quarta-feira, 6 de julho de 2011

BRISA DE MUDANÇA (2006)

PONTUAÇÃO: MUITO BOM
Título Original: The Wind That Shakes the Barley
Realização: Ken Loach
Principais Actores: Cillian Murphy, Padraic Delaney, Liam Cunningham, Gerard Kearney, William Ruane

Crítica:


INDEPENDÊNCIA INGLÓRIA



I tried not to get into this war, and did,
now I try to get out, and can't.

Quão vergonhosa pode uma guerra civil ser. Quão revoltante pode a natureza humana ser. Matamo-nos a nós próprios, sem piedade, apesar da dor. Aquela relação de irmãos - entre Damien (Cillian Murphy) e Teddy (Padraic Delaney) - sinedoquiza, passe o necessário neologismo, toda a história da Irlanda que Loach tão tensa e intensamente abraça representar. Até que ponto a defesa de um ideal nos separa, traindo o coração e o nosso próprio sangue.

Strange creatures we are, even to ourselves...

Brisa de Mudança
grita o socialismo e a liberdade patriótica, entre a natureza
verdejante (sublimemente fotografada por Barry Ackroyd) e o intimismo familiar. O argumento (Paul Laverty), associado de raiz ao retrato histórico e à leitura política, encontra a sua força na autenticidade da tragédia, longe do melodrama ou da romantização. Há aqui um realismo austero, que intensifica os sacrifícios dos homens, e para o qual contribui decisivamente a direcção artística e o guarda-roupa. O jovem elenco está ao nível das exigências dramáticas, sobretudo a dupla acima referida, que protagoniza a trama.


Horror, medo, esperança. Brisa de Mudança é um filme de todos estes sentimentos, sobre a génese da rebelião. Grande filme.

6 comentários:

  1. Curiosamente já o vi há uns anos, lembro-me de na altura ter gostado, mas claramente não tanto como tu. Hoje em dia se o visse, e à luz do que me lembro, talvez talvez me aproximaria da tua opinião.

    Enfim, quanto ao filme destaco as interpretações e o argumento muito bom, cheio de subtilezas e cru quando tem de ser. Recomendável.

    abraço

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  2. Não é o melhor Loach (nem por sombras) mas é um bom filme.

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  3. JORGE: Não é propriamente um filme que me tenha maravilhado ou que me encha as medidas, mas tenho que me render às suas qualidades. De forma alguma é ou será daqueles filmes essenciais, mas é um filme muito bom.

    ÁLVARO MARTINS: É o primeiro Loach a que assisto. Quais são os que mais gostaste dele e que por isso aconselhas?

    Roberto Simões
    CINEROAD

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  4. O Kes é, para mim, o melhor filme dele. Depois há o Land and Freedom que também é grande filme, o Sweet Sixteen e o My name is Joe são ao nível deste The Wind That Shakes the Barley, o Ken Loach é um cineasta muito bom, tão bom ou melhor que o Mike Leigh.

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  5. O mais doloroso é ver os compatriotas e irmãos se matando. Mas, no geral, achei o filme um tanto seco e distante, mas essa parece ser a abordagem proposital de Loach.

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  6. ÁLVARO MARTINS: Obrigado pelas recomendações ;)

    GUSTAVO: Também julgo que tenha sido propositado. É doloroso, efectivamente.

    Roberto Simões
    » CINEROAD «

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