quinta-feira, 3 de março de 2011

I'M NOT THERE - NÃO ESTOU AÍ (2007)

PONTUAÇÃO: MUITO BOM
Título Original: I'm Not There
Realização: Todd Haynes
Principais Actores: Christian Bale, Cate Blanchett, Marcus Carl Franklin, Richard Gere, Heath Ledger, Ben Whishaw, Charlotte Gainsbourg, David Cross, Bruce Greenwood, Julianne Moore, Michelle Williams

Crítica:
NO DIRECTION HOME

I accept chaos.

I don't know whether it accepts me.

I'm Not There - Não Estou Aí emana genialidade, estética e confluência estética. É um biopic nada convencional, irreverente e original, uma viagem singular e extasiante com uma assinatura muito própria: Todd Haynes.

Inspired by the music and many lives of Bob Dylan, a personalidade multifacetada e controversa do artista ganha vida com as interpretações várias de Cate Blanchett (Jude Quinn, a estrela de rock que se refugia no vazio das palavras), Christian Bale (Jack Rollins, intérprete tanto de folk como do evangelho), Heath Ledger (ou Robbie Clark, o emocionalmente instável bon-vivant, intérprete de Jack Rollins e responsável pelo mise en abyme), Ben Wishaw (o assertivo Arthur Rimbaud), Marcus Carl Franklin (Woody Guthrie, a quem se destina o conselho: Live your own time, child, sing about your own time) ou Richard Gere (Billy the Kid, o que representa tudo aquilo que todos os outros apenas aspiraram: aquele que, realmente, is not there, o ser que vive na paz do anonimato e que se recusará sempre a encarar-se a si próprio, para não questionar a sua identidade). E todo o elenco, todo sem excepção, está portentoso nos seus desempenhos: a destacar, também, Charlotte Gainsbourg.

Ora ficcionando sobre a vida real, ora ficcionando a própria ficção, chegando a simular o documentário ou aventurando-se no surreal, I'm Not There - Não Estou Aí vive de um conceito arriscado e por demais audacioso, mas que se revelou magistral, triunfante. É uma obra assaz exótica, atravessada do início ao fim por um fio de pura ironia e por um humor provocador. Detentora de um prodigioso trabalho de montagem (Jay Rabinowitz) e ganhando múltiplos sentidos e uma alma eterna ao som das canções de Bob Dylan, é moldada dentro de enquadramentos e planos meticulosos, filmada por uma câmera inspirada que sabe o que quer e como quer filmar. Ora a cores ora a preto e branco, é - sempre - magnificamente fotografada (Edward Lachman). No desfecho da homenagem, uma breve imagem do verdadeiro Dylan...

Eis, sublime em toda a sua amálgama de registos, uma das experiências mais insólitas e enigmáticas que o cinema já nos proporcionou. Grande, grande filme!

12 comentários:

  1. Um dos meus filmes de eleição, que conta com uma realização brilhante, interpretações imutáveis e uma personalidade cujo centro é me fascinante. Grande obra.
    Gostei da crítica.

    Abraço!

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  2. Não é para mim tão fascinante como julgava. Comprei o DVD e vi-o este fim-de-semana. Esteticamente está magnífico e temos uma interpretação maior que é a de Cate Blanchett. Mas não me encheu as medidas. Demasiado pretensioso, a meu ver. 3,5/5

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  3. Não gostei muito não, mas é bem feito.

    Abs!

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  4. Filipe, eu confesso ter alguns problemas com a direção deste filme. Mas o roteiro é magistral, assim como o grande e brilhante elenco. Cate é impressionante!

    Abs!

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  5. JACKSON: Obrigado ;) Estamos então de acordo, uma vez mais.

    TIAGO RAMOS: O filme é difícil. A narrativa inorgânica complexifica a obra. Mas é isso que acho atraente.

    PEDRO HENRIQUE: Não é filme para facilmente agradar a Gregos e Troianos e Persas! ;D

    KAU OLIVEIRA: A realização, considero-a igualmente magistral, genial por vezes mesmo. Não percebo porque dizes isso.

    Cumps.
    Filipe Assis
    CINEROAD - A Estrada do Cinema

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  6. Não podia deixar de concordar!
    É um dos meus filmes preferidos, mais que uma biopic, é uma fábula de várias vidas com várias mensagens que juntas formam a grande incógnita que era Bob Dylan, e as suas músicas são pura genialidade e simbolismo!

    Abraço
    Cinema as my World

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  7. NEKAS: De génio, mesmo! Todd Haynes é um dos meus realizadores favoritos.

    Cumps.
    Roberto Simões
    » CINEROAD - A Estrada do Cinema «

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  8. Ainda não vi, mas já percebi que devo estar a perder qualquer coisa.

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  9. Adoro, adoro, adoro. O Todd Haynes é extraordinário. VELVET GOLDMINE, I'M NOT THERE e FAR FROM HEAVEN. Três filmes brilhantes e com grandes interpretações, todos eles.

    Este I'M NOT THERE é um case-study bastante fascinante de facto. Gostei muito da crítica ;)

    Abraço,

    Jorge Rodrigues
    http://dialpforpopcorn.blogspot.com

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  10. DIOGO F: Estás, pois. É um filme magnífico.

    JORGE RODRIGUES: Obrigado ;) Subscrevo cada palavra. São os três, obras magistrais.

    Cumps.
    Roberto Simões
    » CINEROAD – A Estrada do Cinema «

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  11. Tenho de confessar que tenho este filme aqui em casa e ainda nem peguei nele. Ler a crítica foi uma boa influência para o fazer (;

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  12. Não foi um filme que me tenha dito algo em especial. Apesar de ter uma premissa extremamente interessante, fiquei com a sensação de que alguns segmentos foram mais trabalhados que outros - o que acaba por tornar o trabalho final um pouco inconsistente.

    Contudo, ideias inovadoras deste género são sempre mais que bem vindas! O filme surgiu como uma lufada de ar fresco. A Cate Blanchett é de longe a melhor de um grande elenco.

    Abraço :)

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