★★★★★
Título Original: Bambi
Realização: David Hand
Filme de Animação
Crítica:
O BOSQUE ENCANTADO
Árvores, troncos e ervinhas, coelhos, esquilos e doninhas, flores, bolotas e cogumelos, codornizes corujas e outros passarinhos, riachos, borboletas e inocência. Apetece dizer que Bambi é de uma época nostálgica em que ainda se faziam filmes para crianças. E, na verdade, já não os fazem assim, tão encantadores, simples e puros.
A obra abre que nem uma canção de embalar, quando a natureza da floresta desperta para a beleza e magia da Primavera. A vida floresce entre todos os animais, entre todos os seres e há alegria no ar. Bambi nasce e todos os animais se dirigem para a clareira, para conhecerem o desajeitado jovem príncipe que, do cimo das suas quatro altas e esguias pernas, tenta o equilíbrio, com dificuldade. Há uma sincronia perfeita entre a imagem, mais abstracta no segundo plano, e a maravilhosa composição musical de Edward H. Plumb. Há sequências magníficas e de uma esplendorosa criatividade: por exemplo, quando a música nasce do tilintar das gotas da chuva sobre as folhas, subtilmente. Depois, há outras longas passagens sem diálogos e onde esta interactividade entre música e imagem se revela um autêntico triunfo.
As folhas secas caem sobre o riacho e dançam ao sabor do vento, o manto branco anuncia o rigor do Inverno. Mudam as estações e Bambi desenvolve, prodigiosamente, o seu candor de fábula: uma fábula sobre a descoberta do mundo e daquilo que nos rodeia, uma fábula sobre o crescimento, sobre a amizade (o coelhinho tambor ou a doninha flôr serão seus amigos para a vida) e sobre os bons valores (os cumprimentos, a boa educação ou o respeito pelos mais velhos, nomeadamente). Uma fábula sobre os obstáculos que, ao longo de toda a vida, atravessamos, sejam eles as rivalidades, os riscos ou mesmo a dor da perda. A morte da mãe de Bambi é, a propósito, uma cena comovente e crucial na sua etapa enquanto ser vivo. Note-se o poder destrutivo do Homem, tanto pela caça como pelos incêndios - as principais ameaças e os maiores perigos para toda a vida e diversidade do bosque. Bambi lança, pois, uma importante mensagem ecológica sobre a preservação da natureza.
Com o regresso da Primavera, despertam as paixões e o ciclo da vida perpetua-se. Quando Bambi ganha um adversário pela conquista amorosa de Falina, a equipa artística tem o cuidado de alterar a estética cromática, como forma de representar e simultaneamente condenar a violência.
Enfim, um clássico deslumbrante e verdadeiramente bonito.
A obra abre que nem uma canção de embalar, quando a natureza da floresta desperta para a beleza e magia da Primavera. A vida floresce entre todos os animais, entre todos os seres e há alegria no ar. Bambi nasce e todos os animais se dirigem para a clareira, para conhecerem o desajeitado jovem príncipe que, do cimo das suas quatro altas e esguias pernas, tenta o equilíbrio, com dificuldade. Há uma sincronia perfeita entre a imagem, mais abstracta no segundo plano, e a maravilhosa composição musical de Edward H. Plumb. Há sequências magníficas e de uma esplendorosa criatividade: por exemplo, quando a música nasce do tilintar das gotas da chuva sobre as folhas, subtilmente. Depois, há outras longas passagens sem diálogos e onde esta interactividade entre música e imagem se revela um autêntico triunfo.
As folhas secas caem sobre o riacho e dançam ao sabor do vento, o manto branco anuncia o rigor do Inverno. Mudam as estações e Bambi desenvolve, prodigiosamente, o seu candor de fábula: uma fábula sobre a descoberta do mundo e daquilo que nos rodeia, uma fábula sobre o crescimento, sobre a amizade (o coelhinho tambor ou a doninha flôr serão seus amigos para a vida) e sobre os bons valores (os cumprimentos, a boa educação ou o respeito pelos mais velhos, nomeadamente). Uma fábula sobre os obstáculos que, ao longo de toda a vida, atravessamos, sejam eles as rivalidades, os riscos ou mesmo a dor da perda. A morte da mãe de Bambi é, a propósito, uma cena comovente e crucial na sua etapa enquanto ser vivo. Note-se o poder destrutivo do Homem, tanto pela caça como pelos incêndios - as principais ameaças e os maiores perigos para toda a vida e diversidade do bosque. Bambi lança, pois, uma importante mensagem ecológica sobre a preservação da natureza.
Com o regresso da Primavera, despertam as paixões e o ciclo da vida perpetua-se. Quando Bambi ganha um adversário pela conquista amorosa de Falina, a equipa artística tem o cuidado de alterar a estética cromática, como forma de representar e simultaneamente condenar a violência.
Enfim, um clássico deslumbrante e verdadeiramente bonito.
Um dos clássicos da animação Disney com uma maior sofisticação estética e mesmo narrativa. Reina aqui uma beleza natural deslumbrante e uma dimensão de profunda emotividade.
ResponderEliminarCumprimentos,
Gonçalo Lamas
cineglam7.blogspot.com
A cena da morte da mãe de Bambi é uma das mais famosas da História do cinema e o curioso é que nem sequer a vemos, apenas a ouvimos! Um filme inesquecível.
ResponderEliminarGONÇALO LAMAS: E é uma narrativa que não é liderada pela palavra, mas sim pela arte da imagem e da animação. Brilhante.
ResponderEliminarANÓNIMO: É mesmo, nem a vemos. Apenas a ouvimos e depois apercebemo-nos da tragédia. E chega a ser comovente. Fará para as crianças. Sem dúvida, um filme inesquecível.
É pena não ter assinado o seu testemunho, desse modo conheceríamos a sua identidade.
Cumps.
Roberto Simões
» CINEROAD - Há 2 Anos na Estrada do Cinema «
Dos clássicos da Disney mais conhecidos, e não é por menos, o seu carácter simplista, quase sem falas e o ambiente da floresta fornecem uma distinção no seio das animações Disney.
ResponderEliminarConcordo e gostei da crítica, faz-nos reviver um pouco o filme, percorrê-lo mentalmente, ainda que sem o poder visual, sugestivo e conotativo é impossível captar a essência do mesmo.
Não há muito mais a dizer, a não ser que talvez pela sua simplicidade tremenda não se situe nos meus clássicos preferidos. Não o vi em criança e isso certamente, aqui mais do que nunca, é um factor determinante na perspectiva de identificação.
abraço
JORGE: Por acaso também não foi dos filmes da minha infância, mas regredi facilmente ao vê-lo. E adorei.
ResponderEliminarCumps.
Roberto Simões
» CINEROAD - Há 2 Anos na Estrada do Cinema «
"Bonito" é o adjectivo que lhe melhor assenta, sem dúvida. Um clássico verdadeiramente encantador, sem dúvida.
ResponderEliminarMARCELO PEREIRA: Pois, "bonito" costuma ser um adjectivo a evitar, nestas lides, dada a sua banalização. Mas de facto, parece-me o caracterizador apropriado para a obra em questão.
ResponderEliminarCumps.
Roberto Simões
» CINEROAD - Há 2 Anos na Estrada do Cinema «
Pois, este vi-o em criança (anos 50) e depois nunca mais. Até que seria engraçado revê-lo um dia destes, assim numa tarde do domingo ensolarada
ResponderEliminarRATO: É um filmaço. Muito dirigido ao público infantil, mas ao qual os adultos não negarão as suas qualidades, espero.
ResponderEliminarCumps.
Roberto Simões
» CINEROAD - Há 2 Anos na Estrada do Cinema «
Filme tão triste, Deus. Vi-o uma vez, há muitos muitos anos, e nunca mais tive coragem do voltar a ver.
ResponderEliminarCLÁUDIA GAMEIRO: ;) Por acaso não o achei assim tão triste. É o ciclo da vida a decorrer ao rigor das estações. Mas é claro que a morte da mãe de Bambi é algo de trágico, e difícil de digerir, certamente, para as crianças. Vê-o novamente, é tão lindo.
ResponderEliminarCumps.
Roberto Simões
» CINEROAD - Há 2 Anos na Estrada do Cinema «
Nunca foi e não é dos meus favoritos, mas reconheço-lhe, como a todos os Disney da altura, grande potencial nostálgico e humedecedor de olhos, ahah.
ResponderEliminarDIOGO F: Mas olha que o filme tem bem mais qualidades do que essas, seguramente. É ver para crer.
ResponderEliminarCumps.
Roberto Simões
» CINEROAD – A Estrada do Cinema «
Parabéns Roberto! Texto mesmo impressionante (tens uma bela escrita) e que transmite bem os valores deste filme intemporal. Este é para mim o filme de animação que define o género. EVER!
ResponderEliminarO Rei Leão é muito bom (sim é mesmo) mas está a 50 anos de distância deste maravilhoso Bambi, que tão cedo desbravou com uma narrativa que é mais complexa e rica em sub-leituras, do que parece, e "ilustrado" com imagens que falam por si mesmas em sequências de génio e ambivalente para crianças e graúdos.
É uma obra genial e desde sempre um marco no género, que merece ser continuamente revisitado.
Os meus dois filhos (e o mais velho tem 4!), já o vêem com um encanto tremendo e reconhecem o Bambi facilmente (tem sido a minha missão de gradualmente lhes dar a conhecer o novo e o antigo... enquanto aproveito para ver também!).