★★★★★
Realização: Martin Scorsese
Principais Actores: Leonardo DiCaprio, Matt Damon, Jack Nicholson, Mark Wahlberg, Martin Sheen, Ray Winstone, Vera Farmiga, Alec Baldwin, Anthony Anderson, James Badge Dale
Crítica:
Sublime no storytelling e brilhante nas interpretações, The Departed - Entre Inimigos é o perfeito exemplo de como é possível fazer entretenimento de excelência com profundo sentido estético, a partir de uma história policial que à partida muito teria de vulgar. É, também, o perfeito exemplo de como, sendo um dos mais velhos profissionais da área, Martin Scorsese consegue refrescar a sua carreira de títulos sonantes e mais ou menos eruditos na forma com um filme tão mais comercial e tão mais próximo do grande público.
Os Rolling Stones abrem a fita, situando a nostalgia do crime, os Pink Floyd dão sentimento aos envolvimentos das personagens, mediando as voltas e reviravoltas do enredo, e os Dropkick Murphys impulsionam a obra para um ritmo verdadeiramente contagiante; que aumenta em crescendo, incansavelmente, até ao final. E que final, tem este The Departed - Entre Inimigos. Frio, absolutamente insólito, inesperado e surpreendente. Mas as cadências de tão abonada obra não se ficam a dever, apenas, à magnífica e eclética banda sonora. O meticuloso e assaz genial trabalho de montagem, uma vez mais a cargo de Thelma Schoonmaker, também para isso muito contribui. Já para não falar da quase anafórica repetição de palavrões que, aparte qualquer ironia, habitam em multiplicação o argumento de William Monahan. Adaptando Infernal Affairs, Monahan passa a acção para Boston e tece, com humor, descontracção, metáfora ou extrema violência, a engenhosa teia de máfia e corrupção que se expande entre polícias e criminosos, espelhando as duas faces da mesma moeda e convocando uma pertinente e importante reflexão.
Jack Nicholson irradia talento num dos seus melhores papéis, à frente de um elenco de prestações formidáveis: Leonardo DiCaprio, Matt Damon, Mark Wahlberg, Martin Sheen ou Vera Farmiga. Eternizam-se, para sempre, cenas como aquela que antecede a morte de Frank Costello ou aquela outra em que o próprio simula uma ratazana, perante a possibilidade de Billy Costigan ser o polícia infiltrado. Fucking rats. A direcção de actores é magistral e sobressai neste todo amplamente sofisticado.
The Departed - Entre Inimigos é, por tudo isto e tanto mais, um trabalho da maior maturidade, que respira cinema a cada compasso; fá-lo, porém, com o mais jovial dos espíritos.
TUDO BONS RAPAZES:
OS INFILTRADOS E OS DEFUNTOS
I don't want to be a product of my environment.
I want my environment to be a product of me.
I want my environment to be a product of me.
Sublime no storytelling e brilhante nas interpretações, The Departed - Entre Inimigos é o perfeito exemplo de como é possível fazer entretenimento de excelência com profundo sentido estético, a partir de uma história policial que à partida muito teria de vulgar. É, também, o perfeito exemplo de como, sendo um dos mais velhos profissionais da área, Martin Scorsese consegue refrescar a sua carreira de títulos sonantes e mais ou menos eruditos na forma com um filme tão mais comercial e tão mais próximo do grande público.
Os Rolling Stones abrem a fita, situando a nostalgia do crime, os Pink Floyd dão sentimento aos envolvimentos das personagens, mediando as voltas e reviravoltas do enredo, e os Dropkick Murphys impulsionam a obra para um ritmo verdadeiramente contagiante; que aumenta em crescendo, incansavelmente, até ao final. E que final, tem este The Departed - Entre Inimigos. Frio, absolutamente insólito, inesperado e surpreendente. Mas as cadências de tão abonada obra não se ficam a dever, apenas, à magnífica e eclética banda sonora. O meticuloso e assaz genial trabalho de montagem, uma vez mais a cargo de Thelma Schoonmaker, também para isso muito contribui. Já para não falar da quase anafórica repetição de palavrões que, aparte qualquer ironia, habitam em multiplicação o argumento de William Monahan. Adaptando Infernal Affairs, Monahan passa a acção para Boston e tece, com humor, descontracção, metáfora ou extrema violência, a engenhosa teia de máfia e corrupção que se expande entre polícias e criminosos, espelhando as duas faces da mesma moeda e convocando uma pertinente e importante reflexão.
Jack Nicholson irradia talento num dos seus melhores papéis, à frente de um elenco de prestações formidáveis: Leonardo DiCaprio, Matt Damon, Mark Wahlberg, Martin Sheen ou Vera Farmiga. Eternizam-se, para sempre, cenas como aquela que antecede a morte de Frank Costello ou aquela outra em que o próprio simula uma ratazana, perante a possibilidade de Billy Costigan ser o polícia infiltrado. Fucking rats. A direcção de actores é magistral e sobressai neste todo amplamente sofisticado.
The Departed - Entre Inimigos é, por tudo isto e tanto mais, um trabalho da maior maturidade, que respira cinema a cada compasso; fá-lo, porém, com o mais jovial dos espíritos.
Que grande decepção foi este filme...
ResponderEliminarEntão aquele final onde morrem todos...
Vale por um surpreendente Whalbergh e, em parte, por Nicholson.
3.5*
Abraço
Gostei desse, porém não é uma das melhoras obras de Scorsese MESTRE!
ResponderEliminarDos poucos de Martin Scorsese que já vi. É interessante, mas não é do meu género preferido. A realização é excelente e a história, mesmo sendo um remake, está bem adaptada e coesa, com inúmeros twists que ajudam à história, criando uma dinâmica muito intensa. 3* ou 3.5*, ainda indeciso. :P
ResponderEliminarEu realmente pensava que eu não gostaria do filme. Uma graden surpresa para mim quando constatei que era um filme bastante interessante, que merecia ter sido visto antes.
ResponderEliminarCoincidentemente, ele será resenhado no Literatura e Cinema na semana que chega.
Voltarei quando você tiver atribuído nota e a resenha.
Jorge Mourinha disse:
ResponderEliminar"É, aliás, aí que "Entre Inimigos" demonstra o virtuosismo formal de um cineasta verdadeiramente no pico do seu talento: ao "desdobrar" essa síntese e essa exploração de temas num autêntico "jogo de espelhos" que faz dos dois "heróis" (à falta de melhor palavra) interpretados por Di Caprio e Matt Damon reversos de uma mesma medalha, pólos opostos, extremos que se tocam, Bem e Mal indissociáveis e inseparáveis. Ou, mais ainda, como transformar uma simples encomenda num filme com toda a alma do seu autor."
E, sinceramente, está tudo dito.
Gosto muito, mas não merecia ser o melhor filme de 2006.
ResponderEliminarABRAÇOS
Vale mais por Whalbergh do que por Nicholson.
ResponderEliminarO argumento não é do mesmo escritor do de Reino dos Céus?
Abraço
JACKIE BROWN: Depois do genial O Aviador, esperava algo diferente deste filme. Mas passada a frustração das expectativas e analisando a obra pelo que ela é, eis o meu veredicto. 5* --- 3.5* seria para mim impensável ;) Opiniões.
ResponderEliminarCLEBER ELDRIDGE: Estou de acordo.
TIAGO RAMOS: Também não é o meu género, apesar de lhe reconhecer o valor. É, de facto, um filme cheio de dinâmica. Como disse ao Jackie Brown, 3.5* seria para mim, contudo, impensável ;)
LUÍS: A crítica já está disponível; conta com a minha visita para a semana que vem, então. Fico contente que tenhas gostado do filme. É muito bom mesmo.
JOÃO: Subscrevo-te inteiramente. Só ainda não conheço a obra original, na qual o filme se baseou.
ÁLVARO MARTINS: Pois está. É um excelente comentário esse. Por palavras tuas, o que tens a dizer deste filme?
BRENNO BEZERRA: Suponho que fale dos Óscares. Nesse caso também estou de acordo. Sobretudo com filmes como Babel ou O Novo Mundo, este último então quase ignorado pela Academia. Mas o filme é muito bom, apesar de tudo!
Cumps.
Roberto Simões
CINEROAD - A Estrada do Cinema
JACKIE BROWN: Sim. William Monahan é autor do extraordinário argumento de Reino dos Céus. Aqui foi o responsável pelo argumento, também, mas por meio da adaptação de INFERNAL AFFAIRS.
ResponderEliminarCumps.
Roberto Simões
CINEROAD - A Estrada do Cinema
O filme não faz bem o meu género e ao contrário do nosso amigo ali de cima até simpatizei bastante com o final. Um Jack Nicholson fantástico e algumas tiradas bastante inspiradas fazem que o aprecie, mas não morro de amores por ele. Nesse ano estava a torcer pelo Leo no Blood Diamond e não tanto por este. É um bom filme, mas Scorcese tem melhores.
ResponderEliminarCLÁUDIA GAMEIRO: Também não faz o meu género, mas reconheço-lhe igualmente as tiradas inspiradas e toda a sua inspiração. Ou pelo menos a que absorvi ;) O Leo de Diamante de Sangue é claramente superior. Aliás, o seu Danny Archer, assim como o seu Howard Hughes de há uns anos atrás, configuram para mim as suas melhores prestações de sempre.
ResponderEliminarCumps.
Roberto Simões
CINEROAD - A Estrada do Cinema
Talvez o melhor filme policial da década. Dirigido pelo cara que fez o melhor filme policial da década passada.
ResponderEliminarUm Scorcese que apesar de tudo gosto. Podia ter sido, tal como dizes, mais um filme, mais um policial sem muito para contar daqui a uns anos. Pelo contrário Scorcese, muito devido ao argumento diga-se, consegue orquestrar uma belíssima obra em que se destaca o já referido guião, a arte de filmar do mestre, assim como excelentes interpretações.
ResponderEliminarAo filme lhe daria um 7/10. Talvez um 7,5 com uma revisão, acredito, o que não fica muito longe, senão mesmo coincidindo com o teu veredicto :)
É um dos que preciso de rever, quero mesmo, mas isto com tanto para ver, as revisões são inevitavelmente deixadas de lado. Mas nunca se sabe...qualquer dia. Posto isto, digo mesmo que este The Departed, o Gangs of New York e o Shutter Island assumem-se como os que mais gostei de Scorcese.
abraço
Decepcionante, pensando sobretudo que tem a assinatura de Martin Scorsese, cineasta que já nos deu alguns filmes que ficarão na história do cinema. Mas essas dádivas remontam já há muitos anos atrás. Excepção para o último, "Shutter Island", que promete trazer o mestre de volta.
ResponderEliminarWALLY: Provavelmente, um dos melhores. Mas temos vários candidatos ao título.
ResponderEliminarJORGE: Pode ser que ao reveres te aconteça o mesmo que me aconteceu, quem sabe ;)
BILLY RIDER: Também me decepcionei, mas na primeira vez que o vi. Depois de O AVIADOR esperava mais, inevitavelmente. Mas com as 2ªs e 3ªs visualizações fiquei vidrado nos diálogos e em várias sequências, e a forma como encarava o próprio filme mudou.
Cumps.
Roberto Simões
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