terça-feira, 29 de dezembro de 2009

101 DÁLMATAS (1961)

PONTUAÇÃO: MUITO BOM
★★★★★
Título Original: One Hundred and One Dalmatians
Realização: Clyde Geronimi, Hamilton Luske e Wolfgang Reitherman

Filme de Animação


Crítica:


UM FILME COM MUITA PINTA

É crepuscular na paisagem, mas absolutamente moderno no conceito artístico e no estilo gráfico. É Picasso a entrar na Disney*. Não há precisão na linha, mas
a perfeição do desenho atinge-se nos traços de esboço. O segundo plano cai muitas vezes no abstracto. 101 Dálmatas rompe, por isso, com a estética romântica que perdurava imaculada até A Bela Adormecida.

É, também, o primeiro filme com uma história contemporânea, fora do universo mágico dos contos de fada ou da tradição popular. Talvez por isso a confluência com a parte visual e a jazzy soundtrack soe tão natural e tão harmoniosa. Cruella De Vil, a tão cómica quanto malvada vilã, é uma autêntica fashion victim; e já agora, diga-se: uma das maiores e mais brilhantes criações de personagem alguma vez feita em animação. É memorável. O universo canino e a locomoção animal é perfeitamente conseguida. De resto, não há grandes números musicais; aliás: dificilmente 101 Dálmatas se poderia afirmar como mais um clássico musical da Disney. É, sim, uma comédia ligeira, dividida entre o campo e a cidade, que alia a música a uma criatividade evidente: aquele genérico inicial é logo a primeira prova disso; genial, na sua concretização.

Nas quantidades certas: muito humor, algum suspense e profundo encanto.
101 Dálmatas é tudo isto e, acima de tudo, muita arte. Nesse sentido, a obra foi, é e será um triunfo incrível que divertirá gerações atrás de gerações.

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* Cf. Andreas Deja, Making Of, DVD Edição Especial

A VIAGEM DE CHIHIRO (2001)

PONTUAÇÃO: EXCELENTE
★★★★★
Título Original: Sen to Chihiro no kamikakushi
Realização: Hayao Miyazaki

Filme de Animação


Crítica:

CHIHIRO
NO PAÍS DAS MARAVILHAS

A Viagem de Chihiro consiste numa extraordinária viagem ao desconhecido e ao mundo dos s
onhos. É uma metáfora sobre a descoberta, a (in)adaptação a um mundo novo e a problemática de manter nele a totalidade de nós próprios: as nossas origens, a nossa identidade e o nosso nome.

Visualmente fascinante e mágico, a cidade das termas que vive no interior daquele edifício enorme não é senão um rico e incrível universo de criaturas estranhíssimas, personagens marcantes e cenários de uma beleza arrebatadora. As bruxas gémeas Yubaba e Zeniba, o escravo Kamajî (de seis braços, entre caldeiras e fuligem), o mestre Haku (menino, rio e dragão protector), o Cara-de-Sapo, o Sem-Face, o bebé gigante, os monstros dos corredores, os deuses fedorentos... É pura fantasia, é a arte do belo na sua concretização superior e um mergulho vertiginoso no génio poético de Myiazaki. Confluem-se lendas e mitos, símbolos e valores ancestrais. Superando uma série de perigos e peripécias, Chihiro descobrirá o amor e a coragem que a definem. Atravessar aquele túnel, ao mesmo tempo que marca a transição entre o real e o imaginário, simboliza o início e o fim de uma importante experiência de crescimento e enriquecimento pessoal.

A concepção do desenho e o tratamento da pintura é magistral e a banda sonora de Joe Hisaishi é tão emocionante e inspiradora como o próprio fi
lme. Mais do que provada fica a excepcional arte de filmar e de fazer animação de Hayao Myiazaki. Uma obra-prima absoluta.

quinta-feira, 24 de dezembro de 2009

Os 10 Melhores Filmes da Década 2000

segundo o CINEROAD

1. O AVIADOR (2004), de Martin Scorsese.

2. BABEL (2006), de Alejandro González Iñarritu.

3. O FABULOSO DESTINO DE AMÉLIE (2001), de Jean-Pierre Jeunet.


4. THE FOUNTAIN - O ÚLTIMO CAPÍTULO (2006), de Darren Aronofsky.

5. HERÓI (2002), de Zhang Yimou.


6. IRREVERSÍVEL (2002), de Gaspar Noé.


7. OLDBOY - VELHO AMIGO (2003), de Chan-Wook Park.


8. O SENHOR DOS ANÉIS (2001, 2002, 2003), de Peter Jackson.


9. UM SONHO ENCANTADO (2006), de Tarsem Singh.



10. A VIDA NÃO É UM SONHO (2000), de Darren Aronofsky.

MISERY - O CAPÍTULO FINAL (1990)

PONTUAÇÃO: BOM

Título Original: Misery
Realização: Rob Reiner
Principais Actores: James Caan, Kathy Bates, Frances Sternhagen, Lauren Bacall

Breves considerações:

Misery - O Capítulo Final
trabalha o suspense como poucos, ou não partisse a obra da mestria literária de Stephen King. E Kathy Bates assusta até arrepiar a espinha! Que performance assombrosa. A sua Annie Wilkes é doentia e verdadeiramente memorável. Grande desempenho também de James Caan, num dos mais marcantes filmes do início dos anos 90.

terça-feira, 15 de dezembro de 2009

AS CRÓNICAS DE CALCIFER: O Regresso de James Cameron

12 anos passaram sem que James Cameron voltasse à grande tela.
Depois de Titanic, muito se disse daquele que é, para todos os efeitos, um dos mais visionários e revolucionários realizadores de sempre.

James Cameron acaba de ser nomeado para 'Melhor Realizador' para a edição 2010 dos Globos de Ouro. AVATAR foi também nomeado para Melhor Filme Dramático.

Eu cá sou, como sabem, dos que sempre acreditou no génio e perfeccionismo do realizador. Aquilo que James Cameron me proporcionou poucos me conseguiram ou conseguirão proporcionar. É certo que falta ainda o grande "sim ou não" do público, mas a crítica parece estar a ficar rendida ao universo mágico de AVATAR. O próprio Roger Ebert atribuiu-lhe a pontuação máxima.

Ou muito me engano (e porque já ando nestas andanças há algum tempo) ou virá com AVATAR uma reavaliação de Titanic a uma escala global. Aquela obra-prima tem sido injustiçada como poucas. E poderá estar para breve o momento da viragem. Agora, poucos dos que o renegam darão o braço a torcer. Mas talvez sejam mais brandos no julgamento nos tempos que virão...
Bem sabem que aqui o Calcifer sabe o que diz!

Até lá, falta poucas horas para a estreia do fenómeno do ano!
Que o filme vos transcenda!
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AS CRÓNICAS DE CALIFER. A ironia, a sátira, o humor. Nota: o conteúdo destas «Crónicas de Calcifer» não expressa, necessariamente, as opiniões e interesses do autor deste blogue.

quinta-feira, 10 de dezembro de 2009

BELEZA AMERICANA (1999)

PONTUAÇÃO: MUITO BOM
Título Original: American Beauty
Realização: Sam Mendes
Principais Actores: Kevin Spacey, Annette Bening, Thora Birch, Wes Bentley, Mena Suvari, Chris Cooper, Peter Gallagher, Allison Janney

Crítica:

It's a great thing when you realize you still have the ability to surprise yourself.

Sensacional. Satírica e despudorada crítica de costumes e valores das relações humanas, num argumento tão inteligente quanto ousado e, acima de tudo, muito bem escrito. O argumento, aliás, da autoria de Alan Ball, serve tão perfeitamente os propósitos da comédia como os propósitos da tragédia e disseca, com índole masturbatória e libertadora (e com destino ao íntimo das suas personagens), a cultura de aparências e de hipocrisias da sociedade norte-americana - até certo ponto, sinédoque da sociedade ocidental(izada). Brilhante realização de Sam Mendes e excelente direcção de actores: Kevin Spacey e Annette Bening deslumbram com prestações fenomenais e inesquecíveis.

Beleza Americana é, por tudo isto, a descoberta do verdadeiro «eu» que há dentro de nós. Para além de desejos recalcados e de máscaras... eis a derradeira beleza do mundo. Na simplicidade de nós próprios.

[Nova crítica em breve]

sábado, 5 de dezembro de 2009

OS ARISTOGATOS (1970)

PONTUAÇÃO: BOM
Título Original: The AristoCats
Realização:
Wolfgang Reitherman

Filme de Animação

Crítica: Ainda que Os Aristogatos, versão felina de 101 Dálmatas, não detenha a aura de mestre ou de génio de outros Clássicos Disney e que seja por demais poupado em efeitos sonoros, é certo que consegue proporcionar momentos de inegável boa-disposição, com evidente competência artística. As técnicas de desenho e de pintura, sob um estilo tosco mas que por vezes se revela pormenorizado no background, dão vida à comédia musical que marcou gerações. Um clássico excêntrico, divertido e cheio de charme.

DVD de THE FALL nas Bancas

The Fall - Um Sonho Encantado
Este mês. Com a PREMIERE.
Mais informações sobre a obra-prima de Tarsem, aqui!

quinta-feira, 3 de dezembro de 2009

10 Breves Perguntas (16) - O Final

Eis, pois, o desfecho da 1ª Série da iniciativa "10 Breves Perguntas".

Desta vez... Eu próprio não resisti ao desafio para responder a estas 10 breves questões com 10 breves respostas. Como facilmente entenderão, fui a pessoa menos capaz para dar "breves" respostas ;)

1. Um realizador:
P.T. Anderson/
Aronofsky/Peter Jackson/Scorsese/Malick
2. Um argumento:
Magnolia/Fight Club/
The Fountain/Good Will Hunting/The Lord of the Rings
3. Um actor:
Jack Nicholson
/Russell Crowe/Brad Pitt/Leonardo DiCaprio
4. Uma actriz:
Cate Blanchett/Kate Winslet

5. Um filme-desilusão:
Kingdom of Heaven (Theatrical Version)/Elizabeth - The Golden Age/ Australia
6. Um filme-surpresa: Kill Bill/The Fountain/The Fall/Irréversible
7. Um filme sobrevalorizado: Pulp Fiction/The Dark Knight
8. Um filme subvalorizado:
Good Will Hunting/
Titanic/The Kingdom of Heaven (Director's Cut)/The Fall/Lady in the Water
9. Um filme em que chorei:
Titanic/La Vita è Bella/Dancer in the Dark

10. Último DVD: A History of Violence/AristoCats

Compare as respostas dadas por todos os convidados até ao momento: AQUI

Obrigado, uma vez mais, a todos os convidados especiais.

Como em produto vencedor não se mexe e dado o relativo sucesso da iniciativa,
uma 2ª Série de "10 Breves Perguntas" está já a ser preparada e terá estreia marcada no já tão próximo ano de 2010.
Por isso, atenção às vossas caixas de e-mail, caros visitantes!

UMA HISTÓRIA DE VIOLÊNCIA (2005)

PONTUAÇÃO: MUITO BOM
Título Original: A History of Violence
Realização: David Cronenberg
Principais Actores: Viggo Mortensen, Maria Bello, Ed Harris, William Hurt, Ashton Holmes, Heidi Hayes, Peter MacNeill, Stephen McHattie, Greg Bryk

Crítica:

PASSADO IRREVERSÍVEL

Se levado à tela por um qualquer realizador, Uma História de Violência seria somente mais um filme onde uma família assolada pela violência tenta resistir à morte. Todavia, um autor como David Cronenberg - um dos mais interessantes e estimulantes realizadores da actualidade - faz toda a diferença.

Uma História de Violência formula uma reflexão aprofundada - rica em perguntas e absolutamente inócua em respostas - sobre as causas e as consequências da violência humana. Note-se, a propósito, o desfecho inconclusivo daquela última troca de olhares entre marido e mulher... profundamente abalados não só pela violência física como também pela cruel violência da mentira, que ameaça a ruína da família. Por mera intervenção do acaso, é como se o Inferno ascendesse ao nível terreno e lhes batesse à porta ou como se o Passado, implacável, ajustasse contas com a Verdade. Perante este jogo mortal, haverão possibilidades de sobrevivência? Haverá um sentimento tão forte o suficiente, capaz de superar e unir almas tão imensamente devastadas? Enfim... a obra fala por si, em toda a sua ambiguidade. Sentem-se as reminiscências de O Cabo do Medo, de Martin Scorsese. Aquela cena de sexo na escada, após os sangrentos acontecimentos do jardim, é o perfeito exemplo disso... Querem maior evidência da mestria de Cronenberg? Essa cena é visceralmente assombrosa! Não só nessa complexa indagação filosófico-existencial como tecnicamente, o talento do realizador emerge continuamente: note-se a meticulosa escolha de planos e de ângulos ou o extraordinário trabalho de encenação e de direcção de actores. Depois, temos Viggo Mortensen, Maria Bello, William Hurt, Ed Harris, Ashton Holmes... todos eles em brilhantes desempenhos, intrinsecamente ligados à profundidade conquistada pela obra. A banda sonora de Howard Shore e o notável trabalho de caracterização completam esta intensa, envolvente e inteligente experiência cinematográfica.

Por fim, uma derradeira questão: terá o ser humano direito ao recomeço?


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CINEROAD ©2020 de Roberto Simões