★★★★★
Título Original: The Last EmperorRealização: Bernardo Bertolucci
Principais Actores: John Lone, Joan Chen, Peter O`Toole, Ying Ruocheng, Victor Wong, Dennis Dun, Ryuichi Sakamoto
Crítica:
Profundamente belo, sedutor e tocante, O Último Imperador é um feito raro: ao mesmo tempo que invoca e honra, com absoluto detalhe, uma herança cultural milenar e tão singular, assume-se visceral na representação superior da elegância artística, numa monumental, genuína e inesquecível obra-prima.
De entre as suas configurações épicas, deveras impressionantes, emerge todo um cunho intimista que só o genial talento de um cineasta como Bertolucci poderia retratar, com tamanha perfeição... e com tão virtuosa erudição. As implicações e contradições de uma China em profunda evolução espelham-se na personalidade de um só homem: Pu Yi, o derradeiro herdeiro do Trono do Dragão. Apenas as grandes muralhas da Cidade Proibida, a par com as mentiras dos eunucos que o rodeiam, marcam a fronteira entre um passado de tradição e um presente de revolução.
Às tantas, o jovem manchu diz:
E toda essa fracção cultural acaba por pesar, tão verdadeira quanto iconicamente, na sua figura: o imperador, por imposição, torna-se um homem comum, por condenação. A aceitação de tamanho facto revelar-se-á o processo de uma vida inteira.
Magnificamente fotografado por Vittorio Storaro e assombrosamente orquestrado por Ryuichi Sakmoto, David Byrne e Cong Su, a obra mostra-se tecnicamente irrepreensível na direcção artística e no irretocável guarda-roupa. A arte da mise-en-scène é, saliente-se, poderosamente simbólica. Dotado, ainda, de um argumento extraordinariamente bem escrito (com uma carga sócio-política muito forte) e de sólidas prestações (John Lone, Peter O'Toole), eis, deslumbrante, um daqueles triunfos magistrais da História do Cinema que a seu tempo se consagrará, incontornavelmente, como um dos melhores filmes de sempre.
O CREPÚSCULO DE UMA ERA
Profundamente belo, sedutor e tocante, O Último Imperador é um feito raro: ao mesmo tempo que invoca e honra, com absoluto detalhe, uma herança cultural milenar e tão singular, assume-se visceral na representação superior da elegância artística, numa monumental, genuína e inesquecível obra-prima.
De entre as suas configurações épicas, deveras impressionantes, emerge todo um cunho intimista que só o genial talento de um cineasta como Bertolucci poderia retratar, com tamanha perfeição... e com tão virtuosa erudição. As implicações e contradições de uma China em profunda evolução espelham-se na personalidade de um só homem: Pu Yi, o derradeiro herdeiro do Trono do Dragão. Apenas as grandes muralhas da Cidade Proibida, a par com as mentiras dos eunucos que o rodeiam, marcam a fronteira entre um passado de tradição e um presente de revolução.
Às tantas, o jovem manchu diz:
This isn't a school; it's a prison. A real prison.
Ou mesmo...
Forbidden City had become a theatre without an audience.
E toda essa fracção cultural acaba por pesar, tão verdadeira quanto iconicamente, na sua figura: o imperador, por imposição, torna-se um homem comum, por condenação. A aceitação de tamanho facto revelar-se-á o processo de uma vida inteira.
The Emperor has been a prisoner in his own palace since the day that he was crowned, and has remained a prisoner since he abdicated. But now he's growing up, he may wonder why he's the only person in China who may not walk out of his own front door. I think the Emperor is the loneliest boy on Earth.
Magnificamente fotografado por Vittorio Storaro e assombrosamente orquestrado por Ryuichi Sakmoto, David Byrne e Cong Su, a obra mostra-se tecnicamente irrepreensível na direcção artística e no irretocável guarda-roupa. A arte da mise-en-scène é, saliente-se, poderosamente simbólica. Dotado, ainda, de um argumento extraordinariamente bem escrito (com uma carga sócio-política muito forte) e de sólidas prestações (John Lone, Peter O'Toole), eis, deslumbrante, um daqueles triunfos magistrais da História do Cinema que a seu tempo se consagrará, incontornavelmente, como um dos melhores filmes de sempre.
Grande filme sim senhor, concordo plenamente com a nota. No entanto, para mim, a obra-prima e o melhor filme de Bertolucci é 1900.
ResponderEliminarEste filme do Bertolucci é um épico introvertido.
ResponderEliminarExcelente obra!
Vou ficar de olho nas postagens sobre Lars Von Trier, garanto que terá ótimas novidades.
Abraços.
Um filme memorável e excelente em todos os pontos de vista.
ResponderEliminarBjs
Talvez o último grande filme do Bertolucci. rsrs
ResponderEliminarApesar da linguagem muito convencional, o filme atinge um resultado ótimo que mereceu seu imenso reconhecimento.
ResponderEliminar****
ÁLVARO MARTINS: Ainda não vi 1900, mas fico contente por estares de acordo comigo ;)
ResponderEliminarRODRIGO MENDES: Creio que entendi mais ou menos o que você quer dizer com "épico introvertido". De qualquer forma, quer explicar melhor o que você quis dizer? ;b
GEMA: Inteiramente de acordo ;)
ALEXANDRE: O último? Não, não estou de acordo. Então e Os Sonhadores, por exemplo?
WALLY: O que é que você quis dizer com "linguagem muito convencional"?
Cumps.
Roberto Simões
CINEROAD - A Estrada do Cinema
Até entendo a aclamação quanto aos feitos dos desenhistas de produção, figurino e etc., mas é um filme que nunca conseguiu me conquistar, não compreendi o âmago do roteiro. Preciso rever.
ResponderEliminarAcredita que ainda não vi? É uma vergonha não ter feito isso...
ResponderEliminarAbs!
Sonhadores não atinge o mesmo nível de excelencia desse aqui.
ResponderEliminarGUSTAVO H. R.: Talvez a revisão seja mesmo o melhor conselho que lhe posso dar. O filme é genial.
ResponderEliminarKAU OLIVEIRA: Então, quando não souber o que assistir, aqui fica uma excelente recomendação!
FOTOGRAMA DIGITAL: Pois não, são produtos essencialmente diferentes. Mas Os Sonhadores é também um grande filme!
Cumps.
Roberto Simões
CINEROAD - A Estrada do Cinema
Vi o filme há muito tempo. O engraçado é que quando me coloquei a estudar a história da China de modo a preparar a minha viagem, as memórias do filme vinham-me com frequência á ideia. Se o revisse agora, decerto seria um visionamento completamente diferente.
ResponderEliminarExcelente crítica. De facto, o imperador é o retrato perfeito da velha China em decadência e o resultado dela. Um filme tristíssimo mas muito bem conseguido.
CLÁUDIA GAMEIRO: Obrigado ;) Agora deixaste-me roidinho de inveja com a viagem à China... Ahah Estamos de acordo quanto ao filme. Uma obra esteticamente irrepreensível e um tanto ou quanto desencantada, sim.
ResponderEliminarCumps.
Roberto Simões
» CINEROAD - A Estrada do Cinema «
É um épico inesquecível e que impressiona com as suas imagens de grande impacto. Um filme que nos mostra como a situação na China Imperial era injusta e para maioria muito infeliz.
ResponderEliminarUm belo épico e um grande marco do cinema! A versão que conheço tem cerca de 3 horas mas a versão que Bertolucci pretendia são 4 horas de projecção. Acho que agora há edições DVD com a versão completa! Se calhar é por causa deste filme que um dia gostaria de visitar a Cidade Proibida!
ResponderEliminarMANUELA COELHO: Absolutamente. É lindíssimo. Um feito memorável.
ResponderEliminarEMANUEL NETO: Tanto quanto sei essa versão mais longa é uma versão feita para televisão; o que não a descredibiliza, evidentemente. A versão que conheço é a dos 163 minutos. Uma obra-prima. Espanta-me como ganhou o Óscar de Melhor Filme (não pelos seus méritos, claro, mais por não ser o típico produto mainstream que mais vezes agrada aos votantes da Academia).
Cumps.
Roberto Simões
» CINEROAD - A Estrada do Cinema «
Grande filme sem dúvida, um dos tais particulares o suficiente para ficar retido na memória. Subtil e sublime na filmagem, na montagem e edição de sons. Na música também reside grande parte do encanto. Gostei ainda das interpretações de um modo geral. Contudo, não digo que é dos melhores do género que já vi, nem tão pouco que me transcendeu por aí além, é sobretudo (e aí não estamos de acordo, ou pelo menos no mesmo patamar de identificação) um filme muito bem planeado, executado e acabado.
ResponderEliminarabraço
JORGE: No caso deste filme, rendo-me mesmo à sua monumentalidade. É daqueles filmes que me absorvem por inteiro, tal é o seu esplendor, beleza, fascínio, arte de filmar, mise-en-scène, enfim... um pedaço de inegável excelência.
ResponderEliminarRoberto Simões
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