quinta-feira, 18 de março de 2010

DOC'1 - Movimentos de Câmera

Movimento de chariot - Movimento de carácter expressivo ou conotativo, para a frente (reduz o campo de visão) ou para trás (amplia o campo de visão), em que a câmera se desloca sobre rodas ou calhas.
Ex.: 1º movimento na cena de abertura de Laranja Mecânica:



Panorâmica - Movimento de carácter descritivo ou denotativo, em que a câmera roda sobre o seu próprio eixo: na horizontal, vertical ou diagonal.
Ex.: 1º movimento do seguinte excerto de Danças com Lobos:


Zoom - Movimento não da câmera em si (como no movimento de chariot), mas por meio de uma variação focal, ao nível da lente. Há uma compressão do plano espacial (ou uma descompressão, aquando da inversão do processo).
Ex. : [zoom invertido] 1º movimento da seguinte cena de Barry Lyndon:



Efeito "Vertigo" - Movimento resultante da combinação entre zoom para a frente e deslocação mecânica da câmera para trás ou vice-versa. O efeito foi inventado por Hitchcock, para criar o efeito de vertigem.
Ex.: Movimento presenciado nos segundos 55 e 56 do próximo excerto de Vertigo - A Mulher Que Viveu Duas Vezes:


Travelling - Movimento resultante da combinação da panorâmica e do chariot. Traduz-se num movimento particularmente complexo.
Ex.: [travelling aéreo] Movimento da cena de abertura de Shining:



VCM - Virtual Camera Movement
- Movimento de travelling outrora impossível e agora possível graças às potencialidades do digital.
Ex.: Movimento da seguinte cena de Sala de Pânico:


Estética da Câmera na Mão - Deliberação estética, directamente relacionada com a representação do efeito de realismo, em que a câmera é transportada à mão na filmagem da cena. A imagem revelar-se-á trémula e oscilante.
Ex. Excerto da seguinte cena de O Resgate do Soldado Ryan:



Câmera Rotativa - Movimento não natural da câmera sobre o seu próprio eixo.
Ex. 1º movimento da seguinte cena de Medea:

17 comentários:

  1. Achei interessantíssimo o artigo, parabéns!

    Abraço

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  2. Artigo giro. Fez-me lembrar as minhas aulas de Audiovisual em que estudávamos os movimentos de câmara com os filmes do Hitchcock

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  3. Gostei bastante, estive a rever a cena do Sala de Pânico e está de facto excelente.
    E só a cena que referes do Resgate valeu o óscar a Spielberg, sem dúvida.

    Abraço

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  4. Adorei este novo tópico!
    Claro que o seguirei!
    Já reparaste que Kubrick foi várias duas vezes utilizado no teu tópico o que explica a clara genialidade de Kubrick atrás das câmaras...

    Abraço
    Cinema as my World

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  5. Post fenomenal este. Gostei muito de consolidar conhecimentos.

    Parabéns.

    Abraço

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  6. Sim, também eu te felicito, está muito bom!

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  7. JACKSON: Muito obrigado! ;)

    CLÁUDIA GAMEIRO: Obrigado ;) Estudaste os movimentos de câmera com os filmes do Hitchcock, a sério? Devem ter sido muito interessantes, essas aulas! Hitchcock é «tem muito pano para mangas», como se costuma dizer.

    JACKIE BROWN: Fincher já tinha feito uma cena semelhante ou pelo menos do mesmo tipo em CLUBE DE COMBATE, aquando da explicação da explosão no apartamento da personagem de Ed Norton. Mas a cena de SALA DE PÂNICO é muito mais demorada e ambiciosa.

    YIRIEN: Obrigado!

    NEKAS: Obrigado! ;) Ainda bem, fico contente por saber ;) Para ser preciso, referi três filmes de Kubrick e não dois: LARANJA MECÂNICA, BARRY LYNDON e SHINING. Um génio, sem dúvida.

    FILIPE COUTINHO: Obrigadíssimo ;)

    FLÁVIO GONÇALVES: Obrigado, ainda bem que gostaste!

    Cumps.
    Roberto Simões
    » CINEROAD - A Estrada do Cinema «

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  8. Muito interessante este artigo! Gostei imenso! E já aprendi umas coisas ;)

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  9. Interessante artigo que ajuda a dar nome àquilo que conhecemos. O movimento chariot por exemplo, temos um excelente caso com um plano longo em Last Days, de Gus Van Sant.

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  10. CATARINA NORTE: Obrigado! ;) A troca de conhecimentos é sempre uma das mais-valias desta fabulosa interacção entre cinéfilos.

    TIAGO RAMOS: Referes-te a que plano longo? Àquele de afastamento da janela, em que no interior a personagem de Pitt toca bateria?

    Cumps.
    Roberto Simões
    » CINEROAD - A Estrada do Cinema «

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  11. Gostaria de agradecer esse artigo, pois me ajudou imensamente para um trabalho da faculdade de Multimídia Digital que estou cursando. Obrigado mesmo!

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  12. JACKIE: Muito obrigado, fico muito lisonjeado.

    Cumps.
    Roberto Simões
    » CINEROAD - A Estrada do Cinema «

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  13. Realmente... um artigo de natureza puramente técnica, é muito invulgar. Ou melhor: não é para todos.

    É fácil falar de filmes, e de certas cenas em particular onde muitas das vezes se evidenciam pela genialidade com que nos é apresentada.
    O grande Hitchcock chegou a fazer filmes inteiros onde abusava da técnica de um único take. Fazia-o com mestria porque usava nesse único take, diversas técnicas de filmagem que disfarçavam o aspecto de filmagem continua (juntamente com a engenharia cenográfica que desenvolvia), algumas aqui até descritas (panoramicas, zoom, camera na mão, etc - basta ver a por exemplo "A corda" - célebre para mim por ser somente no ZOOM da mala preta que ele faz o take seguinte).

    Super-interessante e pleno de razões para para tudo e vir aqui ver a rúbrica da próxima vez.
    Muito bom estes artigos técnicos (especialmente os que envolvem o acto de filmar). Parabéns Roberto!
    E continua... venham mais!

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  14. ARM PAULO FERREIRA: O próprio do filme A CORDA, que vi recentemente, foi feito com 10 planos-sequência, unidos por passagens a negro.
    Muito obrigado pelas palavras ;) Ainda bem que gostaste. Virão mais números, certamente.

    Cumps.
    Roberto Simões
    » CINEROAD - A Estrada do Cinema «

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  15. Reconheço os movimentos mas não conhecia os termos exactos, obrigada pela partilha!

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