★★★★★
Título Original: Tenkû no shiro RapyutaRealização: Hayao Miyazaki
Filme de Animação
Crítica:
A CIDADE FLUTUANTE
O mundo antigo, o paraíso perdido, o sonho e a fantasia de voar. A lenda, o mito e a mais bela história de encantar, de quando os Homens abandonaram os céus e povoaram a terra. A cidade e o campo, a indústria e a natureza, o choque e os perigos da evolução civilizacional. A importância de estabelecer um equilíbrio, onde o progresso seja guardião da essência natural das coisas. A importância do amor, dos sentimentos e dos valores, numa realidade de ódio, rancor e intolerância. A necessidade de escape e de evasão dos problemas mundanos para um universo fantástico. A experiência e a descoberta da vida, num ritual fundamental de crescimento e amadurecimento. A busca da identidade e a humanização do espírito.
Máquinas voadoras, hélices, rodas e engrenagens, barulho e fumos e, por outro lado, extensos prados verdejantes e floridos, águas cintilantes e cristalinas, ventos mansos e silêncios. Tudo isto povoa o imaginário de O Castelo no Céu. Pazu é um menino feito homem: órfão, vive da ajuda dos amigos e do trabalho árduo nas minas. Não é um escravo do trabalho. É, antes, um engenhoso rapaz que cedo provou as dificuldades da vida e da miséria e que conhece perfeitamente o peso e a recompensa das responsabilidades. Um dia, cai-lhe do céu uma menina flutuante, iluminada por poderoso e iluminado cristal azulado. A menina dorme, aparentemente em paz, mas o prólogo que antecedeu os créditos iniciais bem que nos deu conta do contexto conflituoso que lhe provocou a queda.
A pequena, de seu nome Sheeta, é - sem saber - a princesa Lusheeta Toel Ul Laputa, herdeira do fabuloso rochedo. Detém uma raríssima Pedra da Levitação, preciosidade de um mineral ancestral chamado Etério, que a avó lhe dera antes de abandonar o mundo dos vivos e que é a única pista para descobrir o paradeiro da misteriosa ilha, suspensa na imensidão dos céus (a intertextualidade com a obra de Jonathan Swift, As Viagens de Gulliver é obvia. Outras fontes de inspiração são assumidas, como Júlio Verne ou a Bíblia). Por isso é perseguida pelos piratas de Dola e pelos oficiais de Muska, que a todo o custo querem saquear os tesouros da fortaleza errante. Pazu, por sua vez, carrega os sonhos do pai, aviador, que afirmara ter avistado um dia Laputa, sem que ninguém tivesse acreditado nele.
A emocionante e envolvente música de Joe Hisaishi seduz-nos e inebria-nos numa viagem sem igual, numa mágica e extraordinária aventura. Sem limites. A exuberância visual da animação tradicional de Miyazaki deslumbra-nos. A história faz de nós, espectadores, verdadeiros reféns, vibrando ao sabor da acção desenfreada ou rindo, genuinamente, com as hilariantes personagens que compõem a riqueza plural da narrativa. No final, toda a ambição do Homem conduz à destruição. Robots e gigantes objectos voadores engolem os seus destinos. Quando as ruínas de uma imponente e esplendorosa arquitectura vacilam, a árvore persiste e resiste. A imagem detém uma carga simbólica imensa, que fala por si só.
O Castelo no Céu não é, pois, senão um dos mais maravilhosos e imprescindíveis filmes de Hayao Miyazaki. De um candor etéreo e puro e de uma beleza desarmante, que - certamente - fascinará miúdos e graúdos, gerações após gerações. A mim, conquistou-me por completo e atrevo-me a dizer que é um dos melhores filmes de animação de todos os tempos.
Máquinas voadoras, hélices, rodas e engrenagens, barulho e fumos e, por outro lado, extensos prados verdejantes e floridos, águas cintilantes e cristalinas, ventos mansos e silêncios. Tudo isto povoa o imaginário de O Castelo no Céu. Pazu é um menino feito homem: órfão, vive da ajuda dos amigos e do trabalho árduo nas minas. Não é um escravo do trabalho. É, antes, um engenhoso rapaz que cedo provou as dificuldades da vida e da miséria e que conhece perfeitamente o peso e a recompensa das responsabilidades. Um dia, cai-lhe do céu uma menina flutuante, iluminada por poderoso e iluminado cristal azulado. A menina dorme, aparentemente em paz, mas o prólogo que antecedeu os créditos iniciais bem que nos deu conta do contexto conflituoso que lhe provocou a queda.
A pequena, de seu nome Sheeta, é - sem saber - a princesa Lusheeta Toel Ul Laputa, herdeira do fabuloso rochedo. Detém uma raríssima Pedra da Levitação, preciosidade de um mineral ancestral chamado Etério, que a avó lhe dera antes de abandonar o mundo dos vivos e que é a única pista para descobrir o paradeiro da misteriosa ilha, suspensa na imensidão dos céus (a intertextualidade com a obra de Jonathan Swift, As Viagens de Gulliver é obvia. Outras fontes de inspiração são assumidas, como Júlio Verne ou a Bíblia). Por isso é perseguida pelos piratas de Dola e pelos oficiais de Muska, que a todo o custo querem saquear os tesouros da fortaleza errante. Pazu, por sua vez, carrega os sonhos do pai, aviador, que afirmara ter avistado um dia Laputa, sem que ninguém tivesse acreditado nele.
A emocionante e envolvente música de Joe Hisaishi seduz-nos e inebria-nos numa viagem sem igual, numa mágica e extraordinária aventura. Sem limites. A exuberância visual da animação tradicional de Miyazaki deslumbra-nos. A história faz de nós, espectadores, verdadeiros reféns, vibrando ao sabor da acção desenfreada ou rindo, genuinamente, com as hilariantes personagens que compõem a riqueza plural da narrativa. No final, toda a ambição do Homem conduz à destruição. Robots e gigantes objectos voadores engolem os seus destinos. Quando as ruínas de uma imponente e esplendorosa arquitectura vacilam, a árvore persiste e resiste. A imagem detém uma carga simbólica imensa, que fala por si só.
O Castelo no Céu não é, pois, senão um dos mais maravilhosos e imprescindíveis filmes de Hayao Miyazaki. De um candor etéreo e puro e de uma beleza desarmante, que - certamente - fascinará miúdos e graúdos, gerações após gerações. A mim, conquistou-me por completo e atrevo-me a dizer que é um dos melhores filmes de animação de todos os tempos.
Louvável, a recente Colecção Estúdio Ghibli que a LNK empreendeu.
Lamentável, no entanto, que a legendagem se faça a partir da dobragem em inglês, que nem sempre coincide com o idioma original japonês que vigora no DVD. Ou seja, são frequentes as legendas que aparecem magicamente no ecrã, sem correspondência sonora.
Lamentável, no entanto, que a legendagem se faça a partir da dobragem em inglês, que nem sempre coincide com o idioma original japonês que vigora no DVD. Ou seja, são frequentes as legendas que aparecem magicamente no ecrã, sem correspondência sonora.
A animação de Miyazaki reflecte a pureza sublime de um trabalho artístico, em decadência actualmente. É uma pena.
ResponderEliminarTenho curiosidade em ver este.
Cumprimentos,
Gonçalo Lamas
Eh pah que título português é este?
ResponderEliminarEu quando estava para ver o filme, andei à procura e não encontrei e julgo que foi o Tiago Ramos que me disse que o filme não tinha saído em Portugal.
Em relação ao filme, não duvido que seja uma boa animação, mas não me identifico especialmente com Miyazaki, sobretudo ao nível de história, como sabes ;)
Abraço
GONÇALO LAMAS: É um filme belíssimo! Recomendo vivamente.
ResponderEliminarRUI FRANCISCO PEREIRA: Foi finalmente lançado em Portugal. É um filme magistral. Adorei mesmo. Não estou, pois, de acordo contigo. Adorei a história.
Cumps.
Roberto Simões
» CINEROAD - A Estrada do Cinema «
Desde que vi a série de Miyazaki "Conan o rapaz do futuro" hà umas semanas, ando em pulgas para ver este filme, ainda mais, depois de ler que Conan foi o embrião de que este Laputa evoluiu :-)
ResponderEliminarCINE31: O espírito de CONAN está efectivamente neste filme. Isso percebe-se pelas semelhanças entre a personalidade de Pazu e de Conan, pela missão e determinação em proteger a rapariga, o futuro do mundo perante a destruição da guerra, etc. É um filme fantástico e, no meu entender, imperdível!
ResponderEliminarCumps.
Roberto Simões
» CINEROAD - A Estrada do Cinema «
Do Miyazaki, só vi "A Viagem de Chihiro", mas gostaria de assistir a outros trabalhos dele. ;)
ResponderEliminarComecei a ver o filme, mas pensava que estava com problemas no audio e parei, mas já vi que é um problema de legendas a mais... uma vergonha para a obra original e para os consumidores! Doa 15 min. que vi estava a adorar
ResponderEliminarMAYARA BASTOS: O autor tem obras fabulosas e imperdíveis. Aconselho vivamente a descoberta de outros filmes dele.
ResponderEliminarANÓNIMO: Pois, eu sei. A execrável falha técnica também a mim me arreliou. Mas não se deixe vencer pela falha, tente aliás alhear-se dela. Perderá o filme magnífico.
P.s. - Assine, por favor, os seus comentários futuros. Obrigado.
Cumps.
Roberto Simões
» CINEROAD - A Estrada do Cinema «
Plenamente de acordo, um belíssimo filme, sobretudo visual e musicalmente. Aliás como todos os filmes de Miyazaki costumam ser. Depois por meio do argumento e das suas personagens atinge questões importantes e essenciais, de forma terrivelmente eficaz.
ResponderEliminarÉ mesmo um dos meus favoritos do cineasta, a par da Viagem de Chihiro, Princesa Mononoke e Totoro.
abraço
JORGE: Também um dos meus favoritos.
ResponderEliminarRoberto Simões
CINEROAD
Maravilhoso. Quase tão bonito quanto Chihiro.
ResponderEliminarENALDO: Cada obra de Myiazaki é uma maravilha sumarenta. Eis mais uma, visualmente deslumbrante. Pessoalmente prefiro A VIAGEM DE CHIHIRO, mas este também é um bom filme, sem dúvida.
ResponderEliminarRoberto Simões
» CINEROAD «