★★★★★
Realização: Béla Tarr, Ágnes Hranitzky
Principais Actores: Miroslav Krobot, Tilda Swinton, Ági Szirtes, János Derzsi, Erika Bók, Gyula Pauer, István Lénárt, Kati Lázár
SINISTRA EXISTÊNCIA
Há quem diga que deambulam fantasmas, pelo cinema de Béla Tarr, e que os mesmos tornam, filme após filme, num diálogo perpétuo. Partilho dessa metáfora.
Num enquadramento contínuo, flui a melancolia, o desencanto e a solidão. O transe e o ambiente quase que surreal esculpem-se pela eterna repetição da música e dos sons, que definem os intervalos do silêncio. Os demorados planos-sequência, encenados ao pormenor, impõem uma gramática intensa e austera (ao mesmo tempo, tão mais próxima do real) que esquecêramos ser possível. A contemplação, a subtileza dos contrastes, a luz e as sombras, a minuciosa disposição dos elementos cénicos. Através deste formalismo rigoroso, a mais livre exploração do tempo e do espaço pela perspectiva única. O movimento da câmera, absolutamente manipulador, é temperado pela mais refinada sensibilidade estética, pelo deslumbramento, pela subtileza. É o poder da imagem, soberano. Por meio dela, a beleza no vazio existencial, que pela rotina ou mistério assola as almas perdidas. Há uma história, que a timidez dos diálogos ajuda a descobrir. Na expressão dos actores, sempre seguidos de perto, reside a culpa silenciosa e a condição do Homem, nitidamente reflectida.
É um cinema interior, o de Béla Tarr, génio do filme. Estou certo de que O Homem de Londres testará, no espectador, tanto os limites da concentração como a necessidade de evasão nesta dimensão alternativa, tão profundamente mística, espiritual e artística. É desta matéria que se fazem as grandes, grandes obras.
Num enquadramento contínuo, flui a melancolia, o desencanto e a solidão. O transe e o ambiente quase que surreal esculpem-se pela eterna repetição da música e dos sons, que definem os intervalos do silêncio. Os demorados planos-sequência, encenados ao pormenor, impõem uma gramática intensa e austera (ao mesmo tempo, tão mais próxima do real) que esquecêramos ser possível. A contemplação, a subtileza dos contrastes, a luz e as sombras, a minuciosa disposição dos elementos cénicos. Através deste formalismo rigoroso, a mais livre exploração do tempo e do espaço pela perspectiva única. O movimento da câmera, absolutamente manipulador, é temperado pela mais refinada sensibilidade estética, pelo deslumbramento, pela subtileza. É o poder da imagem, soberano. Por meio dela, a beleza no vazio existencial, que pela rotina ou mistério assola as almas perdidas. Há uma história, que a timidez dos diálogos ajuda a descobrir. Na expressão dos actores, sempre seguidos de perto, reside a culpa silenciosa e a condição do Homem, nitidamente reflectida.
É um cinema interior, o de Béla Tarr, génio do filme. Estou certo de que O Homem de Londres testará, no espectador, tanto os limites da concentração como a necessidade de evasão nesta dimensão alternativa, tão profundamente mística, espiritual e artística. É desta matéria que se fazem as grandes, grandes obras.
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