★★★★
Título Original: The RoadRealização: John Hillcoat
Principais Actores: Viggo Mortensen, Kodi Smit-McPhee, Robert Duvall, Guy Pearce, Molly Parker, Michael Kenneth Williams, Garret Dillahunt, Charlize Theron
Crítica:
PAI E FILHO
All I know is the child is my warrant
and if he is not the word of God, then God never spoke.
and if he is not the word of God, then God never spoke.
É, verdadeiramente, de partir o coração. A Estrada, de John Hillcoat, é profundamente desolador - um filme sobre a assustadora e traumatizante realidade de um hipotético fim do mundo. A partir do romance de Comarc McCarthy, seguimos a história de um pai (magnífico Viggo Mortensen) que, na desesperada luta pela sobrevivência, faz absolutamente de tudo para salvar o filho (Kodi Smith-McPhee). As personagens nem têm nomes, não vale a pena. O planeta está a morrer e a paisagem perdeu todas as cores da esperança. A humanidade está em ruínas: impera o medo e a desconfiança, o pó e a morte. Há fome, frio e doenças. Os Homens cederam ao canibalismo e aos instintos mais selvagens. A estrada é um lugar extremamente perigoso. Whoever made humanity will find no humanity here.
O argumento (Joe Penhall) é construído à base de cenas e momentos impressionantes e de diálogos intensos e profundos: as memórias do passado, o adeus à fotografia, a cave dos moribundos, o bunker da comida e mantimentos, as passagens do velho cego (Robert Duvall, portentoso), a morte na praia, If I were God, I would have made the world just so and no different. And so I have you... I have you.
Como é que um pai pede a um filho para que o mate e que ele próprio se mate em seguida, com as únicas balas que lhes restam? Como é que se explicam a uma criança que nunca conheceu a paz ou a felicidade, os valores que fazem os Homens bons? Como é que, numa situação-limite como esta, completamente insuportável e onde o caminho mais fácil é o suicídio, se explica a uma criança que vale a pena viver, amar, ser solidário, confiar, acreditar?
Ainda assim, A Estrada impõe-se como um filme para nos repensarmos a nós próprios, ao nosso planeta e à nossa humanidade. Às tantas, o pai pergunta ao velho forasteiro: Do you ever wish you would die? E o ancião responde: No. It's foolish to ask for luxuries in times like these. Perante uma visão tão pessimista e inquietante, resta-nos dar valor às nossas vidas, tão longe - esperemos - de um horizonte destes...
O argumento (Joe Penhall) é construído à base de cenas e momentos impressionantes e de diálogos intensos e profundos: as memórias do passado, o adeus à fotografia, a cave dos moribundos, o bunker da comida e mantimentos, as passagens do velho cego (Robert Duvall, portentoso), a morte na praia, If I were God, I would have made the world just so and no different. And so I have you... I have you.
Como é que um pai pede a um filho para que o mate e que ele próprio se mate em seguida, com as únicas balas que lhes restam? Como é que se explicam a uma criança que nunca conheceu a paz ou a felicidade, os valores que fazem os Homens bons? Como é que, numa situação-limite como esta, completamente insuportável e onde o caminho mais fácil é o suicídio, se explica a uma criança que vale a pena viver, amar, ser solidário, confiar, acreditar?
Pai - You have to keep carrying the fire.
Filho - What fire?
Pai - The fire inside you.
Visualmente arrebatador (excelente fotografia de Javier Aguirresarobe), dotado de uma direcção artística irrepreensível (Chris Kennedy, Gershon Ginsburg e Robert Greenfield) e de uma banda sonora tocante e de extrema sensibilidade (Nick Cave e Warren Ellis), creio que só faltou a este A Estrada uma encenação e uma arte de filmar superiores. Estivesse o filme nas mãos de um melhor realizador e veríamos aqui assinada uma obra de arte sublime.Filho - What fire?
Pai - The fire inside you.
Ainda assim, A Estrada impõe-se como um filme para nos repensarmos a nós próprios, ao nosso planeta e à nossa humanidade. Às tantas, o pai pergunta ao velho forasteiro: Do you ever wish you would die? E o ancião responde: No. It's foolish to ask for luxuries in times like these. Perante uma visão tão pessimista e inquietante, resta-nos dar valor às nossas vidas, tão longe - esperemos - de um horizonte destes...