★★★★
Título Original: ControlRealização: Anton Corbijn
Principais Actores: Sam Riley, Samantha Morton, Joe Anderson, James Anthony Pearson, Harry Treadaway, Alexandra Maria Lara, Craig Parkinson
Crítica:
Em Control, o biopic de estrelas de rock encontra a dimensão humana e poética, talvez um pouco como em Last Days - Últimos Dias, de Gus van Sant, mas aqui com a sublimação do fotograma e com uma abordagem melodramática. Sem controlo da existência, da sua própria existência, o jovem Ian Curtis vê a luta entre o coração e a consciência, cada vez mais intensa e sufocante, levá-lo longe demais. E o inspirado filme de Anton Corbijn, ele próprio fotógrafo dos Joy Division (e que assina aqui a sua primeira longa metragem), dá-nos conta desse assustador marasmo - mais do que dramático, profundamente desencantado e melancólico. Love will tear us apart, já dizia a canção... e tinha razão.
Is it everything worthless in the end?
Perdido entre a mulher, a amante e o desmoronar da sua vida pessoal, Ian encontra em si, afinal, o eco das palavras de Eliot, lidas por Marlon Brando em Apocalypse Now. Sam Riley interpreta o papel do mítico vocalista dos Joy Division, de tão conturbada passagem entre nós, com assaz competência e verossimilhança. A nível do elenco há ainda por destacar, inevitavelmente, Samantha Morton e Alexandra Maria Lara. Revelam-se, ambas, excelentes escolhas de casting. Tecnicamente, o trabalho de mise-en-scène é notável e contribui decisivamente para o prodígio e assombro da fotografia de Martin Ruhe. Afinal, não há frame que não capte todo o esplendor e beleza de tão magnífica e artística recriação a preto e branco. A realização, não sendo nunca extraordinária, jamais compromete a qualidade ambicionada e claramente alcançada pela obra. Aliás, não tem defeito que se lhe aponte.
Control constitui, por si só, um brilhante exemplo de como fugir à convencionalidade de um biopic... e fazer arte em movimento. E é esse o mérito maior de Anton Corbijn, independentemente de agradar ou não aos fãs da banda. Is it everything worthless in the end? Os próprios fãs, um pouco por todo o mundo e melhor do que ninguém, saberão por certo a resposta.