terça-feira, 12 de janeiro de 2010

FORREST GUMP (1994)

PONTUAÇÃO: MUITO BOM
Título Original: Forrest Gump
Realização
: Robert Zemeckis

Principais Actores: Tom Hanks, Robin Wright, Gary Sinise, Mykelti Williamson, Sally Field, Michael Conner Humphreys

Crítica:


O CONTADOR DE HISTÓRIAS


Life was like a box of chocolates.
You never know what you're gonna get.

It's an epic of human proportions*, disse Tom Hanks. Dou-lhe razão. Se há magia em Forrest Gump é a magia de contar com mestria e simplicidade uma vida de extraordinárias façanhas, apesar das limitações físicas, do baixo QI e da inocência e da singularidade do carácter do protagonista. Pelo destino, nasce um falhado. Pelo acaso, possibilita-se um herói. I don't know if we each have a destiny, or if we're all just floating around accidental-like on a breeze, but I, I think maybe it's both. Maybe both is happening at the same time. Forrest Gump é, pois, por hipotética acção dos dois agentes, um provável anti-herói e o mais improvável herói para esta emocinante, ternurenta e inspiradora demanda, sempre suscitada pelo acidente e pelo sentimento.

O argumento de Eric Roth é magnífico: muito bem escrito e muito bem construído. A narração flui que nem a pena ao sabor do vento: natural e subtil; e assim se mantém nos flashbacks. Há um salutar misto de géneros: drama, romance, guerra, comédia, sátira... refira-se, a propósito, as aparições de Hanks em metragem de arquivo histórico, ao lado de John F. Kennedy, George Wallace, Cavett, Ford ou de John Lennon, que se revelam puramente hilariantes! Assim como a inclusão de Elvis Presley na diegese ficcional do filme, mais uma vez desprovida de pretensões e absolutamente de génio! A fotografia de Don Burgess serve, de forma exímia, tanto os propósitos dramatúrgicos como a função de postal ilustrado dos E.U.A.: ao mundo dá a conhecer as mais belas paisagens e os mais importantes monumentos daquele país de sonhos e agora ferido pela humilhação e pela derrota no Vietname.

A banda sonora imortaliza o clássico. Tanto nas magistrais composições de Alan Silvestri como no interminável e carismático compêndio de canções. E é claro: a interpretação de Tom Hanks é memorável, profunda e arrebatadora. Tom Hanks é Forrest Gump. E está tudo dito. O restante elenco traz-nos também excelentes desempenhos: Robin Wright como a irreverente Jenny (incondicional e eterno amor de Forrest: Me and Jenny goes together like peas and carrots) ou Sally Field como sua mãe (Mama always had a way of explaining things so I could understand them, como: stupid is as stupid does), os pilares existenciais ao longo de toda a sua vida, as suas únicas crenças para além de Deus. Também Gary Sinise dá corpo e alma ao rude e arrogante Tenente Dan Taylor e fá-lo magnificamente; faça-se a devida menção.

Com Forrest Gump, pois, a diferença triunfa, a bondade vale a pena e o amor é a razão da vida. Eis a maior lição de vida de todas, filmada com elegância, rara graciosidade e apurado requinte. Em toda a sua simplicidade poética, Robert Zemeckis conseguiu um feito - esse sim - extraordinário: um grande, autêntico e apaixonado pedaço de cinema. E, por isso, o aplauso far-se-á para sempre.


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*Tom Hanks, no Making Of da Edição de Coleccionador, em DVD.

20 comentários:

  1. Li agures que iam fazer uma sequela. Alguém sabe se é verdade ou um daqueles rumores que se lançam lá por Holltwood?

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  2. Nesse filme, gosto mais da atuação de Hanks do que do filme em si.

    Sobre a continuação...o roteiro chegou a ser escrito e entregue, porém, o projeto foi abandonado, posteriormente. Não haverá, pois, uma continuação - ainda bem.

    Abraço!

    Cinema para Desocupados

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  3. Olá, eu vim avisar que seu blog ganhou um selo lá do CN12 se der passar por lá e pegue o selo.
    abraços
    http://cidadenova12.blogspot.com/2010/01/selo-blog-amigo.html

    e sobre o filme não credito que pode haver sequência... Simplesmente irá acabr com a história

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  4. Filme único pra mim, não envelheceu a fórmula.

    Abraço


    PS: O cineroad agora está devidamente linkado no meu hall de blogs-parceiros. Confira!

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  5. Espero pela tua crítica Roberto.

    Adianto aqui, dizendo que 'Forrest Gump' é o personagem mais otimista num filme mais brilhante dos últimos tempos. Robert Zemeckis acabou fazendo um filme universal e não apenas americano.

    Abs!

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  6. Não consigo mesmo, MESMO concordar.
    Forrest Gump tem tudo para me desagradar, para além de ser um poço de clichés...

    Abraço

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  7. Concordo com a tua opinião. É um filme, na sua forma e até na temática geral, muito comparável a The Curious Case of Benjamin Button. 4*

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  8. CLÁUDIA GAMEIRO: O que sei é o mesmo que o Mateus, no comentário abaixo do teu, te respondeu. Partilho da opinião dele. Penso que uma sequela não faria qualquer sentido.
    O que achaste do filme?

    MATEUS, O INDOLENTE: O filme é também muito bom! Mas é claro que sobressai a performance brilhante de Tom Hanks! Mas o argumento, por exemplo, é um mimo. Como se diz no meio, "a great piece of material".

    MIRELLA SANTOS: Não creio que a sequência pudesse acabar com a história. O que está feito, está feito. E quem o sabe, está seguro em relação a isso. Mas não faria qualquer sentido, sem dúvida.
    O que achou do filme?

    CRISTIANO CONTREIRAS: Não envelheceu mesmo. Em BENJAMIN BUTTON, aliás, o argumentista recupera a fórmula e o filme foi um sucesso. Nesse sentido, FORREST GUMP e BENJAMIN BUTTON são irmãos gémeos. Ambos teorizam sobre a vida e sobre a morte em cronologias diferentes. E as conclusões a que podemos chegar sobre ambas não são muito diferentes entre si.
    Enfim, aqui fica mais uma boa ideia para uma tese ou ensaio universitário ;)

    RODRIGO MENDES: Aí está a crítica ;) É, de facto, uma das personagens mais optimistas, ainda que Forrest Gump não tenha, muito provavelmente, consciência do seu optimismo. Sim, é isso: o filme transcende as fronteiras de uma América representada e revela-se universal. Eis o segredo para o sucesso.

    JACKIE BROWN: Se tem tudo para te desagradar é porque tens ou têm, tu e ele, gostos distintos. Acontece. Nem sempre nos identificamos com certas e determinadas obras. Estamos, pois, mesmo em desacordo.
    Quanto ao "Poço de clichés", a que clichés te referes, nomeadamente?

    TIAGO RAMOS: A propósito de FORREST GUMP e BENJAMIN BUTTON, lê a minha resposta ao comentário do Cristiano.

    Cumps.
    Roberto Simões
    CINEROAD - A Estrada do Cinema

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  9. Partilho em grande parte da opinião que expressas muito bem na tua crítica. É uma daquelas obras que nos fazem reflectir, quer seja na vida, nas emoções, no homem e mesmo, o lado que aprecio mais neste filme, a própria História, que ao olhar de Forrest Gump nos é mostrada com as suas particularidades e contradições. É um argumento muito bem construído e um daqueles casos em que o trabalho do guionista ficou ainda mais valorizado com a realização e as prestações dos seus actores. Está uma obra excelente e, sem dúvida, um dos maiores marcos na carreira de Tom Hanks, que nos traz um pouco daquela imagem que já o havia destacado em Big.
    Há algum tempo li que os produtores estavam a pensar percorrer a vida de Forrest Gamp pelos anos 80 e 90. Na altura pensei: "deus, estão a tentar estragar o filme!!!". Espero realmente que não se faça, esta mania actual de fazer sequelas anda a estragar muitas obras.

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  10. CLÁUDIA GAMEIRO: Muitas sequelas não conseguem superar em qualidade a obra original, pelo que do ponto de vista artístico se revelam inconsequentes. Mas como disse à Mirella, o que está feito está feito e se estivermos serguros da qualidade de uma obra, não há sequela que venha denegrir a sua qualidade.
    Como já referi, acho que é uma ideia que, à partida, não faz sentido. Estamos em sintonia.
    Quanto a FORREST GUMP não podíamos estar mais de acordo, também. É uma maravilha da 7ª arte ;) Também te lembras de BIG? Como eu adorava esse filme em miúdo... Na verdade, foi onde descobri Tom Hanks pela primeira vez. Um actor extraordinário.

    Cumps.
    Roberto Simões
    CINEROAD - A Estrada do Cinema

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  11. BIG e Splash foram, provavelmente, dos primeiros filmes que me lembro de ter visto e gostado, pelo que os recordo bastante da minha infância. O Tom Hanks tornou-se então um dos meus actores favoritos, o que ainda hoje se mantém. Pena que a tv já não transmita nenhum dos dois, pela minha zona é um tanto dificil encontrar filmes com mais de dois anos.
    Quanto às sequelas, concordo contigo, mas já me aconteceu perder um pouco do entusiasmo por um filme em virtude do que lhe fizerm de seguida.

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  12. Concordo com tudo que disseste na crítica, sem dúvida um excelente filme, com um guião soberbo e com o Tom Hanks na melhor actuação da sua carreira.

    Abraço

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  13. CLÁUDIA GAMEIRO: É pena que a TV já não passe certos filmes, é verdade... Antes repetia-os até à exaustão. Por acaso tenho encontrado o DVD de BIG com relativa frequência, por estes lados.

    ALEXSUPERTRAMP: Bem-vindo ao CINEROAD, antes de mais! Suponho que sejas um fã de INTO THE WILD ;) Desde já te deixo o convite para leres e comentares a minha crítica sobre o filme de Sean Penn, disponível neste blogue.
    Quanto a FORREST GUMP, estamos indubitavelmente de acordo.

    Cumps.
    Roberto Simões
    CINEROAD - A Estrada do Cinema

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  14. Reconheço, sem dúvida, e pelo distanciamento, o seu valor - mas confesso que não é mesmo dos meus preferidos. 4 estrelas, sim.

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  15. Eu gostei imenso deste filme... achei-o muito bem feito, com uma actuação memoravel de Tom Hanks.
    Uma liçao de vida, que faz-nos reflectir, qd nos aparecem obstaculos, devemos seguir em frente e nao criar um obstaculo ainda maior do que na realidade é. A forma positiva com que o personagem encara a vida é fenomenal.
    Bjks

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  16. FLÁVIO GONÇALVES: Gostos e sensibilidades justificam a nossa discordância ;)

    GEMA: É, sem dúvida e incontornavelmente, um filme muito bem feito. Um mimo des filme.

    Cumps.
    Roberto Simões
    CINEROAD - A Estrada do Cinema

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  17. Um filme genial que ganhou o Oscar de melhor filme a outros dois filmes geniais....

    Se a cerimonia de Oscars que eu gostava de ter assistido era essa de 1995 :)


    ( Os Filmes Vencidos foram só o Pulp Fiction e os Os Condenados de Shawshank)

    QUE VITORIA :)

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  18. NASP: Sim, de facto foi uma vitória e peras. Foi um ano de grandes filmes.

    Cumps.
    Roberto Simões
    » CINEROAD - A Estrada do Cinema «

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  19. Bom que dizer...é um grande filme, daqueles que certamente ficam na memória nos dias seguintes ao visionamento. A mim aconteceu-me sempre que o vi e revi.

    Enorme prestação de Tom Hanks que nos traz um personagem marcante e já ícone nos dias de hoje. Depois a banda sonora e a fotografia são muito boas, assim como o argumento, de uma simplicidade e linha narrativa muito bem articuladas. Os saltos temporais para o presente e a depois para a narração são o que me salta mais à vista. De uma harmonia certeira e deveras tocante.

    Neste ano de facto, e comparando, acho que o melhor seria o The Shawshank Redemption, porque considero o Pulp Fiction inferior a estes, a nível pessoal claro, sem entrar noutros campos :P

    abraço

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  20. JORGE: Estou mais uma vez de acordo. Grande filme, grande Hanks, grande argumento. Leve, rico, tocante, sensível. Prefiro OS CONDENADOS DE SHAWSHANK desse trio ;)

    Cumps.
    Roberto Simões
    » CINEROAD – A Estrada do Cinema «

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