★★★★
Título Original: Annie HallRealização: Woody Allen
Principais Actores: Woody Allen, Diane Keaton, Tony Roberts, Carol Kane, Paul Simon, Christopher Walken, Sigourney Weaver, Jeff Goldblum
Crítica:
MASTURBANDO O AMOR
Hey, don't knock masturbation! It's sex with someone I love.
Dotado de um argumento assaz estimulante que explora, com profundo sentido satírico, as relações amorosas, Annie Hall consegue ser muito mais do que um pedaço de boa escrita. É um grande exercício de representação: sobretudo do pensado e do imaginado, que geralmente não são explícitos, mas implícitos ou simplesmente narrados ou assumidos pela excelência das performances. Woody Allen fá-lo entremeando personagens do tempo diegético principal com cenas analépticas, recorrendo ao split screen (chegando mesmo a pôr as duas divisões do ecrã em diálogo), legendando diálogos através da pura e simples adulteração daquilo que é dito, dando voz ao subconsciente das personagens ou chegando mesmo a interromper a acção por meio de sórdidos e hilariantes momentos extradiegéticos. A comicidade e a grande confluência estética de Annie Hall chega mesmo sob a forma de uma sequência animada entre Alvy Singer e a rainha madrasta da Branca de Neve. Grande desempenho de Diane Keaton e de Woody Allen, ainda que a assumir a personagem que criou para si próprio: a de um marginalizado corroído pelo intelectualismo, sexualmente recalcado e socialmente deprimente e desinteressante, a não ser para psiquiatras ou admiradores da psiquiatria.
This guy goes to a psychiatrist and says, "Doc, uh, my brother's crazy; he thinks he's a chicken." And, uh, the doctor says, "Well, why don't you turn him in?" The guy says, "I would, but I need the eggs." Well, I guess that's pretty much now how I feel about relationships; y'know, they're totally irrational, and crazy, and absurd, and... but, uh, I guess we keep goin' through it because, uh, most of us... need the eggs.
Brilhante.