quarta-feira, 22 de dezembro de 2010

ALL THAT JAZZ - O ESPECTÁCULO VAI COMEÇAR (1979)

PONTUAÇÃO: MUITO BOM
Título Original: All That Jazz
Realização
: Bob Fosse

Principais Actores: Roy Scheider, Jessica Lange, Leland Palmer, Ann Reinking, Cliff Gorman, Ben Vereen, Erzsebet Foldi, Michael Tolan, Max Wright, William LeMassena, Irene Kane, Deborah Geffner, Kathryn Doby, Anthony Holland, Robert Hitt, David Margulies, Sue Paul, Keith Gordon, Frankie Man, Alan Heim, John Lithgow

Crítica:

O ÚLTIMO ENSAIO
It's show time, folks!

Antes da morte, o adeus. O adeus sob a forma de vida. All That Jazz - O Espectáculo Vai Começar não é senão o 8 1/2 de Bob Fosse. Entre a comédia e a tragédia, flui a audácia e a extravagância, a complexidade na leitura e a concretização de uma narrativa nada convencional. As sequências musicais intensificam-se, entre o cinema e o teatro, entre o palco e o hospital, entre o sonho e a realidade e a auto-consciência ficcional da obra. A extraordinária montagem de Alan Heim coreografa e determina as próprias cadências do filme, conferindo-lhe um ritmo contagiante. As repetições, nomeadamente, marcam as transições entre os actos, ao som do Concerto em Sol Maior de Vivaldi. E Lange, como lightspot da beleza feminina, está para Fosse como Cardinale para Fellini. Joe Gideon, por sua vez, surge-nos como o Guido do show business americano.

Gideon (Roy Scheider, numa performance brilhante) é um homem de vícios e de paixões fortes: as mulheres, as anfetaminas, os cigarros e o trabalho. A música e a dança - o suor, os corpos e o movimento -, o delírio da entrega. Os excessos de uma vivência levada ao limite. Genial na profissão, obcecado por sexo e tão instável no percurso pessoal, Joe Gideon, o perfeito alter-ego do próprio Bob Fosse, que aqui assina a realização e as coreografias, e que com o argumento, claro está, desenvolve uma inspirada e ousada semi-autobiografia. Take Off With Us (Air-otica, que erotismo!) e Bye Bye, Life apresentam-se como as sequências mais retumbantes e memoráveis do filme, assim como as alucinações durante a cirurgia do protagonista: After You've Gone, There'll Be Some Changes Made, Who's Sorry Now e Some of these Days. A esmerada direcção artística (Philip Rosenberg, Gary J. Brink e Edward Stewart), aliada à criteriosa iluminação, formulam um requinte visual que ressoa eficazmente no trabalho fotográfico de Giuseppe Rotunno.

No final, não o circo como no clássico italiano de 1963... mas o mais estrondoso espectáculo de que há memória. A despedida, o adeus para sempre...

Eis, pois, efeverscente e refrescante, um inimitável pedaço de cinema. Espectacularmente bem filmado.

1 comentário:

  1. Mais do que um bom realizador, Bob Fosse foi sobretudo um excelente coreógrafo. Não admira portanto que na sua diminuta filmografia (apenas 5 longa-metragens) sobressaia a sua trilogia musical - este "All That Jazz", "Sweet Charity" e, acima de todos, o eterno "Cabaret". Realizou ainda um magnífico biopic sobre o entertauner Lenny Bruce (excelente Dustin Hoffman), mas o seu último filme, "Star 80" já não trouxe nada de especial.
    Neste estamos de acordo, Roberto:
    4 estrelas em 5

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