★★★★★
Título Original: Trainspotting
Realização: Danny Boyle
Principais Actores: Ewan McGregor, Ewan Bremner, Jonny Lee Miller, Kevin McKidd, Robert Carlyle, Kelly McDonald, Peter Mullan, James Cosmo, Irvine Welsh, Dale Winton
A VIDA NÃO É UM SONHO
People think it's all about misery and desperation and death and all that shit which is not to be ignored, but what they forget is the pleasure of it. Otherwise we wouldn't do it. After all, we're not fucking stupid. At least, we're not that fucking stupid.
Pedaços de narração corrosiva, plena de sarcarsmo e ironia, não faltam neste alucinante - ou alucinado - Trainspotting. O argumento é de John Hodge, a partir do romance de Irvine Welsh. Num registo irreverente e relativamente cool, funde-se humor, sátira, choque, nojo e uma dose ilimitada de palavrões. Danny Boyle - num estilo que se lhe tornaria característico - combina as mais variadas e distintas técnicas de filmagem, estimulando e potenciando uma verdadeira experiência sensorial para o espectador, com uma energia inesgotável e a um ritmo psicadélico e electrizante. Indissociável a tão vertiginoso impacto é a banda sonora: a sonoridade electrónica insiste, persiste e é como que omnipresente do início ao fim do filme.
Do eco de Laranja Mecânica ao advento de Clube de Combate ou de A Vida Não É Um Sonho, a obra revelou-se não só marcante como manifestamente influente no cinema do fim de século. O sentimento de solidão e de alheamento da juventude perante uma sociedade mascarada, o niilismo, a necessidade de escape e de evasão da realidade, o refúgio nas drogas, na vivência sem limites nem responsabilidades... é sobre tudo isto, este surpreendente Trainspotting. Ewan McGregor ascende ao estrelato, por meio de uma interpretação genuína e cheia de vida, à frente de um elenco de caricaturas diversificadas e bem conseguidas.
Excepcional, o acuro visual da fotografia de Brian Tufano, das cores à iluminação, em perfeita sintonia com toda a arte da mise en scène e com a demais direcção artística. Mas a riqueza visual da obra nasce também das ideias surrealistas, por sua vez provenientes dos efeitos secundários do uso e abuso dos químicos. O mergulho na sanita será, muito provavelmente, a cena mais memorável de todo filme; pelo menos, é a minha preferida.
Sem jamais atingir uma mestria suprema, Trainspotting transborda emoções fortes e um sentido estético inegavelmente ousado e ecleticamente eficaz. Tem apenas uma contra-indicação: pode tornar-se viciante. A primeira vez que assistir ao filme, não será certamente a última.
Do eco de Laranja Mecânica ao advento de Clube de Combate ou de A Vida Não É Um Sonho, a obra revelou-se não só marcante como manifestamente influente no cinema do fim de século. O sentimento de solidão e de alheamento da juventude perante uma sociedade mascarada, o niilismo, a necessidade de escape e de evasão da realidade, o refúgio nas drogas, na vivência sem limites nem responsabilidades... é sobre tudo isto, este surpreendente Trainspotting. Ewan McGregor ascende ao estrelato, por meio de uma interpretação genuína e cheia de vida, à frente de um elenco de caricaturas diversificadas e bem conseguidas.
Excepcional, o acuro visual da fotografia de Brian Tufano, das cores à iluminação, em perfeita sintonia com toda a arte da mise en scène e com a demais direcção artística. Mas a riqueza visual da obra nasce também das ideias surrealistas, por sua vez provenientes dos efeitos secundários do uso e abuso dos químicos. O mergulho na sanita será, muito provavelmente, a cena mais memorável de todo filme; pelo menos, é a minha preferida.
Sem jamais atingir uma mestria suprema, Trainspotting transborda emoções fortes e um sentido estético inegavelmente ousado e ecleticamente eficaz. Tem apenas uma contra-indicação: pode tornar-se viciante. A primeira vez que assistir ao filme, não será certamente a última.
Choose Life. Choose a job. Choose a career. Choose a family. Choose a fucking big television, choose washing machines, cars, compact disc players and electrical tin openers. Choose good health, low cholesterol, and dental insurance. Choose fixed interest mortgage repayments. Choose a starter home. Choose your friends. Choose leisurewear and matching luggage. Choose a three-piece suit on hire purchase in a range of fucking fabrics. Choose DIY and wondering who the fuck you are on Sunday morning. Choose sitting on that couch watching mind-numbing, spirit-crushing game shows, stuffing fucking junk food into your mouth. Choose rotting away at the end of it all, pissing your last in a miserable home, nothing more than an embarrassment to the selfish, fucked up brats you spawned to replace yourselves. Choose your future. Choose life... But why would I want to do a thing like that? I chose not to choose life. I chose somethin' else. And the reasons? There are no reasons. Who needs reasons when you've got heroin?
É um filme irreverente na realização, ultra-sensorial na montagem e corrosivo no argumento, tem prestações e caracterizações à altura, com destaque para o Ewan McGregor, bem como ainda uma fotografia e banda sonora nada a destoar com a tónica qualitativa. Apesar disto tudo, e comigo, não me passou grande coisa, aquele fascínio e impacto que deveria ter tido, não o teve simplesmente, o que é uma pena. Mas reconheço-lhe isso tudo, aliás Danny Boyle é um excelente realizador, mais uma vez comprovado.
ResponderEliminarabraço
Continua a ser o meu predilecto de Boyle.
ResponderEliminarabraço
JORGE: É um filme que também exige alguma predisposição e é normal que depois de CLUBE DE COMBATE ou A VIDA NÃO É UM SONHO o impacto se reduza junto do espectador.
ResponderEliminarLOOT: É também o meu preferido, se bem que não acompanho toda a filmografia do realizador.
Roberto Simões
» CINEROAD «
Sensacional, Danny Boyle criou um filme ao mesmo tempo irreverente, sensível e polêmico. Grandes atuações do elenco, principalmente McGregor e o maluco Robert Carlyle.
ResponderEliminarAbraço
O único pecado que este filme tem, é ainda não ter sido revisto por mim.
ResponderEliminarAbraço
Frank and Hall's Stuff
HUGO: Estamos, pois, inteiramente de acordo ;)
ResponderEliminarBRUNO CUNHA: Ahah. Então o pecado não é do filme, mas teu! ;)
Roberto Simões
» CINEROAD «
Só o vi uma vez, mas na altura gostei bastante. Sei que anda cá por casa (numa gravação em DVD), pelo que me parece uma oportunidade óptima para o revisitar... :-)
ResponderEliminarRUI GONÇALVES: Quem sabe... não será certamente tempo perdido ;)
ResponderEliminarRoberto Simões
» CINEROAD «
Mitico filme e o mesmo digo da OST (que originou a dupla banda-sonora de canções... memoráveis!).
ResponderEliminarVi-o no cinema quando estreou e ficou-me marcado. Danny Boyle ficou logo marcado como um nome a ter em conta no que a realizadores diz respeito.
É um filme que não só levanta as questões sobre o avançar da vida de cada um e como as opções moldam o futuro mas também consegue fazer com que essas questões nos sejam entregues a quem o assiste, ganhando ainda mais potência se estivermos na fase de lidar com isso (como era o meu caso na altura - um tipo namora, casa, quer filhoes, um emprego estável e deixa a vida despreocupada que tinha, o sair etc. ou então continua... mas até quando?)
Tal como bem evidenciaste com a ultima foto, a cena da trip na sanita é admirável... ainda hoje!