quarta-feira, 20 de abril de 2011

CLEÓPATRA (1963)

PONTUAÇÃO: BOM
Título Original: Cleopatra
Realização: Joseph L. Mankiewicz, Rouben Mamoulian, Darryl F. Zanuck

Principais Actores: Elizabeth Taylor, Richard Burton, Rex Harrison, Pamela Brown, Martin Landau, Robert Stephens, Andrew Keir, Kenneth Haigh, George Cole, Cesare Danova, Martin Benson, Francesca Annis, Hume Cronyn, Roddy McDowall, Desmond Llewelyn

Crítica:

A ESFINGE

Queens. Queens. Strip them naked
as any other woman, they are no longer queens.

A megalomania no cinema encontra em Cleópatra, de Joseph L. Mankiewicz, um dos seus expoentes máximos. Chegava ao fim a era de ouro dos épicos, plenos de esplendor e majestade, ou, pelo menos, uma das mais proeminentes eras do género. Na verdade, depois de Cleópatra, poucos mais épicos se fizeram assim, em Hollywood; a odisseia que foi produzir o filme, numa loucura para lá da ousadia, quase arruinou os estúdios da 20th Century Fox. Raramente encontraremos, de forma tão real, massiva e impressionante, tantos e tão grandiosos cenários, tantos e tão ornamentados figurinos, tantos e tão bem orquestrados figurantes. Da deslumbrante fotografia de Leon Shamroy, emana uma beleza quente, sensual e exótica, que cristaliza na memória a perfeição de tão exacerbado primor técnico. A escala alcançada - e longe de qualquer carácter hiperbólico - mais parece ultrapassar o humanamente possível e tocar o divino.

O filme imortalizou, para sempre, o talento e o encanto de Elizabeth Taylor. Ao lado de Rex Harrison e de Richard Burton (Júlio César e Marco António, respectivamente), montou-se o triângulo principal do elenco, com magníficas prestações. Memorável e absolutamente espectacular, a cena da chegada de Cleópatra, a Roma; sem dúvida, a melhor cena do filme, de uma encenação tremenda. Ela, a mulher, a governante e a divindade - para lá do poder, das ambições e das traições políticas, as ligações amorosas, o sonho de Alexandre e o trágico destino de todos os homens e mulheres que cobiçaram o divino: a ascensão e o declínio.

Ironia ou não, o filme teve a mesma ambição e o mesmo destino: ainda que não totalmente, acabou por fracassar e dele contam-se hoje as grandes façanhas. Diria que o seu maior erro foi o desequilíbrio narrativo - não a duração, propriamente, como tantos apontam. Afinal, a longa duração de um filme não dita, por si só, a sua qualidade. Importa que haja história para contar - e aqui há quanto baste - e um equilíbrio salutar entre a declamação e a acção. Às tantas, terá faltado mais acção à história. A partir da Batalha de Ácio, no último quarto do filme, é notório o equilíbrio entre ambas as componentes, acabando a narrativa por triunfar magistralmente; fosse todo o filme assim. Depois de todos problemas e contrariedades que a produção atravessou, o desequilíbrio foi certamente um reflexo disso mesmo.

Na pedra, resistente a qualquer erosão, fica a marca de um filme que, ainda que desproporcionado, se consagrou monumental.

1 comentário:

  1. Este filme tinha tudo para ser um grande êxito na altura: um orçamento gigantesco, grandes vedetas, bons profissionais... mas a megalomania referida transformou-se em catástrofe porque o investimento não teve retorno! Houve sempre muitos problemas técnicos e pessoais (nomeadamente Taylor e Burton). Eu acho que é um bom filme mas não tem a magia de outros épicos.
    O desastre nas bilheteiras foi fatal para muitos estúdios italianos, que faliram num piscar de olhos! O cinema italiano voltou a compor-se em 1964 graças a um filme que inicialmente ninguém dava um tostão furado por ele: POR UM PUNHADO DE DÓLARES.

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