1. Obra primorosa, perfeita, das primeiras no seu género.
2. A melhor obra de um autor.
Mãe e Filho (1997), de Aleksandr Sokurov
O Sacrifício (1986), de Andrei Tarkovsky
A Palavra (1955), de Carl Dreyer
O Sangue (1989), de Pedro Costa
Quando Passam as Cegonhas (1957), de Mikhail Kalatozov
5 das Incontestáveis Obras-Primas
de João Gonçalves, autor do blogue Voices of a Distant Star:As Asas do Desejo (1987), de Wim Wenders
City Girl (1930), de F. W. Murnau
A História de Adèle H. (1975), de François Truffaut
Deserto de Almas (1970), de Michelangelo Antonioni
Paraíso Infernal (1939), de Howard Hawks
2. A melhor obra de um autor.
Mãe e Filho (1997), de Aleksandr Sokurov
O Sacrifício (1986), de Andrei Tarkovsky
A Palavra (1955), de Carl Dreyer
O Sangue (1989), de Pedro Costa
Quando Passam as Cegonhas (1957), de Mikhail Kalatozov
5 das Incontestáveis Obras-Primas
de João Gonçalves, autor do blogue Voices of a Distant Star:As Asas do Desejo (1987), de Wim Wenders
City Girl (1930), de F. W. Murnau
A História de Adèle H. (1975), de François Truffaut
Deserto de Almas (1970), de Michelangelo Antonioni
Paraíso Infernal (1939), de Howard Hawks
Quem contesta?
Sem hesitações, a melhor dupla desta iniciativa que já passou pelo blog. Não vi alguns, como o último do Álvaro e muitas das escolhas do João, mas o facto de constarem vão acelerar uma futura visualização :)
ResponderEliminarSão escolhas de facto interessantes, tanto do ponto de vista dos realizadores como do ponto de vista dos anos abordados. Não vi nenhum de ambas as listas, o que me deixa curioso e com vontade de chegar a esse nível. A seu tempo. Incontestável diria são as sugestões e referências que oferecem.
ResponderEliminarabraço
Duas listas muito boas. Na do Álvaro, destaco "Ordet" e "O Sangue", obras-prímissimas. Na do João, a Adèle H., de que me lembro de ter gostado muito, e o grande, grande "Only Angels Have Wings", outro Hawks de estimação.
ResponderEliminarSão todos grandes filmes, mas não lhes chamaria "obras-primas incontestáveis"... Seria pertinente a defesa dos dois bloggers acerca destas escolhas :)
ResponderEliminarE, mais uma vez, são reflexos de gostos pessoais.
Cumps cinéfilos a todos!
Destas dez propostas apenas não vi "Mãe e Filho" e "O Sangue". Das restantes é de destacar três daquelas obras-primas incontestáveis, "O Sacrifício","Ordet" e "As Asas do Desejo". Os outros cinco são de visão obrigatória.
ResponderEliminarUma pequena correcção: o filme de "Kalatozov" chamou-se entre nós "Quando Passam as Cegonhas"
UAU!
ResponderEliminarDa lista do Álvaro não contesto seja o que for, apesar de não suportar o Mãe e Filho (eheh, sim, é verdade). Ainda não vi o Kalatozov. De resto, o único filme que gosto da lista é "O Sangue", sim, porque eu acho que o valor estético de um filme não tem de estar ligado ao nosso "gosto". Por exemplo, "O Sacrifício" não é um filme que vá rever em tempos próximos, apesar de o já ter visto duas vezes. Já o Sangue é um filme que tenho de rever pelo menos uma vez por ano, por o adorar.
A lista do João tem três dos meus filmes preferidos: adoro o City Girl, o Zabriskie Point e o Only Angels Have Wings. Ainda não vi o do Truffaut..
O do Wenders, apesar de tudo, é um filme cujo apelidamento de "obra-prima" eu questiono, não por não gostar, mas por achar que se esgota na primeira visualização, que se finda naquela retórica do enbelezamento e da pose poética e taciturna. Adorei o filme quando o vi, mas não me sinto capaz de dizer "é uma obra-prima".
Porque já vi por aqui escreverem que opiniões são opiniões e tal. Isso é simplificar e encerrar a coisa, destruir a discussão. Porque "obra-prima" não é propriamente um "filme que eu gosto" (porra, eu gosto do Chicago mas não reconheço nele valor algum), não, "obra-prima" é ver (num filme) o Cinema a passar todo, em resumo, à nossa à frente, é pensar "que se foda o resto, Cinema é isto", é afigurar-se-nos como verdade absoluta que todo o cinema tem que passar por essa obra, sob pena de morte. Nada pode ser o mesmo depois do Murnau fazer aqueles quatro últimos filmes, ou depois do Godard fazer o A Bout de Souffle ou o Rosselini o Viagem a Itália. Não há filme, bom ou mau, hoje em dia, que não ecoe (ou espelhe) isto, toda esta mudança. Mesmo que não tenha um pingo de qualidade. É isso uma obra-prima em cinema: um filme que se sinta presente esteticamente em tudo quanto se veja, de Bollywood a Hollywood, do low budget ao blockbuster - Murnau, Hawks, Bresson, Welles, Antonioni não estão só nos filmes deles, estão em todo o lado... é, acho que é isso.. :)
À excepção do filme de Wim Wenders, ainda não vi nenhum destes filmes: aqui estão, pois, 9 descobertas a fazer nos próximos tempos, pois quero vê-los a todos.
ResponderEliminarTal como avança o Sam, gostaria de contar com as justificações dos participantes. Seria certamente enriquecedor.
Obrigado João Palhares pelas pertinentes considerações e obrigado a todos pelos comentários! O discussão continua.
Cumps.
Roberto Simões
» CINEROAD - A Estrada do Cinema «
Sinto-me incomodadamente inculto perante esta lista. Shame on me!
ResponderEliminarRevela que a "estrada do cinema" percorrida por muitos já conta com o seu muito avanço na dita.
Reconheço os nomes dos realizadores. No fundo são uma parte da nata da cinefilia mais profunda.
O de Wim Wenders já o vi e na altura apesar de ser interessante não me seduziu totalmente.
Destaco o filme de Antonionni, o "Zabriskie Point", que mais que o filme, venero a banda-sonora que é um objecto de culto.
Obs: Roberto, desculpa lá esta adenda...
De culto porque a banda-sonora tem grandes nomes envolvidos (e para mim um deles em especial) e cujo álbum cheguei há mais de uma década e tal a encomendar para ter acesso às 3 faixas da minha banda mais "incontestável" de sempre, os Pink Floyd, que me impulsionou a descobrir o filme e principalmente as partes onde se os ouve.
A cena final da explosão é magistral ao som de "Come in Number 51, Your Time is up" (que é nada mais que uma variante de "Carefull with that axe, Eugene" - canção que esteve a origem em mutação e evolução e cuja melhor expressão surge no "Live at Pompeii").
Já que estou numa de Pink Floyd, refiro igualmente que a banda chegou a criar uma banda-sonora para todo o filme, canções e scores, que o realizador achou destestável e recusou (realmente tinha a sua razão pois não é muito inspirada também), pedindo a eles o que queria do som psicadélico deles. Ficou-se por apenas 3 faixas (e até diferentes do serviço original que haviam criado, de onde apenas salvaram uma faixa a "Crumbling Land" com algumas modificações). Mas o que é certo é que a junção das imagens (explosão da casa filmada com multi-ângulos) com o psicadelismo do som num crescendo orgiástico (um cocktrail alucinante de toda a banda, pontuado pelos gritos de Roger Waters)... é uma cena totalmente avassaladora!
(Mas sou suspeito também... como podem ter percebido!)
Ò João (Palhares), concordo contigo quando escreves que as nossas obras-primas nem sempre são os filmes de que gostamos muito, mas custa-me a entender a existência de um conjunto de filmes incontestáveis, para os quais a opinião ou o gosto pessoal não são chamados, melhor, não acredito nessa lista que só pode ser divina, já que nenhum Homem a pode discutir. O que é o resto do teu texto, com o qual concordo em grande parte, se não opinião e gosto pessoal? A demanda pela "objectividade", sob qualquer forma ou feitio, causa-me muitos arrepios. E a discussão não tem de se encerrar nas opiniões e nos gostos, eles discutem-se, outra coisa não tem sido feita aqui.
ResponderEliminar(O Chicago, João? A sério?)
A propósito das considerações acima sobre a música de "Zabriskie Point" (quem quiser a banda sonora original pode obtê-la nos comentários do post que se encontra no blogue do Rato) sempre acrescento que Jim Morrison (dos Doors) compôs o tema "LA America" expressamente para o filme e a pedido do próprio Antonioni, que posteriormente a recusou liminarmente. Ele há coisas...
ResponderEliminarEu só quis deixar aqui escrito que acho (sim, é sempre a minha opinião) que dizer "gostamos" ou "não gostamos" e acabarmos a discussão por aí torna o cinema e o valor de certas obras completamente relativos. Quando não o são. Custa-me perceber porque é que se considera o Senhor dos Anéis, por exemplo, uma obra-prima, quando é uma coisa que nunca escava a superfície daquele aparato técnico todo. Porque não acho que seja o CGI o que destoa naquilo tudo, mas a incapacidade de o usar para servir propósitos dramáticos. E dizer que é obra-prima equipara-o a obras de certos realizadores, génios, etc, etc. Ora, isto para mim é o caos, incomoda-me. eheh, é verdade, incomoda-me
ResponderEliminarNão há um dogma para avaliar obras de arte, não há paradigmas, obviamente, sou contra a objectividade no cinema mas sou contra o caos também. Acho que temos capacidade para argumentar e discutir certas coisas, independentemente do gosto. Era só isso. Dizes que outra coisa não tem sido feita aqui. Acho que não, acho que sempre que se discutiu aqui foi para dizer "concordo" ou "não concordo" sem explorar os "porquês" da coisa, sem "dissecar" muito as listas ou certos comentários. E, no limite, dividir as pessoas que comentam aqui no Cineroad entre o polo pró-entretenimento e o contra-entretenimento, que é uma divisão que me entristece um bocado. Acho que falta disposição para discutir. Para discutir com justiça, isto é.
Eu não gosto do Acossado do Godard, mas nunca me passaria pela cabeça questionar o seu valor. Tudo, hoje em dia, lhe deve qualquer coisa.
E, sim, eheh, gosto do Chicago, sim. Era um musical do Bob Fosse antes de ser filme e aquelas músicas são um espectáculo! O filme é que, pronto, é merda.
Sobre esta discussão, não posso conter-me a reafirmar que "gosto" e "não gosto", "é bom" e "é mau" tem resumido, por completo, as justificações das escolhas aqui publicadas. Incluindo as minhas, nunca o escondi :)
ResponderEliminarE desculpem o meu "puritanismo", mas não vejo como o argumento «um filme do caralho» qualifica, seja o que for, de "obra-prima incontestável".
Por fim, e esqueci-me de o dizer no meu primeiro comentário, fico contente por saber que, afinal, sempre existem "obras-primas incontestáveis" com menos de 30 anos de longevidade.
Cumps cinéfilos a todos!
OK, João, percebo o que querias dizer, desculpa se te entendi mal, também me desagrada essa divisão de campos, que, tens razão, aniquila qualquer discussão mais interessante. Só não concordo com o teu penúltimo parágrafo, porque é que não se pode questionar o valor do Acossado? Quase todos os outros filmes do Godard são melhores, bem melhores, vais-me dizer que o Pierrot le fou não é trezentas vezes melhor do que o Acossado? (Agora, a grande heresia:) Até o remake do Jim McBride com o Richard Gere é muito melhor.
ResponderEliminarOdiei o Chicago e eu adoro musicais. Nunca vi nenhuma produção teatral do Bob Fosse, nem essa, nem outra, mas gosto muito do "All That Jazz". O problema do Chicago é mesmo o Rob Marshall.
Bom, antes de mais quero agradecer ao Roberto mais esta oportunidade em poder participar numa iniciativa destas. Depois, fazer dupla com o João é uma grande honra :)
ResponderEliminarQuanto aos filmes, Offret é uma das obras-primas do Tarkovsky, poderia ser o Stalker, o Zerkalo ou outro dele, mas escolhi o Offret porque foi um filme que me marcou (e por isso já não é a primeira vez que o escolho). É um filme existencialista, poético e melancólico. Filme de planos-sequência portentosos, de enquadramentos, de sombras, obra-prima. Ordet é o maior de Dreyer, Gertrud ou La Passion de Jeanne d'Arc não lhe ficam atrás, filme da fé, da palavra e da expressividade. Descendência teatral, filme de planos-sequência, de grandes planos, de closes-ups. Filme de mise-en-scène. Obscuro. E ainda mais obscuro é O Sangue do Pedro Costa. Indiscutivelmente um dos melhores filmes portugueses de sempre, O Sangue é um filme sombrio e enigmático, filme de espaços, onírico e com uma mise-en-scène prodigiosa. Letyat Zhuravli é um filme humanista, um retracto de guerra e de sobrevivência, de dor e amor, um manifesto de paz. Estrondosamente bem filmado, planos e contra planos fabulosos, planos abertos, picados e contra-picados, a fotografia é excelente, as sombras e a interpretação da protagonista idem aspas. Por fim, Mãe e Filho é Sokurov lá no alto, transcendência completa daquele que é um dos melhores cineastas actualmente. Filme da dor da perda, do inevitável, da morte. A condição humana. Filme da espera da morte, do amor e dedicação de um filho à sua mãe. Naturalista, contemplativo, poético, existencialista, inaudito na compressão das imagens da qual resulta aquele estranho e distorcido formato visual que consegue nos transmitir angústia e claustrofobia, a dor que partilhamos com aquele filho. Lindo.
Relativamente à discussão, penso que não é bem uma questão de gosto. As pessoas, os cinéfilos, devem saber avaliar um filme, julgá-lo mal ou bem, isso é essencial. Depois disso é que poderá vir o gosto, ou seja, o problema aqui é que as pessoas têm de perceber que antes de escolherem têm por de parte certos filmes, independentemente do gosto. Acho que o gosto é influência sim nas escolhas, mas é influência dentro daquele leque que é (neste caso) o leque de obras-primas. Aí sim acredito que o gosto seja preponderante, mas antes de tudo, é preciso saber distinguir o bom do mau (e não é vergonha nenhuma gostar do mau, há filmes maus que se estiverem a dar na televisão sou capaz de ver e entreter-me), o bom do muito bom e grande filme de obra-prima. Isto é a minha opinião claro, e pela vossa lógica não valem um chavo, portanto…
E esqueci-me de comentar a lista do João eheh mas vai agora, ainda não vi o City Girl e o do Antonioni. O resto, são obras-primas sem sombra de dúvidas.
ResponderEliminarCaro Álvaro:
ResponderEliminarFolgo saber, que pelo menos existe alguém por aqui que partilha das minhas ideias sobre a metodologia das escolhas. Ora nem mais, é isso mesmo: primeiro a separação do trigo do joio e para isso é que serve a cultura cinéfila. Então depois que avance o gosto pessoal. Ainda bem que não sou o único a "malhar em pedra dura"...
O Rato Cinéfilo
Caro João Gonçalves,
ResponderEliminarA visão de que as escolhas não podem ser outra coisa que não gosto pessoal, aparentemente, não reúne consensos nesta iniciativa, visto ter-se afirmado que «é ver (num filme) o Cinema a passar todo, em resumo, à nossa à frente, é pensar "que se foda o resto, Cinema é isto"» e existe a necessidade da «separação do trigo do joio e para isso é que serve a cultura cinéfila» e só depois avança o gosto pessoal.
Perante isto, pergunto: em que ficamos? Talvez não exista mesmo resposta...
Relativamente à tua questão sobre o ZABRISKIE POINT: vi e já perdi as vezes que o revi. Assim como toda a filmografia do Antonioni (incluindo o segmento que ele assinou para um documentário dedicado ao campeonato do mundo de futebol de 1990). E também perdi a conta do número de visualizações a filmes que considero superiores ao que, e muito bem, elegeste como incontestável, tais como A AVENTURA, O DESERTO VERMELHO, BLOW UP ou PROFESSIONE REPORTER.
Como referes, ZABRISKIE POINT é para ti uma obra-prima. E ainda bem que assim é, pois revela assertividade e bom gosto cinematográficos.
Como esta iniciativa aproxima-se do fim, e se o Roberto me permitir o "balanço", confesso que gostei de TODAS as escolhas aqui apresentadas. Admito que algumas estiveram longe do temerário estatuto de "incontestáveis" — se calhar, alguma(s) das minhas não o merece. Mas houve, sem dúvida, interessantes debates, dos quais foi possível retirar as devidas conclusões...
Cumps cinéfilos a todos!
@ João Lameira
ResponderEliminarEu não gosto de nenhum filme do Godard, são sempre experiências frustrantes e agonizantes. O Histoire(s) du Cinema, que é provavelmente o melhor filme dele, foi o filme que mais me custou a ver, de sempre. Mas vi-o de fio a pavio. A cena é que, dessa frustração e agonia, desenvolviam-se em mim pensamentos interessantes, por ele (Godard) sugeridos, como a noção do século XX como século da imagem e do Cinema, raízes teóricas muito interessantes que ele desenvolve tanto na escrita como em filme, tudo isto me levou ao ponto de admirar certas coisas do último filme dele, o Film Socialism, que acho ser um prodígio de som e montagem. Mas há já muito que desisti de gostar de filmes do Godard... e acho que vendo mais e mais filmes dele se chega a uma visão muitíssimo consistente do cinema, da história, da sociedade, da arte (etc), a dele... O Acossado, hoje em dia, se calhar já não vale tanto por ele próprio mas por tudo o que já foi dito, escrito, citado, transcrito e copiado sobre ele.
Em relação ao "Isto é a minha opinião claro, e pela vossa lógica não valem um chavo, portanto…" e ao "A visão de que as escolhas não podem ser outra coisa que não gosto pessoal, aparentemente, não reúne consensos nesta iniciativa": eu não disse nada disso. Disse é que limitar a discussão ao respeito sagrado pela opinião é muito, muitíssimo, redutor, é destruir o debate. E é verdade, porque, agora concretamente, ler estas frases do Sam e do Álvaro, demove-me completamente de querer discutir, porque fazem-me sentir que estou a querer insultar ou limitar as liberdades de alguém, quando não é de todo verdade..
Quero é pensar que há uma diferença considerável (um abismo) entre um Murnau e um Jeunet (quem diz estes diz outros). É uma diferença que eu tomo como facto e com a qual tenho de me regir quando vejo um filme, seja ele qual for. Há coisas mais complexas que outras, tem de haver certas "leis" de conduta (éticas, estéticas) para avaliar o Cinema. Valores. Como na vida. Digo isto sem querer insultar ou limitar alguém... e espero que compreendam..
Caro João Palhares, penso que não me fiz entender no meu último comentário. Não pretendi limitar as liberdades de ninguém, estava apenas a reforçar que este é um tema fracturante, sobre o qual poderíamos estar anos a discutir pontos de vistas.
ResponderEliminarQuis, também, realçar a incoerência de algumas posições durante o debate, as quais afirmaram que um filme é obra-prima acima de qualquer gosto pessoal mas, aquando das justificações das suas escolhas, demonstram paixão pelos títulos que elegeram.
Desculpa qualquer mal-entendido, eu adoro um bom debate cinematográfico! :)
Nada tenho a acrescentar aos pontos de vistas expressos pelo Sam e pelo João.
ResponderEliminarAmbos têm razão e sem dúvida, que o gosto pessoal de cada observador dos filmes tem reflexos na sua apreciação. Gosto esse que sobressai do aprofundamento cultural que muito nos educa o gosto. Não é à toa que identificamos e valorizamos os que já são famosos pelas suas qualidades mas depois é confrontado com o "eu" de cada um.
Apesar de achar que o Sam numa frase sintetiza um interessante ponto de vista:
"um filme é obra-prima acima de qualquer gosto pessoal mas, aquando das justificações das suas escolhas, demonstram paixão pelos títulos que elegeram"...
Eu acuso-me pois rondei essa questão. Há filmes que também são até óbvios demais mas não quer dizer que os descubramos e nos apaixonemos pelos filmes, até porque os contextos sócio-culturais são já muito diferentes e distantes, além de que já assistimos antes a obras que depuram o que imensos clássicos desbravavam ser referências (que agora existem em exagero).
Será que a arte de Tarantino, era a mesma se ele fosse dos anos 30 ou 40 ou 50, etc? Seria que hoje o reconheciamos?
Devo dizer ainda que por vezes se nota uma erosão às observações do Álvaro Martins (às vezes também as alimenta gratuitamente... mas entendo que tanta coisa oposta lhe esgote a paciência).
É do choque de gerações culturais tão diferentes que se tiram imensas conclusões. O conhecimento e gosto são as duas maiores condições por que todos arremessam as suas escolhas para a iniciativa.
João, talvez me tenha expressado mal, mas o que eu quis dizer (e nem era dirigido a ti visto partilhar parcialmente do teu ponto de vista) era que metade (ou mais) dos bloggers que aqui comentam dão a sua opinião, e todos eles (estes) borrifam-se para a opinião dos outros (a opinião contrária é claro), argumentando sempre que gostos não se discutem. Concordo que não se discutam, mas o problema está na confusão que se instala na mente dessas pessoas em que não sabem distinguir o gosto da qualidade. E isso leva a que mutuamente se desvalorizem as opiniões (e por isso a ideia de que não valem um chavo), porque isso é inerente à “causa”, porque o ser humano (geralmente) rejeita e condena opiniões contrárias reclamando a sua legitimidade para tal. Ora, o que acontece é que isto já é um assunto alheio ao cinema e que diz respeito à conduta humana (para com o cinema é claro), o que acontece é que (sim João concordo contigo aqui) para se discutir a qualidade do cinema não se pode discutir opiniões, porque a qualidade de um filme (ou falta dela) nada tem a ver com as opiniões e gostos de certa e determinada pessoa. Mas a verdade é que isto, aos olhos das outras pessoas, é só a minha opinião. E claro, haverá muita gente que discorda e condena (e por isso somos muitas vezes insultados e apelidados de arrogantes e por aí fora).
ResponderEliminarPois, é isso! Era mais frutífero entrar num jogo de argumentação / contra-argumentação, sobre coisas concretas num filme, do que reduzir quase tudo ao "gosto" e "não gosto" (como dizia ali o Sam) como no Facebook, eheh. Tentar perceber os "porquês" e tal..
ResponderEliminar@João Palhares; tenho pena que não encontres prazer nos filmes Godard. Ou melhor, percebo que alguns, os pós anos 60, não te dêem, a mim, os poucos que conheço, também não. Vi o Sauve qui peut (la vie) dos anos 80 no último Indie e, embora tenha gostado e o admire, por razões semelhantes às tuas, não é tão prazeroso como os da fase Anna Karina, esses, sim, deliciosos. Percebo porque foste buscar o Acossado, é o mais "importante" e influente, mas isso não lhe dá valor artístico por si só. A minha opinião, lá está, é que não é tão bom como os seguintes, da mesma veia, nem como os outros das outras fases que vi aqui e ali. (Gravei o Histoire(s) du Cinèma numa cassete quando deu na TV e nem devo tê-lo visto todo, mas tenho ideia que não era assim tão agreste. Tenho de ver se encontro essa cassete. E um vídeo, já agora.)
ResponderEliminar@Álvaro, desculpa intrometer-me na conversa, mas a tua opinião vale o mesmo chavo que todas as outras. Com isto, não estou a dizer que não a leve em mais consideração do que a outras, mas se a levo, sou eu que a levo, ela não tem um valor absoluto. O mesmo vale para os filmes, nenhum Deus entregou as tábuas das obras-primas cinematográficas a nenhum Moisés. Nada é absoluto, nada existe para lá de opiniões. Bom, existem os factos, mas como é que trazemos os factos para esta discussão? Estudamos o número dos espectadores? Estudamos as qualidades técnicas de cada filme? Isso seria redutor, para além de estéril. O facto de se considerar um filme melhor (ou mais significativo ou de maior qualidade ou que lhe quiseres chamar) do que outro é sempre uma opinião, que, mesmo sendo diferente do gosto, é uma coisa perfeitamente pessoal e subjectiva, sujeita a crítica, a discussão e a contradição.
JOÃO PALHARES: Sem dúvida. Para esse jogo, no entanto, é preciso a colaboração e a disposição de todos. Um blogue é um local complicado para levar a cabo uma tarefa desse calibre - ainda assim um blogue é tantas vezes visto como um passatempo. Dentro das minhas possibilidades, faço tudo para provocar esse debate. Mas tenho a perfeita noção de que para isso não é preciso os outros levarem a sério esse jogo. É preciso todos nós levarmos a sério esse jogo. A verdade é que nem sempre temos disposição ou paciência para isso. Assumamo-lo. Para mim, pessoalmente, tornar-se-ia uma tarefa tremendamente exaustiva se a cada um dos 22 posts estivesse constantemente a provocar esse jogo; e acredita que faço por isso, porém como moderador de todos os posts às vezes é complicado. Há vida para além dos blogues, todos o sabemos e sei perfeitamente que não o pões em causa.
ResponderEliminarVendo as coisas de frente, tens de tudo um pouco nesta iniciativa: tens o gosto e não gosto e a discussão incendiária e com pouco sumo e tens passagens em que realmente se levou a coisa a sério. Eu reconheço isso em vários momentos da iniciativa. Talvez no Facebook exista por vezes esse debate simplista, mas aqui não é propriamente isso que acontece. É mais do que isso. Eu faço por isso, tantos outros fazem por isso e é com a intervenção de "Joões Palhares", "Sams" e "Álvaros", entre tantos outros, que isto ganha outros contornos. Agora uma coisa também é certa: temos aqui material para, se quisessemos, fazer um pequeno estudo. A minha ambição não é essa, é exigir aos visitantes e leitores, da forma mais estimulante possível, um debate para além do óbvio, de enriquecimento. Penso que isso aconteceu. É perfeitamente legítima a tua crítica: o que se pede é mais argumentação. É claro que, tal como o Álvaro diz, "a qualidade de um filme (ou falta dela) nada tem a ver com as opiniões e gostos de certa e determinada pessoa". Ou terá sempre, mas é possível distanciarmo-nos, até um certo ponto, do nosso gosto pessoal e olharmos para um filme pelos seus atributos. "O problema está na confusão que se instala na mente dessas pessoas em que não sabem distinguir o gosto da qualidade" - cito novamente o Álvaro. Este rigor que exigimos é próprio de quem estuda o cinema com outros olhos ou, simplesmente, de quem o estuda.
Obrigado a todos pelos comentários!
Cumps.
Roberto Simões
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