★★★★
Título Original: CrashRealização: Paul Haggis
Principais Actores: Matt Dillon, Don Cheadle, Sandra Bullock, Brendan Fraser, Thandie Newton, Ryan Phillippe, Larenz Tate, Jennifer Esposito, William Fichtner, Nona Gaye, Terrence Howard, Michael Pena, Shaun Toub, Bahar Soomekh
Crítica:
ATÉ AO LIMITE:
ENTRE O CHOQUE E A CATARSE
Fascinante, absolutamente surpreendente e derradeiramente redentor. Colisão é um dos mais estimulantes exercícios de escrita dos últimos anos, subtil na construção e profundamente crítico na análise que faz da complexidade da existência humana em sociedade.
Entregues a uma globalização e a um multiculturalismo que tantas vezes mais nos separa do que nos aproxima, o ser humano parece caminhar para a extinção do sentimento e da compaixão. Está a tornar-se cada vez mais frio, só e indiferente. E, ao mesmo tempo, cada vez mais preconceituoso e intolerante. In L.A., nobody touches you. We're always behind this metal and glass. I think we miss that touch so much, that we crash into each other, just so we can feel something. O argumento resulta poderosíssimo. Há, aliás, cenas verdadeiramente arrepiantes, tal é a colisão de falsos valores e de verdades essenciais; lembro, por exemplo, a cena do atribulado resgate de Christine sob as chamas do despiste ou a da protecção da capa invisível das balas do infortúnio. Sublimes e de uma encenação magistral. O elenco, esse, supera-se sob a direcção inspirada de Paul Haggis: Matt Dillon, Thandie Newton, Terrence Howard, Michael Peña, Ryan Phillippe... todos viscerais nas suas prestações. Ainda por referir está a magnífica canção In the Deep que, após o choque, purifica a catarse. No final, somos todos da mesma matéria, do mesmo pó...
ATÉ AO LIMITE:
ENTRE O CHOQUE E A CATARSE
Fascinante, absolutamente surpreendente e derradeiramente redentor. Colisão é um dos mais estimulantes exercícios de escrita dos últimos anos, subtil na construção e profundamente crítico na análise que faz da complexidade da existência humana em sociedade.
Entregues a uma globalização e a um multiculturalismo que tantas vezes mais nos separa do que nos aproxima, o ser humano parece caminhar para a extinção do sentimento e da compaixão. Está a tornar-se cada vez mais frio, só e indiferente. E, ao mesmo tempo, cada vez mais preconceituoso e intolerante. In L.A., nobody touches you. We're always behind this metal and glass. I think we miss that touch so much, that we crash into each other, just so we can feel something. O argumento resulta poderosíssimo. Há, aliás, cenas verdadeiramente arrepiantes, tal é a colisão de falsos valores e de verdades essenciais; lembro, por exemplo, a cena do atribulado resgate de Christine sob as chamas do despiste ou a da protecção da capa invisível das balas do infortúnio. Sublimes e de uma encenação magistral. O elenco, esse, supera-se sob a direcção inspirada de Paul Haggis: Matt Dillon, Thandie Newton, Terrence Howard, Michael Peña, Ryan Phillippe... todos viscerais nas suas prestações. Ainda por referir está a magnífica canção In the Deep que, após o choque, purifica a catarse. No final, somos todos da mesma matéria, do mesmo pó...
Não o achei nenhuma obra prima. Reconheco-lhe a qualidade, mas acho algo oscilante. Já se fez melhor antes (Magnolia) e depois (Babel).
ResponderEliminarUm enorme destaque para Michael Peña.
Abraço
Em breve também irei fazer a crítica a esta filme, no entanto gostei imenso deste filme mas há vários filmes deste género que o ultrapassam...
ResponderEliminarAbraço
http://nekascw.blogspot.com/
Ok. Acho esse filme uma obra-prima Roberto, só que ele sempre será odiado por mim, por roubar a estatuera do melhor filme da década! Inadimissivel!
ResponderEliminarNão gostei quando vi da primeira vez, porque achei forçado e simplista. Mas na revisão, em DVD, minha nova opinião se aproxima mais da sua!
ResponderEliminarCumps.
AMEI sua crítica. De verdade. E este é um filme importamente para mim. A época em que o vi me marcou e lembro perfeitamente da sessão no cinema. Chorei horrores como nunca antes havia chorado em um filme.
ResponderEliminar5 estrelas!
Se é obra-prima, não sei... Considero um enorme filme, merecedor de todos os prémios a que teve direito (incluindo o Oscar de Melhor Filme).
ResponderEliminarEste foi um filme que estava renitente em ver. Quando comecei a vê-lo, não consegui parar, pois o filme é cativante.
ResponderEliminarUm filme genial, que me tocou, com cenas magnificas (as duas que salientas são as que me marcaram mais tambem), com um argumento muito bem escrito, com um elenco magnifico...
Gostei mesmo muito deste filme.
Bjs
É um bom filme, mas se me pedissem uma lista de filmes sobrevalorizados, Crash constaria com toda a certeza.
ResponderEliminarVi-o à cerca de um ano e não vi a razão de tanto alarido. Achei-o totalmente sobrevalorizado, ainda por cima num ano de excelentes colheitas :p Terei de o rever...
ResponderEliminarAbraço
Roberto, eu acho que títulos podem influenciar uma pessoa a querer ver um filme ou não. Acho que a escolha do título é, de certa forma, importante, pois ele faz parte do conjunto da obra.
ResponderEliminar=)
JACKIE BROWN: BABEL e MAGNOLIA, essas filmes sim, considero-os obras-primas absolutas. Suponho que os tenhas referido pelo modelo narrativo das várias personagens que se cruzam. COLISÃO, considero-o um filme muito bom, mas que claramente não atinge esse estatuto.
ResponderEliminarNEKAS: Creio não haver muita necessidade de o comparar, constantemente, a filmes do género.
CLEBER ELDRIDGE: Como referi nas respostas anteriores, não o considero uma obra-prima. Também acho imcompreensível que tenha vencido o Óscar, mas a culpa não é do filme, não é; não o odeie por isso ;)
GUSTAVO: Eu não o cheguei a ver em cinema. Mas, quando o vi, surpreendeu-me em absoluto. Arrepiou-me a espinha em alguns momentos.
WALLY: Obrigado ;) Na verdade, deverá ser um filme importante para muita gente. Sociologicamente sê-lo-á de certeza. Compreendo que chorasses, toca muitas sensibilidades ;)
JOÃO BASTOS: É um grande filme, certamente não é nenhuma obra-prima. Pode ter merecido o Óscar, mas decerto haveriam outros que o mereciam mais.
GEMA: É um daqueles filmes que começamos a ver com algumas reticências e acabamos de vê-lo totalmente rendidos :)
LUÍS: Estou de acordo. Realmente, o títulos de vocês não foi lá muito bem escolhido, não! ;) Você tem um fraquinho por títulos, confessa! ;)
TIAGO RAMOS: Provavelmente estarei de acordo contigo. Provavelmente.
JACKSON: Eu acho-o um bom filme, apesar de também o considerar sobrevalorizado, para todos aqueles que se debatem pelo estatuto de "obra-prima" ou pelos prémios de Melhor Filme.
LUÍS: Claro. Subjectivamente, não só podem influenciar como influenciam efectivamente os espectadores. Mas é uma questão, sejamos frontais, que nada tem a ver com a arte concebida pelo criador.
Cumps.
Roberto Simões
CINEROAD – A Estrada do Cinema
Como pedido, cá estou.
ResponderEliminarEu gosto do CRASH, acho que é uma interessante análise ao comportamento das pessoas e à forma como reagimos diferentemente em vários contextos. Agora, não percebo como é que muita gente não vê as enormes falhas que o filme tem, além de toda a gente dizer coisas dele que o filme não é.
Como por exemplo dizerem que é um filme que mostra como a discriminação e o racismo são grandes disruptores da sociedade.
Este filme brinca com a discriminação e os estereótipos e, por tanto querer mostrar tudo e toda a gente a coincidir e a "colidir", as histórias todas interligadas, mostrar a dupla face das pessoas, falha redondamente.
É claro que tinha que ter bastante apoio e sucesso, pois era um filme satisfatório, inspiracional, que nos faz pensar que o que vimos no ecrã é qualquer coisa de extraordinário, com reviravoltas dignas dos maiores filmes de sempre e nada é o que parece e etc.
É um filme positivo, que nos faz sentir bem depois, como se tivéssemos feito expiação, como se nos tivesse ajudado a analisar os nossos comportamentos no dia-a-dia e a forma como fazemos pré-concepções das pessoas que muitas vezes estão erradas.
É manipulador, provocador e irrealista, tem um argumento bastante pobre e a direcção é nada mais que medíocre.
E roubou o Óscar a BROKEBACK MOUNTAIN. Uma das piores decisões de SEMPRE da Academia. E uma que não se percebe, porque NUNCA aconteceu na história do cinema. Nunca um filme foi para uma cerimónia depois de limpar todos os prémios possíveis e imaginários (excepto o de Elenco do SAG, mas esse era impossível o filme ganhar) - incluindo o PGA, o Globo de Ouro, o DGA e os prémios de críticos quase todos - e perder o Óscar.
E embora se a decisão tivesse parecido partir baseada na apreciação da qualidade dos dois filmes, tudo bem. Agora, toda a gente sabe perfeitamente bem a jogada de bastidor que teve que ocorrer para tal evento impensável acontecer. (deixo aqui um link interessante sobre o assunto: http://theenvelope.latimes.com/awards/oscars/env-turan5mar05,0,5359042.story)
Abraço,
Jorge Rodrigues
http://dialpforpopcorn.blogspot.com
JORGE RODRIGUES: Também gosto bastante de COLISÃO, mas não lhe aponto esses defeitos no argumento. Para mim é um argumento brilhante e ponto final.
ResponderEliminarO fenómeno Óscares realmente injustiçou uns quantos filmes superiores do mesmo ano, mas a Academia tem tomado decisões incompreensíveis. Mas enfim, os Óscares também valem o que valem.
Achei o artigo que recomendaste muito interessante, vou dá-lo a conhecer a seguir, na forma de um comentário.
Obrigado.
Cumps.
Roberto Simões
» CINEROAD - A Estrada do Cinema «
O leitor Jorge Rodrigues deixou-nos, num comentário anterior, o link de um artigo do LA Times, sobre a derrota de O SEGREDO DE BROKEBACK MOUNTAIN perante este COLISÃO de Paul Haggis.
ResponderEliminarFaço questão de o colocar aqui, para os interessados e para potenciar, quiçá, um novo debate:
«Sometimes you win by losing, and nothing has proved what a powerful, taboo-breaking, necessary film "Brokeback Mountain" was more than its loss Sunday night to "Crash" in the Oscar best picture category.
Despite all the magazine covers it graced, despite all the red-state theaters it made good money in, despite (or maybe because of) all the jokes late-night talk show hosts made about it, you could not take the pulse of the industry without realizing that this film made a number of people distinctly uncomfortable.
More than any other of the nominated films, "Brokeback Mountain" was the one people told me they really didn't feel like seeing, didn't really get, didn't understand the fuss over. Did I really like it, they wanted to know. Yes, I really did.
In the privacy of the voting booth, as many political candidates who've led in polls only to lose elections have found out, people are free to act out the unspoken fears and unconscious prejudices that they would never breathe to another soul, or, likely, acknowledge to themselves. And at least this year, that acting out doomed "Brokeback Mountain."
For Hollywood, as a whole laundry list of people announced from the podium Sunday night and a lengthy montage of clips tried to emphasize, is a liberal place, a place that prides itself on its progressive agenda. If this were a year when voters had no other palatable options, they might have taken a deep breath and voted for "Brokeback." This year, however, "Crash" was poised to be the spoiler.
Continua...
Cumps.
Roberto Simões
» CINEROAD - A Estrada do Cinema «
Continuação...
ResponderEliminarI do not for one minute question the sincerity and integrity of the people who made "Crash," and I do not question their commitment to wanting a more equal society. But I do question the film they've made. It may be true, as producer Cathy Schulman said in accepting the Oscar for best picture, that this was "one of the most breathtaking and stunning maverick years in American history," but "Crash" is not an example of that.
I don't care how much trouble "Crash" had getting financing or getting people on board, the reality of this film, the reason it won the best picture Oscar, is that it is, at its core, a standard Hollywood movie, as manipulative and unrealistic as the day is long. And something more.
For "Crash's" biggest asset is its ability to give people a carload of those standard Hollywood satisfactions but make them think they are seeing something groundbreaking and daring. It is, in some ways, a feel-good film about racism, a film you could see and feel like a better person, a film that could make you believe that you had done your moral duty and examined your soul when in fact you were just getting your buttons pushed and your preconceptions reconfirmed.
So for people who were discomfited by "Brokeback Mountain" but wanted to be able to look themselves in the mirror and feel like they were good, productive liberals, "Crash" provided the perfect safe harbor. They could vote for it in good conscience, vote for it and feel they had made a progressive move, vote for it and not feel that there was any stain on their liberal credentials for shunning what "Brokeback" had to offer. And that's exactly what they did.
"Brokeback," it is worth noting, was in some ways the tamest of the discomforting films available to Oscar voters in various categories. Steven Spielberg's "Munich"; the Palestinian Territories' "Paradise Now," one of the best foreign language nominees; and the documentary nominee "Darwin's Nightmare" offered scenarios that truly shook up people's normal ways of seeing the world. None of them won a thing.
Hollywood, of course, is under no obligation to be a progressive force in the world. It is in the business of entertainment, in the business of making the most dollars it can. Yes, on Oscar night, it likes to pat itself on the back for the good it does in the world, but as Sunday night's ceremony proved, it is easier to congratulate yourself for a job well done in the past than actually do that job in the present».
By Kenneth Turan, Times Staff Writer
March 5, 2006 - THE ENVELOPE, LA Times
Link: http://theenvelope.latimes.com/awards/oscars/env-turan5mar05,0,5359042.story
Cumps.
Roberto Simões
» CINEROAD - A Estrada do Cinema «
A vitória do Crash foi inesperada, o Brokeback tinha arrecadado a maioria dos prémios. Algo parecido com o que aconteceu com o Aviador e o Million Dollar baby acho.
ResponderEliminarGosto do Crash mas também sou daqueles que prefere o Brokeback Mountain. Lembro-me de algumas pessoas dizerem que o brokeback só andava a vencer prémios por ser sobre gays, uma pena que pensem assim eu fui ver o filme e Lee fez um belo trabalho neste filme. E antes de Joker também houve um Ennis del Mar absoulutamente magistral, Ledger parece novamente uma pessoa diferente no ecrã, a expressão facial, a forma de falar fechada. O homem era genial.