sexta-feira, 8 de novembro de 2013

HOMEM DE AÇO (2013)

PONTUAÇÃO: BOM
★★
Título Original: Man of Steel
Realização: Zack Snyder
Principais Actores: Henry Cavill, Russell Crowe, Michael Shannon, Amy Adams, Diane Lane, Ayelet Zurer, Harry Lennix, Kevin Costner, Christopher Meloni, Antje Traue, Laurence Fishburne, Richard Schiff

Crítica:

SUPER-HOMEM - A ORIGEM

You're the answer to are we alone in the universe?

Hollywood adora fogo e destruição e o aguardado reboot do super-herói mais poderoso de todos os tempos, pelas mãos de Znyder, ostenta destruição em massa. É violento, explosivo e brutal. A um ritmo tão alucinante quanto as lutas super-sónicas dos protagonistas, flui uma ação sem limites, de cortar a respiração - a montagem ultra-rápida pode dificultar a perceção, mas contribui decisivamente para o efeito -, atingindo-se as desejadas proporções épicas, as mesmas que a apoteótica e empolgante banda sonora de Hans Zimmer reclama a todo o instante.

Homem de Aço é um blockbuster sofisticadíssimo, o último grito dos efeitos especiais - a necessidade de responder ao hype era tremenda - e que convoca e perpetua as mais variadas referências do género: de Bay (Armageddon, Transformers) a Emmerich (Dia da Independência, Dia Depois de Amanhã), passando pela manga japonesa (a saga Dragon Ball, entre tantas outras) e por Matrix ou mesmo pelo Avatar de Cameron. Dos céus, Krypton não parece senão Pandora. Até a memória do 11 de Setembro assombra o filme; quem não revê a tragédia na facilidade com que se desmoronam arranha-ceús sobre um chão de poeira e escombros. You are not alone. A catástrofe é global, mas o centro da ação é a América, como sempre. A América da origem. A câmera de Znyder treme e oscila sobre o frenesim. Os zooms multiplicam-se. Tudo é espetáculo que o 3D amplia a uma escala que transcende e maravilha o espetador. Não todo o espetador, mas certamente o espetador deste tipo de ação.

Todos invejamos o Super-Homem, todos gostaríamos de ser o Super-Homem. Bonito e atraente, forte e todo-poderoso, capaz de voar os nossos maiores sonhos. Our hopes and dreams travel with you. Compreende-se o fascínio pela personagem. Ele é o escolhido, a última esperança de um povo ou de dois, de quem depende a derradeira salvação do mundo. Pobres Jor-El e Lara Lor-Van, condenados a um destino fatídico... o risco de trair a gestação controlada e artificial de Krypton e de entregar ou abandonar o filho, ainda bebé, ao desconhecido, à imensidão do espaço. O prólogo, que abre a ficção científica, apresenta-nos essas magníficas escolhas de casting que foram Russell Crowe e Ayelet Zure, como pais de Kal. A dor da perda espelha-se intensamente nos olhos da atriz e, às tantas, também nos do ator.

Lara Lor-Van: He will be an outcast. They'll kill him.
Jor-El: How? He'll be a god to them.

Mais tarde conhecemos os desempenhos de Kevin Costner e Diane Lane, como pais adotivos, que asseguram o estrelato e o talento do elenco secundário na Terra, ao longo da educação do jovem. Não deixa de ser curiosa e absolutamente eficaz a estratégia de contar o crescimento de Kal, Clark, através de flashbacks, aprofundando a força dramática da história pelo lado mais intimista da personagem, sem jamais descurar o ritmo da ação principal, mais direcionada para o confronto. É um contraponto necessário que sedimenta a estrutura da obra e a impulsiona, permitindo escapar ao vazio emocional pelo qual pecam muitos semelhantes. Afinal, é por meio dos recuos que sabemos o quão diferente e estranho se sentiu Clark ao longo dos anos, tantas vezes desconfortável com a sua natureza extra-terrestre, com os seus poderes, sobrenaturais para o comum dos seus pares. As dificuldades da adaptação, a crise de identidade, o dilema moral: o poder da escolha entre fazer o bem ou o mal. Nesse aspeto os pais adotivos foram preponderantes, nomeadamente o pai:

Jonathan Kent: You just have to decide what kind of a man you want to grow up to be, Clark; because whoever that man is, good character or bad, he's... He's gonna change the world.

É essa a educação que fará frente, mais tarde, à amoralidade de um General Zod (Michael Shannon, dotado de frieza e atroz tenacidade), que insistirá no genocídio cruel e irrefletido e na terraformação egoísta. A respeito do tom, note-se que o mesmo é dramático do princípio ao fim, pontualmente humorado por breves comic-reliefs que jamais caem na comédia corriqueira. Amy Adams não sobressai especialmente (talvez se exija mais dela em futuras continuações), mas creio que Henry Cavill cumpre com competência este Super-Homem mais humano e moderno, com tantas fraquezas e dúvidas existenciais, provavelmente mais sensual do que nunca.

A história não é nova, somente a roupagem. Mas é bastante eficaz. O mito continua vivo.


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