★★★★★
Realização: Martin Scorsese
Principais Actores: Liza Minnelli, Robert De Niro, Lionel Stander, Barry Primus, Mary Kay Place, Georgie Auld, George Memmoli, Dick Miller, Murray Moston, Lenny Gaines, Clarence Clemons, Kathi McGinnis
Crítica:
If I can make it there
I'll make it anywhere...
AMAR EM NOVA IORQUE
It's up to you
New York, New York!
New York, New York!
Entre a vida e o artifício, New York, New York, de Martin Scorsese, é puro espectáculo, puro requinte. É um elogio ao amor sobre a guerra, à cidade que nunca dorme e uma homenagem maior aos musicais de estúdio que, outrora, consagraram Hollywood. Essa aura especial é, aliás, perfeitamente recriada. A obra concretiza - através da tempestuosa relação de Jimmy e Francine Evans - uma autêntica e contínua antologia de inspiradíssimos diálogos e cenas, tantos deles improvisados, absolutamente memoráveis. Scorsese, sempre dotado de elevada sensibilidade estética, conduz a trama com apreço pelos fait-divers e perde-se neles; perde-se no sentido demora-se, maravilhado e encantado. E nós perdemo-nos com ele.
O filme é tanto mais do que eles, mas é igualmente compreensível dizer que Roberto DeNiro e Liza Minelli são o filme. Transbordando talento e dedicação, a química entre os dois transcende facilmente a tão pouca convencionalidade do romance. Jimmy, um saxofonista egoísta e possessivo, machista e conflituoso quanto baste. Francine, uma graciosa cantora, que se deixar seduzir pela lata do fanfarrão. Têm em comum a ambição e a música. Amam-se, mas são incompatíveis - isso percebe-se logo desde o início. A espaços, lembramos Minnie and Moskowitz, de Cassavetes, e a sua improvável e atribulada relação. No final, a sós, cada um encontra o sucesso profissional e os sonhos de ambos tornam-se realidade. É incrível como apenas separados, à distância, conseguem triunfar. Os opostos atraem-se, mas destroem-se mutuamente. Nem um filho os consegue unir.
O tema New York, New York - que o filme (e mais tarde Frank Sinatra) eternizou - cresce ao ritmo da sua relação, dos créditos iniciais ao grande desfecho. Minneli interpreta vorazmente outros tantos temas poderosos ou essencialmente espirituosos: There Goes the Ball Game, The Man I Love, mas sobretudo But the World Goes 'Round. A excelência da música é comum aos mais variados departamentos técnicos: László Kovács, à frente da direcção de fotografia, capta a atmosfera da noite nova-iorquina e dos bares onde flui o jazz e o blues, fundindo habilmente as cores, os brilhos e as luzes. A direcção de figurinos (Theadora Van Runkle) e a artística (Boris Leven, Harry Kemm, Robert De Veste e Ruby R. Levitt) esmeram-se claramente no mesmo sentido, em cada decór, dos interiores aos exteriores fabricados e aos esplendorosos palcos da Broadway; gloriosa, a recuperada sequência Happy Endings, onde Minneli e figurantes cintilam vermelhos no mais excêntrico guarda-roupa.
Um filme em tudo magistral, negligenciado pelo público e pela crítica aquando da estreia, mas merecidamente distinguido entre os melhores, à medida que o tempo lhe faz justiça.
O filme é tanto mais do que eles, mas é igualmente compreensível dizer que Roberto DeNiro e Liza Minelli são o filme. Transbordando talento e dedicação, a química entre os dois transcende facilmente a tão pouca convencionalidade do romance. Jimmy, um saxofonista egoísta e possessivo, machista e conflituoso quanto baste. Francine, uma graciosa cantora, que se deixar seduzir pela lata do fanfarrão. Têm em comum a ambição e a música. Amam-se, mas são incompatíveis - isso percebe-se logo desde o início. A espaços, lembramos Minnie and Moskowitz, de Cassavetes, e a sua improvável e atribulada relação. No final, a sós, cada um encontra o sucesso profissional e os sonhos de ambos tornam-se realidade. É incrível como apenas separados, à distância, conseguem triunfar. Os opostos atraem-se, mas destroem-se mutuamente. Nem um filho os consegue unir.
O tema New York, New York - que o filme (e mais tarde Frank Sinatra) eternizou - cresce ao ritmo da sua relação, dos créditos iniciais ao grande desfecho. Minneli interpreta vorazmente outros tantos temas poderosos ou essencialmente espirituosos: There Goes the Ball Game, The Man I Love, mas sobretudo But the World Goes 'Round. A excelência da música é comum aos mais variados departamentos técnicos: László Kovács, à frente da direcção de fotografia, capta a atmosfera da noite nova-iorquina e dos bares onde flui o jazz e o blues, fundindo habilmente as cores, os brilhos e as luzes. A direcção de figurinos (Theadora Van Runkle) e a artística (Boris Leven, Harry Kemm, Robert De Veste e Ruby R. Levitt) esmeram-se claramente no mesmo sentido, em cada decór, dos interiores aos exteriores fabricados e aos esplendorosos palcos da Broadway; gloriosa, a recuperada sequência Happy Endings, onde Minneli e figurantes cintilam vermelhos no mais excêntrico guarda-roupa.
Um filme em tudo magistral, negligenciado pelo público e pela crítica aquando da estreia, mas merecidamente distinguido entre os melhores, à medida que o tempo lhe faz justiça.
Bom,espero que tu não te aborreças comigo, mas eu não penso que Liza Minelli valha um filme.
ResponderEliminarENALDO: Claro que não, cada um terá sempre a sua opinião. Contudo, também acho que Minelli não valha, aqui, o filme, nem foi isso que eu disse. A química entre os dois actores e as personagens de ambos é que é tudo aqui, passe a hipérbole, penso que perceberam a ideia.
ResponderEliminarRoberto Simões
CINEROAD
É um filme agradável, eu gosto muito do filme, mas fica muito atrás de muitos filmes do género.
ResponderEliminarA curiosidade fez-me visitar o blog por causa de um comentário a um filme do Mizoguchi no «La Dolce Vita». Gostei muito e vim para ficar.
ResponderEliminarÁLVARO MARTINS: Não concordo nada. É tanto mais do que a conotação redutora do adjectivo "agradável".
ResponderEliminarRUI GONÇALVES: Bem-vindo ao CINEROAD, fico contente por isso e volta sempre, continuando as conversas ou discussões iniciadas com os comentários. Também já passei pelo teu blogue e também eu hei-de passar por lá mais vezes.
Quando ao NEW YORK, NEW YORK, o filme do Spielberg, qual a opinião sobre o filme? ;)
Roberto Simões
CINEROAD
«qual a opinião sobre o filme?»
ResponderEliminarAceito que possa ser acusado de uma perfeição excessivamente cerebral, mas é um filme de que gosto muito. Como, aliás, todos os que Scorsese realizou nos anos 70.
RUI GONÇALVES: «Perfeição excessivamente cerebral» é uma boa definição, penso que se adequa muito bem ao que penso do filme. Curiosamente neste caso, pelo menos, não a considero um defeito, antes pelo contrário.
ResponderEliminarRoberto Simões
CINEROAD
Belo musical.
ResponderEliminarCumprimentos cinéfilos!
O Falcão Maltês
ANTONIO NAHUD JÚNIOR: No doubt!
ResponderEliminarRoberto Simões
CINEROAD