domingo, 5 de dezembro de 2010

ELEPHANT (2003)

PONTUAÇÃO: MUITO BOM
Título Original: Elephant
Realização: Gus Van Sant
Principais Actores: Alex Frost, Eric Deulen, John Robinson, Elias McConnell, Jordan Taylor, Carrie Finklea, Nicole George, Brittany Mountain, Alicia Miles, Kristen Hicks, Bennie Dixon

Crítica:

ADOLESCÊNCIA(S)

Um clássico instantâneo. Que nem um Alex DeLarge, também o Alex de Gus Van Sant é um profundo admirador de Beethoven; neste caso, também intérprete. Ambos os jovens são símbolos máximos da ultra-violência representada no cinema.

Porém, este Alex de Elephant é muito mais do que metafórico: é... tão real. Juntamente com o seu comparsa, a violência surge representada sem preocupações
morais, sem causa ou explicação. E é por isso que o filme é tão perturbante: o mal está entre nós, poderá revelar-se a qualquer instante. O que o desperta? O preconceito, o traumatizante bullying, os problemas familiares e as relações superficiais, a alienação nos jogos de computador, a televisão ou simplesmente as nuvens e a mudança de tempo. São todas hipóteses possíveis; todas elas são invocadas, ainda que subtilmente.

A realização de Gus Van Sant é magistral e profundamente inspirada, assombrosa em todos os travellings, no slow motion e nos jogos de perspectiva. Há longas sequências, enaltecidas com a alternância de focagem, nas quais o segundo plano ganha uma relevância que é essencial para o entendimento da obra. Depois há Für Elise e Moonlight (este último é para
mim o tema mais lúgubre alguma vez concebido) que encerram um mistério incomensurável.

Elephant
é, pois, um triunfo de uma sublimidade inquestionável, de uma frieza e contenção desmedidas. Um realista e por demais fiel retrato da adolescência, carregado de vazio existencial, que termina, antes das nuvens também elas carregadas de poder enigmático, com um esperançoso e tão simbólico toque entre pai e filho.

17 comentários:

  1. É certo que apreciei bastante o considerado clássico de Van Sant, mas não lhe consigo atribuir uma pontuação. Mas é de vista obrigatória, embora prefira o Paranoid Park e Gerry.

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  2. Filipe, talvez essa seja a obra-prima de Van Sant, mais a competição com Milk é muito grande ainda assim, Van Sant é um bom diretor e muito merecido foi a Palma de Ouro por esse mesmo.

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  3. Um ótimo filme, que mostra como grande parte da juventude está perdida.

    Considero a carreira de Van Sant com altos e baixos, mas aqui ele acertou a mão.

    Abraço

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  4. Não gosto muito de "Elefante", apesar de aprovar esse estilo mais experimental na carreira do Gus Van Sant.

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  5. Gosto muito de Elephant e naum consigo escolher entre esse e Paranoid Park, acho os dois parecidos, no ritmo e na qualidade. Acho curioso essa observação de Gus pelo mundo juvenil.

    Abraço!!!

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  6. Melhor filme de Van Sant, pra mim. O amadurecimento do diretor e a sua ousadia dominam toda a projeção.

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  7. JACKSON: Olha que dos três ainda prefiro o GERRY ;)

    CLEBER: Gus Van Sant é, para mim, daqueles realizadores dos quais é muito complicado escolher a obra maior.

    HUGO: Pouco conheço da carreira de Van Sant antes de GERRY, exceptuando o sublime O BOM REBELDE. De GERRY em diante os filmes do realizador são, para mim, todos formidáveis.

    KAMILA: Também não é o meu preferido, creio que te compreendo.

    YGOR MORETTI FIORANTE: ELEPHANT e PARANOID PARK conseguem ser, em muitos pontos, muito semelhantes mesmo. Eu dos dois prefiro ELEPHANT.

    DIEGO RODRIGUES: Para mim não é o melhor, mas este ELEPHANT é um clássico instantâneo.

    Cumps.
    Filipe Assis
    CINEROAD - A Estrada do Cinema

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  8. Palma de ouro em Cannes? O que se passa??!! Gus Van Sant é o meu ódio de estimação. Realizou as piores peças europeias que vi nos últimos anos: Elephant, Last days, Gerry (provavelmente um dos piores filmes que vi em toda a minha vida!!).. Um realizador sobrevalorizado.

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  9. Bom texto! Parabéns :) Já sabes, o filme é dos meus preferidos, mesmo...

    (pissarra, Van Sant é SUBvalorizado, isso sim! e isso comprova-se com o teu comentário...)

    Abraço!

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  10. PISSARRA: Não concordo nada com a tua afirmação. Acho todas essas obras verdadeiramente sublimes.

    FLÁVIO GONÇALVES: Obrigado ;) É mesmo um filme incrível e marcante.

    Cumps.
    Roberto Simões
    » CINEROAD - A Estrada do Cinema «

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  11. Ainda não vi nenhum filme de Gus Van Sant...ainda não calhou...eu sei tenho de me apressar.

    Devo começar brevemente com a visualização de Good Will Hunting.
    Este, como o Gerry, o Milk, entre outros vão demorar talvez um pouco mais...existem ainda assim outras prioridades de momento :)

    abraço

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  12. JORGE: É um bom começo. O BOM REBELDE é um dos meus filmes preferidos.
    Os restantes que enunciaste (com excepção de MILK) são igualmente sublimes, mas numa vertente absolutamente experimental ou avant-garde. Nada mainstream. Espero que venhas a adorar esse lado do realizador. Não percas a oportunidade para ver para além de ELEPHANT e GERRY, LAST DAYS. E o A CAMINHO DE IDAHO, que também é magnífico!

    Cumps.
    Roberto Simões
    » CINEROAD - A Estrada do Cinema «

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  13. É, com certeza, um filme singular e sublime. É um retrato fidedigno da juventude e da própria sociedade envolvente.

    Abraço
    Cinema as my World

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  14. É um olhar traumatizante sobre os adolescentes e como estes encaram o resultado das suas vivências e de toda uma pressão social que lhes é adjacente nas suas vidas.
    Quando vi o filme encarei-o quase como uma catarse nua e crua de jovens desajustados e desintegrados numa sociedade, contando sem rodeios o que podem vir a ser as consequências do preconceito e da não-aceitação.

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  15. NEKAS: E, a par disso, uma experiência minimamente corajosa e insólita, não?

    TIAGO VITÓRIA: É isso. Partilhamos da mesma visão. Um filme, por isso, duro.

    Cumps.
    Roberto Simões
    » CINEROAD - A Estrada do Cinema «

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  16. Gus van Sant parece que precisa sempre provar a própria qualidade. Eu fico com um pé atrás diante dos filmes dele. Vou atrás deste.

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  17. ENALDO: Cá para mim não precisa provar nada a ninguém. A sua filmografia fala por si, em toda a sua diversidade.

    Roberto Simões
    » CINEROAD «

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