quinta-feira, 26 de novembro de 2009

10 Breves Perguntas (15)

Continua a nossa iniciativa, em vésperas do seu desfecho.
Eis, pois, o nosso penúltimo questionário.

Desta vez... Rodrigo Mendes, autor do blogue Cinema Rodrigo, aceitou o convite do CINEROAD para responder a 10 breves questões com 10 breves respostas.

1. Um realizador: Stanley Kubrick
2. Um argumento: Habla Con Ella
3. Um actor: Clark Gable
4. Uma actriz: Fernanda Montenegro
5. Um filme-desilusão: Atonement
6. Um filme-surpresa: Match Point
7. Um filme sobrevalorizado: Tropa de Elite
8. Um filme subvalorizado: Munich
9. Um filme em que chorei: E.T. - The Extra-Terretrial
10. Último DVD: Os Normais - O Filme

Um muito obrigado, Rodrigo Mendes.

Compare as respostas dadas por todos os convidados até ao momento: AQUI

As mesmas 10 questões serão respondidas por um novo convidado especial. Até lá!

terça-feira, 24 de novembro de 2009

O FEITICEIRO DE OZ (1939)

PONTUAÇÃO: EXCELENTE
★★★★★
Título Original: The Wizard of Oz
Realização: Victor Fleming

Principais Actores: Judy Garland, Ray Bolger, Jack Haley, Bart Lahr, Frank Morgan, Billie Burke, Margaret Hamilton, Charley Grapewin


Crítica:
PARA LÁ DO ARCO-ÍRIS...

O mínimo que se poderá dizer de um realizador como Victor Fleming, que no mesmo ano estrearia ainda o monumental E Tudo o Vento Levou, é que 1939 foi o seu ano de sorte. Sorte ou profundo e corajoso talento, ou misto de ambos, o certo é que tanto o épico romântico como o fantástico e encantador O Feiticeiro de Oz sublimaram a arte ao mais alto nível, com rigoroso e arrojado sentido estético, e consagraram-se ambos como clássicos absolutos.

O Feiticeiro de Oz é pura magia musical, belíssimo em cada cena, inspirador em cada mensagem. Mais do que genuinamente magistral na direcção artística (note-se o primor dos cenários e da decoração), na caracterização ou no guarda-roupa é o triunfo inesquecível da criatividade de toda uma equipa. Nunca até então o universo de fantasia tinha sido transposto para a grande tela com tamanha eficácia, exceptuando, talvez, o caso de Branca de Neve e os Sete Anões, no campo da animação. Aliás, a influência do pioneiro clássico da Disney é até notória, tanto na musicalidade como na encenação, tanto na exuberância de cores como na inocência de um mundo de sonho. A banda sonora comporta algumas das mais belas canções de sempre, como Somewhere Over the Rainbow. E a transição do preto-e-branco (tons de sépia) para a cor resulta genialmente. Que golpada de mestre. Judy Garland (a adorável Dorothy dos sapatinhos vermelhos), Ray Bolger (o espantalho bailarino sem miolos), Jack Haley (o enferrujado Homem de Lata sem coração), Bert Lahr (o dengoso leão sem coragem), Margaret Hamilton (a esverdeada Bruxa Má), Billie Burke (a cintilante Bruxa do Norte), Clara Blandick e Charley Grapewin (os dedicados tios de Dorothy) ou mesmo Terry (o engraçadíssimo Toto, que era na realidade uma cadelinha)... todos eles se imortalizaram com a aura intemporal deste clássico.

Algures para lá do Arco-Íris, seguindo a Estrada dos Tijolos Amarelos até ao Palácio de Esmeralda, a viagem tem a paisagem do sonho. E o sonho é a maior aventura de todas. No final, porém... there's no place like home. Eis, pois, uma das maravilhas maiores da 7ª arte.

segunda-feira, 23 de novembro de 2009

MULAN (1998)

PONTUAÇÃO: MUITO BOM
Título Original: Mulan
Realização:
Tony Bancroft e Barry Cook

Filme de Animação


Crítica:

A PRINCESA GUERREIRA

The flower that blooms in adversity
is the most rare and beautiful of all.

Puramente elegante em toda a sua simplicidade poética e derradeiramente poderoso em toda a sua alma épica. Emana de um filme como Mulan, inegavelmente, uma beleza estética inconfundível.

Hans Bacher e Richard John Sluiter imprimem, com rara excelência, o seu cunho pessoal na concepção do estilo e a sua equipa de pintores transborda talento em cada imagem. Cenas como a do Concílio dos Antepassados, a da emboscada na neve ou a do desfecho na Cidade Imperial sob as cores mágicas dos fogos-de-artifício são de um autêntico delírio visual e absolutamente inesquecíveis. É claro que a banda sonora de Jerry Goldsmith, retumbate em toda a sua sonoridade, é essencial para a grandiloquência quase lírica desta magnífica obra de arte.

A caracterização das personagens, essa, é plenamente conseguida: seja no divertidíssimo dragão Mushu como no grácil grilinho Cri-kee, seja no cómico e assimétrico bando dos três como no temível e sinistro Shan-Yiu, líder dos Hunos, seja no destemido Capitão Shang como no núcleo familiar de Mulan (sublinhe-se: como a avozinha é hilariante!), como na própria Mulan, que foge aos preceitos da cultura e da tradição para proteger o pai, a honra da família e a honra de si mesma. Aliás, Mulan rompe, finalmente, com o paradigma da mulher como ser inferior, que já vinha a evoluir no universo Disney. Recordemo-nos que apenas o destino ou a magia ditavam o final de Branca de Neve, Cinderela ou Aurora, a eterna Bela Adormecida. Ariel já tinha nas suas mãos o poder da escolha. E até Pocahontas, todas mostravam determinação e uma personalidade que gritava por emancipação. Mulan é a primeira que, segura da sua missão, desafia todas as convenções, arriscando a própria vida. É a primeira heroína, a primeira guerreira, a primeira mulher moderna.

Imperdível.

domingo, 22 de novembro de 2009

O LIVRO DA SELVA (1967)

PONTUAÇÃO: RAZOÁVEL
Título Original: The Jungle Book
Realização:
Wolfgang Reitherman

Filme de Animação


Crítica: O exemplo perfeito de como animação de qualidade não passa apenas por desenhos concebidos com assaz excelência e por uma boa ideia. É essencial a qualquer boa história um argumento ritmado e bem construído. Pois bem, o ritmo deste O Livro da Selva é completamente irregular e às tantas mais parece uma colagem de sequências com mais ou menos graça. O trabalho de realização, em termos de orquestração geral, é, sinceramente, frustrante, e não há noção do espaço e do tempo. E a banda sonora raramente merecerá destaque. De resto, exceptuando a muito boa captação da natureza animal, fica-nos uma lição de amizade que é, no fim de contas, um passeio meio alegre meio aborrecido por um jardim zoológico animado.

sábado, 21 de novembro de 2009

10 Breves Perguntas (14)

Continua a nossa iniciativa.
Eis, pois, o nosso antepenúltimo questionário.

Desta vez... Rui Pereira ou Jackie Brown, autor do blogue Cinemajb, aceitou o convite do CINEROAD para responder a 10 breves questões com 10 breves respostas.

1. Um realizador: Steven Spielberg
2. Um argumento: Inglourious Basterds
3. Um actor: Robert De Niro
4. Uma actriz: Cate Blanchett
5. Um filme-desilusão: Rocky
6. Um filme-surpresa: The Butterfly Effect
7. Um filme sobrevalorizado: Forrest Gump
8. Um filme subvalorizado: Batman Begins
9. Um filme em que chorei:
Nunca, mas o mais próximo foi em The Lion King
10. Último DVD: The Curious Case of Benjamin Button

Um muito obrigado, Rui Pereira.

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As mesmas 10 questões serão respondidas por um novo convidado especial. Até lá!

sexta-feira, 20 de novembro de 2009

TARZAN (1999)

PONTUAÇÃO: MUITO BOM
Título Original: Tarzan
Realização:
Chris Buck e Kevin Lima

Filme de Animação



Crítica:

Close your eyes.
Now forget what you see.

O HOMEM DA SELVA

What do you feel?

Tarzan é, provavelmente, o último grande Clássico Disney do século XX e a prova viva da sofisticação e da maturidade atingida pelos estúdios nos anos 90, com as suas longas-metragens. O filme tem uma câmera que sabe filmar a animação como poucas: uma câmera tantas vezes em movimento, engenhosa nos planos, que atinge o seu expoente máximo nas sequências de acção. O eterno homem-gorila surfa pelas árvores e arrebata-nos: tanto pela agilidade e adrenalina com que o faz como pelo deslumbre com que, surpreendentemente, nos extasia.

Tanto no desenho como na pintura, como no subtil recurso ao digital, Tarzan mostra-se tecnicamente irrepreensível. O trabalho de montagem, esse, a cargo de Gregory Perler, é magnífico, atribuindo um ritmo de perder o fôlego a uma obra, já por si, tão ritmada. A propósito: as canções, da autoria de Phil Collins, são belíssimas e ajudam a contar a história, assumidas na diegese ou a jeito de videoclip, com manifesta criatividade. No seu todo, o filme cai-nos tão bem. Porque, afinal, Tarzan toca-nos o coração, falando de valores tão essenciais como o da família ou o da necessária preservação da natureza. E de questões filosoficamente tão pertinentes como: o que faz de um homem um homem?

Enfim... um triunfo emocionante e completamente inesquecível.

CHINATOWN (1974)

PONTUAÇÃO: MUITO BOM
Título Original: Chinatown
Realização: Roman Polanski

Principais Actores: Jack Nicholson, Faye Dunaway, John Huston, Perry Lopez, Roman Polanski

Crítica:
A CONSIPIRAÇÃO 

Forget it, Jake. It's Chinatown.

Grande filme. A obra é a cores - bem fotografada, diga-se de passagem - e nela não consta qualquer resquício de narração. Mas é noir, absolutamente. Genuinamente.

Em toda a sua inspiração e subtileza, entre enigma e tragédia, a
realização de Roman Polanski revela grande contenção e mostra-se derradeiramente fria. A banda sonora de Jerry Goldsmith acompanha, com assaz precisão, esse compasso, até que toda a teia de conspirações e corrupção se desfaz, sob negras nuvens, tão simbolica e ironicamente, em Chinatown.Para lá da sua trama complexa e das suas constantes reviravoltas, um argumento muito bem construído (Robert Towne). Para lá da sua atmosfera densa, misteriosa e carregada de suspense, as interpretações memoráveis de Jack Nicholson e de Faye Dunaway. O passado, por vezes, pode ser mais assustador do que a mais arriscada das investigações.

Simplesmente magnífico.

 

quarta-feira, 18 de novembro de 2009

O CORCUNDA DE NOTRE DAME (1996)

PONTUAÇÃO: MUITO BOM
Título Original: The Hunchback of Notre Dame
Realização:
Gary Trousdale e Kirk Wise

Filme de Animação


Crítica: De uma dimensão operática e repleto de personagens memoráveis, O Corcunda de Notre Dame é, inevitavelmente, uma das maravilhas maiores da Disney. Da extraordinária banda sonora de Alan Menken irradia uma alma assaz poderosa, arrebatadora em cada canção. O argumento é de pura excelência dramatúrgica, explorando aquele universo exuberante, rico em cor e em emoções ao rubro. Do sofrido e sonhador Quasimodo ao terrível Frollo, da cigana e bailarina Esmeralda ao justo e corajoso Capitão Febo, do engraçadíssimo Hugo, bobo e narrador, à temperamental cabrinha Djali, às hilariantes gárgulas... que mundo fascinante e apaixonante. Os processos de design e de coloração da obra chegam-nos absolutamente irrepreensíveis, confluindo com subtileza animação digital e a tradicional em 2D. Enfim... um clássico instantâneo sobre religião, humanidade, bondade e beleza interior.

A PEQUENA SEREIA (1989)

PONTUAÇÃO: BOM
Título Original: The Little Mermaid
Realização: Ron Clements e John Musker

Filme de Animação


Crítica: Um apaixonante tesouro, vindo das profundezas do mar. Repleto de magia, fantasia e canções inesquecíveis, A Pequena Sereia é um hino maior ao amor e, no seu subtexto, a alegoria de todas aquelas jovens que, perante a descoberta da paixão, anseiam descobrir um mundo novo, longe da protecção e sobrevisão paterna. Under the Sea ou Part of Your World são exemplos perfeitos da melodia maior que atravessa e transcende a obra, entre ritmos quentes e grande confluência de registos. Baseado no conto de Hans Christian Andersen e convocando toda a mitologia clássica do universo Disney (princesas, príncipes, reis, feitiços e bruxas) com manifesto espírito de renovação e resplandecendo imaculado em toda a sua poderosa imagística, A Pequena Sereia é, pois, um marco incontornável do cinema de animação; responsável, mesmo em vésperas dos anos 90, pelo renascimento dos estúdios Disney, em toda a sua magnificência.

domingo, 15 de novembro de 2009

10 Breves Perguntas (13)

Continua a nossa iniciativa.
O final da primeira série de inquéritos está para breve.
Eu próprio me submeterei a este inquérito, numa das próximas edições.

Desta vez... João Bastos, autor do blogue Revolta da Pipoca, aceitou o convite do CINEROAD para responder a 10 breves questões com 10 breves respostas.

1. Um realizador: Alfred Hitchcock
2. Um argumento: Pulp Fiction
3. Um actor: John Travolta
4. Uma actriz: Grace Kelly
5. Um filme-desilusão: Million Dollar Baby - Sonhos Vencidos
6. Um filme-surpresa: Danny the Dog
7. Um filme sobrevalorizado: The Matrix
8. Um filme subvalorizado: Battlefield Earth
9. Um filme em que chorei: My Girl - O Meu Primeiro Beijo
10. Último DVD: Forbidden Planet

Um muito obrigado, João Bastos.

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sábado, 14 de novembro de 2009

COLISÃO (2004)

PONTUAÇÃO: BOM
★★★★
Título Original: Crash
Realização: Paul Haggis

Principais Actores: Matt Dillon, Don Cheadle, Sandra Bullock, Brendan Fraser, Thandie Newton, Ryan Phillippe, Larenz Tate, Jennifer Esposito, William Fichtner, Nona Gaye, Terrence Howard, Michael Pena, Shaun Toub, Bahar Soomekh


Crítica:

ATÉ AO LIMITE:
ENTRE O CHOQUE E A CATARSE

Fascinante, absolutamente surpreendente e derradeiramente redentor. Colisão é um dos mais estimulantes exercícios de escrita dos últimos anos, subtil na construção e profundamente crítico na análise que faz da complexidade da existência humana em sociedade.

Entregues a uma globalização e a um multiculturalismo que tantas vezes mais nos separa do que nos aproxima, o ser humano parece caminhar para a extinção do sentimento e da compaixão. Está a tornar-se cada vez mais frio, só e indiferente. E, ao mesmo tempo, cada vez mais preconceituoso e intolerante.
In L.A., nobody touches you. We're always behind this metal and glass. I think we miss that touch so much, that we crash into each other, just so we can feel something. O argumento resulta poderosíssimo. Há, aliás, cenas verdadeiramente arrepiantes, tal é a colisão de falsos valores e de verdades essenciais; lembro, por exemplo, a cena do atribulado resgate de Christine sob as chamas do despiste ou a da protecção da capa invisível das balas do infortúnio. Sublimes e de uma encenação magistral. O elenco, esse, supera-se sob a direcção inspirada de Paul Haggis: Matt Dillon, Thandie Newton, Terrence Howard, Michael Peña, Ryan Phillippe... todos viscerais nas suas prestações. Ainda por referir está a magnífica canção In the Deep que, após o choque, purifica a catarse. No final, somos todos da mesma matéria, do mesmo pó...
 

ROBIN DOS BOSQUES (1973)


PONTUAÇÃO: RAZOÁVEL
Título Original: Robin Hood
Realização: Wolfgang Reitherman

Filme de Animação

Corrupção, poder, justiça. Muitos são os valores por detrás de Robin dos Bosques, um filme repleto de acção, comicidade e personagens extremamente bem concebidas: o Príncipe João, por exemplo, ou o lacaio-de-língua-bífida Chiu; ou, acima de todas, a divertida e inesquecível galinha Lady Clara. Todavia, o filme carece, no seu todo, de maiores cuidados estéticos... e assemelha-se, por vezes e com traço grosso, aos ritmos e facilitismos narrativos de uma tradicional série televisiva. Concluindo: engraçado, mas sem a magia, mestria e arrojo dos grandes Clássicos Disney.

sexta-feira, 13 de novembro de 2009

10 Breves Perguntas (12)

Continua a nossa iniciativa,
numa altura em que caminhamos a passos largos para o final da primeira série.

Desta vez... Yirien, autora do blogue Yirien's Blog, aceitou o convite do CINEROAD para responder a 10 breves questões com 10 breves respostas.

1. Um realizador: Jean-Pierre Jeunet
2. Um argumento:
The Eternal Sunshine of the Spotless Mind
O Despertar da Mente

3. Um actor: Brad Pitt
4. Uma actriz: Audrey Tautou
5. Um filme-desilusão: Atonement - Expiação
6. Um filme-surpresa: I, Robot - Eu, Robot
7. Um filme sobrevalorizado: The Departed - Entre Inimigos
8. Um filme subvalorizado: The Fall - Um Sonho Encantado
9. Um filme em que chorei:
The Four Feathers - As Quatro Penas Brancas

10. Último DVD: La Mala Educación - Má Educação

Um muito obrigado, Yirien.

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quinta-feira, 12 de novembro de 2009

PINÓQUIO (1940)

PONTUAÇÃO: MUITO BOM
Título Original: Pinocchio
Realização:
Hamilton Luske e Ben Sharpsteen

Filme de Animação


Crítica: 



O SONHO TORNADO REALIDADE


A magia existe. Cintilante no firmamento das maiores obras de animação de todos os tempos, a eterna aventura pela descoberta da vida tem um nome: Pinóquio. É como uma orquestra viva de sonho, fantasia e imaginação... Uma montanha russa de emoções, risos e lágrimas, que inspirará, para sempre, gerações atrás de gerações.

Repleto de sequências de grande criatividade e originalidade, onde desenhos e música interagem na genialidade, o universo de personagens é extremamente rico e povoa o nosso imaginário. Desde o grilo falante, narrador e voz da consciência, ao preguiçoso gato Fígaro, da luminosa Fada Azul à temida baleia Monstro, do malvado cigano Stramboli à dupla traiçoeira liderada por João Honesto (note-se o rasgo de ironia, dada a paradoxalidade entre o nome e a personalidade matreira da personagem) ou do velho e simpático Gepeto à inocente e inexperiente marioneta que dá nome à obra... é extraordinária a concepção da pintura, a caracterização das personagens e a sua sintonia e harmonia com a maravilhosa banda sonora de Leigh Harlile e de Paul J. Smith. A canção When You Wish Upon a Star, essa então, tem um encanto redentor. Pela sua estrutura episódica, Pinóquio desenvolve um argumento fluido e coeso, cheio de ritmo, imerso em pluralismo semântico. Constitui, sem dúvida, um concentrado de importantes lições a reter: as consequências de dar conversa a estranhos (os perigos estão sempre ao virar da esquina), de não escutar a consciência ou de mentir (a metáfora do nariz é célebre e sublime), o papel educacional da escola versus a perdição nos maus hábitos e maus valores na metafórica Ilha da Diversão ou a recompensa das boas acções (o salvamento de Gepeto e o renascer num corpo de menino).

Enfim, arte pura: esteticamente ambiciosa e com muito coração. Um clássico imperdível, absolutamente intemporal.

A BELA ADORMECIDA (1959)

PONTUAÇÃO: MUITO BOM
Título Original: Sleeping Beauty
Realização:
Clyde Geronimi

Filme de Animação


Crítica:

UMA HISTÓRIA DE ENCANTAR

De uma cadência hipnótica e de uma essência profundamente artística e romântica, A Bela Adormecida é, porventura, o mais sofisticado e elegante feito no cinem
a de animação até aos anos 60 e um dos mais refinados e eruditos até aos dias de hoje. Emana dele um encanto único, mágico e sedutor, absolutamente deslumbrante.

Tanto o estilo de Eyvind Earle (onde o desenho, com excelência e minúcia, dá primazia ao aperfeiçoamento das personagens e ao polir do segundo plano) como o bailado de Peter Tchaikovsky (desde então ele próprio confundível com a alma do filme) se revelam, pois, o espelho dessa essência. Simbologia do três, dicotomia maniqueísta Bem-Mal, cor e trevas, inocência, pureza, beleza, cenas cómicas e musicais: todo o universo tradicional da Disney é convocado e invocado, valorizando toda uma ética moral fundamental para a educação das crianças. O argumento flui que nem uma dança virtuosa, repleto de cenas inspiradas e inesquecíveis, dando ênfase às personagens principais e pondo de parte possíveis tramas secundárias.

Revisitar obras como esta é como recordar e reencontrar uma Verdade sagrada. Um clássico absoluto.

segunda-feira, 9 de novembro de 2009

10 Breves Perguntas (11)

Continua a nossa iniciativa,
numa altura em que caminhamos a passos largos para o final da primeira série.

Desta vez... Pedro Henrique, autor do blogue Tudo É Crítica, aceitou o convite do CINEROAD para responder a 10 breves questões com 10 breves respostas.

1. Um realizador: Charles Chaplin
2. Um argumento: 12 Angry Men
3. Um actor: Marlon Brando
4. Uma actriz: Marilyn Monroe
5. Um filme-desilusão: Freud
6. Um filme-surpresa: One-Eyed Jacks
7. Um filme sobrevalorizado: The English Patient
8. Um filme subvalorizado: Boogie Nights
9. Um filme em que chorei: Sunrise
10. Último DVD: Z

Um muito obrigado, Pedro Henrique.

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sábado, 7 de novembro de 2009

THE DEPARTED - ENTRE INIMIGOS (2006)

PONTUAÇÃO: MUITO BOM
Título Original: The Departed
Realização: Martin Scorsese

Principais Actores: Leonardo DiCaprio, Matt Damon, Jack Nicholson, Mark Wahlberg, Martin Sheen, Ray Winstone, Vera Farmiga, Alec Baldwin, Anthony Anderson, James Badge Dale

Crítica:

TUDO BONS RAPAZES:
OS INFILTRADOS E OS DEFUNTOS

I don't want to be a product of my environment.
I want my environment to be a product of me.

Sublime no storytelling e brilhante nas interpretações, The Departed - Entre Inimigos é o perfeito exemplo de como é possível fazer entretenimento de excelência com profundo sentido estético, a partir de uma história policial que à partida muito teria de vulgar. É, também, o perfeito exemplo de como, sendo um dos mais velhos profissionais da área, Martin Scorsese consegue refrescar a sua carreira de títulos sonantes e mais ou menos eruditos na forma com um filme tão mais comercial e tão mais próximo do grande público.

Os Rolling Stones abrem a fita, situando a nostalgia do crime, os Pink Floyd dão sentimento aos envolvimentos das personagens, mediando as voltas e reviravoltas do enredo, e os Dropkick Murphys impulsionam a obra para um ritmo verdadeiramente contagiante; que aumenta em crescendo, incansavelmente, até ao final. E que final, tem este The Departed - Entre Inimigos. Frio, absolutamente insólito, inesperado e surpreendente. Mas as cadências de tão abonada obra não se ficam a dever, apenas, à magnífica e eclética banda sonora. O meticuloso e assaz genial trabalho de montagem, uma vez mais a cargo de Thelma Schoonmaker, também para isso muito contribui. Já para não falar da quase anafórica repetição de palavrões que, aparte qualquer ironia, habitam em multiplicação o argumento de William Monahan. Adaptando Infernal Affairs, Monahan passa a acção para Boston e tece, com humor, descontracção, metáfora ou extrema violência, a engenhosa teia de máfia e corrupção que se expande entre polícias e criminosos, espelhando as duas faces da mesma moeda e convocando uma pertinente e importante reflexão.

Jack Nicholson irradia talento num dos seus melhores papéis, à frente de um elenco de prestações formidáveis: Leonardo DiCaprio, Matt Damon, Mark Wahlberg, Martin Sheen ou Vera Farmiga. Eternizam-se, para sempre, cenas como aquela que antecede a morte de Frank Costello ou aquela outra em que o próprio simula uma ratazana, perante a possibilidade de Billy Costigan ser o polícia infiltrado. Fucking rats. A direcção de actores é magistral e sobressai neste todo amplamente sofisticado.

The Departe
d - Entre Inimigos é, por tudo isto e tanto mais, um trabalho da maior maturidade, que respira cinema a cada compasso; fá-lo, porém, com o mais jovial dos espíritos.

quinta-feira, 5 de novembro de 2009

10 Breves Perguntas (10)

Continua a nossa iniciativa.
Desta vez... Carlos Duarte, autor do blogue O Alto da Peúga, aceitou o convite do CINEROAD para responder a 10 breves questões com 10 breves respostas.

1. Um realizador: Christopher Nolan
2. Um argumento: Fight Club - Clube de Combate
3. Um actor: Hugh Jackman
4. Uma actriz: Jennifer Garner
5. Um filme-desilusão: Twilight - Crepúsculo
(pelo culto que andou à volta do filme)
6. Um filme-surpresa: The Fall - Um Sonho Encantado
7. Um filme sobrevalorizado:
Slumdog Millionaire - Quem Quer Ser Bilionário?

8. Um filme subvalorizado: Revolutionary Road
9. Um filme em que chorei:
Nuovo Cinema Paradiso - Cinema Paraíso

10. Último DVD: Milk

Um muito obrigado, Carlos Duarte.

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As mesmas 10 questões serão respondidas por um novo convidado especial, muito em breve, numa altura em que caminhamos para o final da primeira série da iniciativa. Até lá!

segunda-feira, 2 de novembro de 2009

10 Breves Perguntas (9)

Continua a nossa iniciativa.
Desta vez... Jackson, autor do blogue seeSAWseen, aceitou o convite do CINEROAD para responder a 10 breves questões com 10 breves respostas.

1. Um realizador: Pedro Almodóvar
2. Um argumento: O Segredo de Brokeback Mountain
3. Um actor: Gael García Bernal e Heath Ledger
4. Uma actriz: Cate Blanchett e Penélope Cruz
5. Um filme-desilusão: This Is England - Isto É Inglaterra
6. Um filme-surpresa: Bem-Vindo ao Turno da Noite
7. Um filme sobrevalorizado: O Rei Leão
8. Um filme subvalorizado: Mysterious Skin - Pele Misteriosa
9. Um filme em que chorei: Nenhum.
10. Último DVD: Branca de Neve e Os Sete Anões (1937) - Diamond Edition

Um muito obrigado, Jackson.

Compare as respostas dadas por todos os convidados até ao momento, AQUI!

As mesmas 10 questões serão respondidas por um novo convidado especial, muito em breve. Até lá!


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CINEROAD ©2020 de Roberto Simões