de Eu Sou a Lenda. E é, precisamente no argumento que A Cela mais falha.
ResponderEliminarJá no capítulo visual esta fita prima pelo espanto que provoca. Chega por vezes a ser avassalador na forma como mostra certas situações. È nisso que mais brilha. O mundo perturbante da mente do assassino, Carl Stargher, é deveras distorcido e deveras marcante.
Um bom filme, sim senhor, mas da minha parte leva 3 estrelas.
Olá Roberto!
ResponderEliminar'A cEla' é um filme extremamente imagético e nisto é formidável, mas o roteiro é um desastre!
Ao menos a JLO está linda!
Abs,
Rodrigo
RICARDO VIEIRA: Poderá não ter um argumento imaculado, mas penso que a crítica unânime ao argumento se deve mais graças às reminiscências de outras marcantes obras do género. Mas é no visual do onírico que o filme ganha pontos, dimensão e carácter - e para mim esses factores são decisivos.
ResponderEliminarRODRIGO MENDES: Que exagero. Não concordo.
Cumps.
Roberto Simões
» CINEROAD - A Estrada do Cinema «
Quero rever este filme. Quando vi pela primeira vez, eu tinha 10 anos.
ResponderEliminarVi-o no cinema e adorei-o na altura. Com mais umas vezes esgota-se mas é no campo visual que tem o grande apelo. É um filme invulgar e muito apreciável. Gosto e até gosto da Jennifer Lopez neste filme que acab por ser ela quem também deixa marcas no filme ao diluir-se em todo o visual..
ResponderEliminarWALLY: O tempo passa, não é ;) Revê. É irresistível.
ResponderEliminarARM PAULO FERREIRA: O surreal é o que me interessa. O filme não é só isso, mas é sobretudo isso. E é essa dimensão que catapulta o filme.
Cumps.
Roberto Simões
» CINEROAD - A Estrada do Cinema «