★★★★
Título Original: SpiderRealização: David Cronenberg
Principais Actores: Ralph Fiennes, Miranda Richardson, Gabriel Byrne, Lynn Redgrave, Bradley Hall, John Neville
Crítica:
Começa interessante e acaba mais ou menos inconsequente. Pelo meio, temos uma viagem ao interior da loucura, arrastada por esperas incontáveis e quase intermináveis.
Spider (Ralph Fiennes, numa entrega total) é um homem atormentado pelo passado, misteriosamente alienado e aprisionado nos confins da demência. Assistir ao filme é como seguir o fio de um novelo, com a esperança de desvendar a Verdade para além do suspense. Aproveitando a imagem da aranha, imaginemos a sua teia: o argumento do filme (Patrick McGrath) é como uma confusão de seda, um emaranhado de memórias. A questão é que a narrativa nos chega na primeira pessoa, o que nos confronta imediatamente com a subjectividade. E tendo em conta que Spider é muito frágil, não podemos confiar - de todo - nas suas memórias. O trauma pela morte da mãe assombra-lhe o presente, talvez justifique o seu enigma, e não há lembrança que lhe possibilite o exorcismo dos males do passado. Não há catarse nem libertação, porque a doença psicológica é obscura e infindável e nem sempre há um caminho de volta. É como um puzzle onde nem sempre se acham as peças, é como um vidro em estilhaços, capaz de ferir o corpo e a alma.
É não só imediata como absolutamente plausível uma analogia com o Leonard de Memento. A fábula de Cronenberg ficou-lhe na sombra, infelizmente. E dela não saiu. Houvesse um tanto mais de inspiração e ambição na adaptação do argumento e estaríamos perante uma obra brilhante.
NAS TEIAS DO PASSADO
Clothes maketh the man; and the less there is of the man, the more the need of the clothes.
Começa interessante e acaba mais ou menos inconsequente. Pelo meio, temos uma viagem ao interior da loucura, arrastada por esperas incontáveis e quase intermináveis.
Spider (Ralph Fiennes, numa entrega total) é um homem atormentado pelo passado, misteriosamente alienado e aprisionado nos confins da demência. Assistir ao filme é como seguir o fio de um novelo, com a esperança de desvendar a Verdade para além do suspense. Aproveitando a imagem da aranha, imaginemos a sua teia: o argumento do filme (Patrick McGrath) é como uma confusão de seda, um emaranhado de memórias. A questão é que a narrativa nos chega na primeira pessoa, o que nos confronta imediatamente com a subjectividade. E tendo em conta que Spider é muito frágil, não podemos confiar - de todo - nas suas memórias. O trauma pela morte da mãe assombra-lhe o presente, talvez justifique o seu enigma, e não há lembrança que lhe possibilite o exorcismo dos males do passado. Não há catarse nem libertação, porque a doença psicológica é obscura e infindável e nem sempre há um caminho de volta. É como um puzzle onde nem sempre se acham as peças, é como um vidro em estilhaços, capaz de ferir o corpo e a alma.
É não só imediata como absolutamente plausível uma analogia com o Leonard de Memento. A fábula de Cronenberg ficou-lhe na sombra, infelizmente. E dela não saiu. Houvesse um tanto mais de inspiração e ambição na adaptação do argumento e estaríamos perante uma obra brilhante.
Nunca tinha pensado nessa comparação com "Memento". Lembro-me que "Spider" mexeu comigo ao invocar certas características profundamente humanas, e a loucura constrastante com a solidão que se nos vai apresentando é tocante. Parece-me que seria um óptimo filme a aconselhar em cadeiras de Psiquiatria. Estou a ter Psiquiatria II agora, talvez fosse boa altura para o rever:)
ResponderEliminarCumprimentos!
Eu assisti faz tempo tamb´[em, honestamente lembro pouco, mas diante disso não sei se vale dizer que na epoca gostei hehehe, quero ver novamente...
ResponderEliminarConcordo, não é dos Cronenberg mais inspirados. Falta ritmo e clímax.
ResponderEliminarNão vi, ainda. Mas, Fiennes me cativa com sua intensidade, sempre.
ResponderEliminarAbraço!
ADEK: Não? Não me saía outra ideia da cabeça, curioso. Penso que até é óbvio. Psiquiatria deve ser interessantíssimo. Tivesse eu disponibilidade e tiraria uma licenciatura em Psicologia (suponho que seja o que estás a tirar)!
ResponderEliminarRAFHAEL VAZ: Pois faltou. Também fiquei com essa sensação. Raphael, você devia ter um blog só de cinema!
YGOR MORETTI FIORANTE: Não é, de todo, um filme imperdível, quanto a mim.
GUSTAVO: Falta, falta. Também penso isso.
CRISTIANO CONTREIRAS: Fiennes é sem dúvida um grande actor e neste SPIDER ele está magnífico. É das suas melhores prestações. O filme vale mais por ele.
Cumps.
Roberto Simões
CINEROAD - A Estrada do Cinema
Não me lembrava bem do filme todo, mas a tua crítica teve o condão de me recordar mais ou menos :)
ResponderEliminarPara mim o filme fica longe de outras obras do realizador (UMA HISTóRIA DE VIOLÊNCIA e PROMESSAS PERIGOSAS), na medida em que não desenvolve muito mais que a sua premissa inicial, falta ritmo e climax tal como já foi dito por aí, e concordo plenamente.
O argumento é de facto promissor, mas não foi capaz de se soltar de modo a reflectir qualquer conclusão ou proveito dele mesmo. Nesse prisma o que se salvou foi a atmosfera, condizente e envolvente; e a interpretação de Fiennes que é nos deixar ainda mais absorvidos (e confusos) com a entre-cruzada história.
abraço
RAFHAEL VAZ: Fica a sugestão ;) Passarei por lá com certeza!
ResponderEliminarJORGE: Estamos mais uma vez de acordo. A premissa pedia mais.
Cumps.
Roberto Simões
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