★★★★
Título Original: Slumdog MillionaireRealização: Danny Boyle, Loveleen Tandan
Principais Actores: Dev Patel, Anil Kapoor, Saurabh Shukla, Rajendranath Zutshi, Freida Pinto, Irrfan Khan, Azharuddin Mohammed Ismail, Ayush Mahesh Khedekar, Rubiana Ali, Madhur Mittal, Sunil Kumar Agrawal
O DESTINO
DE UM MOSQUETEIRO
DE UM MOSQUETEIRO
When somebody asks me a question,
I tell them the answer.
I tell them the answer.
Slumdog Millionaire é um filme sensacional, de uma energia pujante, contagiante e mágica. É sobre a Índia em transformação. De entre os lamacentos bairros de lata erguem-se, hoje, imponentes prédios que arranham os ceús e acentuam os contrastes de um país multifacetado em todas as suas cores e culturas. Da miséria profunda à potência emergente, há todo um reflexo de um país que se espelha - claramente - no percurso pessoal de Jamal Malik. Afinal, quem diria que o menino que consegue o autógrafo de Amitabh Bachchan, imundo dos pés à cabeça, conseguiria vencer 20 milhões de rupias, tornar-se multi-milionário e cair nas bençãos da fama? D) It is written. O verdadeiro tema de Slumdog Millionaire - mais do que qualquer leitura sobre a Índia ou Bollywood - é, pois, o destino. A sorte.
Danny Boyle (com o apoio de Loveleen Tandan) filma aquilo que podemos chamar uma autêntica explosão de alegria e de energias positivas. A obra aborda temas sérios, é certo, mas fá-lo sempre com uma ligeireza muito particular, cheia de esperança e romantismo. Não é difícil, por isso, evadirmo-nos da nossa própria realidade e escaparmo-nos nesta aventura de sonho, onde nos sentimos confortáveis nas mãos do destino, antevendo um happy ending, bigger than life. Eis o que explica, em grande parte, o sucesso à escala global de um filme como Slumdog Millionaire e, da mesma forma, um concurso como Quem Quer Ser Milionário? - It's the chance to escape, isn't it? Walk into another life. Doesn't everyone want that? Na verdade, poder-se-á dizer que Slumdog Millionaire é tão sensacional quanto sensacionalista. E não há nenhum mal nisso. Fá-lo deliberadamente e é essa a sua voz de afirmação. Afinal, explora a mesma fórmula que os programas televisivos, na conquista pelas audiências... Envolve o espectador, possibilita-lhe infindáveis momentos de boa disposição e apela ao derradeiro poder das emoções. Não importa que a proposta do argumento seja absolutamente idílica. Porque não deixarmo-nos levar?
Aparte uma ou outra performance menos bem conseguida (refiro-me, inevitavelmente, a Freida Pinto, Rubina Ali ou Tanvi Ganesh Lonkar) ou, a meu ver, a ausência total de química na relação amorosa entre Jamal e Latika, é certo que estamos perante um filme irrepreensivelmente bem feito, aceite que está a sua natureza. O argumento desenvolve-se em três linhas narrativas (1. O interrogatório policial; 2. O programa de televisão; 3. Os flashbacks.) e constrói-se na alternância entre todas elas. A fotografia de Anthony Dod Mantle é visualmente arrebatadora, com enquadramentos radicalmente inesperados, a montagem de Chris Dickens é verdadeiramente prodigiosa e a banda sonora de A. R. Rahman extraordinariamente vibrante e extasiante. Que nem as suas várias canções. No elenco destacam-se Dev Patel, Anil Kapoor, Irrfan Khan ou o pequeno e encantador Ayush Mahesh Khedekar.
A cena dos créditos finais, que tantos repudiam e consideram ridícula, não é senão o espelho de todo o espírito do filme: descontraído, divertido e cheio de vida. Populista, à la Bollywood. Por tudo isto, Slumdog Millionaire tem o candor de nos fazer sonhar a vida como uma celebração. Basta deixarmo-nos levar. E como sabe bem, de vez em quando, não levarmos as coisas demasiado a sério.
Danny Boyle (com o apoio de Loveleen Tandan) filma aquilo que podemos chamar uma autêntica explosão de alegria e de energias positivas. A obra aborda temas sérios, é certo, mas fá-lo sempre com uma ligeireza muito particular, cheia de esperança e romantismo. Não é difícil, por isso, evadirmo-nos da nossa própria realidade e escaparmo-nos nesta aventura de sonho, onde nos sentimos confortáveis nas mãos do destino, antevendo um happy ending, bigger than life. Eis o que explica, em grande parte, o sucesso à escala global de um filme como Slumdog Millionaire e, da mesma forma, um concurso como Quem Quer Ser Milionário? - It's the chance to escape, isn't it? Walk into another life. Doesn't everyone want that? Na verdade, poder-se-á dizer que Slumdog Millionaire é tão sensacional quanto sensacionalista. E não há nenhum mal nisso. Fá-lo deliberadamente e é essa a sua voz de afirmação. Afinal, explora a mesma fórmula que os programas televisivos, na conquista pelas audiências... Envolve o espectador, possibilita-lhe infindáveis momentos de boa disposição e apela ao derradeiro poder das emoções. Não importa que a proposta do argumento seja absolutamente idílica. Porque não deixarmo-nos levar?
Aparte uma ou outra performance menos bem conseguida (refiro-me, inevitavelmente, a Freida Pinto, Rubina Ali ou Tanvi Ganesh Lonkar) ou, a meu ver, a ausência total de química na relação amorosa entre Jamal e Latika, é certo que estamos perante um filme irrepreensivelmente bem feito, aceite que está a sua natureza. O argumento desenvolve-se em três linhas narrativas (1. O interrogatório policial; 2. O programa de televisão; 3. Os flashbacks.) e constrói-se na alternância entre todas elas. A fotografia de Anthony Dod Mantle é visualmente arrebatadora, com enquadramentos radicalmente inesperados, a montagem de Chris Dickens é verdadeiramente prodigiosa e a banda sonora de A. R. Rahman extraordinariamente vibrante e extasiante. Que nem as suas várias canções. No elenco destacam-se Dev Patel, Anil Kapoor, Irrfan Khan ou o pequeno e encantador Ayush Mahesh Khedekar.
A cena dos créditos finais, que tantos repudiam e consideram ridícula, não é senão o espelho de todo o espírito do filme: descontraído, divertido e cheio de vida. Populista, à la Bollywood. Por tudo isto, Slumdog Millionaire tem o candor de nos fazer sonhar a vida como uma celebração. Basta deixarmo-nos levar. E como sabe bem, de vez em quando, não levarmos as coisas demasiado a sério.
____________________________________________
Nota especial para a infeliz escolha do título português.
Honestamente, quanto a mim, sobrevalorizado.
ResponderEliminarMas tenho de o rever para cimentar a minha opinião.
A mim só me vem à cabeça: rídiculo. O argumento, os prémios, a sobrevalorização... Só mesmo a realização (nomeadamente a fotográfica) é que saiem da abragente medíocridade de Slumdog Millionaire.
ResponderEliminarAcho que sabes a minha opinião quanto a este filme extremamente sobrevalorizado!
ResponderEliminarNão o acho medíocre mas os seus prémios apenas serviram para desviar atenções quanto a Hollywood negar Bollywood!
Tanto Benjamin Button como Milk são obras superiores!
Abraço
http://nekascw.blogspot.com/
Muito ligeiro e caótico, mas cativante mesmo assim. A música é ótima.
ResponderEliminarBoa banda sonora, uma fotografia a assinalar, uma realização interessante, uma tentativa de chegar ao público de Bollywood. Bollywood não o recebeu muito bem, ao contrário do que se pensa, e houve quem quisesse impedir a sua entrada. Será um filme que ficará assinalado na história do cinema, mas sem grande pompa e facilmente esquecido. Não sei quanto a vocês, mas o Anil Kapoor irrita-me sobremaneira. E vê-lo no 24 não tem ajudado...
ResponderEliminarConcordo, em absoluto mesmo, com a tua crítica.
ResponderEliminarAbraços
MARTA: Sim, claramente sobrevalorizado.
ResponderEliminarJACKSON: Pois, talvez ;) Contudo, não vejo propriamente mediocridade em SLUMDOG MILLIONAIRE. Se na outra margem haverá sobrevalorização, também creio que nesta haverá subvalorização. De qualquer modo, a realização e a fotografia são absolutamente extraordinárias. Que nem a montagem, por exemplo.
NEKAS: Tendo a concordar contigo. Foi extremamente sobrevalorizado (o engraçado é que sempre que este fenómeno acontece, surge sempre um movimento contestatário que acaba subvalorizar o título em questão).
Sim, também considero BENJAMIN BUTTON ou MILK títulos superiores.
GUSTAVO H.R.: Caótico não será bem o termo, mas estou de acordo. Ligeiro, cativante e com uma magnífica banda sonora.
CLÁUDIA GAMEIRO: LOL Por acaso o visual do actor neste filme de Danny Boyle também me irrita um bocadinho! ;D Mas estou absolutamente de acordo contigo. Não é filme para ser recordado como as verdadeiras obras-primas que nos surgem de tempos a tempos.
FLÁVIO GONÇALVES: ;) Fico contente por saber que estamos, uma vez mais, de acordo.
Cumps.
Roberto Simões
CINEROAD - A Estrada do Cinema
Há qualquer coisa que lhe falta, ao mesmo tempo que nos parece completo. É o dilema entre o experimental e o standard, que acaba por criar a apoteose do consumismo e do telelixo, ao mesmo tempo que luta contra isso. É independente e oportunista ao mesmo tempo.
ResponderEliminarAdmito rever o filme, mas nunca percebi a sua adoração.
ResponderEliminarEis o que achei:
- argumento previsível;
- interpretações banais (ou, pelo menos, mais abaixo do que as pintaram);
- concretização (mis-en-scene + música) enjoativa, secante.
Considero-o um mau filme.
Abraço.
TIAGO RAMOS: Penso que entendi mais ou menos o que quiseste dizer. O filme tem de facto esses dois lados, as duas faces da moeda. As conclusões a tirar ficam a cargo de cada um.
ResponderEliminarDIOGO F: Quanto ao argumento, nem sempre é previsível (penso que essa caracterização é redutora). Quanto às interpretações estou totalmente de acordo e quanto à mise-en-scène e à música estou em profundo desacordo: não só porque a realização e a fotografia são magistrais como porque a música é um dos pontos altos do filme e a sua interacção com as imagens é delirante, extasiante.
Cumps.
Roberto Simões
» CINEROAD - A Estrada do Cinema «
Só o vi por acaso, devido a ter passado nos canais da ZON. Nunca o teria ido buscar ao clube de vídeo ou muito menos comprado.
ResponderEliminarResolução bem acertada a minha, visto tratar-se de um filme menor, devidamente sobrevalorizado pelos estúdios americanos.
Sinceramente, ó senhores de Hollywood, tem alguma comparação com o "Benjamin Button" do Fincher?
RATO: Os Óscares são um fenómeno estranho, fazer o quê. Custa-me a acreditar que os membros da Academia não percebam de arte nem de cinema. Valores mais altos (???) se levantaram, certamente.
ResponderEliminarCumps.
Roberto Simões
» CINEROAD - A Estrada do Cinema «
Gosto desse filme. Acho bem feito. O Patel tem um grande carisma, que acompanho desde a série inglesa Skins. Aqui no Brasil, muito se falou a respeito da semelhança com Cidade de Deus. Ah, o trailer do filme é péssimo. Entrega o final.
ResponderEliminarAbraço.
MATEUS SOUZA: Também gosto. Está bem feito, sim. Semelhanças com CIDADE DE DEUS tem na verdade poucas, excepto claro aquela câmera brilhante e imparável que filma a pobreza da Índia qual Meirelles nas favelas.
ResponderEliminarCumps.
Roberto Simões
» CINEROAD - A Estrada do Cinema «
Sim completamente em sintonia mais uma vez. Sobrevalorizado talvez, mas recentemente diria algo subvalorizado também. Fenómeno estranho este, mas recorrente.
ResponderEliminarQuanto ao filme destaco a montagem bem feita e emotiva, a banda sonora e a fotografia. De facto as interpretações sabem a pouco, especialmente quando se pedia mais credibilidade, mais emoção, mais química. Ainda assim um filme agradável de ser ver, acima de média na minha opinião.
abraço
JORGE: É um fenómeno recorrente, de facto. Às vezes, o fracasso condena um filme. Outras vezes, condena-o o tremendo sucesso, capaz de ofuscar algumas evidências.
ResponderEliminarCumps.
Roberto Simões
» CINEROAD - A Estrada do Cinema «
Tirando a fotografia vibrante e a montagem energética, não encontro um único ponto positivo. O argumento é completamente desleixado (e na minha opinião, é esse o grande problema do filme. Um filme que assenta na premissa de vermos como é que ele sabe as respostas às perguntas, e depois explorar essa vertente muito mal é meio caminho andado para um falhanço), o romance é muito muitoooo fraco, também. A cereja no topo do bolo é o Dev Patel fazer a mesma expressão durante o filme todo - :| <- Dev Patel.
ResponderEliminarNUNO: Sim, o romance é fraco ;D Dev Patel não é um prodígio, mas não creio que comprometa o filme. Não creio que o mesmo assente na premissa que referes; assim sendo, não me identifico com a tua interpretação.
ResponderEliminarCumps.
Roberto Simões
» CINEROAD – A Estrada do Cinema «