★★★★
Título Original: The HappeningRealização: M. Night Shyamalan
Principais Actores: Mark Wahlberg, Zooey Deschanel, John Leguizamo, Ashlyn Sanchez, Betty Buckley, Frank Collison, Robert Lenzi, Spencer Breslin , Jeremy Strong
Crítica:
A AMEAÇA INVISÍVEL
Science will come up with some reason to put in the books, but in the end it'll be just a theory. I mean, we will fail to acknowledge that there are forces at work beyond our understanding. To be a scientist, you must have a respectful awe for the laws of nature.
M. Night Shyamalan concebe o engenhoso argumento d' O Acontecimento tendo por base dois dos maiores medos das civilizações actuais: o terrorismo levado a cabo por fundamentalistas radicais (os fantasmas do 11 de Setembro vieram despertar o mundo para uma assustadora realidade, traumatizando, em especial, a América) e a destruição implacável e imprevisível da Natureza (as consequências do aquecimento global traçam um novo perfil do Homem - o destruidor - e os alarmes dos especialistas tendem a consciencializar, ainda que lenta ou tardiamente, a opinião pública e a opinião de cada um de nós).
A primeira vez que vi O Acontecimento fiquei com a impressão de que nem sempre uma boa ideia era suficiente para fazer uma boa história. Agora que revi o filme, não tenho como negar a minha anterior afirmação; porém, asseguro que essa lógica não se apropria aqui. O Acontecimento tem, sim, uma boa história. Não é uma história com a beleza e profundidade da de um O Sexto Sentido, de um O Protegido ou de um A Vila, evidentemente, mas parte de uma excelente premissa, explora-a com assaz inteligência e subtileza dramatúrgica e constrói um mistério que se intensifica continuamente, ganhando uma essência cada vez mais sinistra e emocionalmente poderosa. Dos créditos iniciais ao desfecho nada apaziguador, entramos numa atmosfera de puro suspense, numa luta pela sobrevivência capaz de atormentar a psique até ao limite.
Elliot Moore é professor de ciências. Lecciona uma aula sobre o desaparecimento das abelhas, relembrando What are the rules for scientific investigation? Identify variables, design the experiment... careful observation and measurement... interpretation of pattern enquanto de Nova Iorque chegam as notícias de uma série de enigmáticas mortes. Já assistímos a algumas delas. Sabemos que são suicídios involuntários. Sim, suicídios involuntários. Causa? Não a conhecemos.
Uma das piores e mais assustadoras ameaças das quais podemos ser alvos, enquanto seres humanos, é o invisível, ainda para mais quando desconhecido e impossível de interpretar. Shyamalan propõe-nos uma dessas ameaças e experienciamo-la com especial intensidade. Afinal, o perigo alastrar-se-á ao sabor do vento. A possibilidade ficcional de tamanha ideia poderia soar absolutamente ridícula, mas a construção do argumento é tão notável que a faz totalmente credível. A realização do mestre, contida e excepcional, concretiza as possibilidades do argumento.
Ficam lançados, uma vez mais, os avisos... aqui na forma de uma importante mensagem ecológica, de reconciliação com a Natureza, essecial para o equilíbrio da vida no planeta. E ninguém conta uma história de suspense como Shyamalan, um dos mais brilhantes e incompreendidos autores da actualidade.
Shyamalan simplesmente não faz maus filmes. O Acontecimento é, por isso, uma obra com qualidades e que vale a pena. No entanto, tal facto não invalida que lhe aponte aspectos menos positivos, porque os tem e são evidentes: o filme beneficiaria de um maior teor artístico caso o trabalho fotográfico de Tak Fujimoto fosse habilitado de uma maior sensibilidade estética, caso a banda sonora de James Newton Howard fosse mais envolvente. Ambos os contributos são competentes, mas nunca extraordinários. Apesar de tudo, se há erro crasso, é um erro de casting. Não me refiro nem a Zooey Deschanel, nem a John Leguizamo, nem sequer à pequena Ashlyn Sanchez. Nem sequer a Frank Collison ou a Betty Buckley, a brilhante Mrs. Jones. Estão todos formidáveis. Refiro-me ao protagonista, Mark Wahlberg, cujo desempenho se revela, na maior parte das vezes, superficial e lamentável.
A primeira vez que vi O Acontecimento fiquei com a impressão de que nem sempre uma boa ideia era suficiente para fazer uma boa história. Agora que revi o filme, não tenho como negar a minha anterior afirmação; porém, asseguro que essa lógica não se apropria aqui. O Acontecimento tem, sim, uma boa história. Não é uma história com a beleza e profundidade da de um O Sexto Sentido, de um O Protegido ou de um A Vila, evidentemente, mas parte de uma excelente premissa, explora-a com assaz inteligência e subtileza dramatúrgica e constrói um mistério que se intensifica continuamente, ganhando uma essência cada vez mais sinistra e emocionalmente poderosa. Dos créditos iniciais ao desfecho nada apaziguador, entramos numa atmosfera de puro suspense, numa luta pela sobrevivência capaz de atormentar a psique até ao limite.
Elliot Moore é professor de ciências. Lecciona uma aula sobre o desaparecimento das abelhas, relembrando What are the rules for scientific investigation? Identify variables, design the experiment... careful observation and measurement... interpretation of pattern enquanto de Nova Iorque chegam as notícias de uma série de enigmáticas mortes. Já assistímos a algumas delas. Sabemos que são suicídios involuntários. Sim, suicídios involuntários. Causa? Não a conhecemos.
Central Park was just hit by what seems to be a terrorist attack. They're not clear on the scale yet. It's some kind of airborne chemical toxin that's been released in and around the park. They said to watch for warning signs. The first stage is confused speech. The second stage is physical disorientation, loss of direction. The third stage... is fatal.
Uma das piores e mais assustadoras ameaças das quais podemos ser alvos, enquanto seres humanos, é o invisível, ainda para mais quando desconhecido e impossível de interpretar. Shyamalan propõe-nos uma dessas ameaças e experienciamo-la com especial intensidade. Afinal, o perigo alastrar-se-á ao sabor do vento. A possibilidade ficcional de tamanha ideia poderia soar absolutamente ridícula, mas a construção do argumento é tão notável que a faz totalmente credível. A realização do mestre, contida e excepcional, concretiza as possibilidades do argumento.
Ficam lançados, uma vez mais, os avisos... aqui na forma de uma importante mensagem ecológica, de reconciliação com a Natureza, essecial para o equilíbrio da vida no planeta. E ninguém conta uma história de suspense como Shyamalan, um dos mais brilhantes e incompreendidos autores da actualidade.
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Shyamalan simplesmente não faz maus filmes. O Acontecimento é, por isso, uma obra com qualidades e que vale a pena. No entanto, tal facto não invalida que lhe aponte aspectos menos positivos, porque os tem e são evidentes: o filme beneficiaria de um maior teor artístico caso o trabalho fotográfico de Tak Fujimoto fosse habilitado de uma maior sensibilidade estética, caso a banda sonora de James Newton Howard fosse mais envolvente. Ambos os contributos são competentes, mas nunca extraordinários. Apesar de tudo, se há erro crasso, é um erro de casting. Não me refiro nem a Zooey Deschanel, nem a John Leguizamo, nem sequer à pequena Ashlyn Sanchez. Nem sequer a Frank Collison ou a Betty Buckley, a brilhante Mrs. Jones. Estão todos formidáveis. Refiro-me ao protagonista, Mark Wahlberg, cujo desempenho se revela, na maior parte das vezes, superficial e lamentável.
Não percebo as más críticas a este filme. Não é um grande filme, mas é um pedaço de entretenimento bastante razoável.
ResponderEliminarAo menos, foste menos radical.
3.5*, quanto a mim.
Abraço
Noa tau mau como o pintam, mas podeia ser bem melhor!
ResponderEliminarNão é um mau filme mas perde-se nas suas ideias...
ResponderEliminarMas consegue o seu papel como suspense mas o destaque vai mesmo para o trailer que de suspense era do início ao fim...
Abraço
http://nekascw.blogspot.com/
Ao lado de A Dama na Água, o trabalho mais fraco de M. Night Shyamalan. Até a minha preferida Zooey Deschannel não parece à vontade no papel.
ResponderEliminarEm relação às imensas críticas negativas que o filme recebeu, são produto da guerra que o indiano iniciou contra os críticos - simbolicamente expressada com o crítico chato e arrogante assassinado em A Dama na água.
Cinema para Desocupados
É, na minha opinião, a obra mais fraca de Shyamalan. No entanto, não é tão mau como o consideram, é verdade. Tem bons momentos de suspense e uma excelente ideia que poderia ter sido utilizada melhor, é verdade.
ResponderEliminarNo entanto, considero um bom Série B (penso que foi mesmo Shyamalan que disse que queria fazer um Série B de grande orçameno com este O Acontecimento).
As três estrelas estão bem atribuídas.
Cumprimentos.
JACKIE BROWN: Estamos de acordo. Mas é pena, M. Night Shyamalan é capaz de muito melhor.
ResponderEliminarJOÃO BASTOS: Pois, também penso isso.
NEKAS: Parece que temos todos a mesma opinião...
MATEUS, O INDOLENTE: LADY IN THE WATER é um trabalho excepcional, dos melhores de Shyamalan. Aliás, considero este THE HAPPENING o único dos seus filmes que não atinge um bom patamar de qualidade.
Quanto ao seu segundo parágrafo, acho um tanto ou quanto disparatada, a ideia.
THE MOVIE MAN: Eu não vou nada com essa do conceito de filmes de série B. lol Para mim, há bons e maus filmes. E este é razoável. Estamos então de acordo com a nota ;) e com o valor da obra.
Cumps.
Roberto Simões
CINEROAD - A Estrada do Cinema
Como o João disse não tão mau quanto o pintam, na verdade fiquei conhecendo esse filme pelo "Fim dos Tempos"
ResponderEliminarAchei com uma história interessante, mas faltou pitadas de atuações
É de facto um filme menos bem conseguido do realizador, mas eu gosto bastante. As premissas de Shyamalan são sempre geniais, mas não é tão bom realizador e às vezes não consegue fazer jus às suas ideias. O pior em O Acontecimento acaba por ser a dupla de protagonistas: sofrível.
ResponderEliminarMIRELLA SANTOS: Sim, faltou essencialmente carisma nas interpretações. Gostava de ter visto outros actores à frente do projecto.
ResponderEliminarTIAGO RAMOS: Eu considero-o um grande realizador. Um mestre da subtileza. Mas de facto aqui não esteve muito certeiro. Quanto à dupla de protagonistas, partilho da tua opinião.
Cumps.
Roberto Simões
» CINEROAD - A Estrada do Cinema «
Também não entendo o porquê de tanto desprezo, já foi eleito pior filme do novo milênio por uma revista brasileira, os críticos o trataram tão "bem" quanto BATTLEFIELD EARTH. Mas é um filme onde o talento de Shyamalan para construir belas cenas salta à vista.
ResponderEliminarNo aguarde da opinião do blogueiro.
GUSTAVO: Aí está a crítica. Estou absolutamente de acordo consigo.
ResponderEliminarCumps.
Roberto Simões
» CINEROAD - A Estrada do Cinema «
Eu também acho que Shylaman não faz maus filmes, só não faz é filmes para todos.
ResponderEliminarO que penso deste filme e que foi o que me desiludiu é que via-se que podia ter sido muito melhor, o argumento é bom mas podia ser excelente e a escolha de protagonista podia ter sido melhor...
Abraço
Cinema as my World
NEKAS: Sim, estamos absolutamente de acordo. Podia ser melhor. E, sim, Shyamalan não faz filmes para todos!
ResponderEliminarCumps.
Roberto Simões
» CINEROAD - A Estrada do Cinema «
Concordo, ele tem melhor mas Happening é um bom filme e eu confesso que já não sentia este tipo de suspense numa sala de cinema há bastante tempo.
ResponderEliminarOs 3 estágios da "doença" estão muito bem conseguidos e o final é bem engraçado.
O Mark Whalberg oscila entre grandes papéis e outros menos conseguidos. Com o PT Anderson e o Scorscese ele conseguiu brilhar por exemplo.
LOOT: Sim, é verdade. Apesar das suas limitações, sob a direcção de Scorsese em THE DEPARTED e de P.T. Anderson em BOOGIE NIGHTS ele tem prestações formidáveis.
ResponderEliminarCumps.
Roberto Simões
» CINEROAD - A Estrada do Cinema «
Não me agradam as obras deste cineasta. Possuem uma moral religiosa - ou espiritual, ou etérea, ou metafísica, como queiram - que não combina com uma visão laica da vida.
ResponderEliminarENALDO: Neste caso estamos em desacordo. Por acaso, nas primeiras vezes a que assisti a filmes como O PROTEGIDO ou A VILA, nem os admirei por aí além. Porém, redescobri um curioso cineasta, com o tempo. Quando assisti ao seu magistral A SENHORA DA ÁGUA, já o vi com outros olhos. A redescobrir, quem sabe, também por si. Ultimamente, contudo, tem tido um percurso infeliz, o realizador.
ResponderEliminarRoberto Simões
CINEROAD