sexta-feira, 22 de janeiro de 2010

GRAN TORINO (2008)

PONTUAÇÃO: MUITO BOM
Título Original: Gran Torino
Realização: Clint Eastwood
Principais Actores: Clint Eastwood, Christopher Carley, Bee Vang, Ahney Her, Brian Haley, Geraldine Hughes, John Carroll Lynch

Crítica:

ATÉ SEMPRE
!

Não é fácil envelhecer. Dentro da nossa casa, da nossa garagem e da nossa memória, o mundo que conhecemos é mais ou menos preservado, ao longo dos anos. Reconhecemo-lo como nosso. Porém, do nosso relvado em diante, nas casas vizinhas, pela rua fora... podemos ver que a realidade muda. Com o tempo, os nossos filhos crescem e partem. Constituem família e vivem a felicidade deles. Com o tempo, os nossos amigos e vizinhos despedem-se. E nunca mais regressam. Com o tempo, até a nossa cara-metade nos diz adeus e ficamos a sós com a memória, na mesma casa, com a mesma garagem.

No seio da sua residência, Walt Kowalski permanece o mesmo Walt, fiel aos costumes e valores do seu mundo. Todavia, aos olhos da nova realidade exterior, é um velho xenófobo e conservador. Veterano da guerra da Coreia, vê todo o seu bairro actualmente habitado por Hmongs, de preceitos estranhos. Ou chinocas, como lhes chama. Vê uma nova geração desenraizada, alheia ao patriotismo, uma juventude egoísta, que afaga na violência a sua inutilidade cívica. Os filhos e netos estabelecem com ele uma relação de interesses: falhada uma relação familiar, esperam pela casa, pelo carro... A Walt resta-lhe o prazer de se sentar no alpendre, a beber uma cerveja bem fresquinha e a fumar o seu cigarro, na companhia de Daisy (a cadela), e o orgulho de guardar como novo o seu resplandecente e cobiçado Gran Torino de 1972. Sabe-se doente. Espera em silêncio pelos últimos dias.

Gran Torino é pois, todo ele, uma despedida, triste e magistral. Sobre vida e sobre morte. Um adeus de Walt, de Frankie, de Bill e de todos os cowboys, de toda uma geração. Clint Eastwood arranca de si mesmo a melhor performance de toda a sua carreira enquanto actor. Continua um justiceiro; por vezes ainda tende a fazer justiça com as próprias mãos, em defesa dos inocentes. Mas, no derradeiro final, o tiro não é mais do que um gesto, que uma simulação. A sabedoria leva-nos à morte por outro caminho... e por meio dele podemos atingir o perdão.

Brilhante na realização, nas contenção e sobriedade características da sua arte de filmar, Clint Eastwood concebe e concretiza mais um clássico, um poderosíssimo drama de viscerais emoções. E até canta... Apetece dizer-lhe adeus. Mas, na arte, o seu valor é inestimável e eterno. Por isso, até sempre!

18 comentários:

  1. Eu sou uma espécie de ovelha negra quanto a Gran Torino. Reconheço a competência e o valor - mas, definitivamente, não me agradou quanto esperava que agradaria. Achei que houve demasiado burburinho em relação ao filme. Enfim, opinião continuarão sempre o que são, meras opiniões.

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  2. Um filme belíssimo, de uma pureza humana inconfundível. Um dos grandes, grandes filmes do ano passado.

    Abraço!

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  3. Gran Torino é mais que uma reflexão sobre a velhice. É o retrato de uma raiva incontida, de um senso de humor despretensioso, do significado da vida e da morte. O filme vive à base dos enquadramentos simples, da exibição perfeccionista dos pormenores onde nada surge por acaso. Pena o erro de casting de Bee Vang.

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  4. O que mais me impressionou no filme é a amostra de que o ser humano, mesmo que duro, não é sempre ruim. A personificação de Eastwood é fantástica: de homem amargo e distante, ele se aproxima ao poucos, caminhando para o seu momento catártico. Simplesmente bela a relação dele com os seus vizinhos e a profunda admiração que ele cria por eles, bem com a recíproca se torna verdadeira.

    No quesito atuação, penso que haja certa limitação em relação aos atores coreanos. Mas, de qualquer forma, o filme não é sobre eles mesmo, mas sim sobre o personagem de Clint, logo... ótimo.

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  5. Talvez o mais importante da carreira dele. É sua redenção, sua evolução como caráter moral na sociedade.

    [****]

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  6. FLÁVIO GONÇALVES: Vamos lá ver. Também não vejo nele nenhuma obra-prima. Mas vejo, sem qualquer dúvida, uma obra magistral.

    JACKSON: No doubt! ;)

    TIAGO RAMOS: Não sei se foi erro de casting. A mim não me afectou o suficiente para lhe apontar defeito. Quanto ao filme, estamos inteiramente de acordo.

    LUES: Clint Eastwood tem uma prestação fenomenal e o papel é muito bom mesmo. A relação dele com os vizinhos acaba por pontuar o filme de momentos de puro humor.

    WALLY: Não sei se será o mais importante dele. Será sem dúvida um dos. 5*

    Cumps.
    Roberto Simões
    CINEROAD - A Estrada do Cinema

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  7. Eu simplesmente adoro esse filme Roberto. Bela critica. Com Clint é mesmo até sempre. ABS

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  8. Já te tinha aconselhado o filme e tinha-te dito que irias gostar, bem, não me enganei.

    Gran Torino é uma fábula de valores e costumes onde, Eastwood caracteriza a sua personagem de forma perfeita e vê-se a sua evolução ao longo do filme de forma magistral.
    Enfim, Gran Torino é uma obra a destacar na vasta e qualitativa colecção de Eastwood.


    Abraço
    http://nekascw.blogspot.com/

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  9. Excelente crítica mais uma vez Roberto. Gran Torino é mais um excelente filme de Eastwood, sem dúvida uma excelente maneira de acabar a sua carreira de actor.

    Abraço

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  10. REINALDO GLIOCHE: Obrigado ;) Já somos dois então a apreciar esse filme.

    NEKAS: Por acaso já não me lembrava da recomendação, mas sendo assim, podes crer! Clint Eastwood realizador tem um nível de qualidade que está sempre presente em todas as suas últimas obras. Brilhante!

    ALEX SUPERTRAMP: Creio que seja este o seu final como actor. Se assim for, é magnífico. Eastwood também tinha anunciado retirar-se com MILLION DOLLAR BABY e não foi isso que aconteceu. Enfim, obrigado pelo elogio e quanto ao filme, subscrevo-te inteiramente, excusado será dizer ;D

    Cumps.
    Roberto Simões
    CINEROAD - A Estrada do Cinema

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  11. Obrigado pela visita, e sinta-se a vontade no CinePrayer.

    Clint é um ótimo diretor, gosto dele. Confesso que nunca gostei dele como ator, mas nesse filme eu me vi um lado contrário do que sempre pensei, talvez fosse o papel correto para ele ... o filme é realmente incrível, e triste.

    Bela crítica. Abraço

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  12. Clint Eastwood é um grande realizador do cinema. Completo como ator e diretor. Ainda não vi esse filme, mas espero o melhor.

    Abraço
    Cinema para Desocupados

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  13. RAPHAEL RIBEIRO: Pois, Clint Eastwood como actor é sempre igual, mas cada vez melhor. Este filme é incrivelmente tocante.
    Obrigado pelo elogio ;) e bem-vindo ao CINEROAD!

    MATEUS, O INDOLENTE: Mais completo como realizador do que como actor, na minha opinião ;) Veja esse filme, vai certamente adorá-lo!

    Cumps.
    Roberto Simões
    CINEROAD - A Estrada do Cinema

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  14. De facto soa a despedida na respeitável e duradoura carreira de actor. Sendo que demarca todas as características de Clint como actor, atinge aqui porventura o seu máximo ou o seu término, como queiramos interpretar.

    O filme, é muito bom, contando uma história que à partida nada tem de novo, já se fez e já se reflectiu muito neste século sobre o assunto. No entanto é transposto de uma forma tão subtil, tão tocante e assaz preocupante na nossa geração, que é impossível ficarmos indiferentes.

    Apesar de tudo e para mim, o realizador trouxe-nos uma obra um pouco melhor (não muito) neste ano, de seu nome A TROCA.

    abraço

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  15. JORGE: Estou substancialmente de acordo contigo quanto a esta obra. Também gosto imenso de A TROCA. É outro EASTWOOD, apesar de tudo.

    Cumps.
    Roberto Simões
    » CINEROAD - A Estrada do Cinema «

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  16. Clint Eastwood nunca foi um dos meus realizadores de eleição, mas gostei bastante :)

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  17. YIRIEN: Fico contente que tenhas gostado. Bem sei que o drama de Eastwood não te preenche particularmente as medidas, mas não ficaste indiferente à aura desta obra magistral.

    Cumps.
    Roberto Simões
    » CINEROAD - A Estrada do Cinema «

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  18. Pensava durante muito tempo que Clint Eastwood era apenas um ator canastrão, tipo Charles Bronson, Stallone, etc. Quando assisti Bird (1988), baita filme sobre Charlie Parker, passei a respeitá-lo, agradável surpresa.

    Gostei muito de Gran Torino, mas concordo que costumam dar a Eastwood um pouco mais de boa vontade do que a outros realizadores. Achei que ele conta com uma certa proteção da crítica, talvez por ser um ícone estadunidense.

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