Mostrar mensagens com a etiqueta Joseph L. Mankiewicz. Mostrar todas as mensagens
Mostrar mensagens com a etiqueta Joseph L. Mankiewicz. Mostrar todas as mensagens

segunda-feira, 4 de julho de 2011

EVA (1950)

PONTUAÇÃO: MUITO BOM
Título Original: All About Eve
Realização: Joseph L. Mankiewicz
Principais Actores: Bette Davis, Anne Baxter, George Sanders, Celeste Holm, Gary Merrill, Hugh Marlowe, Gregory Ratoff, Barbara Bates, Marilyn Monroe, Thelma Ritter

Crítica:


A GUERRA DAS ESTRELAS

Wherever there's magic and
make-believe and an audience, there's theatre.

Teatro. É sobretudo uma questão de teatro e de actores, neste magnetizante Eva. Gloriosas interpretações, magistralmente dirigidas por Joseph L. Mankiewicz. Falo do astro Bette Davis, sobre todos os outros, que ofusca qualquer cena ou contracena; o charme, o carisma e o infindável talento da sua retórica, a expressividade do seu olhar, a graciosidade do seu movimento. Uma performance que só uma grande actriz como Davis poderia alcançar. There never was, and there never will be, another like you. Depois, as qualidades notáveis e os contributos imprecindíveis do restante elenco: a usurpadora Anne Baxter, George Sanders, Celeste Holm, Gary Merrill, etc. A excelência do argumento e dos diálogos, numa realização segura que priveligia a história e as suas personagens.

Funny business, a woman's career - the things you drop on your way up the ladder so you can move faster. You forget you'll need them again when you get back to being a woman. That's one career all females have in common, whether we like it or not: being a woman. Sooner or later, we've got to work at it, no matter how many other careers we've had or wanted. And in the last analysis, nothing's any good unless you can look up just before dinner or turn around in bed, and there he is. Without that, you're not a woman. You're something with a French provincial office or a book full of clippings, but you're not a woman. Slow curtain, the end.
Margo Channing

Um requinte absoluto, que definiu um clássico.

BRUSCAMENTE NO VERÃO PASSADO (1959)

PONTUAÇÃO: MUITO BOM
Título Original: Suddenly, Last Summer
Realização: Joseph L. Mankiewicz

Principais Actores: Elizabeth Taylor, Katharine Hepburn, Montgomery Clift, Albert Dekker, Mercedes McCambridge, Gary Raymond

Crítica:

O SEGREDO

Truth is the bottom of a bottomless well.

Imcompreensível, que se fale tão pouco de um filme como Bruscamente no Verão Passado, na minha opinião um dos melhores de Joseph L. Mankiewicz. Um argumento verdadeiramente monumental, de um engenho literário inegável e impressionante, pelas mãos de Gore Vidal e do próprio Tenessee Williams, que escreveu a peça.

A elevar o argumento à perfeição, a eloquente declamação de Elizabeth Taylor, mas sobretudo a dessa grande - enorme - actriz que foi Katharine Hepburn. Por causa da censura, um argumento cheio de subtilezas, factor que no meu entender confere ainda mais mistério e poder à narrativa, sempre alicerçada no suspense. O preto e branco é imaculado. O movimento de câmera, sempre discreto mas expressivo, enquadra os actores no primor cénico da direcção artística, valorizando as suas performances.

Que filme magistral, que pedaço de storytelling tão fascinante.

quarta-feira, 20 de abril de 2011

CLEÓPATRA (1963)

PONTUAÇÃO: BOM
Título Original: Cleopatra
Realização: Joseph L. Mankiewicz, Rouben Mamoulian, Darryl F. Zanuck

Principais Actores: Elizabeth Taylor, Richard Burton, Rex Harrison, Pamela Brown, Martin Landau, Robert Stephens, Andrew Keir, Kenneth Haigh, George Cole, Cesare Danova, Martin Benson, Francesca Annis, Hume Cronyn, Roddy McDowall, Desmond Llewelyn

Crítica:

A ESFINGE

Queens. Queens. Strip them naked
as any other woman, they are no longer queens.

A megalomania no cinema encontra em Cleópatra, de Joseph L. Mankiewicz, um dos seus expoentes máximos. Chegava ao fim a era de ouro dos épicos, plenos de esplendor e majestade, ou, pelo menos, uma das mais proeminentes eras do género. Na verdade, depois de Cleópatra, poucos mais épicos se fizeram assim, em Hollywood; a odisseia que foi produzir o filme, numa loucura para lá da ousadia, quase arruinou os estúdios da 20th Century Fox. Raramente encontraremos, de forma tão real, massiva e impressionante, tantos e tão grandiosos cenários, tantos e tão ornamentados figurinos, tantos e tão bem orquestrados figurantes. Da deslumbrante fotografia de Leon Shamroy, emana uma beleza quente, sensual e exótica, que cristaliza na memória a perfeição de tão exacerbado primor técnico. A escala alcançada - e longe de qualquer carácter hiperbólico - mais parece ultrapassar o humanamente possível e tocar o divino.

O filme imortalizou, para sempre, o talento e o encanto de Elizabeth Taylor. Ao lado de Rex Harrison e de Richard Burton (Júlio César e Marco António, respectivamente), montou-se o triângulo principal do elenco, com magníficas prestações. Memorável e absolutamente espectacular, a cena da chegada de Cleópatra, a Roma; sem dúvida, a melhor cena do filme, de uma encenação tremenda. Ela, a mulher, a governante e a divindade - para lá do poder, das ambições e das traições políticas, as ligações amorosas, o sonho de Alexandre e o trágico destino de todos os homens e mulheres que cobiçaram o divino: a ascensão e o declínio.

Ironia ou não, o filme teve a mesma ambição e o mesmo destino: ainda que não totalmente, acabou por fracassar e dele contam-se hoje as grandes façanhas. Diria que o seu maior erro foi o desequilíbrio narrativo - não a duração, propriamente, como tantos apontam. Afinal, a longa duração de um filme não dita, por si só, a sua qualidade. Importa que haja história para contar - e aqui há quanto baste - e um equilíbrio salutar entre a declamação e a acção. Às tantas, terá faltado mais acção à história. A partir da Batalha de Ácio, no último quarto do filme, é notório o equilíbrio entre ambas as componentes, acabando a narrativa por triunfar magistralmente; fosse todo o filme assim. Depois de todos problemas e contrariedades que a produção atravessou, o desequilíbrio foi certamente um reflexo disso mesmo.

Na pedra, resistente a qualquer erosão, fica a marca de um filme que, ainda que desproporcionado, se consagrou monumental.


<br>


CINEROAD ©2020 de Roberto Simões