★★★★
Título Português: Um Método PerigosoRealização: David Cronenberg
Principais Actores: Henry Cavill, Mickey Rourke, Stephen Dorff, Freida Pinto, Luke Evans, John Hurt, Joseph Morgan, Isabel Lucas
Crítica:
A CURA PELA PALAVRA
Do not pass by the oasis without stopping to drink.
Aqueles detratores que adoram comparações lembrar-se-ão naturalmente dos telefilmes da BBC, quando visualizarem esta nova obra de Cronenberg, Um Método Perigoso. O filme é um portento, tecnicamente falando, verosímil quanto baste na reconstituição histórica (dos cenários e decoração ao guarda-roupa e acessórios), irrepreensível na fotografia e na banda sonora (Peter Suschitzky e Howard Shore, respectivamente, em mais uma frutuosa parceria com o cineasta) e nos demais departamentos técnicos. A nível da história, contudo, fica-se pelo drama eficiente e nunca demasiadamente estimulante.
O mais interessante para quem já conhece, de antemão, o triângulo explorado (refiro-me às relações entre Sabrina Spielrein, Carl Jung e Sigmund Freud) está mesmo nas performances dos actores escolhidos para protagonistas; respetivamente: Keira Knightley, Michael Fassbender e Viggo Mortensen. A primeira, vem comprovar uma vez mais ser uma actriz capaz, de muito trabalho e entrega aos seus papéis. Sobretudo no overacting dos seus espasmos de abertura, Knightley é impressionante, em toda a sua expressão corporal. Brilhante desempenho. Fassbender é outro actor em ascensão, tem tido um percurso notável nos últimos anos que culmina ainda em 2011 com a sua segunda cooperação com Steve McQueen, no profundamente intimista Shame. Em Um Método Perigoso mantém-se ao mais alto nível; é um actor muito constante, à semelhança de Mortensen que tem liderado o elenco dos dois últimos filmes do realizador, que referirei abaixo. Saliente-se ainda a robusta prestação de Vincent Cassel, já no elenco secundário.
De resto, sejamos sinceros: de uma abordagem às origens da psicanálise (já nem me refiro ao facto de se tratar de um filme pelas mãos de Cronenberg) esperava-se uma experiência minimamente ousada, provocante e, se não tanto, pelo menos desconcertante. Não é nada disso que acontece: o argumento de Christopher Hampton adapta o livro A Most Dangerous Method, de John Kerr, e sobretudo a sua peça The Talking Cure. Corre o biopic, sucedem-se os episódios (uns mais relevantes do que outros) e aquilo que temos é mais um filme bem feito, a que se assiste com passividade e com pouco mais interesse do que se assiste a um documentário; pouco, diria, para um cineasta que já nos trouxe títulos como Uma História de Violência ou Promessas Perigosas; só para citar os mais recentes na sua filmografia. De todos estes filmes, o Método, apesar de Perigoso, é certamente o mais inofensivo. Assiste-se ao filme sem qualquer apelo maior ao inteleto ou às emoções (ainda assim, talvez mais às emoções do que ao inteleto). É Cronenberg sem sair da sua zona de conforto, jogando pelo seguro em todas as frentes. Enfim, se há crítica negativa que lhe posso apontar é esta, porque no seu todo o filme parece-me claramente imune a objeções maiores.
O mais interessante para quem já conhece, de antemão, o triângulo explorado (refiro-me às relações entre Sabrina Spielrein, Carl Jung e Sigmund Freud) está mesmo nas performances dos actores escolhidos para protagonistas; respetivamente: Keira Knightley, Michael Fassbender e Viggo Mortensen. A primeira, vem comprovar uma vez mais ser uma actriz capaz, de muito trabalho e entrega aos seus papéis. Sobretudo no overacting dos seus espasmos de abertura, Knightley é impressionante, em toda a sua expressão corporal. Brilhante desempenho. Fassbender é outro actor em ascensão, tem tido um percurso notável nos últimos anos que culmina ainda em 2011 com a sua segunda cooperação com Steve McQueen, no profundamente intimista Shame. Em Um Método Perigoso mantém-se ao mais alto nível; é um actor muito constante, à semelhança de Mortensen que tem liderado o elenco dos dois últimos filmes do realizador, que referirei abaixo. Saliente-se ainda a robusta prestação de Vincent Cassel, já no elenco secundário.
De resto, sejamos sinceros: de uma abordagem às origens da psicanálise (já nem me refiro ao facto de se tratar de um filme pelas mãos de Cronenberg) esperava-se uma experiência minimamente ousada, provocante e, se não tanto, pelo menos desconcertante. Não é nada disso que acontece: o argumento de Christopher Hampton adapta o livro A Most Dangerous Method, de John Kerr, e sobretudo a sua peça The Talking Cure. Corre o biopic, sucedem-se os episódios (uns mais relevantes do que outros) e aquilo que temos é mais um filme bem feito, a que se assiste com passividade e com pouco mais interesse do que se assiste a um documentário; pouco, diria, para um cineasta que já nos trouxe títulos como Uma História de Violência ou Promessas Perigosas; só para citar os mais recentes na sua filmografia. De todos estes filmes, o Método, apesar de Perigoso, é certamente o mais inofensivo. Assiste-se ao filme sem qualquer apelo maior ao inteleto ou às emoções (ainda assim, talvez mais às emoções do que ao inteleto). É Cronenberg sem sair da sua zona de conforto, jogando pelo seguro em todas as frentes. Enfim, se há crítica negativa que lhe posso apontar é esta, porque no seu todo o filme parece-me claramente imune a objeções maiores.
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Originalmente publicada na edição 28 da Revista Take.
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