quarta-feira, 2 de novembro de 2011

A REDE SOCIAL (2010)

PONTUAÇÃO: BOM
Título Original: The Social Network
Realização: David Fincher
Principais Actores: Jesse Eisenberg, Rashida Jones, Justin Timberlake, Brenda Song, Andrew Garfield, Joseph Mazzello, Rooney Mara, Malese Jow, John Getz, Bryan Barter, Patrick Mapel, Calvin Dean, Aria Noelle Curzon, Josh Pence, Steve Sires, Armie Hammer

Crítica:

INVENTANDO O FACEBOOK

Drop the The. Just Facebook. It's cleaner.

O mínimo que poderemos dizer do mais recente percurso de David Fincher é que a sua obra perdeu a ousadia e a irreverência, sem que, no entanto, tenha perdido a consistência. Mais comedido - tanto na forma como no conteúdo (que, em saudosos tempos, tinha o twist como marca principal), o realizador continua o actual e pertinente retrato social, sempre focado na tragédia moral do ser humano.

Em A Rede Social, Fincher experimenta o biopic, mais ou menos fiel à história do criador do Facebook, Mark Zuckerberg. Jesse Eisenberg assume, com inegável competência, o papel de protagonista - ironicamente, um prodigioso e falador nerd de chinelos, completamente assombrado pela alienação e pelo fracasso das suas relações pessoais. O que o motiva - there is a difference between being obsessed and being motivated - é a necessidade de pertença a um grupo de pares que defina o seu lugar no mundo. A sua ambiciosa e viciante ideia - We lived on farms, then we lived in cities, and now we're going to live on the internet! - levá-lo-á da insignificância à notoriedade social, ao sucesso e ao enriquecimento, arrastando consigo uma série de morosos processos judiciais, assentes na inveja, na mentira e na competição desregrada. Genial, a propósito de competição, a memorável sequência da prova de remo, ao som de um arrepiante arranjo de In the Hall of the Mountain King, original de Edvard Grieg.

Tecnicamente, a agilidade da montagem (Kirk Baxter, Angus Wall) alia-se magistralmente à natureza rítmica do argumento (Aaron Sorkin), concretizando uma construção narrativa sólida e permanentemente fluída. Apesar de ser um grande filme, duvido seriamente que A Rede Social se imponha como um clássico. É mais um filme centrado numa personagem - e numa realidade concreta e datável - do que um ensaio sobre o Homem condenado à solidão e à ausência de afectos, no auge das tecnologias de comunicação.

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Originalmente publicada na edição 27 da Revista Take.

7 comentários:

  1. Você comenta sobre fluidez, agilidade, ritmo - mas eu honestamente acho que o elemento ausente no filme é justamente dinâmica. Essa produção simplesmente escorre lenta e incômoda, se não fosse pela monotonia eu decerto a teria achado uma obra interessante.

    Me lembro de que saí do cinema bem baqueado. Hoje ainda penso que esse está longe de ser o bom filme de que todos falam.

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  2. Eu gostei imenso do filme e concordo com muito do que dizes.
    A cena do remo é bestial, como referes, mas também a intro e alguns dos diálogos de eisenberg.

    Abraço
    Frank and Hall's Stuff

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  3. LUÍS: Apesar de discordar da minha opinião, estamos ambos de acordo ao considerá-lo um filme sobrevalorizado.

    BRUNO CUNHA: No entanto, não deixa de me saber a pouco ;)

    Roberto Simões
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  4. Também me sabe a pouco, indiscutivelmente, não sendo por isso um mau filme, longe disso, de resto concordo e identifico-me com a tua opinião. Sobrevalorizado? sem dúvida, no entanto trata-se de um exercício de escrita bem conseguido, bem resgatado, aqui e ali com laivos de originalidade até, contendo ainda interpretações mais do que competentes na minha opinião, que sustentam grande parte do fascínio. E pronto, ainda que o argumento continue a ser muito bom, no seu retrato social sobretudo, Fincher desiludiu-me honestamente, e isso por si só já é suficiente para o sabor amargo, ainda presente.

    abraço

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  5. JORGE: A mim não me desiludiu, nunca consegui imaginar um filme extraordinário a partir das premissas deste argumento.

    Roberto Simões
    » CINEROAD «

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  6. Percebo o que dizes, mas quantos argumentos que à partida se revelam ou se auspiciam curtos, se tornam depois autênticos colossos e até bastante densos?! talvez seja tudo uma questão de organização, montagem, edição e sobretudo realização...facto que pode ditar todo um ritmo e escolha de tom, bem como um ponto de vista singular, que repercutirá numa última análise em emoções, isto na minha opinião. No entanto é claro que ajuda e catapulta o produto final um bom material escrita em mão à partida.

    abraço

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  7. JORGE: Claro, dou-te toda a razão. Mas é dificil imaginar o que mais se poderia fazer com este argumento, em termos de realização. Mas é claro que as potencialidades de um argumento são sempre uma incógnita.

    Roberto Simões
    » CINEROAD «

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