★★★★
Título Original: My Darling Clementine
Realização: John Ford
Principais Actores: Henry Fonda, Linda Darnell, Victor Mature, Cathy Downs, Walter Brennan, Tim Holt, Ward Bond
Crítica:
A VINGANÇA DE WYATT EARP
Maybe when we leave this country young kids like you
will be able to grow up and live safe.
will be able to grow up and live safe.
Wyatt Earp, por John Ford. Mais a lenda, não tanto a história, daquela mítica figura que o próprio cineasta conheceu pessoalmente em 1927 e que Henry Fonda interpreta, formidavelmente. Mais um homem do oeste - sequeoso de vingança e de justiça, mas mais brando nos costumes e no trato, muito menos bruto e grosseiro certamente, e que finalmente alia o charme natural ao cuidado com a apresentação.
Clementine: I love your town in the morning, Marshal. The air is so clean and clear... the scent of the desert flower.
Wyatt Earp: That's me... barber.
Wyatt Earp: That's me... barber.
Após o misterioso assassinato do irmão, num intervalo à travessia do gado pela empoeirada imensidão da paisagem rumo à Califórnia, Tombstone torna-se o lugar para um novo começo. Earp deixa a sua existência errante e assume responsabilidade civil como xerife. É então que My Darling Clementine abranda o seu principal fio narrativo - a vingança - e se demora na crónica de costumes, no retrato histórico, na invocação nostálgica de um passado perdido; muito ao estilo do que faria Hawks, também, mais tarde, de set em set, em Rio Bravo. Após densos ou bem humorados diálogos e alguns tiros esporádicos - na barbearia, na pensão ou no alpendre - a acção retorna a Tombstone - precisamente, com a fuga do alcoolizado, tísico e enigmático Doc (Victor Mature). E quando o faz, fá-lo de forma explosiva e absolutamente electrizante, até ao final. Puro entretenimento. A fotografia de Joseph MacDonald toma-nos de assombro, glorificando o céu, as nuvens e as rochas, transpirando, a cada frame, uma beleza de cortar a respiração.
Também o romance marca presença, nesta narrativa de múltiplos registos que é My Darling Clementine. A figura feminina - representada de duas formas opostas pelas personagens de Chihuahua (Linda Darnell, a prostituta, mulher de recreio) e de Clementine (Cathy Downs, professora, a mulher para casar) - partilha e distrai as atenções dos homens do ódio que os corrói no dia-a-dia. Clementine, ao qual o título (por sua vez oriundo da canção popular) faz menção, simboliza a esperança e a redenção do homem do oeste a uma fórmula mais pacífica e romantizada do herói. Afinal, também há lugar para a doçura e para o amor no coração e na vida de um homem duro.
Embora a construção narrativa não esteja tão magnificamente esculpida quanto a composição dos planos, muito menos quando comparada, obviamente, à imponência silenciadora de Monumment Valley - encontramo-nos perante um western enérgico e incontestavelmente prazeroso e valoroso. A salientar, obrigatoriamente, que a versão final que chegou aos cinemas de todo o mundo beneficiou (ou sofreu?) de cortes por parte de Zanuck, da Fox, que achara a versão de Ford demasiado demorada e cansativa. Há uma versão do realizador, seis minutos mais longa, mas não definitiva.
Também o romance marca presença, nesta narrativa de múltiplos registos que é My Darling Clementine. A figura feminina - representada de duas formas opostas pelas personagens de Chihuahua (Linda Darnell, a prostituta, mulher de recreio) e de Clementine (Cathy Downs, professora, a mulher para casar) - partilha e distrai as atenções dos homens do ódio que os corrói no dia-a-dia. Clementine, ao qual o título (por sua vez oriundo da canção popular) faz menção, simboliza a esperança e a redenção do homem do oeste a uma fórmula mais pacífica e romantizada do herói. Afinal, também há lugar para a doçura e para o amor no coração e na vida de um homem duro.
Embora a construção narrativa não esteja tão magnificamente esculpida quanto a composição dos planos, muito menos quando comparada, obviamente, à imponência silenciadora de Monumment Valley - encontramo-nos perante um western enérgico e incontestavelmente prazeroso e valoroso. A salientar, obrigatoriamente, que a versão final que chegou aos cinemas de todo o mundo beneficiou (ou sofreu?) de cortes por parte de Zanuck, da Fox, que achara a versão de Ford demasiado demorada e cansativa. Há uma versão do realizador, seis minutos mais longa, mas não definitiva.
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