★★★
Realização: Tim Burton
Principais Actores: Mark Wahlberg, Tim Roth, Helena Bonham Carter, David Warner, Michael Clarke Duncan, Kris Kristofferson, Paul Giamatti, Estella Warren, Charlton Heston, Lisa Marie
Crítica:
O HOMEM QUE VEIO DO FUTURO
They all want to see this human who defies the apes.
Planeta dos Macacos recupera o imaginário do filme de 1968, protagonizado por Charlton Heston, que originou várias sequelas e que tem conquistado os mais acérrimos fãs ao longo das décadas. O lendário ator interpreta aqui o moribundo Zaius, que antes do último fôlego revela ao filho - o temível Thade de Tim Roth (a criação mais extraordinária de todas as caracterizações de Rick Baker e restante equipa) a profecia de Calima e as origens do seu povo. Planeta dos Macacos é, provavelmente, das mais interessantes propostas da ficção científica, pela visão e questões sociológicas que levanta. Afinal, inverte a condição humana e por meio dela a perspectiva das coisas: algures num futuro não tão distante quanto isso, um astronauta americano despenha-se num planeta incógnito, onde os mais variados símios são as espécies dominantes e mais evoluídas, no topo da cadeia e da lógica, e os humanos são a espécie primitiva que abunda pelas florestas, subjugada à escravidão brutal dos macacos. A reflexão impõe-se à medida que acompanhamos um grupo de humanos, feitos prisioneiros, e observamos as características culturais, sociais e religiosas dos mais poderosos. Aqui, somos os outros - é impossível negar as semelhanças que temos com os nossos parentes evolutivos e perguntarmo-nos a nós próprios e se?
Lamentavelmente, a narrativa que Tim Burton encena não aprofunda o seu potencial, antes abandona-o em nome de uma versão juvenil e pouco dada a inquietações filosóficas, que se atropela de episódio em episódio sem maturar o essencial, ao som de uma banda sonora exagerada e usada em demasia. Há três personagens interessantes: a Ari de Helena Bonham Carter (irreconhecível como qualquer outro ator por detrás da excelência das próteses), defensora dos direitos dos animais; perdão, dos humanos (a questão é mesmo essa: até que ponto os animais têm alma e em que é que isso os diferencia) You kill him, and you'll only lower yourself to his level. (...) It's disgusting the way we treat humans. Pelo cómico de personagem, o Limbo de Paul Giamatti, caricatura dos mercenários. Pelo terror que cada olhar dos seus lança, o capitão chimpanzé de Tim Roth, confinado no entanto ao maniqueísmo. Três personagens limitadas, porque a história não lhes dá espaço para maior dimensão. Quanto ao protagonista, Mark Wahlberg é inexistente, predestinado a não transmitir coisa nenhuma, nem tão-pouco carisma. Não admira portanto que não sintamos a sua liderança na batalha, com que culmina a ação; uma resolução fácil e por demais óbvia do argumento, frustrando o desejo épico. De Tim Burton muito pouco... uns famigerados espantalhos, um céu com tons de negra fantasia e não mais que isso. Os cenários são de um trabalho criativo notável, embora nem sempre contribuam para a autenticidade da cultura e do planeta. O ambiente parece, por vezes, demasiado plástico; sobre essa séria ameaça triunfou a caracterização, como atrás referi. Que espanto! Parecem macacos reais, os sujeitados atores e figurantes, e como este fator seria determinante para o sucesso do filme.
O epílogo é qualquer coisa de insólito e inesperado, em certa medida provocador e desconcertante, preparando uma sequela que não veio a acontecer. Mas enfim, não admira, o filme tenta ser tanta coisa e abraçar tantos géneros sem se preocupar em ser francamente bom em nenhum deles. Planeta dos Macacos de 2001 não teve provavelmente o realizador certo. Merecerá um remake ou uma revisita ao seu inesgotável e intemporal imaginário, à altura das suas imensas potencialidades.
Lamentavelmente, a narrativa que Tim Burton encena não aprofunda o seu potencial, antes abandona-o em nome de uma versão juvenil e pouco dada a inquietações filosóficas, que se atropela de episódio em episódio sem maturar o essencial, ao som de uma banda sonora exagerada e usada em demasia. Há três personagens interessantes: a Ari de Helena Bonham Carter (irreconhecível como qualquer outro ator por detrás da excelência das próteses), defensora dos direitos dos animais; perdão, dos humanos (a questão é mesmo essa: até que ponto os animais têm alma e em que é que isso os diferencia) You kill him, and you'll only lower yourself to his level. (...) It's disgusting the way we treat humans. Pelo cómico de personagem, o Limbo de Paul Giamatti, caricatura dos mercenários. Pelo terror que cada olhar dos seus lança, o capitão chimpanzé de Tim Roth, confinado no entanto ao maniqueísmo. Três personagens limitadas, porque a história não lhes dá espaço para maior dimensão. Quanto ao protagonista, Mark Wahlberg é inexistente, predestinado a não transmitir coisa nenhuma, nem tão-pouco carisma. Não admira portanto que não sintamos a sua liderança na batalha, com que culmina a ação; uma resolução fácil e por demais óbvia do argumento, frustrando o desejo épico. De Tim Burton muito pouco... uns famigerados espantalhos, um céu com tons de negra fantasia e não mais que isso. Os cenários são de um trabalho criativo notável, embora nem sempre contribuam para a autenticidade da cultura e do planeta. O ambiente parece, por vezes, demasiado plástico; sobre essa séria ameaça triunfou a caracterização, como atrás referi. Que espanto! Parecem macacos reais, os sujeitados atores e figurantes, e como este fator seria determinante para o sucesso do filme.
O epílogo é qualquer coisa de insólito e inesperado, em certa medida provocador e desconcertante, preparando uma sequela que não veio a acontecer. Mas enfim, não admira, o filme tenta ser tanta coisa e abraçar tantos géneros sem se preocupar em ser francamente bom em nenhum deles. Planeta dos Macacos de 2001 não teve provavelmente o realizador certo. Merecerá um remake ou uma revisita ao seu inesgotável e intemporal imaginário, à altura das suas imensas potencialidades.
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