quinta-feira, 18 de novembro de 2010

2 DIAS EM PARIS (2007)

PONTUAÇÃO: BOM
Título Original: 2 Days in Paris
Realização
: Julie Delpy

Principais Actores: Julie Delpy, Adam Goldberg, Albert Delpy, Marie Pillet, Daniel Brühl, Aleksia Landeau

Crítica:

SEXO, MENTIRAS E CIÚME

- I think the French are so rude.
- I know. It's a cliché but it's true.

2 Dias em Paris - obra protagonizada, escrita, montada, musicalmente criada e brilhantemente realizada por Julie Delpy - é uma comédia romântica excepcional, repleta de diálogos inteligentes e plenos de humor: humor sarcástico, leviano, absolutamente descomprometido e descontraído. Um filme ligeiro, com notórias influências de Woody Allen a Richard Linklater, mas que atinge, por si próprio e com todo o mérito, um estatuto sólido e consistente.

Depois de uma viagem a Veneza e antes de regressar a Nova Iorque, Marion e Jack decidem passar 2 Dias em Paris.
Julie Delpy e Adam Goldberg, demasiadamente lúcidos, auto-críticos e pouco sentimentais, representam as suas personagens em construções essencialmente irónicas e bem longe de personificarem a imagem tradicional dos amantes perdidamente apaixonados.

It always fascinated me how people go from loving you madly to nothing at all, nothing. It hurts so much. When I feel someone is going to leave me, I have a tendency to break up first before I get to hear the whole thing. Here it is. One more, one less. Another wasted love story. I really love this one. When I think that its over, that I'll never see him again like this... well yes, I'll bump into him, we'll meet our new boyfriend and girlfriend, act as if we had never been together, then we'll slowly think of each other less and less until we forget each other completely. Almost. Always the same for me. Break up, break down. Drunk up, fool around. Meet one guy, then another, fuck around. Forget the one and only. Then after a few months of total emptiness start again to look for true love, desperately look everywhere and after two years of loneliness meet a new love and swear it is the one, until that one is gone as well. There's a moment in life where you can't recover any more from another break-up. And even if this person bugs you sixty percent of the time, well you still can’t live without him. And even if he wakes you up every day by sneezing right in your face, well you love his sneezes more than anyone else's kisses.

Ela é francesa, ele americano, e os preconceitos culturais povoarão as discussões de ambos com presença assídua e indesejável. A sua relação tem dois anos, mas enfrentará ainda as vicissitudes do ciúme, dos segredos e das mentiras - sobretudo porque Jack é confrontado com o passado da namorada, um passado semi-escondido e em si mesmo recheadíssimo de ex-companheiros; passado, com o qual tão dificilmente lidamos no dia-a-dia das nossas relações. Dep
ois, porque Jack confrontar-se-á também com as personalidades e costumes da família de Marion e as diferenças não tenderão a desvanecer-se... Muito pelo contrário. This isn't Paris. This is hell. Falar-se-á de política, de diferenças linguísticas, de arte, de gastronomia e de sexo... aliás, parece mesmo que com os franceses tudo vai dar ao... sexo.

Eis um dos diálogos mais fabulosos e memoráveis:

Jack: Um, so what's the deal, man?
Marion: What?
Jack: That guy was looking at you like you were a big leg of lamb. It's like he had the fork and the knife and the bib.
Marion: I am a big leg of lamb.
Jack: I know, but you're my leg of lamb. How do you know him?
Marion: Well, we met many years ago, and we had a little thing. I think I gave... I gave him a blowjob. No big deal.
Jack: Really? A blowjob's no big deal?
Marion: Oh, I'm sorry.
Jack: I'm all right.
Marion: No I mean, it's no big deal in comparison to what's going on in the world. You know, there's George Bush, the war in Iraq, there's Avian flu and then there's a blowjob. You know what I mean?
Jack: Right, right.
Marion: In consideration, it's...
Jack: Nice transition.
Marion: It's a pretty minor event. Don't you think?
Jack: I would actually say it's not a minor event... if you wanna start talking in the grander political scheme of things. If you think about it,it was a blowjob after all, that brought down America's last chance at a healthy democracy.

Em 2 Dias em Paris, não importa que tenhamos como fundo a eterna Cidade do Amor, que quase obrigatoriamente deveria conduzir os destinos dos namorados aos braços um do outro, como que por magia. A paisagem contextualiza, isso sim, a sátira e não interfere na relação dos dois, marcando o contraponto com a expectativas do público e definindo o carácter próprio da obra.
Rapidamente se estabelece um processo de identificação entre nós, que assistimos ao filme, e aquelas carismáticas personagens. E o saldo desta análise psico-sexual revela-se assaz estimulante e interessante, extremamente leve e prazerosa. Faltar-lhe-á, porventura, uma grande ideia capaz de a catapultar para um nível superior, mas é, ainda assim, um filme bem feito, despretensioso e bem disposto - e, ao fim e ao cabo, a confirmação de Julie Delpy como uma artista bem mais completa do que aquilo que conhecíamos.

10 comentários:

  1. Ainda não vi este.
    Espero que tenhas comprado também o Iklimler do Ceylan ;) Esse sim vale a pena.

    ResponderEliminar
  2. Estou com o Álvaro, ainda não o vi, embora o tenha adquirido na tal promoção. Parece-me ser interessante.

    Abraço

    ResponderEliminar
  3. Eu tbm ainda não vi, aguardo sua crítica.

    ResponderEliminar
  4. É das piores coisinhas que vi em anos. Personagens tão irritantes que a meio do filme só queria que rebenta-se uma bomba em Paris para eles desaparecerem da face da Terra =P mas é só a minha opinião claro.
    E a Julie Delpy devia dedicar-se apenas a actriz.

    ResponderEliminar
  5. Parece que estamos de acordo uma vez mais ;)


    Cumps***

    ResponderEliminar
  6. ÁLVARO MARTINS: Creio que não vais gostar deste. Quanto ao do Ceylan, está para breve ;)

    MARCELO PEREIRA: Penso que vais gostar bastante!

    MIRELLA SANTOS: Aí está a crítica. Recomendo, penso que gostará do filme.

    JOÃO GONÇALVES: Pois, dependerá do repertório a que assistirmos. Não será, de todo, das piores coisas que anda por aí, muito pelo contrário. Não sendo nada de extraordinário, considero-o um filme bem a cima da média. Gostei da realização.

    Cumps.
    Roberto Simões
    » CINEROAD – A Estrada do Cinema «

    ResponderEliminar
  7. Epá, estas críticas estão a ganhar características interessantes. Que continuem!!Não vi este filme, mas já o encontrei no videoclub. Alguma nostalgia do Before sunset já me tem tentado a alugá-lo, mas tenho sempre deixado para quando for exibido na tv.

    ResponderEliminar
  8. BLACKBERRY: Precisamente ;)

    CLÁUDIA GAMEIRO: Ai sim? Não tinham características interessantes antes, era? ;D Estou a brincar. Ainda bem que estás a gostar. É sempre bom ter esse feedback, obrigado.
    Quanto ao filme, cede aos impulsos e assiste ao filme - alugando-o ou procedendo à sua compra. Deve ser relativamente fácil comprá-lo num quiosque a um preço consideravelmente baixo, tendo em conta que saiu com a nova Série Y do jornal Público.

    Cumps.
    Roberto Simões
    » CINEROAD - A Estrada do Cinema «

    ResponderEliminar
  9. Preciso ver este filme. É básico paro o meu outro blogue.

    ResponderEliminar
  10. ENALDO: Pois, Paris ;) Acredito. É qualquer coisa de intermédio entre Woody Allen e Richard Linklater. É um bom filme, gostei bastante, dentro do género.

    Roberto Simões
    CINEROAD

    ResponderEliminar

Comente e participe. O seu testemunho enriquece este encontro de opiniões.

Volte sempre e confira as respostas dadas aos seus comentários.

Obrigado.


<br>


CINEROAD ©2020 de Roberto Simões