domingo, 12 de julho de 2009

NASCIDO PARA MATAR (1987)

PONTUAÇÃO: MUITO BOM
Título Original: Full Metal Jacket
Realização: Stanley Kubrick
Principais Actores: Matthew Modine, Vicent D'Onofrio, R. Lee Ermey, Adam Baldwin

Crítica:

DE HOMENS
A MONSTROS DE GUERRA

Um filme dividido em dois e sobre a dualidade do Homem. A primeira parte do filme passa-se na recruta e trata, satírica, hilariante e delirantemente, a transformação do Homem Comum num Homem-Capaz-de-Guerra. Que é como quem diz: a transformação dos ditos inúteis em monstros, em frios animais de guerra. A segunda parte trata, em tom belicista (os monstros são postos em acção), a dura e absurda realidade da guerra. O Homem é representado tanto como o born to kill, como o ser que, acima de todas as coisas, aspira a paz e não é senão um brinquedo manipulado pela autoridade moral que suplanta Deus com a maior arrogância.

A marcha final para a incerteza, entoando em alta voz a canção do Rato Mickey sobre um pano de fundo em chamas, dá conta dessas jovens e inocentes marionetas, vítimas irredutíveis do absurdo. O Joker de Mattew Modine é a sinédoque máxima desta representação simbólica e dualista - o fuzileiro usa tanto o capacete com a expressão born to kill como o amuleto ao peito com o símbolo da paz.

Assombrosos desempenhos de R. Lee Ermey (o boçal sargento, memorável) e de Vicent D'Onofrio (o recruta Pyle, às tantas tão assustador), excelente e perfeccionista realização de Stanley Kubrick, magnífica fotografia de Douglas Milsome (sobretudo na segunda parte) e destaque ainda para o inspirado argumento escrito a três mãos, a partir da obra de Gustav Hasford; magistral, no retrato.


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Nota especial para a infeliz escolha do título português, que perde tanto significado quando comparado com o título original.

8 comentários:

  1. Um filme fascinante ao redor do conflito americano no Vietname. E, sem dúvida, um dos melhores. Mais uma vez a minúcia de Kubrick está patente.

    Abraço.

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  2. RED DUST: Grande minúcia e cenas memoráveis e assombrosas. O suicídio de Pyle ou aquela investida sobre o atirador, já na segunda parte, são o perfeito exemplo disso!

    Cumps.
    Filipe Assis
    CINEROAD - A Estrada do Cinema

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  3. Ok, parece que está aqui outro dos grandes para ver. A verdade é que a temática nunca me fascinou, mas um dia passarei este filme por cuidada revista.

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  4. Deste gostei, mas sinceramente estava à espera de um pouco mais, talvez no argumento. É um pouco diferente daquilo a que estava à espera, e se por um lado não me agradou assim tanto, por outro lado até que se tornou interessante.

    É isso, a sua forma, a sua matriz é dividida em dois, uma primeira parte no treino, e uma segunda dentro da própria acção. E se gostei da primeira, a segunda aqui e ali não se mostrou tão consistente e bem montada sequencialmente.

    De qualquer modo a banda sonora é deliciosa, tal como algumas interpretações, como ainda a realização de Kubrick, mais uma vez.

    Não é o melhor que vi do realizador, mas seguramente de guerra é dos melhores filmes que já vi, algo particular.

    abraço

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  5. Para que não se entenda mal, reafirmo que gostei bastante deste Full Metal Jacket. Muito até. Só que lá está as expectativas estragam sempre a ideia com que ficamos após a primeira visualização, estando de facto à espera de um pouco mais.

    Contudo e pensando um pouco melhor, diria até que este figuraria num top 5 de filmes de guerra que já vi. Agora de facto de Kubrick, e dado os poucos que vi ainda, acho que prefiro ainda assim o The Shining em relação a este. Não muito mas prefiro.

    abraço

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  6. JORGE: Saber gerir as expectativas é uma coisa que se aprende com o tempo, falo-te por experiência própria. De facto compreendo que gostes mais de SHINING, eu também gosto mais desse genial clássico de terror. Mas este é um filme magistral, sem dúvida.

    Cumps.
    Roberto Simões
    » CINEROAD - A Estrada do Cinema «

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  7. Este filme sobe a cada dia que passa na minha apreciação. Talvez como um qualquer de Kubrick :P

    A minha cena favorita - aquela após um soldado matar uma série de inimigos depois de alguns terem passado à sua frente enquanto carregava a arma. Depois disso, surge a música, e a cena desenrola-se com o transporte de alguns feridos para o heli, e depois uma magnifica sequência com a câmara a filmar os "repórteres" a filmaram por sua vez os soldados. Estes a dada altura distribuem papéis de personagens entre eles - Não sei se te lembras. Foi com essa intenção a descrição. Que bela cena e que bela conjugação das partes que constituem um filme. Muito bom.

    abraço

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  8. JORGE: Sim, sim, lembro-me da cena, claro. O filme é todo ele recheado de momentos verdadeiramente marcantes. Muito bom filme, sem dúvida (não tão genial como outros do realizador, mas ainda ssim completamente magistral).

    Cumps.
    Roberto Simões
    » CINEROAD - A Estrada do Cinema «

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