quinta-feira, 28 de janeiro de 2010

O BOM, O MAU E O VILÃO (1966)

PONTUAÇÃO: MUITO BOM
Título Original: Il Buono, Il Brutto, Il Cattivo / The Good, The Bad and The Ugly
Realização: Sergio Leone
Principais Actores: Clint Eastwood, Eli Wallach, Lee Van Cleef, Aldo Giuffré

Crítica:

TRÊS HOMENS EM CONFLITO

Haverá western mais cómico - e ao mesmo tempo tão belo - do que este O Bom, O Mau e O Vilão? Não haverá, certamente. Abrem os créditos iniciais e a paródia arromba pela obra de arte adentro. Aparece Tuco (Eli Wallach), o Vilão, certeiro na pontaria e na patifaria, mas de meio-coração. Brilha, noutras paradas, o olhar matador de Sentenza (Lee Van Cleef), o Mau, tão irónico no sorriso como na alcunha (Angel Eyes). E a completar o trio de ataque temos o misterioso Blondie de poucas palavras (Clint Eastwood), o Bom. Todavia, não são os típicos protagonistas estereotipados, de carácter cerrado. Afinal, estamos num western de Leone. Há uma reformulação do cânone e os perfis das personagens encontram a imprevisibilidade na sua ambiguidade.

De bandidos em fuga a prisioneiros de guerra, de rivais egoístas a companheiros inseparáveis, Tuco e Blondie correm o faroeste em busca de fortuna, perseguem o rastilho de um boato longínquo, enfrentam - até - as trincheiras de uma guerra que mancha a terra de sangue e alcóol, atrás de um cemitério de esperança, de uma campa sem nome. Sempre irremediavelmente deslocados da realidade e absolutamente absorvidos pelos seus propósitos-banhados-a-ouro. Parece hilariante? Não tem como não o ser. Tudo resulta na perfeição, neste clássico intemporal: a direcção artística (Carlo Leva, Carlo Simi e Tani) é sublime, a fotografia (Tonino Delli Colli) é de uma beleza extasiante e a banda sonora (Ennio Morricone) soa e ressoa, brilhante e genial, até ao fim, e muito para além dele, ou não se tivesse ela tornado, até aos dias de hoje, um autêntico ícone do western. Sergio Leone, magistral da mais radiosa panorâmica ao mais arriscado dos close-ups, não só vence como triunfa sob a sua visão ambiciosa, original e profundamente inspirada. Alguém se esquecerá daquela cena magnífica em que Tuco é brutalmente espancado pelo sadismo do Mau, ao som da mais contrastante e surpreendente banda sonora? Para não falar do desfecho: na minha opinião, a melhor cena da obra, tão operático.

Veredicto? Imperdível, por tudo isto e tanto, tanto mais. Um dos melhores filmes de sempre.


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Nota especial para a infeliz escolha do título português.

18 comentários:

  1. Melhor faroeste que já tive o prazer de assistir. Uma obra-prima. E olha que nem sou fã do gênero.

    [*****]

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  2. Também eu não sou apreciador de westerns, daí estar muito receoso em pegar nesta obra aqui, que tem sido consagrada por tudo quanto é sítio. Mas darei uma oportunidade. Fico à espera do texto! :)

    Abraço

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  3. WALLY: Quase obra-prima, na minha opinião. ACONTECEU NO OESTE (ONCE UPON A TIME IN THE WEST), essa sim, uma obra-prima assombrosa. Eu sou fã do género e esse filme aqui é mesmo maravilhoso!

    FLÁVIO GONÇALVES: Também não és apreciador e eu que tanto aprecio... ;) O texto aí está e o filme é absolutamente imperdível. Delirante de tanto rir.

    Cumps.
    Roberto Simões
    CINEROAD - A Estrada do Cinema

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  4. Oi,

    Não vi esse filme, que aqui se chama Três Homens em Conflito, mas pretendo ver, principalmente por se tratar de um western spaghetti e não um tradicional faroeste.

    Abraço.
    Cinema para Desocupados

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  5. MATEUS, O INDOLENTE: Os westerns spaghetti de Leone são, pelo que conheço, geniais. Recomendo-te esse aí vivamente.

    PEDRO HENRIQUE: O melhor do quê? Lá "clássico monstro" é, sem dúvida! ;)

    JOÃO GONÇALVES: Sim... o final é assombroso... puro génio! Ainda não vi os anteriores, mas não esquecerei as recomendações ;)

    Cumps.
    Roberto Simões
    CINEROAD - A Estrada do Cinema

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  6. RAFHAEL VAZ: Fico contente que a resenha tenha suscitado curiosidade e que tenha apressado a visualização do filme. Ainda bem que gostou! Quanto a mim, sabia que faz parte da chamada "Trilogia dos Dólares", claro. Obrigado na mesma ;)

    Cumps.
    Roberto Simões
    CINEROAD - A Estrada do Cinema

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  7. Conto publicar a minha lista top 10 spaghettis brevemente, sem dúvida alguma este ocupará o primeiro lugar. O filme da minha vida.

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  8. PEDRO PEREIRA: Já sabia desta tua preferência. Aguardo com especial curiosidade esse teu top ;)

    Cumps.
    Roberto Simões
    » CINEROAD – A Estrada do Cinema «

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  9. Antes de mais excelente crítica (até me faltam palavras para te elogiar :P). Quanto ao filme é eterno, é o que costumo dizer, fica na memória, ressoa através da banda sonora ou visualmente através dos personagens e das suas façanhas! Um filme que nos dá prazer e nos faz adorar e descobrir novas potencialidades dentro do Western.

    Que mais posso dizer, vi-o não há muito tempo, e foi uma experiência fascinante, surpreendente e muito muito agradável; grande argumento, o início é de facto original e cativante, grandes interpretações, e grande...não...magnífica banda sonora, das melhores algumas vez feitas! Então quando a banda sonora entra numa plano em paisagem...é uma delícia! (a parte final por exemplo)

    Aconselho-te a veres (não sei se já os viste) os outros dois filmes da trilogia, são tal como esta, peças únicas e dignas de altos elogios. Digo-o de fã para fã de Westerns.
    Espero a crítica a esses também.

    abraço

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  10. JORGE: Obrigado! ;) Até me escasseiam as palavras para te agradecer, uma vez mais.
    Quanto ao filme, estamos inteiramente de acordo.
    Quanto a POR UM PUNHADO DE DÓLARES e a POR UNS DÓLARES A MAIS, as críticas respectivas já estão agendadas para este Verão de 2010, no CINEROAD.

    Cumps.
    Roberto Simões
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  11. Li algures que Sergio Leone por vezes filmava com música no próprio set, isto é incutia e influenciava os actores a representarem segundo certos ritmos e nuances musicais criadas a propósito por Ennio Morricone. Assim se compreende melhor algumas cenas, em que as interpretações e arranjos musicais e sonoros dão a sensação de perfeita sintonia e união. Não deixa de ser um brilhante trabalho de montagem claro, ainda assim revela a mestria e a capacidade de inovar de Leone, mais uma vez.

    Já vi que as críticas de os primeiros filmes desta trilogia estão para breve...e o Giù la testa (Duck, You Sucker)?
    Vi-o à bem pouco tempo e considero-o um filme igualmente muito bom, algo particular na filmografia do realizador. Aconselho.

    abraço

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  12. Este comentário foi removido pelo autor.

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  13. JORGE: Sim, já tinha lido algures a respeito desse costume do realizador, penso até que foi nos extras de um qualquer DVD.
    Sim, as críticas para os outros dois filmes da trilogia dos dólares estão para breve. Só preciso agora é de tempo: para ver os filmes e para escrever os textos. Tenho tantos filmes para ver ;D
    Quanto à tua sugestão, agradeço. Há já algum tempo que quero ver esse filme, também.

    Cumps.
    Roberto Simões
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  14. "Era Uma Vez no Oeste" é de facto o supra-sumo de Leone (ainda hoje o revi, mais uma vez) e provavelmente o melhor western de todos os tempos. Mas este tem também entrada cativa no meu TOP5 do género.
    Uma coisa que sempre me pasmou nos filmes do grande mestre italiano é que toda aquela lentidão tão característica não cansa absolutamente nada e não consigo ver um filme dele sem interrupções - existem sempre cenas que tenho de voltar atrás para de novo as saborear.

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  15. RATO: Nunca estivemos tão de acordo. Provavelmente, ACONTECEU NO OESTE (compreendo a insatisfação para com a correspondência do título em Portugal) será mesmo o melhor western de todos os tempos. Spaghetti, que seja. Ainda me falta ver muita, mas muita coisa em matéria de westerns, mas do que vi até agora é o meu preferido. A lentidão não cansa, não. É sumarenta e também eu não me canso de rever essas cenas.
    Quanto a O BOM, O MAU E O VILÃO, que afinal é quem interessa sobretudo nesta ficha debater, qual é a tua opinião?

    Cumps.
    Roberto Simões
    » CINEROAD - A Estrada do Cinema «

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  16. Olá a todos, pela triologia desde grande mestre do Western, vou acrescentar o seguinte:
    " Em todas as suas obras Leone prefere em muitos momentos o {silêncio} do que as palavras."
    É quase que sejamos os intervenientes da história.
    JMAbreu

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  17. A conceituada crítica americana Pauline Kael escreveu o seguinte: " O filme parece High Noon,
    The Ox-Bow Incident e meia duzia de outros misturados e exibidos numa gigantesca câmara de eco.Os bandidos são enorme e absurdamente maus- paródia maiores que o natural- e cada ferimento que inflingem é insanamente espalhafatoso".
    O western-espaguete é todo ele uma paródia de mau gosto. Horrível. Carlos Fernandes

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