quinta-feira, 18 de novembro de 2010

«As Escolhas dos 20» - Antepenúltimo

20 Escolhidos revelam 5 escolhas que definem a 7ª Arte.

Escolhido #18 - Flávio Gonçalves,
autor do blogue O Sétimo Continente

O Biopic dos biopics:Andrei Rubliov (1966), de Andrei Tarkovsky

O Drama que define o género:Irreversível (2002), de Gaspar Noé

O melhor filme de Ficção-Científica de sempre:2001: Odisseia no Espaço (1968), de Stanley Kubrick

O filme de Animação por excelência:O Rei Leão (1994), de Roger Allers e Rob Minkoff

O filme que define os últimos 3 anos de cinema:Shirin (2008), de Abbas Kiarostami

Agradecimentos especiais: Flávio Gonçalves.

A 1ª série da iniciativa aproxima-se do final.
Quem será o Escolhido #19 e quais serão as suas Escolhas?

12 comentários:

  1. Muito boas escolhas sim senhor Flávio ;) só não me identifico com o Rei Leão (mas eu sou suspeito porque não sou especial adepto da animação com algumas excepções) e ainda me falta ver o Shirin.

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  2. E mais três aquisições novas :)

    Nunca vi Andrei Rubliov, Irreversível e Shirin, mas tenho intenção de ver, especialmente os dois primeiros.

    2001: Odisseia no Espaço é uma escolha mais do que óbvia para o género. O Rei Leão também se repete e mais uma vez, razão suficiente para se começar a considerar como um dos filmes mais incontornáveis e preciosos na animação de sempre! eu já o considerava antes e pelos vistos mais pessoas também.

    abraço

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  3. Caro Álvaro, não vale "roubares-me" o comentário antes mesmo de eu o colocar aqui - era exactamente isso que eu queria dizer sobre estas escolhas. Sem tirar nem pôr.
    Nada a acrescentar, portanto.

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  4. Escolhas excelentes, como habitual. O Shirin foi um filme que me tocou realmente e é de um estilo/originalidade brilhante.

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  5. ÁLVARO MARTINS E RATO: Com tanta afinidade ainda vos hei-de pagar um café. Oferta do padrinho ;) Grandes escolhas, efectivamente. Só ainda não conheço o SHIRIN, e por aí identifico-me.

    JORGE: Deixa todos os filmes que esperas ver amanhã e depois e lança-te já ao IRREVERSÍVEL. Já. Sei o que te espera, acredita. Por acaso ou não, foi o Flávio que me recomendou o IRREVERSÍVEL. Bendita a hora!

    TIAGO RAMOS: Ainda não conheço... Mais um para a lista do próximo ano, porventura. Obrigado pela odisseia de comentários a todas as publicações desta série da iniciativa «As Escolhas dos 20» ;)

    Cumps.
    Roberto Simões
    » CINEROAD - A Estrada do Cinema «

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  6. Lista (muito!) bem composta, mas acho estranho a inclusão de IRREVERSÍVEL para definir o Drama enquanto género.

    Pois se há coisa que o filme de Gaspar Noé procura, deliberadamente, é fugir a qualquer "categorização"...

    Fico a aguardar, com bastante expectativa, as "justificações" do Flávio :)

    Cumps cinéfilos a todos!

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  7. ANDREI RUBLEV: Ainda não vi.

    2001: É um dos melhores filmes de sempre e é de ficção de científica. Está tudo dito.

    IRREVERSÍVEL: Um drama verdadeiramente agoniante, sem dúvida.

    REI LEÃO: O filme que levava comigo, se só pudesse levar um.

    SHIRIN: Ainda não vi, mas é uma escolha controversa. Gostava de conhecer os teus critérios ;)

    Do que posso avaliar, excelentes escolhas !

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  8. Antes de mais, muito obrigado, Roberto, por, uma vez mais, teres confiado em mim num dos teus desafios que aliciam a mim e todos os teus leitores ;) Foi com muito agrado que o fiz.

    Começando pelo biopic, escusado será referir que Andrei Tarkovsky se mantém, desde que o descobri através do seu legado, como uma das minhas maiores referências cinematográficas, senão a maior. Tomei a decisão de representar a categoria com o “Andrei Rublev”. A mim desagradam-me os filmes lineares que tenham a pretensão de retratar e / ou homenagear a vida de alguém, exista ou não na época em que são feitos, muito simplesmente pelo facto de não fazerem jus a uma realidade que se quer compreendida na sua totalidade e que, dada a impossibilidade de a reproduzir completamente, deve ser, portanto, respeitada. O que me faz, no entanto, adorar esta obra-prima é a forma como Tarkovsky entra, como um discípulo, no seu mundo, na sua arte, na sua religiosidade, estudando, assim, não Rublev, mas a sua crucial influência no desenvolvimento da narrativa (o protagonista parece surgir como uma metáfora de algo mais que o colectivo, tomando acção sobre ele pelos ícones que cria e pela espiritualidade que emanam) e na posterioridade do trabalho do realizador. É portanto uma impressão, consideremos perpétua, da arte de um criador russo pela arte de outro criador russo – causa da sinceridade e conseguinte qualidade deste grandioso filme, que aconselho vivamente.

    A escolha de “Irreversível” como representativo de um drama em Cinema surgiu naturalmente, não obstante todas as dúvidas que se possam colocar sobre o género em que inseri. De facto, qualquer dos filmes que apresento suscita as questões devidas e, pessoalmente, considero este tipo de categorização, por muito própria que seja da nossa racionalidade, algo incompleta, arbitrária e, diria até, injusta para as obras encaradas individualmente. De qualquer das formas, esta majestosa obra de arte de Gaspar Noé, um inesquecível exercício sobre a responsabilidade cósmica de um só gesto ou decisão, sobre suas causas e efeitos e sobre o irreversível decorrer do tempo, parece ter sentido a obrigação de abanar, dos pés à cabeça, com a psicologia do espectador e de tomar o seu desconforto como resultado quase garantido. E, sem dúvida, o filme apresenta, a partir de um som composto por baixas frequências (infra-sons), aquilo que entendemos por depravação humana, através de cenas repulsivas e da brutalidade com que estão filmadas. A áurea horrivelmente derrotista com que se encaminha (do fim até o início) acentua o estado de melancolia que o drama cinematográfico, considerado em género, procura, de certa forma, atingir no espectador.

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  9. (2a parte)

    A escolha do “2001” de Kubrick, claramente óbvia como se disse, foi, de certa forma, também intuitiva. É algo como nunca se fez antes, uma referência absoluta do Cinema como arte e um exemplo incontornável das grandes questões que o ser humano se coloca – daí que consiga transcender o próprio território da ficção-científica. Uma consensual obra-prima, com cada uma das suas letras.

    “O Rei Leão” como expoente da animação surge como uma escolha muito pessoal, como acho que parece ser evidente. Marcou, em definitivo, o meu percurso enquanto cinéfilo e durante a minha infância. E, sem isto esquecer, o filme é um caso sério de como se pode fazer, através de uma riqueza enorme de imagens, sons, temas, questões e decorrer narrativo (inspirado levemente em Shakespeare), um objecto, leve mas profundo, que atravesse várias gerações numa só família e que provoque agradabilidade sobre ele. Belíssimo.

    “Shirin” é o hino absoluto ao Cinema. Kiarostami atinge, integralmente, a liberdade de que esta forma de arte, em torno da qual tanto trocamos impressões, é característica, mantendo-se longe dos artifícios convencionais e arbitrários do cinema narrativo e fiel à sua contemplação, pura e simples, simples, simples, da vida. É isto que “Shirin” representa: o voyeurismo que nos representa (e nunca tanto como nestes últimos anos); o amor pela sala escura; a partilha das nossas emoções e reacções, secreta, inconsciente mas total, sobre um dado objecto de arte (um filme, tome-se como exemplo próximo de nós) com uma só pessoa, ou dezenas, ou centenas, ou milhares, seja ao mesmo tempo ou não. É um filme cuja humanidade e honestidade parecem estar ainda por descortinar. Talvez não queiram ser descobertos, como o filme, que aquela centena de mulheres vê, não quer tirar o véu e se desvendar para nós. E, sim, talvez precisemos de olhar mais para quem se limita a olhar.

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  10. São, de facto óptimas escolhas. Da lista só não vi o ultimo.

    O O Rei Leão é uma escolha consensual no género da animação. Fico contente, pois é uma grande, grande obra.

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  11. Nunca vi a primeira e última escolha da listas mas os 3 filmes do meio são boas escolhas.
    O Irreversível ainda se pode considerar uma drama mas é muito invulgar/anormal para representar o género. Mas é um filme muito marcante... e motivo central (a violação) é dilacerante e muito acentuado por ser prolongado. O mais curioso neste file é que o realizador escolheu uma actriz, que é uma fonte de desejo, puro e carnal para qualquer apreciador de filmes (ai "Maléna", "Sanguepazzo" e etc...) para nos afectar ainda mais e usando-a para nos ferir por ela perante a barbaridade do longo acto... deixando uma sensação oposta.
    É um filme ao estilo do "Memento" de C.Nolan mas com um efeito de deixar à toa quem o vê.

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  12. Agradeço a todos pelos comentários!

    Flávio, fabulosas justificações ;)

    Cumps.
    Roberto Simões
    » CINEROAD - A Estrada do Cinema «

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