★★★★★
Título Original: Shi mian mai fu Realização: Zhang Yimou
Principais Actores: Takeshi Kaneshiro, Andy Lau, Ziyi Zhang, Dandan Song
Crítica:
A DANÇA DO VENTO
Uma pérola de cores e encantos, sedutoramente belo. Um puro regalo para os sentidos, visualmente arrebatador, cristalino nos sons e nas melodias. De um sublime romantismo, O Segredo dos Punhais Voadores continua o percurso de excelência do cineasta Zhang Yimou.
A magnificência da obra estende-se, magistralmente, a todos os departamentos: tecnicamente, note-se a deslumbrante e mágica fotografia de Xiaoding Zhao, a exímia montagem de Long Cheng ou o sumptuoso guarda-roupa de Emi Wada. A paisagem e o primor estético da direcção artística (Tingxiao Huo, Zhong Han e Bin Zhao) perpetuam a arte do belo. No notável virtuosismo da arte de filmar, o slow motion e a graciosidade dos movimentos, que ecoam na excepcionalidade das coreografias. Extrema sensibilidade na perfeição dos enquadramentos, que absorve o espectador numa espiritualidade que o extasia e pacifica, continuamente. Subtil e extremamente eficaz, o recurso aos artifícios digitais.
No argumento, fluído como o vento, há poesia nas palavras. Ziyi Zhang e Takeshi Kaneshiro - quão talentosos se assumem os jovens actores - protagonizam a paixão central, inesperada e irresistível, tão intensa quanto proibida, ameaçada e condenada ao mais trágico dos destinos. Andy Lau compõe o terceiro vértice, no jogo de estratégias e aparências, máscaras e farsas partilhadas entre os guerreiros do governo e os rebeldes do clã - às tantas, sacrificando o seu próprio segredo, o seu próprio coração.
A cegueira da qual Mei padece é, ela própria, um elemento fundamental na construção da ilusão, tanto a um nível diegético como a um nível metadiegético, na percepção e compreensão que o espectador tem ou vai tendo, surpreendentemente, da história. As cenas memoráveis são incontáveis, os destaques vão para as fabulosas sequências de acção, com lutas de cortar a respiração, para as cavalgadas e perseguições nas florestas, ou para aquela dança inicial dos tambores.
Magnífica execução. Um clássico instantâneo e absolutamente apaixonante.
Adorei este filme, mas também sou suspeita, porque não só venero filmes asiáticos (deste calibre então!) como sou fã incondicional de Zhang. Já revi umas quantas vezes, porque é simplesmente delicioso. Excelente análise ;)
ResponderEliminarSarah
http://depoisdocinema.blogspot.com
Gostei imenso, mas esperava outro "Heroi" e fiquei um pouco frustrado. Outros que amaram O Tigre e o Dragão - eu incluso - manifestaram o mesmo desapontamento.
ResponderEliminarMuito Bom filme :) Entre este e o HERO não sei qual prefira, gosto muito dos dois.
ResponderEliminarO que mais gosto neste filme é mesmo a realização e "a poesia do argumento", de uma riqueza e profundidade impressionantes. O jogo das cores é também assinalável.
Gostei muito de ler a crítica!
Abraço
SARAH: Obrigado, Sarah. É sem dúvida um muito bom filme.
ResponderEliminarENALDO: A eterna questão das expetativas, que influenciam a nossa avaliação, mas que não deviam ser determinantes. Cada filme vale por aquilo que é e não por aquilo que esperávamos que fosse. Vale a pena redescobrir.
PEDRO DM TEIXEIRA: Obrigado Pedro. São diferentes, os dois. Para mim HERÓI é superior.
Cumps.
Roberto Simões
CINEROAD.blogspot.pt