★★★★★
Realização: Martin Scorsese
Principais Actores: Robert De Niro, Ray Liotta, Joe Pesci, Lorraine Bracco, Paul Sorvino, Frank Sivero, Tony Darrow, Mike Starr
Crítica:
A RECOMPENSA DO CRIME
As far back as I can remember,
I always wanted to be a gangster.
I always wanted to be a gangster.
Tudo Bons Rapazes é mais uma dessas magistrais concretizações scorsesianas, onde a arte atinge um estado sublime e irrepreensível. A viagem é ao mundo do crime, à máfia nova-iorquina dos anos 50, 60 e 70, ao fascínio e à decadência atroz desse boémio, brutal e imoral universo. Tal como nesse cru, violento e imprevisível meio, a narrativa avança, pára e retrocede sem regras pré-estabelecidas. A sua forma varia consoante a melopeia encantatória ou a alucinação frenética da cocaína.
Baseado em factos verídicos e a partir do seu próprio romance, Nicholas Pileggi desfere o argumento com uma frontalidade e virtuosidade ímpares. Num entretenimento sempre cativante, pouco sentimental, violento e com um fio de humor sarcástico e provocador, temos um elenco de luxo (Robert De Niro, Ray Liotta e um fenomenal Joe Pesci) em papéis memoráveis. Ray Liotta é Henry Hill: desde pequeno que sonha ingressar na elite dos anéis de ouro e da vida fácil. Com os amigos certos, entra num caminho sem retorno onde vale tudo para fazer dinheiro. A amizade existe, mas à base de interesses. A traição é um prato indispensável, que se serve frio. Outras vezes, serve-se por impulso, outras por compulsão. A narração é feita a duas vozes, mas na sua maior parte surge na voz do protagonista, que se auto-analisa por meio dela, num non-sense inovador. O argumento dá também voz à mulher de Henry e por meio dela temos acesso ao ponto de vista feminino. Apercebemo-nos da violência do casamento e da pertinência do seu valor. Valor que, como tantos outros, tendem a tornar-se normais, ainda que eticamente reprováveis. No fim de contas, porém, compensará o crime? O filme dá resposta. Seja de faca em punho, de arma em riste ou com fatal ironia.
A assegurar a rítmica e fluída linguagem que todo o filme propõe temos - absolutamente indissociável - o nome de Thelma Schoonmaker. O seu talento para - filme após filme - cortar e montar, se renovar e superar impõe-se como um extraordinário exemplo de criatividade. As canções têm também um papel determinante. Afinal, são à volta de 40 canções, as que suportam a narrativa, com diferentes sonoridades. Tudo Bons Rapazes é, por isso também, uma obra tão marcadamente musical. A câmera, por sua vez, filma inspiradíssima, com uma precisão e visão estética notáveis. Em última instância, uma obra como Tudo Bons Rapazes revelar-se-á - sempre - como um corajoso e magnetizante exercício de cinema.
Baseado em factos verídicos e a partir do seu próprio romance, Nicholas Pileggi desfere o argumento com uma frontalidade e virtuosidade ímpares. Num entretenimento sempre cativante, pouco sentimental, violento e com um fio de humor sarcástico e provocador, temos um elenco de luxo (Robert De Niro, Ray Liotta e um fenomenal Joe Pesci) em papéis memoráveis. Ray Liotta é Henry Hill: desde pequeno que sonha ingressar na elite dos anéis de ouro e da vida fácil. Com os amigos certos, entra num caminho sem retorno onde vale tudo para fazer dinheiro. A amizade existe, mas à base de interesses. A traição é um prato indispensável, que se serve frio. Outras vezes, serve-se por impulso, outras por compulsão. A narração é feita a duas vozes, mas na sua maior parte surge na voz do protagonista, que se auto-analisa por meio dela, num non-sense inovador. O argumento dá também voz à mulher de Henry e por meio dela temos acesso ao ponto de vista feminino. Apercebemo-nos da violência do casamento e da pertinência do seu valor. Valor que, como tantos outros, tendem a tornar-se normais, ainda que eticamente reprováveis. No fim de contas, porém, compensará o crime? O filme dá resposta. Seja de faca em punho, de arma em riste ou com fatal ironia.
A assegurar a rítmica e fluída linguagem que todo o filme propõe temos - absolutamente indissociável - o nome de Thelma Schoonmaker. O seu talento para - filme após filme - cortar e montar, se renovar e superar impõe-se como um extraordinário exemplo de criatividade. As canções têm também um papel determinante. Afinal, são à volta de 40 canções, as que suportam a narrativa, com diferentes sonoridades. Tudo Bons Rapazes é, por isso também, uma obra tão marcadamente musical. A câmera, por sua vez, filma inspiradíssima, com uma precisão e visão estética notáveis. Em última instância, uma obra como Tudo Bons Rapazes revelar-se-á - sempre - como um corajoso e magnetizante exercício de cinema.
Este filme parece ser onde os criadores da série Os Sopranos foram buscar inspiração... e actores!
ResponderEliminarGrande filme.
Uma das obras-primas do Scorcese. De lá pra cá o Ray Liotta nunca mais foi o mesmo. Bem que o tio Scorcese podia fazer mais um filme de máfia (só pra matar saudade dos velhos tempos!).
ResponderEliminarCultura? o lugar é aqui:
http://culturaexmachina.blogspot.com
O primeiro filme de Scorsese que vi.
ResponderEliminarEsplêndida encenação, elenco maravilhoso. No aguarde do texto.
ResponderEliminarVi este filme em pequeno e adorei. Hoje, vejo-o com outros olhos e ainda adoro mais!
ResponderEliminar"Funny how?"
Abraço
Cinema as my World
É um filme muito bom mesmo, penso que gostarás bastante, Roberto ;)
ResponderEliminarO nome dele aí é execrável né? Amo esse filme. AMO.
ResponderEliminarSIMÃO: Dizem que sim. E parece que sim! ;)
ResponderEliminarPSEUDO-AUTOR: Não o vejo como uma obra-prima, mas anda lá perto. Muito perto.
Scorsese fez, como sabemos, THE DEPARTED em 2006. Vibra assim tanto com filmes de máfia? ;D
ÁLVARO MARTINS: E então? Qual o veredicto?
GUSTAVO: Aí está a crítica. Esplêndida encenação, 'indeed'!
NEKAS: Só o descobri recentemente, mas já esperava por ele há muito tempo. E... cumpriram-se as expectativas.
FLÁVIO GONÇALVES: Gostei, pois. Como poderia não gostar?
JOÃO GONÇALVES: Sim, tecnica e narrativamente assombroso. Grande filme.
WALLY: Não tão execrável assim, creio.
Cumps.
Roberto Simões
» CINEROAD - A Estrada do Cinema «
Fluidez e dinamicidade são realmente alguns dos atributos que se destacam nessa obra seminal de Scorsese.
ResponderEliminarVeredícto?
ResponderEliminarQuanto a mim, só tem dois filmes melhores (Taxi Driver e Raging Bull) e um ao mesmo nível (Bringing Out The Dead). Isso diz tudo ;)
GUSTAVO: Indiscutivelmente ;)
ResponderEliminarÁLVARO MARTINS: Diz pois ;) É só para que fique claro. Desses ainda só não vi, como sabes, o BRINGING OUT THE DEAD.
Cumps.
Roberto Simões
» CINEROAD - A Estrada do Cinema «
É um filme muito competente e genuíno, sem filtros, muito forte. E claro, muito bom.
ResponderEliminarTIAGO RAMOS: Subscrevo!
ResponderEliminarCumps.
Roberto Simões
» CINEROAD - A Estrada do Cinema «
Concordo imenso com grande parte da crítica e só não digo que me identifico com ela porque já não me lembro totalmente do filme. Enfim, Goodfella é um filme que supera na parte técnica mas também prima pelos restantes elementos. As interpretações são de louvar!
ResponderEliminarAbraço
Cinema as my World